PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA
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- Eliza Rocha Braga
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1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE MAMONEIRA (Ricinus communis L.) A PARTIR DA ESTIMULAÇÃO DE ESTACAS PELO ÁCIDO 3-INDOLACÉTICO (AIA) E PELO ÁCIDO INDOL BUTÍRICO (AIB) Francynês C. O. Macedo 1 ; Máira Milani 2 ; Julita M. F. C. Carvalho 2, Francisco P. de Andrade 1 Universidade Estadual da Paraíba; 2 Embrapa Algodão, maira@cnpa.embrapa.br, julita@cnpa.embrapa.br RESUMO - A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta monóica que apresenta polinização anemófila, podendo a taxa de alogamia chegar a mais de 40%. A complexidade reprodutiva apresentada pela mamona tem dificultado a obtenção de genótipos com pureza varietal. Uma alternativa viável seria a produção assexuada. Deste modo objetivou-se avaliar a possibilidade da produção de mudas de mamona por meio do cultivo de estacas caulinares tratadas com ácido 3- indolacético (AIA) e em ácido indolbutírico(aib), como ferramenta auxiliar ao programa de melhoramento. Foram utilizadas estacas com dois nós da cultivar BRS Paraguaçu, tratadas com soluções de ácido 3-indolacético (AIA) e ácido indolbutírico (AIB), em 3 concentrações, 0, 50 e 100 ppm, por 8 horas, com 5 repetições. Aos 45 dias após o plantio, todas as mudas apresentavam raízes e folhas desenvolvidas. As médias de peso de raízes e folhas obtidas para as mudas tratadas e não tratadas com hormônios foram muito semelhantes não sendo observadas vantagens no uso de hormônios nas condições em que o experimento foi conduzido. Podendo-se concluir que a produção de mudas de mamona é um processo viável e dispensa o uso de auxinas. INTRODUÇÃO A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta monóica que apresenta inflorescências do tipo panicular, denominada de racemo, com flores femininas acima e masculinas na parte inferior, podendo ocorrer também flores andrógenas. Devido ao tipo de inflorescência, em especial a conformação e distribuição das flores, a polinização é do tipo anemófila, podendo a taxa de alogamia chegar a mais de 40%, embora seja considerada autógama (SAVY FILHO, 1999). A complexidade reprodutiva apresentada pela mamona tem dificultado a obtenção de genótipos com pureza varietal. Tem se utilizado de técnicas de autofecundação e isolamento temporal e físico, porém ambos apresentam baixa eficiência. A autofecundação é uma técnica onerosa pois demanda sacos de papel com gramatura específica para permitir a passagem do ar e impedir a entrada dos grãos de pólen, mão- de- obra constante no período da floração e baixa produção de sementes. Já o isolamento físico e temporal é difícil de ser obtido devido a presença de grande número de mamoneiras asselvajadas. Este problema é maior no caso da manutenção de acessos do Banco de Germoplasma, em que normalmente não é possível realizar áreas de isolamento, já que a quantidade de sementes
2 armazenada de cada um dos acessos é pequena. O uso da autofecundação, neste caso, também deve ser feito com parcimônia, pois muitos acessos provêm de coletas, e de plantas com polinização cruzada. No caso da mamona uma maneira de garantir a manutenção dos genótipos seria por meio da propagação vegetativa. Porém, não há referências sobre a produção de mamona por mudas vegetativas, mas sabe-se que essa prática é realizada com freqüência em outras plantas da família das euforbiáceas, como a mandioca, o pinhão manso e a seringueira. A propagação vegetativa possibilita a fiel multiplicação de um genótipo, e sua principal vantagem para o melhoramento genético é que em qualquer fase de um melhoramento, plantas que apresentem características favoráveis, tanto de ordem qualitativa como quantitativa, podem ser fixadas geneticamente e, a partir daí, reproduzidas indefinidamente (NASS et al., 2001). Ainda segundo Nass et al. (2001), a propagação vegetativa em plantas pode ser feita por vários métodos. Um deles é a estarquia, que baseia-se na regeneração dos tecidos e na emissão de raízes. As estacas, contendo ao menos uma gema, podem ser obtidas de órgãos aéreos ou subterrâneos. O ácido 3-indolacético (AIA) e o ácido indolbutírico (AIB) são hormônios vegetais do grupo das auxinas que apresentam importante papel no enraizamento de plantas (FERRI, 1986). Deste modo objetivou-se avaliar a possibilidade da produção de mudas de mamona por meio do cultivo de estacas caulinares tratadas com ácido 3-indolacético (AIA) e em ácido indolbutírico(aib), como ferramenta auxiliar ao programa de melhoramento. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas 30 estacas de plantas adultas da cultivar BRS Paraguaçu, em que cada uma continha pelo menos 2 nós. As estacas foram colocadas em soluções de ácido 3-indolacético (AIA) e ácido indolbutírico (AIB), em 3 concentrações, 0, 50 e 100 ppm, por 8 horas, com 5 repetições. Após esse período, foram plantadas em vasos de 750ml com vermiculita e mantidas em casa de vegetação, com umidade relativa de 75%, temperatura de 30 o C e irrigação constante. Os vasos foram mantidos em casa de vegetação até os 45 dias, quando as mudas foram lavadas, excisadas em parte aérea e raiz, secas em estufa (105 o C por 24 h) para avaliação de peso seco. Foram feitas as médias de cada tratamento. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3 Aos 45 dias após o plantio, todas as mudas apresentavam raízes e folhas desenvolvidas, conforme pode se observar nas Figuras 1 e 2. As estacas que foram tratadas com hormônios apresentaram um maior número de raízes secundárias do que nas não tratadas. Estas últimas possuíam raízes em menor número, mais grossas e com maior comprimento. As médias de peso de raízes e folhas obtidas para as mudas tratadas e não tratadas com hormônios foram muito semelhantes, conforme Figuras 3 e 4. E não foram observadas vantagens no uso de hormônios nas condições em que o experimento foi conduzido. Segundo Válio (1986), quando se aplica auxina em órgãos isolados ocorre um aumento de resposta resultante do aumento da concentração deste fitorregulador até um máximo, após o qual ocorre o efeito inibitório, variando de tecido para tecido, que no caso de raízes, essa concentração normalmente é muito baixa. Neste estudo, como não houve efeito inibitório, acredita-se que as estacas de mamona podem ser consideradas como tecidos autotróficos ou autônomos, que se desenvolvem sem o uso de hormônios na estaquia (CALDAS et al. 1998). Isso é uma grande vantagem para o estabelecimento do processo, pois elimina os custos com os hormônios, tornando-o mais simples e de fácil reprodução. O estabelecimento deste processo será de extrema utilidade na propagação de acessos dos bancos de germoplasma e de linhagens femininas do programa de melhoramento, reduzindo custos com autofecundação e/ou isolamento geográfico-temporal. CONCLUSÃO A produção de mudas de mamona é um processo viável e dispensa o uso de auxinas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CALDAS, L.S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M.E. Meios nutritivos In: TORRES, A.C.; CALDAS, L.S.; BUSO, J.A. Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI/ Embrapa CNPH, 1998, p NASS, L.L. Utilização de recursos genéticos vegetais no melhoramento. In: NASS, L.L.; VALOIS, A.C.C.; MELO, I.S.; VALADARES-INGLIS, M.C. Recursos genéticos e melhoramento plantas. Rondonópolis: Fundação MT, 2001, p VÁLIO I.F.M. Auxinas. In: FERRI, M.G. Fisiologia Vegetal. São Paulo: Editora Pedagógica e Universitária, 1986, p
4 Figura 1. Estacas de mamoneira da cultivar BRS Paraguaçu tratadas com ácido 3-indolacético (AIA), aos 45 dias após o plantio, com as dosagens de 0 ppm (A e D), 50 ppm (B e E) e 100 ppm (C e F). Campina Grande/PB, Figura 2. Estacas de mamoneira da cultivar BRS Paraguaçu tratadas com ácido indol-butirico (AIB), aos 45 dias após o plantio, com as dosagens de 0 ppm (A e D), 50 ppm (B e E) e 100 ppm (C e F). Campina Grande/PB, Peso (mg) 100 peso de raiz peso de folha concentração de AIA (ppm) Figura 3. Peso de raízes e folhas de mudas de mamona (mg) da cultivar BRS Paraguaçu, nas concentrações de 0, 50 e 100 ppm de ácido 3-indolacético. Campina Grande/PB, 2006.
5 Peso (mg) peso de raiz peso de folha concentração de AIB (ppm) Figura 4:.Peso de raízes e folhas de mudas de mamona (mg) da cultivar BRS Paraguaçu, nas concentrações de 0, 50 e 100 ppm de ácido indol butírico. Campina Grande/PB, 2006.
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