Uso Racional de Antimicrobianos em Infecções das Vias Aéreas Superiores

Documentos relacionados
Antibióticos Para a Otite Média Aguda na Era da Resistência Bacteriana

A Otite Média na América Latina

Brasil : Um retrato da Pneumonia Comunitária

Infecções por Gram Positivos multirresistentes em Pediatria

ANTIBIÓTICOS EM ODONTOPEDIATRIA NÃO PROFILÁTICOS E PROFILÁTICOS

Introdução do teste diagnóstico antigénico rápido do Streptococcus grupo A, nos cuidados de saúde primários

tratamento antimicrobiano das infecções do trato respiratório inferior e superior marcos tanita uti-hurp

Infeções do trato urinário na rede médicos sentinela dados preliminares de 2016

Microbiologia da Otorréia Espontânea em Crianças Italianas com Otite Média: um Estudo de Dez Anos

Antibióticos beta-lactâmicos

USO RACIONAL DOS ANTIBIÓTICOS. Prof. Dra. Susana Moreno

Antimicrobianos. Prof. Leonardo Sokolnik de Oliveira

Compartilhe conhecimento: 2ª parte de nossa análise do mais recente guideline da Academia Americana de Pediatria sobre Sinusite Bacteriana.

Antimicrobianos: Resistência Bacteriana. Prof. Marcio Dias

Prevenção das Otites Recorrentes com a Vacina Conjugada contra o Pneumococo (VcP)

MANEJO DAS INFECÇÕES AGUDAS DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES PARA O PEDIATRA GERAL

Pneumonia: Qual antibiótico eu escolho?

Elevado custo financeiro: R$ 10 bilhões/ano Elevado custo humano: 45 mil óbitos/ano 12 milhões de internações hospitalares Dados aproximados,

Antibióticos. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

O tratamento da otite média aguda: guidelines versus prática clínica

Quimioterápicos Arsenobenzóis Sulfas

Infecções por microrganismos multirresistentes Hospital / Comunidade José Artur Paiva

Prevenção da Otite Média Aguda com a Vacina Pneumocócica 10-valente Conjugada à Proteína D do Haemophilus influenzae Não Tipável (HiNT)

Cefalosporinas Introdução

2º Curso de Antimicrobianos da AECIHERJ INTRODUÇÃO A ANTIBIÓTICOS DRA. DEBORA OTERO

Princípios de Antibioticoterapia. Valdes R Bollela

O ESTUDO. Pneumonias: monoterapia com β-lactâmico ou terapia combinada a macrolídeo?

Dor de Ouvido e OTITE MÉDIA AGUDA. Angel Mar Roman MFC Universidade Positivo Curitiba (PR)

Glicopeptídeos Cinara Silva Feliciano Introdução Mecanismo de ação

Estudos de eficácia da vacina contra pneumococo. Ana Lucia S S de Andrade Universidade Federal de Goiás

Avaliação da atividade in vitro do cefetamet e outros agentes antimicrobianos diante de bactérias isoladas de infecções do trato respiratório

Infecções causadas por microrganismos multi-resistentes: medidas de prevenção e controle.

O Problema da Doença Pneumocócica na América Latina

Biossegurança Resistência Bacteriana. Professor: Dr. Eduardo Arruda

Otite Média Recorrente na Criança Pequena

SALA DE SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA EM SAÚDE DOS IMIGRANTES

Otite média aguda em crianças e adolescentes - Diretrizes para o diagnóstico e tratamento

Implementação da vigilância de PB y MB na Região das Américas

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS

Infecção em doença estrutural pulmonar: o agente etiológico é sempre Pseudomonas?

Antimicrobianos: Resistência Bacteriana. Prof. Marcio Dias

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS EM HOSPITAL VETERINÁRIO

Sensibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas do trato respiratório de pacientes com infecções respiratórias adquiridas na comunidade

Anexo II. Conclusões científicas e fundamentos para a alteração dos termos das Autorizações de Introdução no Mercado

Antimicrobianos III. Prof. Dra. Jaqueline Dario Capobiango. Universidade Estadual de Londrina

Antibióticos. Prof. Dr. Ricardo M. Oliveira-Filho Dept. Farmacologia ICB/USP

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS: TESTES DE SENSIBILIDADE

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS

DROGAS ANTIMICROBIANAS

Princípios de Farmacocinética/Farmacodinâmica para otimizar a terapia antimicrobiana na era da resistência bacteriana

Declaração de Conflitos de Interesse. Nada a declarar.

Faculdade de Medicina de Botucatu

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO

BRONCHO VAXOM. Takeda Pharma Ltda. Cápsula. 3,5 e 7,0 mg

Grupo de Interesse de Infecciologia Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar 23 de fevereiro de 2018 Lisboa

Apresentar a importância do farmacêutico clínico no atendimento a pacientes de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias.

UTILIZAÇÃO DAS DIFERENTES VACINAS PNEUMOCÓCICAS CONJUGADAS

Penicilinas. Curso Básico de Antimicrobianos Divisão de MI CM FMRP-USP. Rodrigo C Santana

Serviço de Pediatria HU-UFJF. Versão preliminar

Conceitos Atuais sobre a Vacina Conjugada Heptavalente para o S. pneumoniae (VCP-7) e o Tratamento da Otite Média Aguda

Epidemiology of Meningococcal Disease in Brazil

Que droga?! Prescrição de medicamentos em odontopediatria - não desista, assista!

Faringoamigdalite Estreptocócica. Antibiotics Use in Streptococcal Tonsillitis

PROTOCOLO MÉDICO OTITE MÉDIA AGUDA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

1. Sobre os fármacos antimicrobianos, marque a alternativa INCORRETA.

A estigmatização de um paciente pediátrico como alérgico à penicilina implica em consequências importantes, como:

AVALIAÇÃO DO USO DE CEFALOSPORINAS EM UM HOSPITAL DA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ

INFARMED. Circular Informativa. N.º 011/CA Data: Assunto: Ceftriaxona - Informação de segurança

Departamento de Pediatria Journal Club. Apresentadora: Eleutéria Macanze 26 de Julho, 2017

Otite Média Aguda na Infância: Diagnóstico

Antibióticos em Odontopediatria. Prof Dr Ricardo De Nardi Fonoff

ESTUDO DIRIGIDO IVAS

GCPPCIRA SESARAM, EPE

Terapia Antimicrobiana para Infecções por K. pneumoniae produtora de carbapenemase Proposta da Disciplina de Infectologia UNIFESP

AVALIAÇÃO DO ESPRETRO DE RESISTÊNCIA DA Escherichia coli EM CIDADE DO INTERIOR DA BAHIA

Da Administração Oral. Ao Efeito Terapêutico

Sinusite Bacteriana Aguda - Protocolo da Academia Americana de Pediatria

CASO 7 PNEUMONIA COMUNITÁRIA

Antibióticos. O impacto causado pelo mau uso no desenvolvimento de resistência bacteriana. Caio Roberto Salvino

PROTOCOLO MÉDICO DIARRÉIA AGUDA. Área: Médica Versão: 1ª

Química Farmacêutica II Noturno 2016 Profa. Dra. Ivone Carvalho Exercícios: Agentes Antibacterianos

Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 13, n. 2, p , Recebido em: Aprovado em:

Rotinas Gerenciadas. Departamento Materno Infantil. Divisão de Prática Médica/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar

PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA HORIZONTAL DE MATERIAL GENÉTICO

ALVOS DE ACÇÃO MECANISMOS BACTERIANOS DE RESISTÊNCIA. Célia Nogueira Coimbra, 18 de Fevereiro 2016

ANEXO nº 10 - Infecções Respiratórias Agudas

USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS EM GERMES MULTIRRESISTENTES

COMPARAÇÃO SOBRE A INCIDÊNCIA E A LETALIDADE DE MENINGITE BACTERIANA E VIRAL NA FAIXA ETÁRIA PEDIÁTRICA NO ESTADO DE MATO GROSSO:

Pneumonia Comunitária no Adulto Atualização Terapêutica

Avaliação da eficácia e da segurança do cefprozil versus cefaclor no tratamento de otite média aguda em crianças

ANTIBIOTERAPIA ORAL CRÓNICA: UMA PRÁTICA COMUM?

REPERCUSSÕES SISTÊMICAS RELACIONADOS A PROCESSOS INFECCIOSOS BUCAIS

Antibioticoterapia em Crianças com Pneumonia. Therapy with Antibiotics in Childhood Pneumonia

TÍTULO: PERFIL DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ENCONTRADAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ONCOLÓGICA

INFEÇÃO URINÁRIA MAPA DE REVISÕES PROTOCOLO CLINICO. Destinatários. Data Dr. Bilhota Xavier

Interferência Bacteriana na Nasofaringe

PLANO ESTADUAL DE ELIMINAÇÃO DE BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES (BMR) USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS

INFECÇÃO HOSPITALAR. InfecçãoHospitalar. Parte 2. Profª PolyAparecida

Marcos Carvalho de Vasconcellos Departamento de Pediatria da FM UFMG

Resistência bacteriana as drogas antimicrobianas

Transcrição:

Uso Racional de Antimicrobianos em Infecções das Vias Aéreas Superiores Marco Aurélio Palazzi Sáfadi e Tania Sih Considerações iniciais sobre o uso de antimicrobianos O objetivo deste capítulo, mais que dar uma receita do bolo, é atualizar o leitor em relação às características dos principais agentes causadores de infecções de vias aéreas (IVAS) adquiridas na comunidade, em nosso país. Revisaremos alguns aspectos do perfil de resistência destes agentes e os princípios que norteiam o uso racional dos antimicrobianos em nossa prática diária, com ênfase particular no manejo das otites, faringotonsilites e sinusites. Por exemplo, com relação à otite média aguda (OMA) 1, gostaríamos de destacar dados de uma publicação interessante, que identificou na Europa, esta condição clínica como a principal causa de consulta médica e de prescrição de antimicrobianos em lactentes e pré-escolares nos primeiros dois anos de vida, respondendo em média por 42 a 49 dias de uso de antibióticos por ano, ou seja, o lactente europeu usa em média quase 2 meses de antibióticos durante os dois primeiros anos de vida. Este é um dado que chama muita atenção para a carga que essa doença representa no dia-a-dia, tanto para otorrinolaringologistas como para pediatras. Com relação às sinusites 2-3, há um exagero no seu diagnóstico em atendimentos em pronto socorro, em situações que, muitas vezes, trata-se de infecções agudas, de etiologia viral, recém-iniciadas e que são equivocadamente interpretadas como sinusopatias bacterianas, sendo alvo de antimicrobianos com muita frequência (Figura 1). Segundo dados publicados no Pediatrics em junho de 2013 3, nos Estados Unidos 60% das sinusites bacterianas, em todas as idades, são causadas (como nas otites) pelo Streptococcus pneumoniae e pelo Haemophilus influenzae. Está claro, também, que quanto mais se usa antibióticos maiores as expectativas da ocorrência de aumento das taxas de resistência bacteriana na sua comunidade, conforme ilustrado na Figura 1 abaixo 4-5. 60 50 DDD/1000/dia DI / RSP % 40 30 38.5 32.5 28.8 26.7 24 20 10 18 13.5 8.9 0 França Espanha Portugal Belgica Italia Inglaterra Alemanha Holanda Figura 1. Taxas de colonização por pneumococos resistentes à penicilina de acordo com dias de uso por ano de antibióticos na Europa. DDD=dose diária definida; DI=densidade de incidência; RSP= S. pneumoniae resistente.

30 XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Quanto maior o número de dias de uso de antimicrobiano por ano em alguns países europeus, maiores são as taxas de incidência de pneumococos resistentes à penicilina encontrados na nasofaringe dos indivíduos. Nos países que conseguiram incorporar restrições intensas no que diz respeito ao uso abusivo de antimicrobianos, encontramos hoje as menores taxas de resistência do pneumococo. É claro que o uso abusivo de antimicrobianos aumenta a prevalência de cepas resistentes, dificultando desta forma o tratamento 4-5. Entre os fatores de risco que contribuem para maiores taxas de colonização por pneumococos em crianças 6 podemos destacar a baixa idade, especialmente os menores de dois anos; frequentar creches e escolas maternais; a presença de uma infeção respiratória viral recente; ausência de aleitamento materno e desnutrição. O uso recente de antimicrobianos tem papel fundamental no aumento das taxas de resistência antimicrobiana nas bactérias que causam as IVAS. (Figura 2). Uso abusivo de antibióticos Disseminação de bactérias de adultos para as crianças Crianças colonizadas com a maioria de otopatógenos susceptíveis Antibióticos uso para OMA/IVAS Transferência de bactérias das crianças para os adultos Colonização das vias aéreas superiores Fatores de Risco: aleitamento materno Prevalência de cepas resistentes Crianças com maior dificuldade para tratar episódios de OMA Prevalência de: de antibióticos Círculo vicioso Figura 2. Ciclo de resistência aos antibióticos Espectro mais amplo de antibióticos necessários para tratar OMA Crianças cada vez mais colonizadas com otopatógenos resistentes Crianças colonizadas com bactérias susceptíveis e resistentes Fatores de Risco <2 meses Faringotonsilite (FT) Na prática clínica vemos com muita frequência o conceito de que a presença de pús na garganta é um sinal de que temos pela frente uma FT bacteriana, justificando, assim o uso do antibiótico. Há uma frase que é antológica com relação a este tema: If you are entirely confortable selecting which pharyngotonsillitis patients to treat 10 days with penicillin, perhaps you don t understand the situation Caso você se sinta inteiramente confortável selecionando para quais pacientes com faringotonsilite irá tratar por 10 dias com penicilina, provavelmente você não entende muito bem a situação. (Stillerman and Bernstein, 1961) Esta frase já tem 54 anos! Na prática muitos médicos raciocinam assim: pús na garganta é, habitualmente, FT bacteriana, portanto vou dar antibiótico.

XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Há muitas situações, mesmo para os médicos mais experientes, que trazem dificuldades para identificar qual é de fato o paciente para o qual devemos ministrar o antimicrobiano. Um exemplo é no tratamento da faringotonsilite estreptocócica, que é virtualmente a única das faringotonsilites da prática clínica em nosso meio, que tem indicação rotineira da prescrição de antimicrobianos 6-7. Um ponto importante que muitas diretrizes preconizam é que quando o médico tiver possibilidade de utilizar testes diagnósticos, o faça. Caso o médico tenha o teste rápido para pesquisa do Streptococcus pyogenes do grupo A, no seu ambiente de trabalho, este é um exame que contribui de maneira significativa para melhorar tanto o valor preditivo positivo quanto o valor preditivo negativo no sentido de utilizar ou não os antimicrobianos, na abordagem do paciente com suspeita de FT estreptocócica. Os parâmetros clínicos evidentemente devem também ser empregados: na presença de conjuntivite, de tosse, de coriza, de manifestações sistêmicas como diarréia, de maneira geral, estas situações estão associadas com etiologia viral (Figura 3). Fatores clínicos e epidemiológicos 31 Não sugestivo de etiologia por estreptococo Compatível com etiologia pelo estreptococo Tratamento sintomático negativo Cultura da faringe negativo Teste Rápido para o Estrepto do Grupo A positivo Terapêutica com antibiótico Figura 3. Algoritmo proposto para a abordagem das faringotonsilites em crianças. Quando a FT for causada pelo Streptococcus pyogenes, a penicilina será o antimicrobiano de escolha. No Brasil, o cenário da resistência do Streptococcus pyogenes não é diferente do que acontece no mundo inteiro. Não existe resistência do Streptococcus pyogenes aos antimicrobianos ß-lactâmicos. Não há resistência à penicilina, sendo, portanto o antibiótico de escolha na FT causada por este agente bacteriano. Na prática clínica substitui-se pela amoxicilina, pela palatabilidade, pela facilidade posológica, etc. Portanto a amoxicilina acaba sendo o antimicrobiano de escolha para o tratamento destas situações de FT estreptocócica 6-7. Com relação aos macrolídeos, com estes sim, existe possibilidade de resistência do Streptococcus pyogenes a esse grupo de antimicrobianos. Esta resistência está diretamente relacionada à frequência com que se usam os macrolídeos na comunidade. Portanto, os macrolídeos devem ser reservados para situações especificas, e só devem substituir a penicilina e os demais antibióticos ß-lactâmicos

32 XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO em situações nas quais os pacientes tenham de fato uma história comprovada de alergia a estes grupo de fármacos, sendo uma alergia mediada por IgE. Lembrar que para as demais formas de alergia à penicilina, não mediadas por IgE, as cefalosporinas, especialmente as de primeira geração, por induzirem menor resistência que as de segunda e terceira geração, podem substituir a penicilina 6-8. A diretriz americana publicada no Clinical Infectious Diseases em 2012 (Tabela 1), também orienta neste mesmo sentido aqui por nós mencionado, preconizando nos casos de alergia à amoxicilina, usar a cefalexina como primeira opção evitando as demais cefalosporinas de segunda e de terceira geração, e principalmente reservar os macrolídeos para aquelas situações de alergia ou hipersensibilidade do Tipo 1 à penicilina 6. Tabela 1. Doses preconizadas de antibióticos para o tratamento das faringotonsilites. Vias de administração Dose Duração ou Quantidade Recomendação Força, Qualidade Para indivíduos sem alergia à penicilina Penicilina V. oral Amoxicilina, oral Penicilina G Benzatina intramuscular Para indivíduos com alergia à penicilina Cefalexina, oral Crianças 250 mg duas x ao dia ou 3 x ao dia; adolescentes e adultos: 250 mg 4 x dia ou 500 mg 2 x ao dia 50 mg/kg 1 x ao dia (max = 1000 mg) alternar: 25 mg/kg (max = 500 mg) 2 x ao dia 10d 10d Muito forte Muito forte <27 kg: 600.000 UI; 27 kg: 1.200.000 UI 1 dose Muito forte 20 mg/kg/dose 2 x ao dia (max =500 mg/ dose) 10d Muito forte Cefadroxil, oral 30 mg/kg 1 x ao dia (max = 1g) 10d Muito forte Clindamicina, oral 7 mg/kg/dose 3 x ao dia (max = 300 mg/ dose) 10d Moderadamente forte Azitromicina, oral 12 mg/kg 1 x ao dia (max = 500 mg) 5d Moderadamente forte Claritromicina, oral 7.5 mg/kg/dose 2 x ao dia (max = 250 mg/dose) 10d Moderadamente forte Princípios para o uso racional de antimicrobianos nas otites Alguns princípios devem ser revistos. Quando levamos em conta a etiologia das otites médias agudas (OMA) bacterianas, dois agentes (Haemophilus influenzae e o Streptococcus pneumoniae) se destacam dos demais 9-10. Quais são de maneira básica os mecanismos de resistência destes 2 microorganismos? As cepas de Haemophilus influenzae, assim como as cepas de Moraxella catarrhalis podem ser produtoras de uma enzima, a ß-lactamase, que dificulta ou inativa a ação do antibiótico beta-lactâmico, exigindo, portanto, em algumas ocasiões, a participação de um inibidor da beta-lactamase. Há outros mecanismos de resistência do

Grupo: menor que 12 meses Sorotipo n XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Positivo ß- lactamase Negativo n % n % a 9 0 0,0 9 100,0 b 9 2 22,2 7 77,8 e 1 1 100,0 0 0,0 NT* 16 7 43,8 9 56,3 Total 35 10 28,6 25 71,4 Grupo: 12-23 meses Sorotipo n Positivo ß- lactamase Negativo n % n % a 5 0 0,0 5 100 b 1 0 0,0 1 100 e 1 1 100,0 0 0,0 NT* 10 3 30,0 7 70 Total 17 4 23,5 13 76,5 Grupo: 24-59 meses Sorotipo n Positivo ß- lactamase Negativo n % n % a 10 0 0,0 10 100,0 b 4 1 25,0 3 75,0 e 1 0 0,0 1 100.0 NT* 5 0 0,0 5 100,0 Total 20 1 5,0 19 95,0 Figura 4. Dados de resistência das cepas de Haemophilus influenzae, por grupos de estudo, de acordo com as idades (SIREVA, 2012 11 ) 33 H. influenzae, este não é o único, mas de maneira geral, é o mais importante associado com esta bactéria 9-10. Com relação ao pneumococo o mecanismo de resistência é outro, não por produção de ß-lactamase, sendo muito importante que isso fique claro para os clínicos. O uso de inibidores de ß-lactamase não ajuda no tratamento de infecções por pneumococos resistentes. Este, infelizmente, é um erro frequente, que não deve ser cometido. Os mecanismos de resistência do pneumococo estão associados a alteração das proteínas ligadoras de penicilina, conhecidas como PBPs. Importante reconhecer que, infelizmente nós não dispomos aqui no Brasil de dados de resistência de patógenos isolados em orelha média. Os dados de resistência de cepas de pneumococo e Haemophilus influenzae disponíveis (Projeto SIREVA 11 ) são de cepas isoladas de pacientes com doenças invasivas, de amostras colhidas no sangue, líquor ou liquido pleural, não representando necessariamente o perfil das cepas causadoras de otites e sinusites. A última publicação do SIREVA, referente às cepas isoladas em 2012, mostrava que no Brasil aproximadamente 20 a 30% das cepas de Haemophilus influenzae são produtores de ß-lactamase. No que diz respeito ao Haemophilus influenzae não tipável estes índices chegam a ser até maiores, entre 30% a 40% 11. Portanto, essa é a expectativa: atualmente entre 20% a 40% dos Haemophilus influenzae são produtores de ß- lactamase (Figura 4) Mecanismos de resistência do pneumococo Em relação ao pneumococo, como havia sido comentado, podemos de maneira didática ilustrar da seguinte forma o mecanismo de resistência desta bactéria: o antibiótico ß-lactâmico (penicilina, amoxicilina, ou cefalosporina) com o seu anel, para que possa exercer o seu efeito, necessita se acoplar a um local específico

34 XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO na bactéria que é a chamado proteína ligadora da penicilina (Penicillin-Binding Protein - PBP) 12-13, que como o próprio nome diz, irá se ligar ao anel ß-lactâmico do antibiótico, permitindo que ele exerça a sua função. Entretanto, a bactéria pode desenvolver resistência, mudando a sua configuração, ou seja, aquele anel ß-lactâmico que se acoplava perfeitamente a proteína, nessa nova configuração que ela assume, não consegue mais se acoplar de maneira adequada, dificultando a ação do antibiótico. É evidente que essa resistência tem graus variados de magnitude, sendo isso que irá determinar a maior ou menor susceptibilidade do pneumococo à penicilina e aos demais antibióticos ß-lactâmicos 12. Farmacocinética (PK) e farmacodinâmica (PD) Os conceitos de farmacocinética (PK) e farmacodinâmica (PD) são fundamentais para uma melhor compreensão dos mecanismos de ação dos antibióticos (Figura 5) 14-16. Para os antibióticos ß-lactâmicos (Figura 6 a) necessitamos que a sua concentração esteja acima da concentração inibitória mínima CIM (minimal inhibitory concentration ou MIC) por pelo menos 40% do tempo decorrido entre uma dose e outra ministrada, para que se possa erradicar a bactéria causadora da infecção. Resumidamente esse é o segredo do sucesso: se for utilizado um antibiótico em uma dosagem tal que gere uma concentração que exceda a CIM por mais de 40% do tempo entre uma dose e outra, teremos sucesso para erradicar a bactéria 13-16. Ribossomo PBP Penicilinas Ampicilinas Amoxicilinas Cefalosporinas Ac. clavulânico DNA PBP -lactam Citoplasma -lactam fem PBP 2a -lactam Genes aux. Membrana Celular -lactam PBP S. pneumoniae Staphylococcus MRSA Parede Celular -lactam b-lactam Figura 5. Mecanismo de resistência do pneumococo. Os macrolídeos, assim como outros grupos de antibióticos, têm outro comportamento, dependendo da concentração obtida com o seu uso (Figura 6 b). Esta é a razão pela qual alguns desses macrolídeos podem ser usados uma vez por dia. É muito mais importante para esse fármaco atingir uma alta concentração, sendo que desta forma ele irá aperfeiçoar a sua ação terapêutica. Isso permite aos macrolídeos uma posologia mais cômoda 14.

XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO 35 Concentração do antibiótico Tempo - dependente Concentração do antibiótico Dependente da concentração CIM 40-50% CIM Tempo Figura 6. Concentração de antibióticos tempo-dependentes (a) e concentração-dependentes (b) de acordo com o tempo. Um exemplo do nosso cotidiano: aparece no seu consultório uma criança com OMA causada pelo pneumococo, cuja CIM é de 1µ/mL, e você irá utilizar uma amoxicilina, prescrevendo 50/mg/kg/dia, por exemplo, de 12 em 12 horas. Nesta situação sabemos que iremos propiciar uma concentração do antibiótico acima da CIM por mais de 40% do tempo entre a primeira e a outra dose do antibiótico. Ou seja: iremos erradicar a bactéria, (erradicar a bactéria de maneira geral se traduz por sucesso clínico). Outra criança vem ao seu consultório também com OMA pelo pneumococo, porém este com uma CIM de 4 µ/ml, aquela mesma dose que você utilizou de 50/mg/kg irá fazer com que o antibiótico, desta vez, fique apenas 20 ou no máximo 30% do tempo acima da CIM. Neste caso, provavelmente não vou conseguir erradicar essa bactéria, e provavelmente eu não terei sucesso clínico. Existe alguma maneira de conseguir superar essa limitação? Sim. Deverei associar um inibidor de ß-lactamase? Não. Portanto esse é o ponto crucial, para essas cepas de pneumococo que tem a CIM maior haverá necessidade de darmos uma dose maior do antibiótico, e utilizar a amoxicilina 90/mg/kg, para obter a curva adequada (vide Figura 7). Com o aumento nas concentrações, teremos mais de 40% do tempo acima da CIM, sendo a presença destas cepas de pneumococo (com CIM de 4 µ/ml) em proporção significativa em sua comunidade a razão para eventualmente dobrarmos a dose empírica da amoxicilina na abordagem das otites e sinusites. Concentração do antibiótico (µg/mg) 16 1 0.1 CIM 4 CIM 1 Figura 7. Concentração de antibiótico de acordo com o tempo. Tempo Aumentando a dose (90 mgkg): T acima CIM > 40% Amoxicilina 90/mg/kg 0 12 h 24 h

36 XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Os parâmetros que definem resistência mudaram, com novas linhas de corte para uso de penicilina parenteral, no tratamento de uma pneumonia, por exemplo 17. Para estas situações clínicas, onde não existem meningites, considera-se um pneumococo sensível se tiver a CIM 2 µ/ml, pneumococo com sensibilidade intermediária com a CIM de 4 µ/ml e pneumococo resistente, única e exclusivamente aqueles com a CIM 8 µ/ml. Para amoxicilina oral os parâmetros são exatamente esses. Portanto: para amoxicilina oral 2 µ/ml sensível; intermediário 4 µ/ml; e resistente 8 µ/ml. Os parâmetros válidos para as cepas de pneumococo isoladas em sistema nervoso central continuam sendo os antigos, ou seja cepas com CIM > 0,125 µ/ml são consideradas resistentes para penicilina quando em pacientes com meningites. Uma pergunta importante se destaca: qual é a nossa realidade aqui no Brasil? Novamente iremos recorrer aos dados do SIREVA, lembrando que são dados oriundos de cepas isoladas de infecções invasivas (Figura 8). É importante reconhecer que não temos atualmente dados de resistência de cepas isoladas de OMA no Brasil, não há estudos atuais com timpanocentese que forneçam estes dados, portanto inferimos que as cepas que causam as doenças invasivas sejam similares àquelas que causam as OMAs e as sinusites. No gráfico da Figura 8 temos o perfil de resistência dos últimos 10 anos das cepas de pneumococo isoladas de infeções não meníngeas, sendo que os dados mais recentes, de 2012, mostram que 96% destas cepas (em amarelo) são cepas sensíveis à penicilina (CIM 2 µ/ml), 4% (CIM de 4 µ/ml) com susceptibilidade intermediária e 0% de cepas com resistência. Este é o cenário que se aplica utilizando os critérios desta nova linha de corte da sesibilidade dos pneumococos, nos últimos anos, no Brasil, com 0% de cepas de pneumococos com CIM de 8 µ/ml. Traduzindo para prática diária, se estivermos frente a um paciente com uma pneumonia pneumocócica, sinta-se a vontade para utilizar a penicilina cristalina IV na dose de 200.000 unidades por kg. Se assumirmos que as cepas que causam otites e sinusites têm este mesmo perfil, em 96% dos casos de OMAs causados por pneumococos, a dose de 50/mg/kg é suficiente para tratar essas otites e, em 4% dos casos poderá eventualmente ser necessário uma dose maior da amoxicilina. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 96,6 94,1 98,2 93,7 S I R 88 89 86,4 17 12 10,6 13,6 9,7 3,4 5,9 1,8 6,2 4,6 0 0 0 0 0 0,3 0 0 0 0 Figura 8. Perfil de susceptibilidade do pneumococo à penicilina (cepas não meníngeas) no Brasil (SIREVA) com os novos parâmetros de resistência. 83 90,3 95,4 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Um dado interessante (Figura 8) é o comportamento recente das taxas de susceptibilidade intermediária. Após a introdução, em 2010, da vacina conjugada com 10 sorotipos do pneumococo (PCV-10) no Brasil, observamos uma tendência de diminuição destas taxas. Portanto está claro que a vacina contempla um percentual significativo dos sorotipos mais associados com resistência, sendo esperado, portanto, que ocorra uma diminuicão destas taxas de resistência, fato que vem ocorrendo nos últimos 2 anos, após a introdução da vacina 11. Para o sulfametoxazol-trimetoprim há 6% de resistência intermediária e 30% de resistência plena. Para a eritromicina, 11% de resistência intermediária, para o cloranfenicol as taxas são mínimas e para a vancomicina a resistência é igual a 0. Quando comparadas a eficácia da cefuroxima-axetil com o cefaclor, observamos que para as cepas de pneumococo sensíveis a estas duas cefalosporinas mostram desempenho satisfatório, entretanto para as cepas de pneumococo com susceptibilidade intermediária e as com resistência, ambos falham, sendo que o cefaclor falha em mais de 60% dos casos e a cefuroxima falha em 21% dos casos 20. O desempenho do cefaclor é quase igual ao placebo para estas cepas. Para as cepas de Haemophilus influenzae também o percentual de falha é significativo para o cefaclor, com cerca de 40% de falha, sendo, portanto, o cefaclor um antibiótico inapropriado para muitos dos casos de infecções do trato respiratório e a cefuroxima sendo inadequada para os pneumococos de susceptibilidade intermediária e para os com resistência 20. Com relação à azitromicina, o percentual de falhas é similar ao observado com placebo para as cepas de pneumococo com CIM de 2 µ/ml e para as cepas de Haemophilus influenzae a azitromicina também apresenta desempenho similar ao placebo. Portanto o uso deste novo macrolídeo é inadequado para o tratamento da OMA, de acordo com estes dados bacteriológicos 18-19. Comparando a eficácia da amoxicilina-clavulanato com a azitromicina em crianças com OMA (Figura 9) vemos que o desempenho da amoxicilina-clavulanato, tanto para erradicação bacteriológica como para o sucesso clínico, é superior ao da azitromicina 19. Eficácia (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 87% 39.4% Sucesso bacteriológico Figura 9. Estudo comparativo da amoxicilina-clavulanato com a azitromicina para erradicação (sucesso) bacteriológico e sucesso clínico no tratamento de OMA. 91% 65% Sucesso clínico Azitromicina Amox-clavulanato 37

38 XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO Um estudo publicado no Journal of Antimicrobial Chemotherapy 20, avaliou as taxas de susceptibilidade de cepas de pneumococos, Haemophilus influenzae e Moraxella catarrhalis aos diferentes antimicrobianos, de acordo com os conceitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, encontrando taxas de susceptibilidade para mais de 90% das cepas, entre os antibióticos de uso oral, apenas com a amoxicilina (95%) e com a amoxicilina-clavulanato (95-97%), além das fluoroquinolonas. Usando os limiares de PK/PD, os agentes mais ativos, não-fluoroquinolonas, contra H. influenzae e M. catarrhalis foram a ceftriaxona, cefixime e amoxicilina- -clavulanato. Tanto as cepas de H. influenzae como as de M. catarrhalis foram altamente suscetíveis para as fluoroquinolonas. A taxa de falha bacteriológicas em estudos de timpanocentese dupla, que foram alguns dos estudos mencionados, mostra que de fato só a amoxicilina-clavulanato em dose elevada e a ceftriaxona tiveram uma boa efetividade tanto para as cepas de Haemophilus influenzae quanto para os pneumococos com suscetibilidade intermediária 12-20. Devemos também lembrar que em muitas das situações onde ocorre a cronicidade dos processos infecciosos, há a possiblidade da presença dos biofilmes, quando então todos estes conceitos farmacocinéticos e farmacodinâmicos perdem a sua aplicabilidade, pois os antibióticos não conseguem agir em função da presença destes biofilmes 21. Conclusão Este era, portanto, o principal objetivo desta revisão, ou seja, comentar, brevemente, o uso racional dos antimicrobianos e lembrar que em uma significativa proporção das infecções de vias aéreas, há a resolução espontânea, pois as mesmas são de etiologia viral, autolimitadas, sem haver necessidade do uso de antimicrobiano. O antimicrobiano quando prescrito de maneira correta pode reduzir a duração e a magnitude dos sintomas, além de diminuir a chance de complicações em determinadas infecções bacterianas de vias aéreas, como nas sinusites, nas otites e nas faringotonsilites de origem estreptocócica. Lembrar que critérios clínicos rígidos devem ser estabelecidos e também utilizados para o seu diagnóstico. No atual cenário epidemiológico, a amoxicilina e a amoxicilina-clavulanato continuam sendo os antibióticos de escolha para o tratamento das otites e sinusites em crianças em razão do seu perfil de segurança e da sua eficácia. Também é bom lembrar que os conceitos de farmacocinética e de farmacodinâmica não tem aplicabilidade naqueles casos em que há a presença dos biofilmes. Referências bibliográficas 1. Vergison A. Dagan R et al. Otitis media and its consequences: beyond the earache. Lancet Infect Dis. 2010 2. Aitken M. Taylor JA. Prevalence of clinical sinusitis in young children followed up by primary care pediatricians. Arch Pediatr Adolesc Med. 1998; 152:244-248 3. Wald ER. Clinical Practice Guideline for the Diagnosis and Management of Acute Bacterial Sinusitis in Children Aged 1 to 18 Years. Pediatrics. 2013; 132:e262 e280 4. Felmingham et al. the Alexander Project:1996-1997. J Antimicrob Chemother 2000; 45:191-201 5. Cars et al. Variation in antibiotic use in the European Union. Lancet 2001; 357:1851-1853

XIII Manual de OtOrrInOlarIngOlOgIa PedIátrIca da IaPO 6. Shulman S, Bisno A et al. Clinical Practice Guideline for the Diagnosis and Management of Group A Streptococcal Pharyngitis: 2012 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis 2012 (1):1-17 7. Bisno A, Gerber M et al. Practice Guidelines for Streptococcal Pharyngitis. CID 2002 (35):113-125 8. Gerber M. Diagnosis and Treatment of Pharyngitis in Children. Pediatr Clin N Am 52 (2005) 729 747. 9. Bluestone CD, Klein JO. Microbiology. In: Bluestone CD, Klein JO, eds. Otitis Media in Infants and Children. 4th ed. Hamilton, Canada: BC Decker; 2007:101 126 10. Lieberthal A, Carroll A.E. et al. The Diagnosis and Management of Acute Otitis Media. Pediatrics 2013 131;e964 11. Organización Panamericana de la Salud. Datos por país y por grupos de edad sobre las características de los aislamientos de Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae y Neisseria meningitidis, en procesos invasores. Informe Regional SIREVA II 2012. Washington D.C: OPS; 2013. 12. Baquero F, Loza E. Antibiotic resistance of microorganisms involved in ear, nose and throat infections. Pediatr Infect Dis J. 1994;13(suppl 1):S9-S14 13. Dagan R. Clinical significance of resistant organisms in otitis media. Pediatr Infect Dis J. 2000;19:378-382. 14. Craig WA, Andes D. Pharmacokinetics and pharmacodynamics of antibiotics in otitis media. Pediatr Infect Dis J. 1996;15:255-259. 15. Craig WA. Pharmacokinetics/pharmacodynamics parameters; rationale for antibacterial dosing of mice and men. Clin Infect Dis. 1998;26:1-12. 16. Craig WA. Interrelationship between pharmacokinetics and pharmacodynamics in determining dosage regimens for broad-spectrum cephalosporins. Diagn Microbiol Infect Dis. 1995;22:89-96. 17. Weinstein M, Klugman K et al. Rationale for Revised Penicillin Susceptibility Breakpoints versus Streptococcus pneumoniae: Coping with Antimicrobial Susceptibility in an Era of Resistance CID 2009 48:1596-1600 18. Dagan R, Leibovitz E, Fliss DM, et al. Bacteriologic efficacies of oral azithromycin and oral cefaclor in treatment of acute otitis media in infants and young children. Antimicrob Agents Chemother. 2000;44:43-50. 19. Dagan R, Johnson CE, McLinn S, et al. Bacteriologic and clinical efficacy of amoxicillin/clavulanate vs. azithromycin in acute otitis media. Pediatr Infect Dis J. 2000;19:95-104 20. Jacobs M R, Felmingham D, Appelbaum PC et al.. The Alexander Project 1998-2000: susceptibility of pathogens isolated from community-acquired respiratory tract infection to commonly used antimicrobial agents. Journal of Antimicrobial Chemotherapy 2003; 52, 229-46. 21. Wolcott R, Costerton W et al. The polymicrobial nature of biofilm infection Clinical Microbiology and Infection 2013 19 (2):107 112 39