1 Análise Experimental (Aulas: Encadeamento de Estímulos) Bárnabus, La Rata Con Educación Universitária Bárnabus: Uma luz se acende e isso inicia uma seqüência de comportamentos, dentro de uma caixa com quatro pisos e vários obstáculos: 1. Uma escada em caracol; 2. Um fosso; 3. Escada reta; 4. Túnel pequeno; 5. Escada reta; 6. Túnel transparente sobre um fosso; 7. Elevador que desce ao primeiro piso; 8. Barra e reforço. Antes de tudo, colocou-se o rato em cada uma das partes do aparato, por períodos que variavam de treze minutos a uma hora. ISSO DIMINUÍA AS RESPOSTAS DE MEDO (variável interveniente), PROVÁVEIS PELO FATO DO SUJEITO ESTAR EM UM LUGAR ESTRANHO. Antes do treinamento a comida de Barney (apelido de Bárnabus), foi reduzida em 75%, e durante o treinamento em 25%, em relação à sua quantidade habitual de comida. ESSE PROCEDIMENTO TEVE COMO OBJETIVO A UTILIZAÇÃO DA COMIDA COMO REFORÇADOR DURANTE O TREINAMENTO. REVISANDO PRINCÍPIOS BÁSICOS: 1. O Princípio do Reforçamento Tanto em humanos como em animais, já foi exaustivamente demonstrado que um comportamento que é seguido (conseqüência) de um estímulo reforçador, tende a se repetir. Depois de ser reforçado por várias vezes, o comportamento se torna um hábito muito bem estabelecido, enquanto comportamentos que nunca são reforçados tendem a se extinguir. O primeiro passo foi utilizar o princípio do reforçamento para condicionar o comportamento de Barney de apertar uma barra. 2. O Princípio da Discriminação O objetivo era que Barney se comportasse apenas na presença de um sinal (som). Como as respostas que não são reforçadas se extinguem, passou-se a não reforçar o comportamento de apertar a barra quando o sinal estivesse ausente. Assim, o sujeito passou a responder apenas quando o sinal soava.
2 Antes, o sujeito respondia tanto na ausência como na presença do estímulo discriminativo S D (som). Foi complicado condicionar o comportamento de responder apenas na presença do som (isto é, tornar o som um discriminativo para o comportamento de apertar a barra), pois o condicionamento anterior havia se tornado, como esperado, um hábito poderoso. CONTUDO, DEPOIS DE UM CERTO PERÍODO, O SUJEITO PASSOU A PRESSIONAR A BARRA SOMENTE QUANDO O SOM ESTAVA PRESENTE. 3. O Princípio dos Reforçadores Secundários Depois de ter aprendido uma discriminação, o S D pode ser usado como um reforçador secundário para o condicionamento de uma nova resposta. Depois de ensinar Barney a pressionar a barra, o sujeito foi colocado no quarto piso da caixa e o som (S D ) foi utilizado como reforçador para o comportamento de descer por um elevador até o primeiro piso. QUANDO O SUJEITO DESCEU PELAS PRIMEIRAS VEZES, SAÍA DO ELEVADOR E COMEÇAVA A BRINCAR COMO UM TONTO. QUANDO ELE PARAVA DE BRINCAR, O SOM ERA APRESENTADO, E ENTÃO ELE CAMINHAVA ATÉ A BARRA E A PRESSIONAVA, TENDO ACESSO A UMA BOLINHA DE COMIDA. Depois de algum tempo, o sujeito, sempre que colocado no quarto piso, descia pelo elevador e esperava, sem brincar, pela apresentação do S D para então pressionar a barra. 4. O Princípio da Modelagem do Comportamento É possível ensinar um comportamento novo conduzindo o sujeito, mediante reforço, no curso de uma série de respostas que se aproximam cada vez mais da resposta que desejamos. ESSE PROCEDIMENTO PODE SER ILUSTRADO PELA BRINCADEIRA DE QUENTE E FRIO, NO QUAL SE ESCONDE UM OBJETO E SE AJUDA A QUEM PRECISA ENCONTRÁ-LO DIZENDO QUENTE A CADA VEZ QUE A PESSOA SE APROXIMA DO ESCONDERIJO DO OBJETO. O comportamento seguinte de Bárnabus seria o de puxar uma corrente colocada dentro do elevador, que fazia subir uma bandeirola e acionava a descida. Para isso, foi utilizado um procedimento de modelagem. Primeiro o animal mordia a corrente e era reforçado, depois se passou a exigir algum movimento mais próximo do desejado (puxar). Quando o sujeito puxou a corrente levemente, acionou-se o elevador e depois soou o discriminativo, sendo estabelecido um critério mais rígido em seguida, e assim sucessivamente, até que o animal passou a se comportar exatamente como os pesquisadores haviam estabelecido como objetivo.
3 Depois de treinar o puxar a corrente, içar a bandeira, descer o elevador, esperar o som e pressionar a barra, procederam-se os passos seguintes. O próximo objetivo foi o de ensinar o sujeito a atravessar um tubo transparente sobre um pequeno abismo. Utilizou-se exatamente o mesmo procedimento de modelagem, até que o sujeito atravessou o tubo como o desejado. Quando saía do outro lado do tubo, o animal deparava com o elevador e apresentava a seqüência de comportamentos já condicionados anteriormente. Outros comportamentos foram ensinados em seguida, até completar uma seqüência comportamental completa que deveria ser executada antes que um reforçador primário fosse liberado (comida). A SEQUÊNCIA DE COMPORTAMENTOS FOI ENSINADA DE TRÁS PARA FRENTE, EM RELAÇÃO AO QUE SE ESPERAVA DA ATUAÇÃO DO SUJEITO EM CADA APRESENTAÇÃO. ISSO SE DEVE AO FATO DE QUE PRIMEIRAMENTE É NECESSÁRIO CONDICIONAR O COMPORTAMENTO QUE DARÁ ACESSO AO REFORÇO PRIMÁRIO. O VALOR DA CONSEQUÊNCIA SECUNDÁRIA SÓ SE ESTABELECE APÓS A APRENDIZAGEM DA DISCRIMINAÇÃO. EXERCÍCIO: Elabore um procedimento, utilizando os mesmos princípios utilizados para treinar Bárnabus, como proposta para ensinar um cão a desempenhar a seguinte seqüência de tarefas: 1. Subir uma rampa; 2. Saltar de uma plataforma para outra sobre uma pequena piscina; 3. Entrar num elevador e acionar uma alavanca que o colocará em movimento; 4. Sair do elevador ao lado da piscina e nadar para atravessá-la; 5. Pegar um osso de plástico do outro lado da margem da piscina; 6. Correr até um treinador e entregar o osso (ao entregar o osso ao treinador, o cão receberá carinho e um cubo de carne).
4 CADEIAS COMPORTAMENTAIS EM HUMANOS (BORGES, M. M. & TODOROV, J. C. (1985). Aprendizagem de cadeias comportamentais: uma comparação entre dois procedimentos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 1(3), 237-248) Complementar: (ASSIS, G. J. A. (1987). Comportamento de ordenação: uma análise experimental de algumas variáveis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 3(3), 224-238). Cadeias Comportamentais: Seqüências de respostas nas quais uma resposta produz as condições de estímulo para a resposta seguinte. Como visto no texto sobre o treinamento do rato Bárnabus, o modo mais utilizado para o estabelecimento de cadeias comportamentais é o procedimento conhecido como procedimento para trás. Nesse tipo de procedimento, o estabelecimento de cadeias comportamentais é feito a partir da última resposta da cadeia. Contudo, há autores que também apontam o procedimento para frente como alternativa e alguns que afirmam que ambos os procedimentos são eficientes. Os textos de Borges e Todorov (1985) e de Assis (1987), apresentam dados de experimentos sobre cadeias comportamentais em humanos, e contestam qualquer afirmação sobre o fato do procedimento para trás ser o mais eficiente. O trabalho de Borges e Todorov (1985) teve como objetivo comparar os procedimentos para frente e para trás, no que concerne aos seguintes aspectos: a. Verificar como se comportam os dados aumentando-se o número de seqüências ensinadas, uma vez que em um trabalho anterior observou-se uma tendência decrescente no número de erros cometidos como o procedimento para trás, de uma para outra seqüência aprendida com aquele procedimento; b. Verificar se ocorreria a estabilização dos erros cometidos no procedimento para trás, em comparação com a mesma medida no procedimento para frente; c. Verificar o comportamento dos dados com um número maior de sujeitos.
5 Método Sujeitos: 38 estudantes da UnB, que desconheciam o procedimento. Material: Seis cartões de cartolina, retangulares, medindo 7 x 10 cm cada um, nas cores azul, branco, cinza, rosa, amarelo e verde. Procedimento: Cada sujeito recebia os seus cartões coloridos e eram informados de que aprenderiam oito seqüências diferentes, cada uma consistindo de seis respostas (a ordem de cada cartão em uma seqüência). Cada seqüência era aprendida gradualmente. Em seguida o sujeito era instruído a sobre como proceder com os cartões: deveria colocar o primeiro cartão sobre a mesa. Se esse fosse o cartão adequado, o experimentador diria certo, se não errado. Em ambos os casos, após a resposta do experimentador, o sujeito deveria recolher o cartão, juntá-lo aos demais em sua mão e embaralhá-los. Depois de acertar o primeiro cartão, o sujeito deveria colocar dois cartões. A cada cartão colocado o experimentador dizia certo ou errado, e caso acertasse os dois em seqüência, o experimentador dizia a seqüência está correta. Assim o experimento prosseguia até completar a seqüência de seis cartões, na ordem correta para a seqüência treinada de cada vez. Ao completar a seqüência correta com todos os cartões, o sujeito deveria repeti-la por três vezes consecutivas, sem erro, para então passar para a segunda seqüência. O experimentador dizia ao sujeito que o avisaria quando chegasse o momento de passar para a próxima seqüência (isso significava que ele havia concluído parte da tarefa). Os sujeitos foram divididos, aleatoriamente, em dois grupos denominados F Ipara frentre) e T (para trás). Registro de Dados: As respostas foram registradas manualmente. Resultados e Discussão: Os dados obtidos indicaram, de forma razoavelmente segura, que o procecimento F foi mais eficaz para estabelecer as cadeias de respostas usadas no trabalho. Tomou-se como mais eficaz aquele procedimento que produziu um menor número de erros até que se completasse a aprendizagem. Uma das explicações possíveis para o fato do procedimento F ter levado a uma aquisição mais rápida e com menor número de erros seria o reforçamento direto de cada resposta da cadeia. No procedimento T, somente a última resposta da cadeia é sistematicamente
6 seguida pelo reforçador final. Essa explicação parece razoável, apesar de que não se pode afirmar que esta é a única variável envolvida na maior eficiência do procedimento F. Outros fatores importantes são: a história do sujeito com o procedimento para frente e a prática repetida que este tipo de procedimento favorece. Quase todas as práticas educativas na nossa cultura envolvem o ensinar para frente. Quanto à repetição, é importante observar que o procedimento para frente cria uma condição na qual a mesma resposta correta é repetida e sempre reforçada, a cada tentativa, por várias vezes, o que aumenta em muito a chance de ocorrer novamente, sendo assim diminuídas as chances de erro.