AUJESZKY, DIAGNÓSTICO E CONTROLE INTRODUÇÃO A Doença de Aujeszky (DA) ocorre mundialmente, sendo que no Brasil foi identificada em 1912. Os suínos e os javalis são hospedeiros naturais e reservatórios da doença de Aujeszky e são os responsáveis pela manutenção da doença, servindo como fonte de infecção para outras espécies como bovinos, equinos, caninos, felinos (figura 1), ovinos e caprinos, nos quais a doença é sempre fatal exercendo um papel secundário na disseminação da enfermidade. Nessas espécies a doença é terminal, com curto período de incubação (média de três dias) e morte entre dois a três dias após a manifestação dos sintomas nervosos. Figura 1: Suínos mortos (e um gato) como conseqüência da Doença de Aujeszky. Fonte: Site thepigsite.com. Uma das principais características do vírus da DA é a habilidade de estabelecer infecções latentes no hospedeiro que é caracterizada pela presença do DNA viral em neurônios, sem a expressão gênica, replicação viral ou sinais clínicos. As infecções latentes podem ser reativadas por fatores de estresse ou administração de corticosteróides. Quando o vírus é reativado, ocorre a replicação e excreção para o meio ambiente, podendo infectar outros animais. A transmissão ocorre via respiratória, sexual e via transplacentária. Uma vez que ocorre infecção de um animal, ele se torna portador e transmissor do vírus que pode agravar com infecções bacterianas em suínos causadas por Actinobacillus pleuropneumoniae. As porcas infectadas com o vírus da DA excretam o agente por oito dias após o parto e 19 dias após a infecção. Os hospedeiros secundários usualmente se contaminam através da ingestão de carne ou tecidos de suínos infectados, mas pode ocorrer através de lesões na pele ou mucosas. Nestas espécies o vírus leva a uma encefalite fatal caracterizada por intenso prurido (em felinos pode não ser observado devido à rápida evolução da doença). A transmissão por esses hospedeiros é praticamente nula. Equinos e aves são pouco sensíveis à infecção. Os hospedeiros finais, como cães, gatos ou animais silvestres podem transmitir o vírus entre propriedades, mas esses animais sobrevivem apenas dois ou três dias após a infecção. O papel
dos insetos como vetores potenciais ainda esta sendo investigado e as aves parecem não participar da transmissão. A eliminação do vírus da DA tem início cerca de sete a 10 dias após a infecção, e a transmissão pode ocorrer devido à introdução de suídeos infectados no rebanho; contato direto entre animais; pela monta natural ou contaminação na colheita de sêmen; via aerógena (aerossóis suspensos); água, ração, fômites, equipamentos e cama contaminados; infecção transplacentária; restos de partos e abortos; propagação por pessoas e veículos. Em criações de até 100 matrizes a doença é auto-limitante e os suínos podem se tornar portadores, ao passo que em criações maiores a tendência é de perpetuação da doença na forma endêmica, sendo que a presença de animais susceptíveis nas diferentes instalações faz com que surjam animais com sinais clínicos da doença em função da facilidade na transmissão do vírus por meio de aerossóis em áreas com alta densidade de granjas. A transmissão via aerossóis é citada eventualmente, porém essa hipótese foi comprovada somente em dados circunstanciais e atribuída a um somatório de condições ideais. O número de animais no rebanho não é decisivo para a disseminação dentro da granja, porém a densidade de rebanhos numa determinada área geográfica e o relacionamento entre granjas pode influenciar nos padrões de disseminação da DA. SINAIS CLÍNICOS O período de incubação da doença é de dois a seis dias e o aparecimento dos sinais clínicos depende da faixa etária dos suínos afetados; do grau de exposição ao agente (nível de segregação do rebanho); da dose viral infectante; da cepa viral; e do nível de imunidade dos animais. Quando há um primeiro contato da criação de suínos com o vírus, os principais sinais são a alta mortalidade na maternidade, abortos e uma porcentagem variável de animais com sintomas nervosos (figura 2) e respiratórios na creche, recria, terminação e gestação. Esses sinais duram por um período de uma a três semanas e depois ocorre uma diminuição progressiva da gravidade dos sintomas. Após esse período, ocorrem repetições de surtos com gravidade menor em intervalos regulares que atinge principalmente leitões com quatro dias a quatro semanas de idade, desaparecendo em uma ou duas semanas. Figura 2: Desordem neurológica em leitões. Fonte: site archive.defra.gov.uk Os suínos jovens são altamente suscetíveis e as perdas podem atingir 100% em leitões com até sete dias de idade enquanto em suínos em aleitamento pode chegar a 50% e em animais em crescimento e terminação pode haver mortalidade de 1 a 2%. Existem três formas clínicas diferentes de acordo com o tropismo das cepas virais, sendo a nervosa, a respiratória e a combinação das duas formas. Os principais sinais clínicos observados nas diferentes faixas etárias são os seguintes:
- leitões de um a quatro dias: ocorre um período de incubação de dois a quatro dias antes que os sinais clínicos sejam observados. Seguem-se então sinais como incoordenação, ataxia, tremores, hipertermia, inapetência, depressão, pêlos eriçados, salivação espumosa e morte de até 90% dos leitões em um a cinco dias. Os animais afetados tendem a permanecer na posição de cão sentado devido à paralisia dos membros posteriores. - leitões com cinco a dez dias: os mesmos anteriores, acompanhados de sintomatologia nervosa mais típica: incoordenação do quarto posterior, tremores musculares, decúbito lateral, convulsões e morte. - leitões com onze a trinta dias: os mesmos anteriores com dominância dos sinais nervosos mais graves como: incoordenação motora, tremores musculares, movimentos de pedalagem, excitação, decúbito, ranger de dentes e opistótono. Além disso, pode-se observar dispnéia com movimentos abdominais pronunciados. - animais de recria, terminação e reposição: quanto maior a idade, menos são os sintomas nervosos graves. Observa-se hipertermia, anorexia durante dois a três dias, abatimento, constipação e, eventualmente, sintomas respiratórios. - cachaços: hipertermia, anorexia, depressão, sintomas respiratórios, infertilidade. Raramente, sintomas nervosos. - porcas em lactação: hipertermia (40,5 a 41 C, por 12 a 48 horas), cons tipação, anorexia, agalaxia e transtornos puerperais. Eventualmente, podem apresentar sintomas nervosos: Incoordenação leve ou paraplegia do trem posterior. - porcas em gestação: hipertermia, anorexia, movimentos de falsa mastigação, salivação intensa. Problemas reprodutivos, caracterizados por reabsorção fetal, retornos ao cio, mumificação, abortos, natimortos, malformações, nascimentos de leitões fracos e infertilidade. Figura 3: Fetos abortados e autolíticos. Fonte: Site www.cfsph.iastate.edu O desenvolvimento da enfermidade nem sempre é aparente, sendo detectável apenas por logia em alguns rebanhos enquanto em outros ocorre uma rápida e grave disseminação do agente. DIAGNÓSTICO Normalmente é realizado usando-se a história do rebanho, sinais clínicos, lesões macroscópicas e microscópicas e testes laboratoriais. A suspeita ocorre geralmente devido aos problemas reprodutivos, nervosos e elevada mortalidade entre leitões jovens, porém o diagnostico definitivo é obtido apenas através de exames laboratoriais. O relato de mortalidade repentina de cães e gatos ou com características da doença (peste de coçar) ou paralisia dos membros posteriores é indicativo da ocorrência da doença de Aujeszky. O diagnóstico presuntivo de casos clínicos de doença de Aujeszky pode ser feito baseado no histórico, nos sinais clínicos e nas lesões microscópicas observadas no cérebro fixado em formol. O diagnostico definitivo somente pode ser obtido através de exames laboratoriais.
O diagnostico da doença de Aujeszky pode ser realizado pela determinação de anticorpos nos s. Uma vez que o animal se recuperou da doença, o mesmo desenvolve anticorpos contra o vírus que são detectáveis em cerca de uma a duas semanas após a infecção. Portanto, em suínos não vacinados contra a doença de Aujeszky, a presença de anticorpos na logia de uma matriz é indicativa de que houve infecção pelo vírus. Além do isolamento viral, muitos testes lógicos estão disponíveis como a neutralização, ELISA e aglutinação em látex. Recentemente tem-se utilizado o teste ELISA diferencial que diferencia anticorpos produzidos como reação vacinal e devido à infecção viral. A neutralização viral é prevista como o método lógico de referência, mas tem a desvantagem de necessitar de técnicas de cultivo celular e de um maior prazo para o resultado. Os kits de ELISA disponíveis comercialmente são mais sensíveis do que a neutralização viral, alem de disponibilizar versões que possibilitam a diferenciação entre animais vacinados e não vacinados, sendo os testes ELISA os mais comumente utilizados como diagnósticos. Os anticorpos colostrais contra o vírus da doença de Aujeszky podem estar presentes em leitões até quatro meses de idade, portanto pode ser necessário que se faça amostras ou perfis lógicos pareados para avaliar os níveis descendentes de anticorpos maternos. De acordo com o MAPA, para o diagnóstico da DA em suídeos, serão utilizadas as provas lógicas de Ensaio Imunoenzimático (ELISA triagem ou ELISA diferencial para a glicoproteína viral ge, naqueles estabelecimentos onde a vacinação é praticada) e o Teste de Neutralização, realizados exclusivamente em laboratório oficial ou credenciado. O diagnóstico diferencial deve ser realizado para peste suína, gastroenterite transmissível, polioencefalomielite, intoxicação por NaCl (sal), meningite estreptocócica e encefalite em geral, doenças que cursam com alterações reprodutivas, para influenza suína, pneumonia enzoótica, pasteurelose suína, hipoglicemia neonatal, leptospirose, outras causas de aborto e outras encefalomielites virais. PROFILAXIA A Doença de Aujeszky está mundialmente difunda e é considerada uma importante causa de perdas econômicas na criação de suínos. Vários países implantaram campanhas de erradicação como na Inglaterra que teve duração de dez anos e nos Estados Unidos cuja estimativa do custo do programa de erradicação foi de 197,1 milhões de dólares, sendo que haveria um ganho de 336,5 milhões de dólares para o consumidor e 35,9 milhões de dólares para o produtor. Vários países ou regiões já implementaram programas para controle e erradicação e hoje estão livres da doença de Aujeszky como a Dinamarca, Inglaterra, Escócia, País de Gales, Finlândia, Áustria, Suécia, Alemanha (noroeste), França (55 departamentos) e 32 estados dos Estados Unidos da América.
Figura 4: Mapa de distribuição da doença de Aujeszky. Fonte: Site www.oie.int. A vacina para doença de Aujeszky aprovada pelo MAPA para uso no Brasil é a inativada deletada para glicoproteína do envelope viral ge (também chamada de G1) que permite a diferenciação entre animais infectados e vacinados através do teste ELISA diferencial para glicoproteína ge (ausente na vacina). A principal função da vacina contra DA é de reduzir ou até prevenir as consequências clínicas da infecção. Possui um potencial para interferir na disseminação do vírus ainda que os animais não estejam protegidos contra infecções subsequentes. Para o controle da doença de Aujeszky é imprescindível realizar o monitoramento periódico dos planteis suínos associado a boas praticas de produção, evitando a introdução de suínos de origem desconhecida nos rebanhos, os quais são considerados a principal forma de introdução do vírus em rebanhos suínos. Fonte: Dica baseada na revisão de Fábio Dias Martins, Campo Grande, MS 2010. MATERIAL Swabs nasais e de pulmão ou cabeça e pulmão Fragmentos de tecidos fixados em formol Swab do sistema nervoso central COD/EXAMES S51 - BACTERIOLOGIA SISTEMA RESPIRATÓRIO Pesquisa: Actinobacillus pleuropneumoniae, Bordetella bronchseptica, Haemophillus parasuis, Pasteurella multocida e antibiogramas. PRAZO DIAS S56 - APP - MÉTODO ELISA 5 BIO - HISTOPATOLOGIA BIOPSIA 5 S44 - GASTROENTERITE TRANSMISSÍVEL (TGE) 2 S16B - ISOLAMENTO DE SISTEMA NERVOSO 5 S08 - MYCOPLASMA HYOPNEUMONIAE - MH KIT IDEXX 3 S05 - PMT - PASTEURELLA MULTOCIDA TOXIGÊNICA 2 S02 LEPTOSPIRA 4 5
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