INDUÇÃO DE RAÍZES EM ESTACAS DO ALGODOEIRO ARBÓREO EM CONDIÇÕES EX VITRO
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1 INDUÇÃO DE RAÍZES EM ESTACAS DO ALGODOEIRO ARBÓREO EM CONDIÇÕES EX VITRO Julita Maria Frota Chagas Carvalho (Embrapa Algodão / julita@cnpa.embrapa.br), Francisco Pereira de Andrade (Embrapa Algodão), Cristiane Miranda Furtado (UFRN), Juliana Pereira de Castro (Embrapa Algodão), José Wellington dos Santos (Embrapa Algodão), Marcia Soares Vidal (Embrapa Algodão). RESUMO - Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes auxinas (AIA, AIB e ANA) no enraizamento de estacas de algodão arbóreo. O ensaio foi realizado na Embrapa Algodão, localizada em Campina Grande, PB, Brasil. As estacas foram tratadas com duas concentrações (0,5 g.l -1 e 1,0 g.l -1 ) das auxinas por 10, 15, 20 e 25 minutos. Depois de tratadas, as mesmas foram plantadas e mantidas em casa-de-vegetação por 30 dias. Aos 30 dias foram feitas as avaliações relativas ao número de brotos emitidos e ao desenvolvimento radicular. Os melhores resultados para a indução de enraizamento foram obtidos quando as estacas foram tratadas por 15 minutos em uma solução de AIB. Palavras-chave: algodão, auxinas, enraizamento. ROOTING INDUCTION IN CUTTINGS OF ARBOREAL COTTON IN EX VITRO CONDICTIONS ABSTRACT - The objective of this work was to evaluate the effect of different auxins (IAA, IBA, NAA) on the rooting of cotton cuttings. The trial was carried out at Embrapa Algodão, located in Campina Grande, PB, Brazil. The cuttings were treated with two concentrations (0.5 g.l -1 or 1.0 g.l -1 ) of the auxins for 10, 15, 20 and 25 minutes. The cuttings were planted and maintained in the greenhouse for 30 days. After 30 days, evaluations were done relative to the number of shoots emited and the root development. The best results for rooting induction were obtained when the cuttings were treated for 15 minutes in a solution of IBA Key words: cotton, Auxins, Rooting INTRODUÇÂO O algodoeiro arbóreo é um rico repositório de genes que podem ser de utilidade nos programas de melhoramento genético que visem incorporar muitas de suas características, em especial as relacionadas com as excepcionais propriedades tecnológicas de sua fibra. Portanto, é de grande valia a preservação deste patrimônio genético, visando barrar o processo violento de erosão genética a que ele vem sendo submetido no Nordeste brasileiro. A propagação por estaquia, que é um dos métodos mais importantes no processo de propagação de plantas, destaca-se por promover a multiplicação de plantas matrizes selecionadas, como por exemplo, genótipos coletados no campo, maximizando e mantendo as características genéticas desejáveis da mesma, permitindo, assim acelerar os métodos convencionais de propagação vegetativa, dentro outras finalidades (MELETTI, 2000). Por outro lado, existem clones com grande facilidade de propagação vegetativa, em que procedimentos mais simples e de menor custo, como o enraizamento de estacas, podem ser suficientes para atender ao processo da ampliação dos acessos do Banco de Germoplasma (BAG) do algodoeiro. A aplicação de fitoreguladores é uma prática muito utilizada para promover o enraizamento de estacas. O grupo de reguladores de crescimento usado com maior freqüência é o das auxinas, que são essenciais no processo de enraizamento, possivelmente por estimularem a síntese de etileno, favorecendo assim a emissão de raízes (ZELENÁ e FUKSOVÁ, 1991; NORBERTO et al., 2001).
2 Segundo Pasqual et al (2001), é necessário que haja um balanço hormonal endógena adequado, especialmente entre auxinas, giberelinas e citocininas, ou seja, equilíbrio entre promotores e inibidores do processo de iniciação radicular. A maneira mais comum de promover esse equilíbrio é pela aplicação exógena de reguladores de crescimento sintéticos, como AIB (ácido indol-butírico), que podem elevar o teor de auxina no tecido. Assim, o objetivo do presente trabalho é avaliar a influência dos tipos de auxinas bem como, suas concentrações e período de imersão na indução do enraizamento em estacas do algodoeiro arbóreo. MATERIAL E MÉTODOS Plantas do algodoeiro arbóreo em bom estado fisiológico e fitossanitário foram selecionadas no campo experimental de Patos - PB e, estacas de ± 15 cm de tamanho foram coletadas e levadas à sala de Cultivo de Tecidos do Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Algodão a fim de serem preparadas e, em seguida, translocadas para casa-de-vegetação onde foi instalado o ensaio. As estacas foram imersas parcialmente em soluções de auxina e, logo após os períodos de imersão estabelecidos, estas foram plantadas em saco plástico, contendo uma mistura de esterco areia e argila mantida em casa-devegetação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com arranjo fatorial de 3 X 2 X 4 +1 com um controle (água), três tipos de auxinas (ácido indol-acético (AIA), ácido indolbutírico (AIB) e ácido naftalenoacético (ANA) com duas concentrações (0,5 g.l -1 e 1,0 g.l -1 ) destes reguladores de crescimento para indução do enraizamento em quatro períodos de imersão (10, 15, 20 e 25 minutos). Utilizou-se 10 estacas por tratamento, dividindo em 5 repetições com 2 estacas por saco. As avaliações dos tratamentos foram realizadas 30 dias após a instalação do ensaio, através de coleta do seguinte dado: peso seco do sistema radicular de cada estaca e número de brotos emitidos. O software utilizado nas analises estatística foi (SAS/STAT ). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os valores médios referentes às variáveis número de brotos emitidos e peso seco de raízes de estacas do algodoeiro arbóreo, quando submetidas ao tratamento com diferentes auxinas, concentrações e períodos de imersão. Para a variável peso seco de raízes, não houve efeito significativo entre concentração de auxinas e tempo de imersão. Em relação aos tipos de auxinas utilizadas constatou-se que as auxinas AIA e AIB foram significativamente iguais, apesar da auxina AIB ter apresentado média superior. Monette (1986) e, Ducan e Tuener (1984) trabalharam com outras culturas e também obtiveram sucesso no enraizamento diretamente em substrato, após tratamento com auxina ácido indol-butírico em solução aquosa. Os dados de peso seco de raízes para a auxina ANA indicam que esta apresenta atividade inibitória na produção de raízes de estacas do algodoeiro arbóreo.
3 Tabela 1. Valores médios referentes às variáveis número de brotos emitidos e peso seco de raízes de estacas do algodoeiro arbóreo em função de diferentes tipos de auxinas, concentrações e períodos de imersão. Campina Grande-PB, Embrapa Fatores Variáveis Peso seco de raízes Número de brotos emitidos a. Tipos de auxinas Acido indol-acético 0,2503 a 3,1105 a Acido indol-butírico 0,3173 a 2,4986 b Acido naftalenoacético 0,0073 b 1,1825 c b. Concentração de auxinas 0,5 g.l -1 0,1974 a 2,3988 a 1,0 g.l -1 0,1809 a 2,1289 b c. Período de imersão 10 minutos 0,1878 a 2,4657 a 15 minutos 0,2182 a 2,3972 ab 20 minutos 0,1992 a 2,1124 b 25 minutos 0,1515 a 2,0801 b Média 0,1840 2,2499 Médias seguidas das mesmas letras dentro de cada fator nas colunas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. No desdobramento da interação significativa entre concentrações de auxina e período de imersão para a variável peso de raízes (Tab. 2), verificou-se que houve superioridade no peso de raízes das estacas imersas na solução de concentração de 1,0 g.l -1 por um período de 15 minutos, no entanto, observou-se que independente da concentração de auxina empregada o peso seco da raiz não variou, mesmo com aumento do tempo de imersão das estacas nas soluções de auxinas. Tabela 2. Valores médios referentes ao desdobramento da interação significativa entre concentração de auxinas e período de imersão para a variável peso seco de raízes. Campina Grande-PB, Embrapa Concentração de auxinas Tempos de imersão 10 min. 15 min. 20 min. 25 min. 0,5 mg.l -1 0,241aA 0,151bA 0,245aA 0,153aA 1,0 mg.l -1 0,135aA 0,286aA 0,154aA 0,149aA Com relação à análise estatística da indução do enraizamento ex vitro de estacas do algodoeiro arbóreo para a variável número de brotos emitidos, observou-se efeito significativo para tipo de auxina, concentração e período de imersão (Tab. 1) e para as interações entre tipo de auxina e concentração e tipo auxina e período de imersão (Tabs. 3 e 4). Foi verificado que no tratamento das estacas com a auxina AIA, o número de brotos emitidos foi superior ao observado nos demais tratamentos e, que, o melhor período de imersão das estacas foi o de 10 minutos, onde foi possível de se observar uma média de 2,4657 brotos emitidos, embora este resultado não seja estatisticamente distinto do observado com 15 minutos de imersão.
4 Tabela 3. Valores médios referentes ao desdobramento da interação significativa entre tipo de auxina e período de imersão para a variável número de brotos emitidos. Campina Grande-PB, Embrapa Auxinas Tempos de imersão 10 min. 15 min. 20 min. 25 min. Acido indol-acético 3,59aA 3,19aAB 2,68aB 2,97aAB Acido indol-butírico 2,52bA 2,88aA 2,42aA 2,18bA Acido naftalenoacético 1,28cA 1,12bA 1,23bA 1,09cA Tabela 4. Valores médios referentes ao desdobramento da interação significativa entre tipo de auxina e concentração de auxina para a variável número de brotos emitidos. Campina Grande-PB, Embrapa Auxinas Concentração de auxina 0,5 mg.l -1 1,0 mg.l -1 Acido indol-acético 3,20aA 3,02aA Acido indol-butírico 2,82aA 2,17bB Acido naftalenoacético 1,17bA 1,19cA Diante do exposto, pode-se inferir que as tanto a auxina AIB e AIA podem ser empregadas no processo de estaquia do algodão arbóreo, uma vez que geraram resultados satisfatórios tanto quando se avaliou o peso seco de raízes como quando se avaliou o número de brotos emitidos. Com relação à concentração ideal de auxina a ser empregada é a de 0,5 mg.l -1, pois ao se observar os dados obtidos com o peso seco de raiz, estes não diferiram estatisticamente dos obtidos com a concentração de 1,0 mg.l -1 de auxina, porém ao se avaliar os dados de número de brotos emitidos verifica-se superioridade no número de brotos emitidos quando se emprega a concentração de 0,5 mg.l -1. E com relação ao período de imersão, este pode ser realizado por 15 minutos uma vez que para a variável peso de raiz foi o tempo que gerou melhor resposta de enraizamento das estacas quando as mesmas foram submetidas ao tratamento com a concentração de 0,5 mg.l -1 de auxina, bem como, com relação a variável CONCLUSÔES De acordo com os resultados adquiridos neste trabalho e nas condições em que o mesmo foi desenvolvido, conclui-se que: 1. As auxinas AIA e AIB podem ser utilizadas para a indução de raízes em estacas do algodoeiro arbóreo; 2. A auxina ANA inibe a indução de raízes; 3. A concentração 0,5 mg.l -1 das auxinas AIA e AIB por um período de 15 minutos de imersão respondem bem na indução de raízes.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DUNSTAN, D. I.; TURNER, K. E. The acclimatization of micropropagated plants. In: VASIL, I.K. ed. Cell culture and somatic cell geneties of plants. London. Acadermic Press, v.1. p , MELETTI, L. M. M. Propagação de frutíferas tropicais. Guaíba: Agropecuária, p. MONNETE, P. L. Micropropagação of kiwifruit using non axenic shot tips. Plant Cell Tissue and Organ Culture, v. 6, p.73-82, NORBERTO, P. M.; CHALFUN, N. N. J.; PASQUAL, M.; VEIGA, R. D.; PEREIRA, G. E.; MOTA, J. H. Efeito da época de estaquia e do AIB no enraizamento de estacas de figueira (Ficus carica L.). Ciência e Agrotecnologia, v. 25, n. 3, p , PASQUAL, M.; CHALFUN, N. N. J.; RAMOS, J. D.; VALE, M. R. do; SILVA, C. R. R. de. Fruticultura comercial: propagação de plantas frutíferas. Lavras: UFLA: FAEPE, p. SAS/STAT. User s guide. In: SAS Institute SAS ONlindoc: Version 8.2, Cary, CD-Rom ZELENÁ, E.; FUKSOVÁ, K. The effect of indole-3-acetylaspartic acid on adventitious root formation on bean cuttings. Plant Growth Regulation, v. 10, p , 1991.
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