Aula 8 APLICAÇÃO DA TEORIA DO ORBITAL MOLECULAR. Eliana Midori Sussuchi Danilo Oliveira Santos

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Transcrição:

Aula 8 APLICAÇÃO DA TEORIA DO ORBITAL MOLECULAR META Aplicar a Teoria do Orbital Molecular para moléculas homonucleares e heteronucleares diatômicas. OBJETIVOS Ao final desta aula, o aluno deverá: Descrever a TOM em moléculas diatômicas homonucleares e heteronucleares; Estimar a energia dos orbitais moleculares; Discutir as propriedades paramagnéticas e diamagnéticas das moléculas. PRÉ-REQUISITOS Fundamentação teórica da TOM; Simetria de Orbitais Atômicos e suas energias. Eliana Midori Sussuchi Danilo Oliveira Santos

Química Inorgânica I INTRODUÇÃO Nesta aula serão abordados os fundamentos da ligação covalente sob a perspectiva da Teoria do Orbital Molecular, TOM. Ao contrário da ligação covalente localizada e os pares isolados de valência da Teoria de Ligação de Valência, a TOM admite que os orbitais atômicos puros, localizados nos átomos de uma molécula, combinam-se para produzir um novos orbitais pertencente à molécula. Esses novos orbitais são denominados como orbitais moleculares. A TOM prevê corretamente as estruturas eletrônicas de moléculas que não seguem as suposições de emparelhamento de elétrons proposta por Lewis. Além disso o TOM consegue esclarecer as propriedades magnéticas apresentadas por determinadas moléculas como O 2, que através da TLV não podem ser explicadas. Podemos utilizar alguns conceitos da TOM para explicar a formação da ligação covalente. Vimos que quando um elétron está ocupando um orbital molecular ligante, ele tem possui um potencial coulômbico menor do que quando ele ocupava um orbital atômico. Em consequência disto, a resultante é uma força de atração entre os átomos, o que configura a formação da ligação química. No entanto elétrons que ocupam orbitais moleculares antiligantes contribuem de maneira oposta, logo contribuem para repulsão entre os átomos. Nesta aula iremos discutir como formar OM em moléculas diatômicas homonucleares e heteronucleares, avaliar a energias dos orbitais devido ao efeito da carga nuclear. MOLÉCULAS DIATÔMICAS HOMONUCLEARES Teoria do Orbital Molecular para Moléculas Diatômicas Homonucleares. Na aula anterior discutirmos as características de dois orbitais de menor energia de moléculas como H 2, He 2 + e H 2+. Vimos que quando duas funções de onde de 1s se somam elas contribuem para o aumento da densidade eletrônica entre os dois núcleos. Esta contribuição reduz o potencial coulômbico da molécula, logo o elétron ocupa um orbital molecular ligante. No entanto, quando ocorre à subtração entre as funções de onda 1s elas se cancelam no espaço internuclear, consequentemente é produzido um plano nodal. Ao elevarmos a função de onda do orbital molecular ao quadrado, a densidade de probabilidade resultante é sempre positiva em qualquer lugar do espaço, menos no plano nodal. A ausência de densidade eletrônica na região internuclear provoca um aumento da energia potencial do sistema, logo não há formação de ligação química. Fica claro que a esta última descrição se refere a um orbital molecular antiligante. Uma vez que sabemos a diferença na formação dos orbitais moleculares, ligante e antiligante, podemos estender este conhecimento para de- 122

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 screver moléculas diatômicas homonucleares do segundo período da tabela periódica e assim por diante. Inicialmente, devemos ter claro que os orbitais atômicos das camadas internas (orbitais de caroço) são fortemente atraídos pelo núcleo, portanto pouco afetados, mesmo seus átomos estando livres ou participando de uma ligação química. Desta maneira, consideramos que os elétrons que ocupam orbitais de caroço são não-ligantes e focaremos apenas para os elétrons que ocupam os orbitais de valência. O procedimento para a combinação de funções de onda 2s é similar ao descrito anteriormente para a molécula do H2, como podemos observar nas equações (1) e (2). Ψ = c A Φ 2s (H A ) + c B Φ 2s (H B ) (1) Ψ = c A Φ 2s (HA) - c B Φ 2s (H B ) (2) A formação desses dois orbitais moleculares, oriundos das funções de onda 2s, pode ser observado na Figura 1. Figura 1: Orbitais Moleculares, Ligante e Antiligante formados pela combinação de orbitais 2s Note que os orbitais atômicos 2s apresentam um plano nodal cercando os núcleos, diferenciando-os dos orbitais 1s. Vimos também, que para combinarmos as funções de onda dos orbitais 2p z, 2p x e 2p y precisamos levar em consideração suas respectivas simetrias ao redor do eixo z. A combinação de um par orbitais atômicos 2p z, que possuem simetria cilíndrica, conduz a outro par de orbitais moleculares σ 2p e σ * 2p. Nas combinações das funções de onda dos orbitais 2p precisamos ter o cuidado de considerarmos os sinais dos dois lóbulos da função de onda. Na Figura 2 podemos observar a formação dos orbitais moleculares σ 2p e σ * 2p. 123

Química Inorgânica I Figura 2: Orbitais Moleculares, Ligante e Antiligante formados pela combinação de orbitais 2p. Conforme relatado anteriormente, a formação de orbitais moleculares π ocorre da combinação lateral de funções dos orbitais 2p x e 2p y. A representação gráfica da formação dos orbitais moleculares π 2p e π * 2p é mostrado na Figura 3. Figura 3: Orbitais Moleculares π, Ligante e Antiligante, formados pela combinação de orbitais 2px. O orbital molecular π ligante possui um plano nodal localizado no plano xy, porém na região internuclear existe aumento da densidade eletrônica. Enquanto o orbital molecular π antiligante possui um plano nodal nos núcleos e outro na região internuclear. Podemos aplicar argumentos análogos para explicar a formação dos orbitais moleculares π da combinação dos orbitais atômicos 2p y. Resumidamente podemos descrever o procedimento empregado para descrever moléculas diatômicas em termos de orbitais moleculares da seguinte maneira: 124

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 a) A combinação de N orbitais atômicos, leva a formação de N orbitais moleculares. No segundo período da tabela periódica, N=8 b) Os Orbitais são classificados de acordo com a simetria em dois tipos, σ e π. c) Os quatro orbitais π forma dois pares de orbitais degenerados, ligantes e antiligantes. d) A energia dos orbitais moleculares é fortemente influenciada pelas energias dos orbitais atômicos. Um aspecto importante está relaciona a ordem crescente de energia dos orbitais moleculares. A descrição quantitativa dessas energias é obtida a partir de experimentos de Espectroscopia Fotoeletrônica e de cálculos computacionais. A Figura 4 mostra um esquema crescente de energia dos orbitais moleculares para algumas moléculas diatômicas homonucleares. Figura 4: Ordem crescente de energia dos Orbitais Moleculares de moléculas diatômicas homonucleares do segundo período da tabela periódica. (Fonte: Referência 2) Podemos observar que da molécula do Li 2 até o N 2 temos uma seqüência, em termos de energia, de orbitais moleculares, enquanto nas moléculas do O 2 e do F 2 ocorre uma inversão na ordem. A partir das energias dos orbitais moleculares mostradas na Figura 16, temos dois padrões de diagrama de energia, Figuras 5. 125

Química Inorgânica I Figura 5: Diagrama de Energia dos Orbitais Moleculares de moléculas diatômicas homonucleares. (a): F 2 e O 2; (b): Li 2, Be 2, B 2, C 2 e N 2. Esta mudança nas energias dos orbitais moleculares, mostrada nas Figuras 4 e 5, ocorre devido ao aumento da separação dos orbitais atômicos 2s e 2p ao longo do 2 Período, causado pelo crescimento da carga nuclear efetiva sobre os orbitais de fronteira do F 2 e O 2. Nas moléculas Li 2, Be 2, B 2, C 2 e N 2, o orbital σ 2p fica um pouco acima, em energia, dos orbitais π 2p. Este comportamento é reflexo da repulsão entre os elétrons que ocupam o orbital σ *, e os elétrons do orbital σ. Esta interação repulsiva causa a 2s 2p elevação da energia do orbital σ 2p, pois, tanto os elétrons do orbital σ *, 2s quanto os do orbital σ 2p tendem a ocupar o mesmo lugar no espaço. Esse efeito é minimizado nas moléculas tidas como pesadas, O 2 e F 2, pois a elevada carga nuclear efetiva dos átomos de flúor e oxigênio atrai os orbitais 2s para regiões próximas ao núcleo. Portanto, os elétrons do orbital σ * não 2s interagem significativamente com os que ocupam o σ 2p. Diante do que foi discutido, podemos a partir de agora examinar a estrutura eletrônica das moléculas apresentadas acima. A primeira molécula a ser discutida será o B 2, dos seus 6 elétrons de valência 4 ocupam os orbitais σ 2s e σ * e há somente um elétron em cada orbital π e π. Como 2s 2py 2px são orbitais ligantes, e como em todos os níveis de energia mais baixos os elétrons antiligantes compensam exatamente os elétrons ligantes, a ordem de ligação é 1. (Podemos chamar a ligação de ligação simples, porém é mais adequado consideram como duas meias ligações) Observe que os orbitais π 2py e π 2px têm igual energia, e assim, os dois elétrons. A base experimental para essa configuração provém das medidas magnéticas: B 2 é paramagnético, e as medidas indicam que dois elétrons desemparelhados estão presentes na molécula. 126

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 A molécula do C 2 tem dois elétrons a mais que a molécula do B2 que são adicionados aos orbitais π 2pyy e π 2px completando-os. Todos os elétrons estão agora emparelhados logo a molécula do C 2 não é diamagnética. A ordem da ligação no C 2 é 2, pois existem quatro elétrons ligantes a mais na molécula. A configuração eletrônica da camada de valência para o C 2 é mostrada abaixo. C 2 : (σ 2s ) 2 (σ * 2s )2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 A molécula do C 2 apenas foi detectada a altas temperaturas. A temperatura ambiente, o carbono existe principalmente em duas formas sólidas, grafite e diamante, cada um em retículo covalente. A molécula do N 2 tem um conjunto de seis elétrons de ligação que ocupam os orbitais π 2px, π 2py e σ 2pz, dando ao N 2 a seguinte configuração: N2: (σ 2s ) 2 (σ * 2s )2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 (σ 2pz ) 2 A ordem de ligação do N 2 é igual a 3. As medidas magnéticas confirmam que a molécula do N 2 não possui elétrons desemparelhados. A molécula de O 2 possui dois elétrons amais que a molécula de N 2 e sua configuração eletrônica da molécula do O 2 esta mostrada abaixo O 2 : (σ 2s ) 2 (σ * 2s )2 (σ 2pz ) 2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 ( π * 2px )1 ( π * 2py )1 Podemos perceber os dois elétrons que ocupam orbitais antiligantes, contribuem para redução da ordem de ligação de 3, no N 2, para 2 no O 2. O valor mais baixo da ordem de ligação é consistente com o fato de O 2 ter uma energia de ligação menor e uma distância de ligação maior que o N2. Outra contribuição importante da TOM é conseguir mostrar a molécula do O 2 é paramagnética, devido a presença de dois elétrons desemparelhado. Sem dúvida este é o grande diferencial da TOM em relação a TLV. Por fim, a molécula do F 2 possui os orbitais π * 2px e π * 2py totalmente preenchido, logo a ordem de ligação é 1. Isto está de acordo com os dados experimentais determinados para a energia e o comprimento da ligação, pois ambos são aqueles esperados para uma ligação simples. Além disso, F 2 mostra ser diamagnético, o que é consistente com a ausência de elétrons desemparelhados. A configuração do F 2 pode ser observada logo a seguir. F 2 : (σ 2s ) 2 (σ * 2s )2 (σ 2pz ) 2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 ( π * 2px )2 ( π * 2py )2 O orbital molecular ocupado mais alto, (HOMO= Highest Occupied Molecular Orbital) é o orbital molecular que de acordo com o princípio de preenchimento é o último a ser ocupado. O LUMO (Lowest Occupied Molecular Orbital), Orbital molecular vazio mais baixo é o próximo 127

Química Inorgânica I orbital molecular de maior energia. Observe a Figura 4, ma molécula do O2 o LUMO é um orbital σ * 2p e seu HOMO é um orbital do tipo π 2p. Na molécula do B 2 o HOMO é um orbital π 2p, enquanto seu HOMO é σ2p. Exemplo: Escreva configuração eletrônica do estado fundamental, identifique se é diamagnética ou paramagnética e calcule a ordem de ligação das seguintes moléculas: a) peróxido, O 2 2- ; b) superóxido, O 2-. Solução: A molécula do O 2 possui 12 elétrons de valência, logo a molécula do peróxido possui 2 elétrons a mais. Desta forma a configuração eletrônica do peróxido é: O 2 : (σ 2s ) 2 (σ * 2s )2 (σ 2pz ) 2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 ( π * 2px )2 ( π * 2py )2 Os dois elétrons a mais devem ocupar os orbitais antiligantes π * e π 2px * logo a ordem de ligação da molécula do O 2- é igual 1. Além disso, como 2py 2 não á elétrons desemparelhados a molécula do peróxido é diamagnética. A molécula do superóxido tem 1 elétron amais que a molécula do O 2 logo sua configuração eletrônica é: O 2 : (σ 2s ) 2 (σ* 2s ) 2 (σ 2pz ) 2 ( π 2px ) 2 ( π 2py ) 2 ( π * 2px )2 ( π * 2py )1 A OL é 1,5 indicando a presença de 1 ligação simples e outra semiligação. A molécula do O 2 - é paramagnética pois possui 1 elétron desemparelhado.teoria do Orbital Molecular para Moléculas Diatômicas Heteronucleares A TOM, para moléculas diatômicas heteronucleares, apresenta as aspectos diferencias daqueles discutidos em moléculas diatômicas homonucleares, pois a contribuição dos orbitais atômicos é desigual em moléculas heteronucleares. A forma de um orbital molecular de uma molécula diatômica heteronuclear pode ser observado na equação (3). Ψ = c A Φ 2s (A) + c B Φ 2s (B) (3) Podemos observar que a descrição similar ao das moléculas homonucleares, no entanto as contribuições de cada orbital atômico para formação do orbital molecular são diferentes, ou seja, c A c B. Se (c A ) 2 é maior que (c B ) 2 temos que o orbital molecular formado tem uma maior contribuição do orbital atômico do átomo A. Conseqüentemente, o elétron que ocupa o orbital molecular tem maior probabilidade de ser encontrado próximo ao 128

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 átomo A, ou seja, uma molécula diatômica heteronuclear é polar. A Figura 6 ilustra o diagrama de energia para uma molécula diatômica heteronuclear. Figura 6: Diagrama de Energia dos Orbitais Moleculares de uma hipotética molécula diatômicas heteronuclear. O orbital ligante Ψ + tem maior contribuição do átomo mais eletronegativo A, enquanto o orbital antiligante Ψ- tem maior caráter do átomo B. Normalmente, a contribuição para o orbital molecular ligante é proveniente do átomo mais eletronegativo e o átomo menos eletronegativo normalmente contribui mais para formação do orbital molecular antiligante. Podemos perceber que a diferença de eletronegatividade entre os átomos define o grau de contribuição de cada um para formação dos orbitais moleculares. Em geral, átomos eletronegativos possuem os orbitais atômicos de menor energia, pois estes se encontram mais próximos ao núcleo. Discutimos anteriormente que a diferença de energia entre orbitais atômicos é um fator importante para construção de orbitais moleculares, pois à medida que a diferença de energia dos orbitais atômicos aumenta, menor será o grau de interação dos orbitais atômicos. Contudo, não podemos generalizar que as ligações químicas em uma molécula do tipo A B são mais fraca que em uma molécula A A, pois fatores como tamanho do orbital e a distância de aproximação também são importantes. Vamos usar como exemplo a molécula do ácido fluorídrico, HF. Na Figura 7 está exposto o diagrama de energia dos orbitais moleculares do HF. 129

Química Inorgânica I Figura 7: Diagrama de Energia dos Orbitais Moleculares para a molécula do HF. Podemos observar na Figura 7 que o orbital 1σ tem caráter predominante do orbital atômico 2s. O orbital molecular 2σ é em grande parte antiligante e está confinado mais próximo ao átomo de flúor. Os 4 elétrons que ocupam os orbitais 1π são denominados como não-ligantes, pois exclusivos do átomo flúor. Orbital 3σ tem alto grau do orbital atômico do átomo de hidrogênio 1s e devido a sua elevada energia trata-se de um orbital molecular antiligante. Desta maneira a configuração eletrônica do HF é: HF: (1σ) 2 (2σ) 2 (1π) 4 Um ponto essencial de nós observarmos é que todos os eletros da molécula do HF estão confinados em orbitais moleculares predominantemente do átomo de flúor, isto caracteriza que a molécula do HF é polarizada, com uma carga parcial negativa no átomo de flúor e outra oposta (positiva) no átomo de hidrogênio. Agora vamos tratar de moléculas um pouco mais complicadas que o HF. Um bom exemplo é a molécula do monóxido de carbono, CO. O diagrama de energia da molécula de CO está mostrado na Figura 8 e a configuração eletrônica do estado fundamental é: CO: (1σ) 2 (2σ) 2 (1π) 4 (3σ) 2 130

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 Figura 8: Diagrama de Energia dos Orbitais Moleculares para a molécula do CO. A ordem de ligação do CO é igual 3, configurando uma tripla ligação. Também podemos identificar na Figura 18 que o HOMO do CO está localizado no orbital 3σ, o qual em grande parte é devido ao par isolado de elétrons não ligante no átomo de carbono. O LUMO consiste no par degenerado de orbitais π antiligantes (2π). Essa combinação de orbitais de fronteira na molécula do CO é importante. Veremos em discussões futuras que este arranjo de orbitais explica a formação de ligações coordenadas entre o CO e metais de transição, onde o par de elétrons que ocupa o HOMO participa da formação de uma ligação σ enquanto o LUMO atua como receptor de elétrons π do átomo metálico. CONCLUSÃO Ao final desta aula você deverá ser capaz de: - Descrever a TOM para moléculas diatômicas homonucleares e heteronucleares; - Avaliar o efeito das propriedades periódicas nas energias dos orbitais moleculares; 131

Química Inorgânica I - Estimar as propriedades diamagnéticas e paramagnéticas de algumas moléculas; - Avaliar a diferença de energia dos orbitais moleculares em moléculas diatômicas heteronucleares. RESUMO Na teoria do orbital molecular (TOM) enfatizamos sua aplicação para moléculas diatômicas homonucleares e heteronucleares. O efeito da carga nuclear efetiva na energia dos orbitais atômicos influência na configuração eletrônica de moléculas diatômicas homonucleares leves e pesadas. Definimos ordem de ligação para as moléculas, além disso abordamos a TOM aplicada a moléculas diatômicas heteronucleares. Avaliamos também o efeito da eletronegatividade na energia dos orbitais moleculares e definimos orbitais HOMO e LUMO. ATIVIDADES 1) Escreva a configuração eletrônica do composto NO e determine se ele é diamagnético ou para magnético. Admita que o diagrama de energia dos orbitais moleculares do NO é semelhante ao CO. Solução: A molécula do NO tem ao todo 11 elétrons a serem distribuídos nos orbitais moleculares. Distribuindo os 11 elétrons no diagrama de energia temos: 132

Aplicação da teoria do orbital molecular Aula 8 A configuração eletrônica do NO é: NO: (1σ) 2 (2σ) 2 (1π) 4 (3σ) 2 (2π) 1 A ordem de ligação da molecular do NO é 2,5. Isto indica que a molécula do NO tem duas e meia ligações. Esse diagrama nos permite observar que o elétron desemparelhado tem maior caráter nitrogênio, consequentemente a molécula de paramagnética. AUTO-AVALIAÇÃO 1) Faça o diagrama de energia dos orbitais moleculares das espécies abaixo. Qual a ordem de ligação? Esta molécula é paramagnética ou diamagnética? a) N 2 b) O 2-2) Faça o diagrama de energia dos orbitais moleculares das espécies abaixo. Qual a ordem de ligação? Esta molécula é paramagnética ou diamagnética? a) NO b) CO c) NO + 3) Justifique a seguinte afirmação utilizando a Teoria do Orbital Molecular: A molécula de oxigênio (O 2 ) é paramagnética. Dados: O(8). 4) Represente o diagrama de energia dos orbitais moleculares do íon superóxido O 2-. Qual a ordem de ligação? Esta molécula é paramagnética ou diamagnética? 5) Determine a ordem de ligação do OM da molécula de S 2 e compare o valor com a orden de ligação determinada pela estrutura de Lewis. Dados: S (16). 6) Cabeto de cálcio, CaC 2, contem o íon acetilida C 2 2-. Comparando o íon C22- com a molécula C2 pela teoria dos orbitais moleculares qual é mais estável e por quê? 7) O óxido nítrico (NO), é um composto de grande importância medicinal e biológica. Escreva o diagrama de energia dos orbitais moleculares do cátion NO +. Qual a ordem de ligação? Esta molécula é paramagnética ou diamagnética? N (Z= 7), O (Z= 8). PRÓXIMA AULA Os conceitos que fundamentam a formação da ligação metálica será abordada na próxima aula. 133

Química Inorgânica I REFERÊNCIAS 1. MAHAN, B. M.; MYERS, R. J. Química um curso universitário. 4ª Edição, São Paulo, Editora Edgard Bücher LTDA, 1995. 2. SHRIVER, D. F.; ATKINS, P. W.; LANGFORD, C. H. Inorganic Chemistry. 2ª edition, Oxford, Oxford University Press. 1994. 3. BARROS, H.L.C. Química inorgânica, uma introdução. Belo Horizonte: SEGRAC, 1995. 4. LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa. 5ª Edição, Editora Edgard Blücher, 1997. 5. ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química. Questionando a vida moderna e o meio ambiente. 3ª Edição, Editora Bookman, 2006. 6. BROWN, T. L.; LEMAY JR, H. E.; BURSTEN, B. E.; MURPHY, C. J. Chemistry: The Central Science. 11th Edition, Pearson Education Ltd. 2009. 134