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Transcrição:

A assinatura do autor por ANTONIO RENATO STRAPASSON:3175 <arst@tjpr.jus.br> é inválida AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1342659-0, DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - 2ª VARA DE EXECUÇÕES FISCAIS ESTADUAIS AGRAVANTE : LEANDRO FERRARINI AGRAVADO : ESTADO DO PARANÁ RELATOR : DES. ANTONIO RENATO STRAPASSON AGRAVO DE INSTRUMENTO EXCEÇÃO DE PRÉ- EXECUTIVIDADE EXECUÇÃO FISCAL ITCMD INCIDENTE SOBRE CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS PRAZO DECADENCIAL ARTIGO 173, I DO CTN INÍCIO COM A CIÊNCIA INEQUÍVOCA DA FAZENDA ACERCA DA TRANSMISSÃO DE DIREITOS REALIZADA ATRAVÉS DE ESCRITURA PÚBLICA AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO ANTES DE DECORRIDOS CINCO ANOS DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA DECISÃO MANTIDA RECURSO DESPROVIDO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 1342659-0, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - 2ª Vara de Execuções Fiscais Estaduais, em que é Agravante LEANDRO FERRARINI e Agravado ESTADO DO PARANÁ. I RELATÓRIO Página 1 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 2 LEANDRO FERRARINI agravou da decisão da MM. Juíza da 2º Vara de Execuções Fiscais Estaduais do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba que, na execução fiscal ajuizada pelo Estado do Paraná, acolheu parcialmente o pedido formulado na exceção de pré-executividade apenas para o fim de declarar nula a CDA n.º 3036239-0, devendo a execução prosseguir quanto à CDA de n.º 3036241-1. Sustenta, em síntese: - que a lei tributária determina que para que a Fazenda exerça seu direito de cobrar o tributo é imperioso que se formalize a obrigação tributária através do lançamento; - que o crédito tributário não foi constituído no prazo legal; - que da leitura do auto de infração que gerou a CDA n.º 3036241-1 se percebe que fora lavrado em 09/01/2012 constituindo o crédito tributário por ausência de pagamento de ITCMD quando da lavratura do instrumento público de cessão de direitos hereditários em data de 04/12/2006; - que o fato gerador ocorreu em 04/12/2006 e o marco inicial para a Fazenda efetuar o lançamento do crédito ocorreu em 01/01/2007; - que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado não quer dizer necessariamente o primeiro dia do exercício financeiro seguinte; - que o fato gerador do ITCMD ocorreu em 04/12/2006 com a lavratura da escritura de cessão de direitos hereditários sendo o primeiro dia do exercício seguinte a data de 05/12/2006; - que na pior das hipóteses o primeiro dia do exercício Página 2 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 3 seguinte será 01/01/2007 e não 2008, como entendeu a decisão recorrida; - que o prazo de cinco anos para efetuar o lançamento do crédito tributário se expirou em 01/01/2012; - que deve ser declarada a nulidade da CDA n.º 3036241-1; - que o perigo da demora decorre dos efeitos decorrentes da manutenção e tramitação da execução, pois o juízo a quo já determinou a penhora on line; - que deve ser atribuído efeito suspensivo ao recurso a fim de que seja suspensa a tramitação do feito, bem como quaisquer atos constritivos e expropriatórios, não liberando, em hipótese alguma, os valores bloqueados ao Fisco; - que o recurso deve ser provido a fim de declarar a nulidade da CDA n.º 3036241-1 ante a nítida existência da decadência, sendo declarado extinto o crédito tributário. 500/501). Foi indeferida a antecipação de tutela recursal (fls. 506/510. O Estado do Paraná apresentou resposta às fls. II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO: Cinge-se a controvérsia em verificar a decadência do crédito tributário de ITCMD consubstanciado na CDA de n.º 3036241-1. O ITCMD exigido na hipótese decorreu de lançamento de Página 3 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 4 ofício efetuado pelo Fisco por meio de auto de infração lavrado em 09/01/2012 (fls. 18, 422 e 423), que constatou a ausência de pagamento do imposto incidente sobre a cessão de direitos hereditários a título gratuito que fez Leônidas Ferrarini Junior a Leandro Ferrarini por meio de escritura pública lavrada em 04/12/2006. A infração foi descrita da seguinte maneira (fl. 422): Deixou de pagar o imposto de transmissão sobre causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos ITCMD, no prazo previsto no art. 10 da Lei 8927/88 pelo excesso de quinhão apurado no espólio de Maria Vendramim Ferrarini, autos n.º 1510/2006 22ª Vara Cível de Curitiba, decorrentes da cessão de direitos hereditários à título gratuito que lhe fez Leônidas Ferrarini Junior CPF 541943349-49 de acordo com a escritura pública lavrada no 11º Cartório Caetano livro 467N, fls. 24/26 em 04/12/2006, valor original do imposto 920,41. Vencimento: 04/12/2006. Tratou-se, portanto, de transmissão de direitos hereditários ( renúncia translativa gratuita ), o que configura fato gerador do imposto conforme artigo 1º, III da Lei Estadual n.º 8927/1988. Como explica Leandro Paulsen (in Direito Tributário: Constituição e Código Tributário a luz da doutrina e da jurisprudência. 16 ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2014, página 815): Em havendo renúncia incondicionada, não há que se falar em surgimento de obrigação tributária relativamente ao herdeiro ou legatário originário, mas apenas relativamente àquele que acabe por ser o Página 4 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 5 beneficiário da herança. (...) O mesmo não se dará no caso de renúncia em favor de alguém, com direcionamento da herança, pois, neste caso, não se pode falar, propriamente, em renúncia, mas em aceitação e subsequente doação, implicando a ocorrência de dois fatos geradores: o do imposto sobre a transmissão causa mortis e o do imposto sobre a doação. O imposto, então, seria devido a partir do momento em que ficou caracterizada a transmissão do bem/direito. No entanto, o artigo 9º, I da Lei Estadual n.º 8927/1988 impõe, nos casos de transmissões por ato inter vivos por escritura pública, que o recolhimento do tributo seja efetuado antes de lavrado o respectivo instrumento. Neste caso competia a Leandro Ferrarini, adquirente do direito, ter recolhido o imposto incidente sobre a cessão dos direitos hereditários em 04/12/2006, como constou no auto de infração, o que não ocorreu no caso, motivo pelo qual coube ao Fisco o lançamento (constituição) do tributo via auto de infração. Conforme prevê o artigo 173, I do CTN o direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Página 5 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 6 Entende o agravante que o Fisco poderia ter lançado o tributo logo após ocorrido o fato gerador, qual seja, a transmissão dos diretos hereditários realizada via escritura pública em 04/12/2006. Por outro lado, a Fazenda Pública Estadual sustenta que o lançamento só pôde ser efetuado a partir do momento em que teve conhecimento do fato gerador, em agosto de 2007, quando se manifestou pela primeira vez nos autos de inventário. Com razão a Fazenda. Primeiro, porque não é razoável exigir do Fisco que realize o lançamento de um tributo de cujo fato gerador nem tem conhecimento. Segundo, o Estado não tem condições de verificar todas as escrituras de transmissão de bens e direitos lavradas, de modo que delas só toma conhecimento, em regra, no momento em que o contribuinte fornece as informações acerca da ocorrência do fato gerador do imposto e os elementos necessários ao estabelecimento da base de cálculo e do valor a ser recolhido. Terceiro, porque já entendi em outros dois casos (Apelação Cível n.º 895347-7 e 1329221-8), embora se tratem de ITCMD incidente sobre a transmissão causa mortis, que o prazo decadencial para lançar o imposto se inicia com a ciência do Fisco acerca da ocorrência do fato gerador. José Leônidas Ferrarini requereu a abertura de inventário Página 6 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 7 dos bens deixados por Maria Vendramim Ferrarini em 06/12/2006. Consta na inicial que a falecida deixou quatro filhos herdeiros: Leônidas Ferrarini Junior, Luiz Tadeu Ferrarini, Luciano Ferrarini e Leandro Ferrarini e que este último cedeu seus direitos hereditários em favor dos outros irmãos herdeiros por meio de escritura pública. Nos autos, a Fazenda Pública compareceu em 15/08/2007 para apresentar os valores dos bens relacionados para efeitos da incidência do ITCMD causa mortis e inter vivos, momento em que teve ciência da ocorrência do fato gerador. Como o auto de infração foi lavrado em 09/01/2012 não há que se falar em decadência, devendo ser mantida a decisão agravada. Este Tribunal também já entendeu dessa forma: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE TRIBUTO - ITCMD - DOAÇÃO DE IMÓVEL INTER VIVOS - IMPOSTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR DECLARAÇÃO - NECESSIDADE DE PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES DO SUJEITO PASSIVO OU TERCEIRO - ESCRITURA PÚBLICA DE FORMALIZAÇÃO - AUSÊNCIA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO - LEI Nº 8927/88 E INSTRUÇÃO 01/89, DA SECRETARIA DO ESTADO DO PARANÁ - REGISTRO DO IMÓVEL EM DATA POSTERIOR, QUANDO O FISCO TOMOU CONHECIMENTO DA NECESSIDADE DO ART. 173, I, DO CTN - DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA - POSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO - SENTENÇA REFORMADA - RECURSO PROVIDO. I - O Imposto de Página 7 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 8 Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer bens ou direitos, de competência dos Estados e previsto no art. 155, II, da Constituição Federal, é tributo sujeito a lançamento por declaração, o que significa dizer que a autoridade administrativa somente vai constituir o crédito tributário com base nas informações que foram prestadas pelo sujeito passivo ou por terceiro, conforme preceito do art. 147, do CTN. II - Imprescindível distinguir fato gerador e a constituição do crédito tributário referente ao ITCMD, que ocorrem em momentos distintos. Enquanto o primeiro se perfectibiliza quando da transmissão da propriedade ou de quaisquer bens ou direitos, o segundo, ou seja, a constituição do crédito tributário, se dá quando da prestação das informações à autoridade administrativa, pelo sujeito passivo ou terceiro. III - Na prática, tornou-se regra a exigência do pagamento do ITCMD antes da ocorrência do fato gerador, quando da lavratura da escritura de doação, em razão dos tabeliães, escrivães e demais serventuários serem responsáveis pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles ou perante eles. IV - Não tendo sido feito o recolhimento do tributo, nasce para a Fazenda Pública, o direito de realizar o lançamento de ofício, aplicando-se, então, relativamente ao prazo decadencial, o art. 173, I, do CTN. 791.574-0. (TJPR - 1ª C.Cível - ACR - 791574-0 - Curitiba - Rel.: Rubens Oliveira Fontoura - Unânime - - J. 25.10.2011). No corpo do acórdão constou: Entrementes, percebe-se que no presente desideratum, houve doação do imóvel materializada com a escritura pública de cessão de Página 8 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 9 direitos gratuito, em 17 de agosto de 1992, sem que, contudo, naquele momento fosse realizado o respectivo registro ou recolhido o tributo. Diante desta situação específica, o ente fazendário adotou procedimentos a fim de realizar o lançamento de ofício (notificação fiscal, com vencimento em 31 de janeiro de 2008 fl. 37-TJ), quando o próprio contribuinte levou ao conhecimento do fisco a necessidade de recolhimento do imposto, por solicitação de emissão de GR-PR para pagamento de ITCMD (fls. 30-TJ). (...) Da dicção do referido dispositivo legal, deflui a conclusão de que o prazo decadencial de cinco anos para lançamento do tributo teria como dies a quo a data de 01 de janeiro de 2009, com término do lustro legal em 01 de janeiro de 2014, como salientou o próprio apelante em suas razões recursais. Dessa forma, NEGO PROVIMENTO ao recurso. III - DECISÃO: Diante do exposto, acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Participaram da sessão e acompanharam o voto do Relator o Excelentíssimo Senhor Desembargador Silvio Vericundo F. Dias e o Juiz Substituto Dr. Carlos Maurício Ferreira. Página 9 de 10

Agravo de Instrumento nº 1.342.659-0 fls. 10 Curitiba, 28 de abril de 2015. Des. ANTONIO RENATO STRAPASSON Relator Página 10 de 10