CLM Consultoria Atuarial Ltda.



Documentos relacionados
Não. A Sabesprev tem dinheiro em caixa suficiente para garantir o pagamento aos beneficiários pelos próximos anos. O que existe é um déficit atuarial.

Introdução. Nesta cartilha, você conhecerá as principais características desse plano. O tema é complexo e,

Caro Participante, Boa leitura!

CARTILHA PLANO CELPOS CD

DIREÇÃO NACIONAL DA CUT APROVA ENCAMINHAMENTO PARA DEFESA DA PROPOSTA DE NEGOCIAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO, DAS APOSENTADORIAS E DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

CARTILHA DO PLANO DE BENEFÍCIO DEFINIDO

PARECER ATUARIAL Exercício de INERGUS Instituto ENERGIPE de Seguridade Social

Perguntas e respostas sobre a criação do Funpresp (Fundo de Previdência Complementar dos Servidores Públicos)

PERGUNTAS FREQUENTES NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA:

Seguem as dúvidas recebidas até o momento sobre o sistema DAweb.

2. O que a Funpresp Exe traz de modernização para o sistema previdenciário do Brasil?

Sérgio Carvalho Matemática Financeira Simulado 02 Questões FGV

Seu futuro está em nossos planos!

Introdução. pensionistas). usufruir dos mesmos. Regulamento.

Índice BEM-VINDO AO PLANO UNIMED-BH 02 GLOSSÁRIO 03 CONHECENDO O PLANO 06 INFORMAÇÕES ADICIONAIS 10 FORMAS DE CONTATO 13

INFORMATIVO. Novas Regras de limites. A Datusprev sempre pensando em você... Classificados Datusprev: Anuncie aqui!

CARTILHA DO PLANO D FUNDAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL BRASLIGHT

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

DEMONSTRAÇÃO ATUARIAL

Audiência Pública na Comissão do Trabalho, Administração e de Serviço Público. junho de 2007

APURAÇÃO DO RESULTADO (1)

Simuladores de benefícios Saiba como ficará sua projeção de aposentadoria com as taxas de juros reduzidas

Introdução. elaborada pela Fundação Libertas e pela Gama Consultores, e aprovada pela Prodemge e pela

CAPEF. Efeitos/Riscos do Contencioso Judicial em Planos de Benefícios Previdenciários

Perguntas e Respostas Alteração no rendimento da caderneta de poupança. 1) Por que o governo decidiu mudar as regras da caderneta de poupança?

cartilha de regime de tributação

ÍNDICE. BEM-VINDO AO PLANO CROprev 02 FALANDO A NOSSA LÍNGUA 03 CONHECENDO O PLANO 05 INFORMAÇÕES ADICIONAIS 09 FORMAS DE CONTATO 11

Esclarecimentos sobre rentabilidade das cotas do Plano SEBRAEPREV

PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

PERFIS DE INVESTIMENTOS

Tabela Progressiva para o cálculo mensal do Imposto de Renda de Pessoa Física, anocalendário

Revisado em 15/08/2011

enviado em 09/09/2015 pedindo a presidente Dilma Rousseff pedindo mudanças no REDOM

PARECER ATUARIAL Exercício de INERGUS Instituto ENERGIPE de Seguridade Social PLANO SALDADO INERGUS (PSI) Março de 2015

Os fundos de pensão precisam de mais...fundos

Paulo Teixeira Brandão - Conselheiro Deliberativo da Petros Eleito pelos Participantes

Depois de anos de trabalho é hora de se aposentar!

REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA E REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL COMPARATIVO DE CUSTOS

ENTIDADE DADOS DOS PLANOS 8- ÚLTIMA ALTERAÇÃO

Conceitos básicos; Liquidez Inflação Rentabilidade Juros Risco

demonstração da Mutação do ativo Líquido

ipea A EFETIVIDADE DO SALÁRIO MÍNIMO COMO UM INSTRUMENTO PARA REDUZIR A POBREZA NO BRASIL 1 INTRODUÇÃO 2 METODOLOGIA 2.1 Natureza das simulações

Servidor Público Militar. Veja o quanto de perdas salariais que você terá com 5% de Data Base

ENTENDENDO COMO FUNCIONA A RENDA FIXA. Renda Fixa Plano B 124,0 % 10,0 % Renda Fixa Plano C 110,0 % 9,1 % Selic 71,0 % 6,5 %

ENTIDADE DADOS DOS PLANOS 8- ÚLTIMA ALTERAÇÃO

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Relatório anual do Plano de Benefícios Multifuturo I

CARTILHA DO PLANO C FUNDAÇÃO DE SEGURIDADE SOCIAL BRASLIGHT

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

O FGTS TRAZ BENEFÍCIOS PARA O TRABALHADOR?

DEMONSTRAÇÃO ATUARIAL

Cartilha do Participante

PERGUNTAS E RESPOSTAS NOVAS REGRAS PARA ESCOLHA DE BENEFICIÁRIOS

2º Semestre de

COMO INVESTIR PARA GANHAR DINHEIRO

ENTENDA MELHOR! O TAC da tábua de mortalidade e o crédito gerado na conta do Plano B

MS 777 Projeto Supervisionado Professor: Laércio Luis Vendite Ieda Maria Antunes dos Santos RA:

AÇÃO DE REVISÃO DO FGTS POR DEFASAGEM EM CORREÇÃO PELA TR

Í n d i c e. Apresentação. Sobre a ELETROS. Sobre o Plano CD CERON. Características do Plano CD CERON

As mudanças mais importantes no Bradesco Previdência

REFORMA DO REGIME DE APOSENTAÇÕES

PERGUNTAS E RESPOSTAS - Plano PreVisão -

Perfil de investimentos

DEMONSTRAÇÃO ATUARIAL ENTIDADE: ELETRA

DATUSPREV CHEGOU O MOMENTO DE APROVEITAR!

Essa avaliação quanto ao melhor regime tributário aplicável deve ser realizada caso a caso, levando-se em consideração:

JESSÉ MONTELLO Serviços Técnicos em Atuária e Economia Ltda.

Material Explicativo. ABBprev Sociedade de Previdência Privada

INVESTIMENTO I - IMPOSTO DE RENDA NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR II - SIMULE E FAÇA CONTRIBUIÇÕES ADICIONAL

AASP Associação dos Advogados de São Paulo MATERIAL EXPLICATIVO AASP PREVIDÊNCIA. Plano administrado pelo HSBC Instituidor Fundo Múltiplo.

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

Gestão de Pessoas - 4w

Aposentadoria do INSS. O Itaú explica para você como funciona e esclarece suas dúvidas. C/C Itaú. Quando e como receberei o meu benefício?

PARECER ATUARIAL Exercício de INERGUS Instituto ENERGIPE de Seguridade Social. Plano de Origem - BD. Março de 2015

O NOVO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO PARA O SERVIDOR PÚBLICO

Plano de Benefícios 1 Plano de Benefícios PREVI Futuro Carteira de Pecúlios CAPEC

Demonstração do Ativo Líquido por Plano de Benefícios - Visão Celular CRT

DEMONSTRAÇÃO DE DESEMPENHO DO BNP PARIBAS MAPFRE MASTER RENDA FIXA FI PREVIDENCIÁRIO. CNPJ/MF: / Informações referentes a 2014

Marcos Puglisi de Assumpção 10. PLANOS DE PREVIDÊNCIA

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

Essas expressões envolvem uma razão especial denominada porcentagem ou percentagem.

36,6% dos empresários gaúchos julgam que o. 74,4% dos empresários gaúchos consideram que. 66,0% das empresas contempladas pela medida a

ANEXO DE METAS FISCAIS AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA E ATUARIAL. (Artigo 4º 2º, inciso IV, alínea a da Lei Complementar nº 101/2000)

BENEFÍCIOS DO SERVIDOR PÚBLICO

CLM Consultoria Atuarial Ltda.

Programa de Assistência Médica para Aposentados CargillPrev (Plano Assistencial)

PERGUNTAS E RESPOSTAS - Plano PreVisão -

Demonstração do Ativo Líquido por Plano de Benefícios - Visão Telest Celular

1. Denominação completa do fundo conforme o cadastro na CVM: BNP PARIBAS JUROS E MOEDAS FUNDO DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO

DEMONSTRAÇÃO ATUARIAL

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

Contabilidade Decifrada AFRFB 2009 II Benefícios a Empregados e Passivo Atuarial

CADERNO APOS Nº 1. PROCEDIMENTOS PARA ACOMPANHAMENTO DO DESEMPENHO DE SEU PLANO DA SISTEL Edição 2 (abril/15)

DEMONSTRAÇÃO ATUARIAL

Boletim. Contabilidade Internacional. Manual de Procedimentos

Confira as respostas às principais dúvidas sobre o PIDV PORTAL PETROS

Renda Vitalícia por Aposentadoria por SRB - INSS Benefício Definido Capitalização Crédito Unitário Projetado Invalidez (1)

Esta Cartilha vai ajudar você a entender melhor o Fundo Paraná de Previdência Multipatrocinada e o seu Plano de Benefícios ACPrev.

Elementos de Análise Financeira Matemática Financeira e Inflação Profa. Patricia Maria Bortolon

Análise e Resolução da prova do ISS-Cuiabá Disciplina: Matemática Financeira Professor: Custódio Nascimento

Transcrição:

TELEBRASPREV UMA CURIOSIDADE... Semana passada, no dia 22, estive reunido com participantes do plano de contribuição definida (CD) da Telebrás, a ex-empresa de telecomunicações do governo federal. O que importava para tais participantes daquela modalidade de plano misto ou híbrido, mas de CD era saber do atuário quanto poderiam receber sob a forma de distribuição de superávit do plano. Tal desejo, ou esperança advinha do fato de que a SISTEL, operadora do TelebrasPrev, estava apresentando - aos participantes do seu plano de benefícios definidos (BD), denominado PBS - proposta de distribuição do respectivo superávit, mas não oferecera nada aos participantes e assistidos do TelebrasPrev (plano de CD). Para garantir a respectiva participação na distribuição de superávit no plano de CD os representantes que compareceram à reunião em nosso escritório estavam dispostos a nos contratar por quantia que julgavam substancial. Munidos de DRAA s Demonstrativos de Resultados das Avaliações Atuariais, Demonstrativos de Investimentos e o que mais dispunham, inclusive, cálculos preliminares que haviam realizado e mos submetiam `à apreciação rápida durante nossa conversa com a certeza de receberem indicativo de que estavam certos em suas pretensões e talvez receber como resposta estimativas de números do patrimônio a lhes ser restituído, pelo plano de CD, superior às precárias simulações que haviam realizado.

Conhecedor da história da SISTEL e de seus planos de, ainda, antes da privataria do sistema de telecomunicações só conferi na internet a cartilha que fora distribuída na época da migração de participantes e assistidos do PBS, para o TelebrasPrev, e o respectivo regulamento do Plano de CD. A resposta a ser dada aos ansiosos aposentados era simples e óbvia, mas não para eles que já estavam aposentados recebendo benefício no plano de BD (PBS), quando aceitaram migrar para o TelebrasPrev (plano de CD). E já havia transcorrido praticamente sete (7) anos, uma vez que tal plano foi por eles aceito em 2000. Os cálculos de milhões que teriam direito de receber, segundo tratamento isonômico, em relação aos seus colegas que permaneceram no plano de benefícios definidos (BD), que esperavam receber da SISTEL lhes parecia devidamente fundamentado e de certa forma, até subavaliados. Por isso fui procurado, como atuário haveria de ajudálos a obter maior precisão nos valores e orientá-los quanto a forma de realizar suas expectativas. Ouvi os argumentos, atentei para os números que me apresentavam e não desejando fazê-los perder nosso precioso tempo o deles mais que o meu, porque como aposentados, e já idosos, digo, mais idosos que eu mesmo, o tempo, julgo que lhes seja de valor inestimável, pois é irrecuperável, e não seria justo o seu desperdício em conversa improdutiva, pelo menos para seus intentos. Logo que senti o ambiente propício para ser ouvido tratei de perguntar se me haviam trazido cópia do Regulamento do Plano TelebrasPrev, pois tal documento representava o contrato que estabelecia seus direitos e deveres da previdência complementar. A resposta foi negativa. Insisti que antes de voltarmos a falar em números e participação em distribuição de superávit se ativessem a estudar o que dispunha o contrato previdenciário, e que se necessário eu os ajudaria a interpretar adequadamente o que o Regulamento estabelecia.

Insistiram na tese de que a SISTEL estaria lhes negando um direito à superávit decorrente de excesso de rentabilidade do plano de CD, tal qual ocorria com o plano de BD, uma vez que não havia tratamento distinto na aplicação dos recursos de um e outro plano quanto aos investimentos de seus patrimônios, e mais que tal afirmação haviam recebido de empregados da área atuarial da operadora. Diante de afirmação tão incisiva quanto grave só me restou informá-los que não poderia ajudá-los, por dinheiro algum, porque a nada tinham direito, enquanto aposentados do plano de CD era o que dispunha o contrato que firmaram na migração, era o que estava inscrito e descrito no Regulamento do Plano TelebrasPrev. Mesmo tendo-se passado sete anos da migração aqueles participantes, originariamente aposentados no plano de BD, estavam satisfeitos no plano de CD que lhes proporcionara reajustes de benefícios anuais, desde 2000, superiores aos do plano PBS (BD) do qual saíram, mas não sabiam, ou não quiseram saber, sobre o mecanismo financeiro a que se sujeitaram ao aceitar a migração. Daí ainda raciocinarem, em parte como membros do antigo plano no que lhes poderia ser vantajoso, e também sob o aspecto positivo no que o plano de CD lhes havia proporcionado em termos de majoração de benefícios. Inicialmente, lhes expus a diferença características entre os planos de BD e CD. Descobriram assim que haviam trocado a segurança do plano de BD pela insegurança e riscos financeiros do plano de CD. Que no plano de BD o superávit existe e pode ser distribuído entre participantes e assistidos, e a respectiva patrocinadora, porque o plano é coletivista e há solidariedade e mutualismo entre seus integrantes a distribuição do superávit só ocorre depois de formada a respectiva reserva de contingência. Descobriram que no plano de CD não há déficit nem superávit há variação das quotas dos saldos de conta individual e que tal saldo é utilizado para o recálculo de seus benefícios a cada final de ano se houver ganhos nas aplicações o resultado positivo é incorporado ao benefício do próximo ano, se houver prejuízo ele também afetará o benefício reduzindo-o nos próximos 13 pagamentos (12 meses mais o décimo terceiro benefício).

O curioso é que se recordavam de três vantagens oferecidas para os que migrassem do plano de BD para o TelebrasPrev (hibrido, mistos, ou CD). Uma, a desvinculação do benefício do plano CD do benefício assemelhado pago pela previdência oficial; duas, a rentabilidade do plano poderia ser incorporada ao benefício, anualmente; três o benefício inicial dos aposentados que migrassem seria majorado em x% (se não me engano 20%) em relação ao que vinha sendo pago no PBS (plano BD). Nenhuma das vantagens era efetivamente do participante, todas beneficiavam somente a patrocinadora e a própria SISTEL enquanto operadora. Assim constata-se que a desvinculação do benefício de aposentadoria dos valores pagos pelo INSS implica no fim da complementaridade entre esses benefícios, e dessa forma desobriga patrocinadoras de cobertura de déficits, bem como de manutenção do valor real do benefício, nos termos do regulamento do plano de BD; duas, o risco financeiro das aplicações, faltou frisar, podem ser positivos e negativos quando positivos, os ganhos líquidos computados após a dedução das parcelas garantidoras dos benefícios de risco, inclusive os juros atuariais reais (6%a.a. mais inflação) poderão aumentar ou diminuir o benefício que vinha sendo pago porque lucros ou perdas serão transferidos integralmente às quotas individuais de cada participante ou assistido; três o aumento imediato do benefício foi realizado com reservas garantidoras do benefício do próprio participante e que integrava patrimônio o PBS, irregularmente, apropriado pelo novo plano, o TelebrasPrev. Mas ainda havia um detalhe que perturbava o grupo. Ficaram reticentes até que alguém criou coragem e falou que a SISTEL havia admitido ter incorrido em erro no cálculo da incorporação ao benefício, da lucratividade anual obtida, e que comunicara que estava corrigindo seu erro descontando os juros atuariais dos percentuais anualmente apurados. Isso quer dizer que a SISTEL passaria a descontar 6% do percentual de rentabilidade dos investimentos e aplicações do patrimônio do Plano TelebrasPrev antes de corrigir os benefícios das aposentadorias.

Entretanto a leitura mais detalhada do dispositivo que a SISTEL não vinha aplicando quando do repasse da rentabilidade anual, aos benefícios do plano TelebrasPrev, revela que aquela operadora ainda permanece em erro na operação do regulamento, ou contrato, do plano de CD em referência. Senão vejamos a referência ao final do artigo do regulamento, e que trata do reajustamento dos benefícios, a seguir reproduzido: No reajuste anual, de dezembro, será descontada a remuneração atuarial real, isso para o atuário significa dizer que da rentabilidade obtida pela variação percentual entre os valores das quotas consideradas haverão de ser deduzidos os valores da taxa de juros atuarial utilizada cujo máximo admitido pelas normas é de 6% ao ano acrescida da correspondente taxa de inflação do período, avaliada segundo o indexador admitido no Regulamento do plano de benefícios que pode ser o INPC, IPCA, ou outro claramente identificado no texto contratual. Levados à interpretação atuarial aquela redação do regulamento não exige que da rentabilidade anual do plano seja descontados os juros atuariais, mas também a inflação, ou seja, o reajuste anual só contemplará os valores positivos se a rentabilidade obtida for, em percentual, superior à inflação mais 6% no ano. Caso a rentabilidade das aplicações e investimentos seja inferior aquele percentual, o benefício será reduzido, ao invés de sofrer majoração. E a SISTEL, se está descontando somente os juros atuariais de 6% a.a. da rentabilidade apurada para o plano Telebrasprev, ainda assim, continua a operar aquele plano em desacordo com o respectivo regulamento, que exige, também, seja descontada cumulativamente da rendibilidade do plano a variação inflacionária anual.

Continua, insistimos em dizer, a SISTEL aplicando os percentuais incorretos ao reajuste de benefícios para os aposentados do Telebrasprev, majorando-os acima do pactuado na forma da redação regulamentar, ou contratual, adequadamente interpretada. E se justificam tais procedimentos e cautelas da redação inserida no dispositivo em tela pelo fato de ser o Telebrasprev um plano híbrido ou misto o qual tem por característica técnica a estruturação e o tratamento dos benefícios de risco (pensão e aposentadorias por invalidez, principalmente) na modalidade de plano de benefícios definidos (BD), e os benefícios de aposentadorias normais, antecipada e especial são tipicamente tratados como integrantes de um plano de contribuição definida. Nesse formato BD + CD a preferência do destino da lucratividade do plano misto é a parcela de BD, inclusive garantindo-lhe remuneração atuarial real (6% a.a. + inflação) em detrimento da incorporação da rentabilidade bruta aos saldos de contas, ou quotas da outra parte do plano misto: a parcela plano CD. Primeiro, nos planos mistos, trata-se de garantir os benefícios de risco e os seus fundos garantidores, e somente depois, se houver sobras na rentabilidade uma parte desta, chamada rentabilidade líquida, será distribuída entre as contas individuais segundo o critério de rateio proporcional aos respectivos saldo iniciais das aplicações ou investimentos. Depois de quase três horas de conversas a decepção daqueles aposentados era deprimente, pois já não se vislumbra procedimento técnico ou operacional que desfaça o erro já consolidado desde 2000. Provavelmente, do ponto de vista jurídico muito pode ser buscado, mas dificilmente haverá atuário que coloque a mão nesta cumbuca. Lamentar é o que lhes resta, além de permanecerem alertas quanto à administração do plano orando ao deus do dinheiro que lhes continue a sorrir com rentabilidades suficientes para que incorporem reajustamentos positivos em seus benefícios.

Além de tomarem conhecimento de que não tem direito à distribuição de superávit, porque plano de CD não gera déficit ou superávit atuarial, mas tão somente ganhos e perdas financeiras as quais são anualmente incorporadas às quotas individuais, os aposentados do Telebrasprev ficaram sabendo que seus reajustes poderão ser menores daqueles que até então vinham recebendo e, que se a SISTEL aplicar o Regulamento do Plano corretamente, eles não tem a quem ou do quê recorrer. Outra certeza que levaram consigo foi a de que a migração, no médio e longo prazos se revela não ter sido um bom negócio para si e seus familiares. E, essa experiência não é única, volta e meia aparecem situações semelhantes. São grupos que foram desamparados pelas suas associações e sindicatos durante os processos de migração e privatização do Sistema Telebrás, e que resumiram o abandono em que se encontram com a frase: está tudo dominado. E, essa afirmação calou fundo porque a justificaram: os sindicalistas hoje são governo, nas estatais ainda são patrão e sindicato a negociar entre eles próprios; e nos fundos de pensão são os administradores e conselheiros indicados pelas patrocinadoras, além de serem os representantes eleitos dos participantes e assistidos. O caminho da reorganização sindical e associativa é uma das alternativas a considerar, no curto e médio prazos, e a justiça é um instrumento de amparo que não deve ser desprezado ou negligenciado, apesar de todas as mazelas que lhe imputamos e, olha que algumas são verdadeiramente verdadeiras. De verdade! Clóvis Luís Marcolin - atuário marcolin@atuário.com.br Brasília, 27-01-2008