Enraizamento de estacas de batata doce submetidas a diversas concentrações de AIB em diferentes substratos.

Documentos relacionados
Avaliação do pegamento de mini-estacas de batata-doce com uma gema em bandejas de poliestireno

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

MACROPROPAGAÇÃO DO MIRTILO SOB EFEITO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES E TEMPOS DE IMERSÃO

ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO TOMATE IPA 6 EM DIFERENTES COMBINAÇÕES DE SUBSTRATO E AREIA

Resposta do Quiabeiro à Aplicação de Doses Crescentes de Cloreto de Mepiquat.

USO DE AIB EM ESTACAS DE HIBISCO (Hibiscus rosa-sinensis L.) UTILIZANDO DIFERENTES RECIPIENTES

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA-DOCE COM BASE NA PRODUTIVIDADE E TEOR DE AMIDO COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE ABACATEIRO (Persea sp.), POR ESTAQUIA(1)

Tipos de Bandejas e Número de Sementes por Célula Sobre o Desenvolvimento e Produtividade de Rúcula.

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS SEMI-LENHOSAS DE CEREJEIRA-DO-RIO- GRANDE (EUGENIA INVOLUCRATA DC.) TRATADAS COM ANTIOXIDANTE, FLOROGLUCINOL E AIB

MULTIPLICAÇÃO DE ESTACAS DE OLIVEIRA SOB NEBULIZAÇÃO

Enraizamento de estacas semilenhosas de mirtilo com diferentes tipos de lesões

Produção de mudas de hortelã (Mentha arvensis L.) em função de tipos e idade de estacas

PROPAGAÇÃO DE AMOREIRA-PRETA UTILIZANDO ESTACAS LENHOSAS E TRÊS TIPOS DE SUBSTRATOS

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

Ácido Indolilacético (AIA) no Enraizamento de Estacas de Eucalipto Citriodora

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE MUDAS DE COFFEA ARABICA PRODUZIDAS EM DIFERENTES RECIPIENTES

Enraizamento de estacas de mini-ixora (Ixora coccinea Compacta) sob diferentes substratos e reguladores de enraizamento

TEORES DE AMIDO EM GENÓTIPOS DE BATATA-DOCE EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO POTÁSSICA

EFEITO DE SUBSTRATOS E DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE ARAÇAZEIRO (Psidium cattleyanum Sabine)

Diferenciação de Tubérculos de Batata em Função da Concentração de Nitrogênio na Solução Nutritiva.

Rendimento das cultivares de cenoura Alvorada e Nantes Forto cultivadas sob diferentes espaçamentos

PROJETO DE PESQUISA REALIZADO NO CURSO DE BACHARELADO EM AGRONOMIA DA UERGS 2

PRODUÇÃO DE MUDAS DE BRÓCOLIS EM SUBSTRATOS A BASE DE FIBRA DE COCO VERDE EM SISTEMA ORGÂNICO 1 INTRODUÇÃO

Indução de enraizamento adventício de Hibiscus sabdariffa L. sob diferentes concentrações de Ácido Indol-Butírico (AIB). (1)

ENRAIZAMENTO IN VITRO E ACLIMATIZAÇAO EM VERMICULITA DE PIMENTA- DO-REINO (Piper nigrum L.)

Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

Jana Koefender, Juliane Nicolodi Camera, Diego Pascoal Golle, Roberta Cattaneo Horn, Péricles Dalazeri Junho de 2017.

Revista Caatinga ISSN: X Universidade Federal Rural do Semi-Árido Brasil

Franca, Mariana Almeida Micropropagação de cana-de-açúcar cultivar RB Mariana Almeida Franca. Curitiba: f. il.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

PROPAGAÇÃO DE ESTACAS DE AMOREIRA UTILIZANDO DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO (AIB)

VI Encontro Amazônico de Agrárias

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ: DADOS PRELIMINARES

Uso de composto orgânico na produção de mudas de rúcula (Eruca sativa)

Concentrações e formas de aplicação do ácido indolbutírico na propagação por estaquia dos mirtileiros cvs. Flórida e Clímax

EFEITO DO USO DE EXTRATO AQUOSO DE TIRIRICA (Cyperus rotundus) NA FISIOLOGIA DE PLANTAS

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS LENHOSAS DE PESSEGUEIRO CV. MARFIM EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ÁCIDO INDOLBUTÍRICO

APLICAÇÃO DE SULFATO DE AMÔNIO COMO FONTE DE NITROGÊNIO NA CULTURA DA ALFACE

Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 8

SUBSTRATOS E AIB NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE AMOREIRA-PRETA XAVANTE

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL.

ADEQUAÇÃO DO PROTOCOLO DE PROPAGAÇÃO RÁPIDA PARA CULTIVARES TRADICIONAIS DE MANDIOCA DO ALTO JACUÍ

Comunicado 133 Técnico ISSN Dezembro, 2005 Pelotas, RS

Programa Analítico de Disciplina FIT466 Olericultura II

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

ABSTRACT Selection of cultivars of sweet potato adapted for biomass production through improvement program, to produce alcohol in Tocantins State.

PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA

Alternativas Ecológicas Para o Enraizamento De Estacas de Videira (Vitis labrusca L.) cv. Bordô

AVALIAÇÃO DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO NA PRODUÇÃO DE PIMENTÃO CULTIVADO EM AMBIENTE PROTEGIDO

PRODUÇÃO DE MUDAS DE BATATA-DOCE EM SUBSTRATO CONTENDO FERTILIZANTE DE LIBERAÇÃO LENTA

Propagação assexuada de frutíferas temperadas e tropicais

Cultivar de Batata doce BRS Gaita e técnicas de produção de mudas

ALUMÍNIO EM SISTEMAS DE CULTURAS NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. VANDERLISE GIONGO Engenheira Agrônoma - UFPeI

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES DOSES DO BIOESTIMULANTE STIMULATE NO CRESCIMENTO VEGETATIVO DA BETERRABA

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

INFLUENCIA DA AUXINA E SUBSTRATOS NO DESENVOLVIMENTO DE BROTOS DE ESTACAS DE AMORA

SOBREVIVÊNCIA DE ESTACAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM SUBSTRATOS COM DIFERENTES DOSES DE AIB PLANTADAS EM TUBETE

APLICAÇÃO DE DOSES DE MOLIBDÊNIO EM MUDAS DE REPOLHO (Brassica oleracea L. var. capitata)

amoreira-preta amoreira-preta Indolbutiric acid and hydrogel polymer in the rooting of blackberry

MÉTODO DE APLICAÇÃO DO ÁCIDO INDOLBUTÍRICO NA ESTAQUIA DE CULTIVARES DE PESSEGUEIRO 1

Efeito do medicamento homeopático Arnica montana

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

Efeito da temperatura na interação nematoide- planta em genótipos de batata-doce

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de Novembro de 2012

Palavras-chave: Composto Orgânico. Agricultura Orgânica. Olericultura. Biometria.

PODA E CONDUÇÃO DA FIGUEIRA

Desempenho do pepino holandês Dina, em diferentes densidades de plantio e sistemas de condução, em ambiente protegido.

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS EXPERIMENTAIS DE BATATA- DOCE ORIUNDOS DE SEMENTES BOTÂNICAS COM POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE ETANOL.

GENTIL DFO; TORRES RT Estaquia e qualidade de mudas de cariru. Horticultura Brasileira 30: S3806-S3811.

Diferentes substratos no desenvolvimento do pepino (Cucumis sativus)

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA E PROFUNDIDADE DE PLANTIO NO ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE FIGUEIRA ( 1 )

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE CAMU-CAMU (Myrciaria dúbia (H.B.K.) McVaugh) POR MEIO DE ESTAQUIA: EFEITO DA CONSISTÊNCIA, TAMANHO E FITORREGULADOR

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALFACE EM GARÇA S.P

INDUÇÃO DE RAÍZES EM ESTACAS DO ALGODOEIRO ARBÓREO EM CONDIÇÕES EX VITRO

Reguladores vegetais no enraizamento de estacas lenhosas da amoreira-preta cv. Xavante

USO DE HORMÔMIO NA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Byrsonima gardneriana A. JUSS POR ESTAQUIA

Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula

Tecnologias para produção de mudas de pequenas frutas e frutas nativas. Márcia Wulff Schuch Prof Titular Fruticultura FAEM/UFPel P PP

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE PEPINO EM IPAMERI-GO

INJÚRIAS CAUSADAS PELA DERIVA DE HERBICIDAS NA FASE INICIAL DA CULTURA DO MILHO.

PIRÂMIDE DE HORTALIÇAS: UMA ALTERNATIVA DE HORTA DOMÉSTICA. Goede, Júlia Eduarda 1 ; Odelli, Fernanda 2 ;

EFEITO DO TEOR DE UMIDADE DAS SEMENTES DURANTE O ARMAZENAMENTO NA GERMINAÇÃO DE MILHO CRIOULO

Produção de Mudas de Tomateiro Rasteiro com a Utilização de Substratos Alternativos ao Produto Comercialmente Utilizado.

Resposta da batata-doce a K 2 O em solo arenoso com baixo teor de potássio

Vegetal, Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, , Jaboticabal-SP. RESUMO

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

EFEITO DA COBERTURA E SUBSTRATO NA EMERGÊNCIA DE CAMU-CAMU E CRESCIMENTO DE PORTA-ENXERTOS

Influência de diferentes coberturas do solo sobre o desenvolvimento da cultura da rúcula.

ANALISE DE PRODUÇÃO DA ALFACE AMERICANA E CRESPA EM AMBIENTES DIFERENTES

Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011

PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE RAÍZES DE CLONES DE BATATA-DOCE

EFEITO DAS FOLHAS E DO TIPO DE ESTACA NO ENRAIZAMENTO DE CAJARANA ( Spondias sp. ).

Comportamento de genótipos de cebola no Submédio do vale São Francisco.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Resposta das bananeiras BRS Platina e PA 9401 à irrigação no segundo ciclo nas condições do Norte de Minas

ADUBAÇÃO BIOLÓGICA MIRCROGEO EM DIFERENTES VARIEDADES DE SOLANACEAES MIRCROGEO BIOLOGICAL FERTILIZATION IN DIFFERENT VARIETIES OF SOLANACEAE

Transcrição:

MONTEIRO JG; OLIVEIRA SA de; SILVA JBC. Enraizamento de estacas de batata doce submetidas a diversas Enraizamento de estacas de batata doce submetidas a diversas concentrações de AIB em diferentes substratos. concentrações de AIB em diferentes substratos. 2010. Horticultura Brasileira 28: S1542-S1549. Enraizamento de estacas de batata doce submetidas a diversas concentrações de AIB em diferentes substratos. Juliana Geseíra Monteiro 1 ; Saulo Araújo de Oliveira 1 ; João Bosco C. da Silva 2 1 2 UEG Campus de Ipameri Rodovia GO 330, km 241 s/n, Ipameri GO;geseira@hotmail.com. Embrapa Hortaliças, C. postal 218, 70359-970 Brasília-DF; jbosco@cnph.embrapa.br. RESUMO Originária da América do Sul, a batata doce (Ipomoea batatas) é uma hortaliça tuberosa tipicamente tropical, preferindo clima quente para a sua produção. Este estudo teve como objetivo definir sistemas alternativos de propagação rápida da batata doce que possam ser utilizados na sua produção. Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Hortaliças, Brasília, DF. Foram realizados quatro experimentos que eram compostos por cinco tratamentos, com quatro repetições cada. Cada repetição era composta por 10 estacas. O cultivar utilizado foi o Princesa. As variáveis observadas foram a média do comprimento das raízes emitidas e o índice de raiz. Todos os experimentos avaliaram as concentrações (0; 62,5; 125; 250; 500) ml de ácido indolbutírico (AIB) diluído em 1,0 L de água, no enraizamento de estacas de batata doce, aos sete dias após a estaquia. No primeiro experimento as estacas foram imersas por um minuto no fitorregulador, correspondente à concentração de cada tratamento e, posteriormente, postas para enraizar em terra de subsolo. Realizou-se a irrigação com água desde o primeiro dia até o sétimo, quando foram realizadas as avaliações. Nos outros três experimentos as estacas foram postas para enraizar em terra de subsolo e, logo após, foram regadas com 30 ml do fitorregulador correspondente à concentração de cada tratamento. A partir do segundo dia iniciou-se a rega periódica com água até o sétimo dia, quando realizou-se as avaliações. Observou-se que houve diferença positiva nos tratamentos sem fitorregulador, em todos os experimentos, para as duas variáveis observadas. Destacou-se positivamente, também, o uso de vermiculita, sem adição de AIB, com média de 8,1 cm de raiz quando comparado com o uso das concentrações 62,5; 125; 250 e 500 ml de AIB, com médias de comprimento de 0,17; 0,04; 0,05 e 0 cm, respectivamente. Palavras-chave: Ipomea batatas, estaquia, propagação, fitoregulador, AIB. ABSTRACT Rooting of sweet potato cuttings treated with concentrations of IBA on different substrates. Originally from South America, sweet potato (Ipomoea batatas) is a tuberous vegetable typically tropical. It prefers hot weather to produce them. The reason aimed to establish alternative systems for rapid propagation of sweet potato that can be used in their production. The experiments were conducted at Embrapa Vegetables, Brasília, DF. Four experiments were conducted that consisted of five treatments with four replicates. Each replication consisted of 10 cuttings. The cultivar used was the Princess. The variables were the mean root length and content sent from scratch. All experiments evaluated the concentrations (0, 62.5, 125, 250, 500) ml of butyric acid (IBA), diluted in 1.0 L of water in the rooting of cuttings of sweet potatoes to seven days after the cutting. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1542

In the first experiment, the cuttings were dipped for one minute in plant growth regulator, a concentration of each treatment and then placed into rooting subsoil. Held on irrigation water from the first day until the seventh, when evaluations were made. In the other three experiments the cuttings were put into rooting subsoil and, soon after, they were watered with 30 ml of phytoregulator corresponding to the concentration of each treatment. From the second day began with regular irrigation water until the seventh day, when the assessments took place. It was observed that there was positive difference in the treatments without plant growth regulator in all experiments for the two observed variables. Stood out positively, too, the use of vermiculite, without the addition of AIB, with a mean of 8.1 cm of root compared with the use of concentrations 62.5, 125, 250 and 500 ml of IBA, with average length 0.17, 0.04, 0.05 and 0 cm, respectively. Keywords: Ipomea batatas, cuttings, propagation, phytoregulators, IBA A batata doce (Ipomoea batatas) pertence à família Convolvulaceae. Trata-se de uma hortaliça tropical muito rústica, que encontra boas condições para seu cultivo nas mais variadas regiões brasileiras. Originária da América do Sul, a batata-doce é uma tuberosa que prefere clima quente para a sua produção, com temperaturas diurnas e noturnas superiores a 20ºC. Essa exigência em temperaturas elevadas é mais crítica durante o período vegetativo, especialmente na fase de formação de raízes tuberosas de reserva e na fase final do amadurecimento e colheita das raízes (Filgueira, 1981). Segundo Hozyo citado por Folquer (1978), quanto maior a atividade fotossintética, maior o crescimento das batatas. Isto explica a escassa tuberização quando as plantas estão em ambientes pouco iluminados. A implantação da cultura da batata doce se dá com o uso de material vegetativo. Entretanto, quando não se utiliza segmentos de ramas enraizadas pode ocasionar estande final inadequado, sendo necessário o replantio quando não houver, no mínimo, 85% de ramas brotadas. Assim, torna-se interessante a produção de mini estacas enraizadas em bandejas de isopor que proporcionam estandes mais uniformes e possibilitam a produção de maior quantidade de mudas quando há escassez de ramas. O fato desse método exigir menor quantidade de ramas permite selecionar materiais com maior sanidade e, com isso, produzir plantas mais sadias e produtivas (Embrapa, 1995). Segundo Folquer (1978), a temperatura ótima para o desenvolvimento do sistema radicular da batata doce oscila entre 24 C e 27 C. Dependendo das características do cultivar a temperatura mínima é de 10ºC. O cultivar Princesa é do tipo dispersa (rasteira com ramas longas, de grossura mediana (6,0 mm a 8,0 mm de diâmetro), de cor verde-arroxeada e sem pubescência. Os entrenós são, normalmente, curtos (3,0 cm a 5,0 cm). As folhas são grandes e de cor verde-escuro. O limbo foliar é recortado, com cinco lóbulos bem característicos e com maior dimensão sempre superior a 14 cm. A inserção pecíolo-limbo foliar é pigmentada (roxa). As nervuras na parte inferior da folha são arroxeadas. Apresenta boa resistência ao mal do pé, doença causada pelo fungo Plenodomus destruens Harter e resistência intermediária aos nematóides Meloidogyne javanica e M. incognita. Esse cultivar apresenta, também, boa tolerância ao herbicida metribuzin (MIRANDA et al., 1987). Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1543

Nachtigal & Fachinello (1995), trabalhando com araçazeiro, observaram que o aumento de concentrações de AIB proporcionou aumento no percentual de enraizamento, até a concentração de 4000 mg.l -1, a partir de 6000 mg.l -1 de AIB diminuiu este percentual. Para esta espécie foram observados percentuais de enraizamento superiores a 50%. Segundo Alvarenga & Carvalho (1983), o estímulo ao enraizamento se dá até uma determinada concentração de regulador, diferente para cada espécie, a partir da qual o efeito passa a ser inibitório. Isso poderia explicar a diminuição na sobrevivência de estacas observada a partir de 4000 mg.l -1. Franzon (2004) observou, em seu experimento avaliando o efeito de diferentes concentrações de AIB (0, 2000, 4000 e 8000 mg.l -1 ) sobre estacas de diferentes tamanhos (12 cm e 18 cm) que não ocorreu formação de raízes em estacas de goiabeira-serrana em nenhum dos tratamentos. A sobrevivência de estacas lenhosas tendeu a ser maior naquelas retiradas da porção basal dos ramos, e em estacas herbáceas, com 12 cm de comprimento, sendo superior daquelas com 18 cm. Já Scarpare Filho et al. (1999) verificaram o efeito de diferentes concentrações de AIB (0, 1000, 2000, 4000 e 8000 mg.l -1 ), em imersão rápida (cinco segundos), no enraizamento de estacas herbáceas de jabuticabeira (Myrciaria jabuticaba Berg.). Foram observadas percentagens de enraizamento de 0%, 8,96%, 12,88%, 23,16% e 37,98% para as respectivas concentrações de AIB, porém as estacas apresentaram, em média, apenas a formação de uma única raiz. Monteiro (2009) realizou estudo com diferentes concentrações (0, 4, 8, 12, 16 e 20 ml.l -1 ) de AIB no enraizamento de estacas de batata doce dos cultivares, Brazlândia Roxa, 1219 e 1007. Neste experimento as estacas foram imersas em sacos plásticos com 50mL da solução contendo AIB nas concentrações de cada tratamento, permanecendo por sete dias. Verificou-se que o uso do fitorregulador inibiu o crescimento das raízes de todos os cultivares de batata doce avaliados. Concluiu-se, ainda, que quanto maior a quantidade de AIB menor o comprimento das raízes. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo definir o meio de propagação mais rápido, a partir de estacas enraizadas com o uso de AIB em ramas de batata doce em diferentes substratos. Este estudo pretende ajudar os produtores comerciais a definir sistemas alternativos de propagação rápida de batata doce. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos na Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, Caixa postal 218, 70359-970. Foram realizados quatro experimentos que eram compostos por cinco tratamentos, com quatro repetições cada. Cada repetição era composta por 10 estacas. O cultivar utilizado foi o Princesa. As variáveis observadas foram a média do comprimento das raízes emitidas e o índice de raiz. O comprimento das raízes foi avaliada com paquímetro, considerando a média das repetições das raízes médias de cada planta por repetição. Para o índice de raiz foi estabelecido um padrão de quantidade de raízes por rama e atribuída uma nota (Figura 1), correspondente à esta quantidade. Quanto maior a quantidade de raiz maior seria a nota, variando de 1 a 4. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1544

Monteiro (2009), trabalhando com batata doce, observou que não houve diferença no enraizamento com o uso de AIB entre os cultivares analisados (Brazlândia Roxa, 1219 e 1007). Portanto, este trabalho optou por trabalhar com apenas um cultivar (Princesa) analisando o desenvolvimento de raízes em diferentes substratos e com diferentes concentrações de AIB. Todos os experimentos avaliaram as concentrações (0; 62,5; 125; 250; 500) ml de ácido indolbutírico (AIB) diluído em 1,0 L de água, no enraizamento de estacas de batata doce, aos sete dias após a estaquia. No primeiro experimento as estacas foram imersas por um minuto no fitorregulador, correspondente à concentração de cada tratamento e, posteriormente, postas para enraizar em terra de subsolo. Realizou-se a irrigação com água desde o primeiro dia até o sétimo, quando foram realizadas as avaliações. Nos outros três experimentos as estacas foram postas para enraizar em terra de subsolo e, logo após, foram regadas com 30 ml do fitorregulador correspondente à concentração de cada tratamento. A partir do segundo dia iniciou-se a rega periódica com água até o sétimo dia, quando realizou-se as avaliações. RESULTADOS E DISCUSSÃO No primeiro experimento, utilizando terra de subsolo e imersão por um minuto, o índice de raiz não foi significativo (Tabela1), pois a menor concentração de AIB (0 ml.l -1 ) apresentou uma média 8,45 e a maior concentração de AIB (500 ml.l -1 ) apresentou média 7,60. O comprimento da média das raízes também não apresentou diferença significativa, pois a menor concentração de AIB apresentou médias 4,15 cm e a maior concentração apresentou média 3,30 cm não apresentando grande significância. No segundo experimento, utilizando terra de subsolo e 30 ml de AIB após o plantio, os resultados para índice de raiz e comprimento de raiz também não foram significantes (Tabela1). No terceiro experimento, em que as ramas foram plantadas em vermiculita e, também, molhadas com 30 ml de solução de AIB, a análise estatística dos resultados apresentaram diferença significativa (Figura 2 e 3). Para o índice de raiz a soma das médias das notas atribuídas ao tratamento para a menor concentração de AIB foi 11,1 e para as demais concentrações foi 5,0. Para a variável comprimento de raiz observou-se a mesma distribuição, sendo a média do tratamento de menor concentração de AIB igual a 8,1 cm e os demais tratamentos foram inferiores a 0,17 cm. No quarto experimento, em que utilizou-se espuma fenólica e 30 ml de solução de AIB, a análise estatística do índice de raiz não apresentou significância; mas a análise do tamanho da raiz em relação a concentração de ácido indolbutírico foi significativa (Figura 4). Sendo 23,1 cm para a média do comprimento das raízes emitidas no tratamento de menor concentração do fitorregulador. Os outros tratamentos tiveram média inferior a 0,15 cm, também seguindo o mesmo padrão de dispersão das demais análises. De uma forma geral, observou-se que houve diferença positiva nos tratamentos sem fitorregulador, em todos os experimentos, para as duas variáveis observadas. Destacou-se positivamente, também, o uso de vermiculita, sem adição de AIB, com média de 8,1 cm de raiz quando comparado com o uso das concentrações 62,5; 125; 250 e 500 ml de AIB, com médias de comprimento de 0,17; 0,04; 0,05 e 0 cm, respectivamente. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1545

REFERÊNCIAS ALVARENGA, L.R.; CARVALHO, V.D. Uso de substâncias promotoras de enraizamento de estacas de frutíferas. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.9, n.101, p.47-55. 1983. Embrapa. Empresa Brasileira de Pesquisa Agroopecuária. Cultivo da batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam). Brasília: Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária. 10p. 1995. (Instruções técnicas 7). FILGUEIRA, F.A.R. Manual de olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. 1.ed. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1981. 338p. FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2.ed. Viçosa: Ed. UFV, 2003. 412p. FOLQUER, F. LA BATATA (CAMOTE): Estúdio de la planta y su produccion comercial. Instituto interamericano de ciências agrícolas. San José, Costa Rica, 1978. 145p. FRANZON, Rodrigo C.; ANTUNES, Luis E. C; RASEIRA, Maria do C. B. Efeito do aib e de diferentes tipos de estaca na propagação vegetativa da goiabeira-serrana (Acca sellowiana berg). Revista Brasileira de Agrociência, v.10, n. 4, p. 515-518, out-dez, 2004 MIRANDA, J.E.C. et al. Batata doce. Embrapa: CNPH: Brasília, DF. 1987. 14p. (Circular técnica). MONTEIRO, Juliana, G.; WISINTAINER, Carolina; REY, Maristela, dos S. Enraizamento de estacas de batata-doce. In: VII Seminário de Iniciação Cientifica da Universidade Estadual de Goiás. Anais... Anápolis, GO. Outubro 2009. CD Room. NACHTIGAL, J.C.; FACHINELLO, J.C. Efeito de substratos e do ácido indolbutírico no enraizamento de estacas de araçazeiro (Psidium cattleyanum Sabine). Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.1, n.1, p.34-39. 1995. REGHIN, M.Y.; OTTO, R.F.; OLINIK, J.R.; JACOBY, C.F.S. Viabilidade do sistema de produção de mudas em bandejas em três cultivares de cebola. Ciência e Agrotecnologia, v.31, p.1075-1084, 2007. SCARPARE, F.V.; KLUGE, R.A.; SCARPARE FILHO, J.A.; et al. Propagação da jabuticabeira Sabará (Myrciaria jabuticaba Berg.) através de estacas caulinares. CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA 18., Anais... Belém, PA. Novembro 2002. CD Room. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1546

Tabela 1. Índice de raíz e comprimento de raiz (cm) em diferentes substratos nas diferentes concentrações de ácido indolbutírico (AIB) nas estacas de batata doce. UEG/Embrapa Hortaliças, Brasília, 2009. Concentração Ti Ti EF EF Tr Tr Tv Tv de AIB IR CR IR CR IR CR IR CR 0 8,45 4,15 7,65 23,1 9,25 3,85 11,1 8,1 15,6 8,05 3,86 5,5 0,15 4,55 6,83 5 0,17 31,5 7,35 3,92 5 0,01 7,6 4,2 5 0,04 62,5 6,55 4,47 5 0 6 3,15 5 0,05 125 7,6 3,3 5 0 6,75 3,21 5 0 Ti. Substrato de terra de subsolo com estaca imersa na solução de AIB; Tr. Substrato de terra de subsolo com estacas irrigadas com 30 ml da solução de AIB; EF. Espuma fenólica; IR. Índice de raiz; CR. Comprimento de raiz (cm). Figura 1. Parâmetro utilizado como padrão para avaliação do índice de raiz no experimento de estaquia de batata doce. Atribuindo notas referentes à quantidade de raízes emitidas, sendo estas crescentes de 1 a 4. UEG/Embrapa Hortaliças, Brasília, 2009. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1547

Figura 2. Média das notas, para índice de raiz, das estacas de batata doce postas para enraizar em vermiculita. UEG/Embrapa Hortaliças, Brasília, 2009. Figura 3. Média dos comprimentos das raízes emitidas das estacas de batata doce postas para enraizar em vermiculita. UEG/Embrapa Hortaliças, Brasília, 2009. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1548

Figura 4. Média dos comprimentos das raízes emitidas das estacas de batata doce postas para enraizar em terra de subsolo. UEG/Embrapa Hortaliças, Brasília, 2009. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S1549