Processo produtivo do etanol de segunda geração usando bagaço de cana-de-açúcar

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Transcrição:

Processo produtivo do etanol de segunda geração usando bagaço de cana-de-açúcar Luana Saemi N. A. Murakami, (EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão) saemiluana_@hotmail.com Gustavo A. Bombana, (EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão) gustavobombana@outlook.com Graziela S. Affonso, (EPA, UNESPAR/Campus de Campo Mourão) graziela.smak@hotmail.com Resumo: O presente artigo tem por ebjetivo descrever o processo produtivo do etanol de segunda geração, que é gerado através dos resíduos da cana de açúcar da produção do etanol. O trabalho foi realizado entre o período de junho e julho de 2016 e estruturado com base em pesquisas bibliográficas, em meios virtuais, livros e artigos. Muitos resíduos são gerados na produção de etanol e uma forma de utilizá-los é produzindo etanol de segunda geração, onde é realizado um pré-tratamento para desestruturar as fibras do bagaço da cana em lignina, hemicelulose e celulose, depois é feito a hidrólise enzimática que converter a celulose em açúcar solúvel, a fermentação é a fase seguinte, que consiste em converter o açúcar em etanol que é purificado na etapa da destilação e enviado para ser comercializado. Porém, para obter um bom etanol de segunda geração é preciso que a matéria-prima seja a adequada, para se ter maior produtividade durante as etapas do processos de produção. Palavras-chave: Bagaço; Resíduo;Biocombustível. 1. Introdução Atualmente, a elevação demasiada nos preços dos combustíveis fósseis e sua possível escassez tem levado a busca por combustíveis alternativos que diminuam a demanda mundial por combustíveis fósseis e que também reduzam a carga poluidora gerada pelos combustíveis tradicionais (ROSSI, et. all, 2008). Para minimizar tais problemas ocorreu um aumento na produção e uso dos biocombustíveis que podem ser gerados a partir de biomassa como o biodiesel e o etanol, podendo ser o etanol de primeira ou segunda geração. Dentre os biocombustíveis denomina-se como de segunda geração aqueles gerados à partir de resíduos de outros processos produtivos, sendo um exemplo o etanol de segunda geração que é produzido à partir do bagaço de cana-de-açúcar, principal resíduo da indústria sucroalcooleira na produção de etanol de primeira geração. O Brasil tem grande aptidão para atividade sucroalcooleira e na safra 2015/16 se configurou como o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e também de açúcar e etanol (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, 2016). Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento CONAB (2016), na safra 2015/16 foram produzidos e destinados ao setor sucroalcooleiro 665,6 milhões de toneladas em colmos de cana-de-açúcar. Dentro da produção de estima-se que foram gerados 90 milhões de bagaço da cana-de-açúcar de alto valor energético. 1

O presente artigo tem por objetivo relatar o processo produtivo do etanol de segunda geração, descrevendo sequencialmente as etapas de pré-tratamento, hidrólise enzimática, fermentação e destilação necessárias à conversão dos resíduos da cana-de-açúcar durante a colheita à produção de um biocombustível depois do processamento industrial. 2. Metodologia O presente artigo foi realizado no período de junho e julho de 2016, pelos alunos da disciplina de Fatores de Produção do curso de Engenharia de Produção Agroindustrial da Universidade Estadual do Paraná Campus Campo Mourão. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, pois descreve as etapas da produção do etanol de segunda geração, bem como a utilização dos resíduos da indústria sucroalcooleira neste processamento. Para a descrição do processo foi feita pesquisas bibliográficas, consultando materiais referentes ao assunto do ano de 2006 a 2016, em meio virtual, livros e artigos. 3. Resíduos da indústria sucroalcooleira Segundo Novacana (2006), dentro do processamento da cana para produção sucroalcooleira, a cana é moída por rolos trituradores, produzindo um líquido chamado melado. Cerca de 70% do produto original viram esse caldo, enquanto os 30% da parte sólida se transforma em bagaço. Segundo Santos (2012 apud BETANCUR & PEREIRA JR, 2010; FUJITA et al., 2004) este material, constituído por celulose, hemicelulose e lignina, compõe em média, 28% do peso da cana de açúcar. A hemicelulose e a celulose são fontes potenciais de glicose, que é um açúcar que pode ser transformado em etanol através de técnicas que permitam a sua extração seletiva, como a hidrólise, que será abordadas nesse trabalho posteriormente. A Companhia Nacional de Abastecimento estima que a produção de cana-de-açúcar deva crescer 3,8% em relação a safra 2015/16 e atingir 690,98 milhões de toneladas. (CONAB, 2016). Segundo Nova Cana (2006), cada tonelada de colmos de cana-de-açúcar produz, aproximadamente, 140 kg de bagaço (massa seca), com esses dados é possível estimar que na safra 2016/17 serão gerados 96,737 milhões de toneladas de massa seca. Segundo Rosa e Garcia (2009) a eficiência da hidrólise da celulose, (processo adotado para obtenção do etanol de segunda geração) é em torno 75% a 80%. Isso significa, que uma tonelada de bagaço seco (37% de celulose) permitiria a obtenção de 300 a 350 litros de etanol. Cruzando esses dados, podemos concluir que se todo bagaço gerado na safra 2016/17 fosse convertido em etanol de segunda geração, seria possível produzir 29 bilhões de litros de etanol de segunda geração, esse valor significa praticamente dobrar a produção de etanol estimada pela CONAB na safra 2016/17, de 30 bilhões de litros. 2

3.1. Etapas do processo do etanol de 2ª geração FIGURA 1 Etapas dos processo de produção do etanol 2G. 3.1.1. Pré-tratamento Para o pré tratamento é essencial que o bagaço da cana-de-açúcar esteja sem matéria mineral inerte, como terra, areia, partículas magnéticas ou material estranho e também que o bagaço seja separado em frações por tamanho, contendo maior superfície de contato, para uma maior eficácia na hora de passar pela etapa de hidrólise (NOVA CANA, 2010). O pré-tratamento se consiste em desestruturar as fibras da biomassa lignocelulósica (bagaço), pois o bagaço não é homogênio e apresenta variações na composição e estrutura morfológica (NOVA CANA, 2006). Então a biomassa é separada em bagaço pré-tratado, que é a parte sólida do bagaço e é composto por celulose e lignina, e em licor de pré-tratamento, que é a parte líquida do bagaço e é composto por hemicelulose e lignina, antes de passar para a etapa de hidrólise enzimática (COSTA, 2008). O pré-tratamento pode ser físicos (redução mecânica e micro-ondas) ou químicos (utilizando ácidos, bases ou solventes orgânicos). O tipo de pré-tratamento promove a eficiência da hidrólise enzimática, onde o tipo de tratamento pode apresentar diversos efeitos e rendimentos (CHEMMÉS et. al., 2013). Nessa etapa é essencial que se separe o máximo de lignina possível da celulose e hemicelulose, para um melhor rendimento na etapa posterior (SANTOS et. al., 2012). 3

O pré-tratamento de redução mecânica consiste-se em diminuir o tamanho da partícula moendo ou peneirando a mesma, para obter uma maior superfície de contato. O método com micro-ondas utiliza um forno micro-ondas com alto aquecimento, e gera calor interno no bagaço, fazendo com que haja vibrações nas ligações da composição, separando-as (CHEMMÉS et. al., 2013). O método químico se difere na utilização de compostos inorgânicos ou orgânicos misturados ao bagaço, podendo ser bases, ácidos, solventes orgânicos e todos eles podendo ser diluídos ou não. O pré-tratamento químico modifica a estrutura da composição do bagaço, podendo facilitar a conversão em açúcares na hidrólise. Quando é feito o pré-tratamento químico é preciso controlar a temperatura, pois em temperaturas altas se pode degradar açúcar e formar produtos tóxicos (LORENCINI, 2013). 3.1.2. Hidrólise Enzimática Para a hidrólise, é essencial que as condições do processos estejam de acordo, como: a temperatura, concentração enzimática, substrato escolhido, quantidade de cada composto do substrato, entre outros (RABELO, 2010). Na hidrólise enzimática ocorre a conversão da celulose, separado da biomassa no prétratamento, em açúcares solúveis através da catalização por meio de um coquetel enzimas específicas (RAIZEN, 2014). A hidrólise enzimática ocorre em temperaturas de 40 a 50 C, considerada baixa e apresenta baixa formação de subprodutos de degradação, o que representa os altos custos da produção são as enzimas (RABELO, 2007). As enzimas são utilizadas somente uma vez para a conversão de celulose para glicose, pois são solúveis em água e acabam sendo descartadas no fim do processo, então é preciso (COLLARES, 2014). 3.1.3. Fermentação Segundo Silva, Jesus e Couto (2010), a fermentação alcoólica é a transformação de açúcares em álcool etílico (etanol) e gás carbônico (CO2) pela ação de um determinado grupo de organismos. No caso do etanol de segunda geração, a glicose é obtida da etapa anterior, pela hidrolise enzimática. Segundo Novacana (2006), o licor obtido no processo de hidrolise é submetido a uma fermentação alcoólica, feita em dornas agitadas, que são reatores com agitadores para processamento do etanol. Podem ser empregadas a levedura Saccharomyces cerevisiae como agente de fermentação, devido a suas características que o tornam eficiente para fermentação industrial de açúcares redutores a etanol. Para Pacheco (2011), a seleção de linhagens e melhoria das características de microrganismos garantem maior eficiência fermentativa, ou seja, a velocidade de fermentação é maior, bem como a eficiência de conversão, resistência ao álcool, ph e antissépticos. 4

3.1.4. Destilação Após fermentado, obtém-se um vinho fermentado, que já possui etanol em sua composição, porém precisa ser separado. Segundo Novacana, (2006), deve-se separar essa mistura, utilizando-se da destilação. Nesse processo, o líquido é colocado em colunas de destilação, nas quais ele é aquecido até se evaporar. Esse vapor passa por uma etapa de condensação, voltando ao estado líquido obtendo-se o etanol. Com isso, fica pronto o álcool hidratado, usado como etanol combustível, com grau alcoólico em cerca de 96%. 4. Considerações Finais Conclui-se a partir dos dados de produção de cana-de-açúcar e de resíduos da mesma que, o bagaço da cana-de-açúcar antes descartado da produção de biocombustível logo após a moagem da cana-de-açúcar obtém alto valor comercial quando é submetido á um processamento específico, onde os resultados satisfatórios na produção do biocombustível justifica e viabiliza a produção do etanol de segunda geração no Brasil, aumentando a produção de biocombustível sem aumentar a quantidade de área plantada da matéria-prima,cana-deaçúcar. Referências CHEMMÉS, C. S.; SILVA, F. C.; SOUZA, L. S.; JUNIOR, R. A. A.; CAMPOS, L. M. A. Estudo de métodos físico-químicos no pré-tratamento de resíduos lignocelulóticos para produção de etanol de segunda geração. Salvador, 2013. COLLARES, D. Etanol 2G depende do aprimoramento de enzimas. EMBRAPA, Brasília, 2014. COSTA, A. C. Caso de sucesso Produção de etanol (2ª geração). Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2008. LORENCINI, P. Otimização do pré-tratamento ácido de bagaço na cana para utilização como substrato na produção biológica de hidrogênio. Ribeirão Preto, 2013. NOVA CANA. Matérias-primas do etanol de 2ª geração. Curitiba, 2010. NOVA CANA. Produção de etanol de 2ª geração por hidrólise. Curitiba, 2006. RABELO, S C. Avaliação de desempenho do pré-tratamento com peróxido de hidrogênio alcalino para a hidrólise enzimática de bagaço de cana-de-açúcar. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, 2007 RABELO, S C. Avaliação e otimização de pré-tratamento e hidrólise enzimática do bagaço de cana de açúcar para a produção de etanol de segunda geração. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas, 2010. RAÍZEN. Tecnologia em energia renovável, etanol de segunda geração. São Paulo, 2014. SANTOS, D. S. Produção de etanol de segunda geração por Zymomonas mobilis naturalmente ocorrente e recombinante, empregando biomassa lignocelulósica. Rio de Janeiro, 2012. SANTOS, F.A.; QUEIRÓZ, J.H. DE; COLODETTE, J.L.; FERNANDES, S.A.; GUIMARÃES, V.M. Potemcial da palha de cana-de-aucar para produção de etanol. Quimica nova, v.35, n.5, p.1004 1010, 2012. PACHECO, T. F. Produção de Etanol: Primeira ou Segunda Geração? 2011. Disponível em: <https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/886571/1/cite04.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2016. 5

SILVA, J. S.; JESUS, J. C.; COUTO, S. Noções Sobre Fermentação e Produção de Álcool na Fazenda. 2010. Disponível em: < ftp://ftp.ufv.br/dea/poscolheita/produ%e7%e3o%20de%20%c1lcool%20combust%edvel%20na%20fazenda %20e%20em%20Sistema%20Cooperativo/Cap%EDtulo%201.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2016. ROSA, S. E. S.; GARCIA, J. L. F. O etanol de segunda geração: limites e oportunidades. 2012. Disponível em: <http://www.bndespar.gov.br/sitebndes/export/sites/default/bndes_pt/galerias/arquivos/conhecimento/revista /rev3204.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2016. 6