TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIAO APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032592-28.1999.404.7100/RS RELATORA : DES. FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH APELANTE : ADVOGADO APELADO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO DA 10 REGIÃO - CRA/RS : LUCIANE ARAUJO DO NASCIMENTO : ROSIMARY DE SOUZA VARGAS EMENTA TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHO PROFISSIONAL. ANUIDADE. ART. 174 DO CTN. PRESCRIÇÃO. SÚMULA 6 DO TRF2. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 46 DO TRF4. 1. Transcorridos mais de nove anos sem ter ocorrido a citação da parte executada, resta prescrita a pretensão de cobrança da exeqüente (art. 174, parágrafo único, I, do CTN, na redação vigente à época do ajuizamento do feito). 2. Inaplicabilidade da Súmula 6 do TRF2, circunscrita àquela Região. 3. A Súmula nº 46 deste Tribunal é compatível com a declaração da prescrição. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 23 de março de 2010. Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH Relatora Documento eletrônico assinado digitalmente por Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, Relatora, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3307166v2 e, se solicitado, do código CRC C16CA1EC. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: LUCIANE AMARAL CORREA MUNCH:55 4435C180 Data e Hora: 24/03/2010 15:38:21 APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032592-28.1999.404.7100/RS RELATORA : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH
APELANTE : ADVOGADO APELADO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO DA 10 REGIÃO - CRA/RS : Luciane Araujo do Nascimento : ROSIMARY DE SOUZA VARGAS RELATÓRIO Trata-se de apelação de sentença que reconheceu a prescrição e julgou extinto o processo, forte no art. 269, inc. IV, do CPC, julgando extinta a execução fiscal. Sem honorários, visto que não foi angularizada a lide. O Conselho, em suas razões recursais, insurge-se contra a decisão que indeferiu a expedição de ofício à Receita Federal. Alega que a prescrição não restou consumada. Menciona a aplicação das Súmulas nºs 6 do TRF da 2ª Região e 46 desta Corte. Sem contrarrazões, vieram os autos para julgamento. É o relatório. VOTO Da prescrição A sentença muito bem aborda a matéria ventilada, de sorte que adoto os seus fundamentos como razões de decidir, porquanto expressam meu entendimento a respeito. Passo a seguir a reproduzi-la: " Primeiramente, sinalo que o crédito em execução é tributário, conforme já decidido pelo STF (RTJ 85/701, 85/927, 92/352 e 93/1217), face à natureza de contribuição parafiscal das anuidades devidas aos Conselhos de Fiscalização Profissional (art. 21, 2º, I, da CF/69, e art. 149 da CF/88). Assim, se sujeita ao prazo prescricional quinquenal, seja pela incidência do Código Tributário Nacional a partir de 1º de janeiro de 1967 (art. 218 do CTN), seja em razão do princípio da continuidade no período entre a EC 08/77 e a promulgação da atual Constituição (adotado pela 1ª Seção do STJ no ERESP nº 146.213, relatado pelo Min. José Delgado e julgado em 06.12.99, DJ 28.02.00, pág. 33), seja em razão do regramento tributário da matéria na CF/88. Assentado o prazo prescricional aplicável na espécie, passo à análise da ocorrência ou não da prescrição no caso concreto, com base no art. 219, 5º, do CPC, na redação dada pela Lei 11.280/06, com vigência a partir de 18/08/06, o qual dispõe o seguinte: " 5º. O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição." In casu, trata-se de débito referente às anuidades de 1994 a 1999, com ajuizamento da ação em 16/12/1999, não tendo a parte executada sido localizada para citação até a presente data.
Em que pese a execução tenha sido ajuizada tempestivamente, a prescrição restou caracterizada no caso dos autos, visto que, até a presente data, a parte devedora não foi devidamente citada. E, no caso, a ausência de citação deveu-se exclusivamente à inércia do exequente, que não comprovou ter realizado qualquer diligência na tentativa de obter o endereço da executada, limitando-se a requerer a suspensão do processo (fl. 22), sendo que a ele compete instruir o processo executivo, não podendo tal ônus ser integralmente transferido ao Judiciário. Sobre a caracterização da prescrição no caso de inércia do exeqüente, transcrevo os seguintes precedentes: "EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - PRESCRIÇÃO. - De acordo com a jurisprudência da 1ª e 2ª Turmas do STJ, não efetivada a regular citação do contribuinte antes de transcorridos cinco anos da data da constituição definitiva do crédito tributário, por inércia do Estado exeqüente, a prescrição há de ser decretada." (TRF - 4ª Região, AC 200470090036811/PR, 2ª Turma, unânime, Rel. Des. Fed. Antônio Albino Ramos de Oliveira, julg. 10.05.05, DJU 29.06.05, p. 569) "EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHO PROFISSIONAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. ARTIGOS 174, DO CTN E 40, DA LEF. 1. A prescrição tributária, conforme art. 146 da CF/88, deve ter sua disciplina reservada à lei complementar, no caso, o Código Tributário Nacional. 2. Em que pese as disposições do artigo 40, da Lei de Execuções Fiscais acima transcrito, a falta de citação do devedor por mais de cinco anos (prazo dado pelo artigo 174, do CTN) do despacho que a ordenou devido à inércia do exeqüente, autoriza a extinção do feito executivo pelo reconhecimento da prescrição. 3. Honorários mantidos no valor fixado na sentença, qual seja, 10% sobre o valor atualizado da causa." (TRF - 4ª Região, AC 200071120018784/RS, 1ª Turma, unânime, Rel. Des. Fed. Álvaro Eduardo Junqueira, julg. 25.08.04, DJU 08.09.04, p. 388) Ainda, sobre a possibilidade de reconhecimento de ofício da prescrição nos executivos fiscais, face à nova redação do art. 219, 5º, do CPC: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. TRIBUTOS DECLARADOS E NÃO PAGOS. ART. 174 DO CTN. DECRETAÇÃO DE OFÍCIO. LEI Nº 10.522/02. DECRETO- LEI Nº 1.569/77. INDISPONIBILIDADE DOS CRÉDITOS PÚBLICOS. ARTS. 45 E 46 DA LEI Nº 8.212/91. 1. Cabível o reconhecimento de ofício, seja com base no art. 219, 5º, do CPC, seja porque a prescrição, em matéria tributária, atinge não apenas a ação como o próprio direito material, na medida em que extingue o crédito tributário. Art. 174 combinado com o art. 156, inciso V, ambos do CTN. 2. A norma introduzida na lei adjetiva, a autorizar a decretação da prescrição por iniciativa do juiz, é de índole processual e não material, aplicando-se, portanto, aos processos em curso. 3. Tendo decorrido mais de cinco anos, desde a data da constituição definitiva do crédito tributário, sem citação ou notícia de causa suspensiva ou interruptiva do prazo prescricional, opera-se a prescrição do crédito tributário. 4. Não fosse pela prescrição do crédito tributário, desde a sua constituição definitiva, tendo decorrido lapso temporal superior a cinco anos, sem impulsionamento válido da execução pelo credor, está, também, configurada a prescrição intercorrente (art. 174 do CTN e 4º do art. 40 da LEF). ). 5. O disposto no art. 20 da Lei nº 10.522/02, na redação dada pela Lei nº 11.033/04, que prevê o arquivamento do feito sem baixa na distribuição, em face do valor do débito, não obsta a fluência da prescrição. 6. É inconstitucional o parágrafo único do art. 5º do Decreto-lei nº 1.569/77, que contempla hipótese de suspensão do prazo prescricional sem correspondente na legislação complementar. (Argüição de Inconstitucionalidade na AC nº 2002.71.11.002402-4/RS). 7. O princípio da
indisponibilidade dos créditos públicos cede lugar, in casu, aos princípios da economia, utilidade e efetividade da prestação jurisdicional. 8. São inconstitucionais os arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212, por disciplinarem matéria reservada à lei complementar, aplicando-se à contribuição destinada à Seguridade Social o prazo prescricional de cinco anos previsto nos arts. 173 e 174, do CTN. (Argüições de Inconstitucionalidade nos AI nºs 2000.04.01.092228-3/PR e 2004.04.01.026097-8/RS). (TRF4, AC 1999.71.12.004768-8, Primeira Turma, Relator Roger Raupp Rios, D.E. 08/07/2008) De fato, tenho que a expedição de ofícios pelo Judiciário a órgãos públicos na busca de informações sobre o endereço do executado ou à Receita Federal é medida excepcional, determinada somente após comprovadas as diligências inexitosas por parte da exeqüente, o que não ocorreu no caso em tela. Com efeito, compete ao exequente instrumentalizar o processo executivo, não se justificando que o credor transfira integralmente ao Judiciário o ônus de localizar o devedor. Ademais, observo que o credor não esgotou os meios possíveis de obtenção de informações acerca do paradeiro do devedor, porquanto poderia ter diligenciado junto à JUCERGS, Companhia de Saneamento, Cartórios de Protestos de Títulos, órgãos de proteção ao crédito, entre outros. No caso, inaplicável a Súmula 6 do TRF 2ª Região. pois restrita às execuções fiscais ajuizadas na Justiça Federal no âmbito de sua jurisdição. Alega a apelante que a Súmula nº 46 do TRF da 4ª Região obsta o reconhecimento da prescrição quando o devedor não for encontrado ou não houver bens penhoráveis. Nesse ponto, vale transcrever o seguinte julgado desta Corte: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ANUIDADE DE CONSELHO PROFISSIONAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE CARACTERIZADA. ART. 174 CTN. 4º DO ART. 40 DA LEF. SÚMULA 46 DO TRF4. (...) 3. O disposto na súmula 46 deste Regional ("É incabível a extinção do processo de execução fiscal pela falta de localização do devedor ou inexistência de bens penhoráveis (art. 40 da Lei nº 6830/80)"), não obsta ao reconhecimento da prescrição intercorrente, nem encerra preceito absoluto, demandando, ao contrário, interpretação sistemática. (AC 1992.71.00.018542-0/RS, Relatora Juíza Taís Schilling Ferraz, Primeira Turma, DJ 27.11.2007). Com efeito, a Súmula nº 46 deste Tribunal é compatível com a declaração da prescrição. Em que pese não ser possível a extinção do feito ante a não localização do devedor ou de seus bens, isoladamente considerada, o direito à cobrança permanece sujeito ao prazo prescricional. Portanto, transcorridos mais de nove anos desde o ajuizamento da ação, em 16-12- 1999 e não citada a executada, resta prescrita a pretensão de cobrança da exequente, consoante o teor do art. 174, parágrafo único, I, do CTN, na redação vigente à época do ajuizamento do feito. Com base no exposto, mantenho a sentença do Juízo a quo, para julgar extinta a execução, quanto à cobrança dos créditos, diante do reconhecimento da prescrição.
Prequestionamento Saliento, por fim, que o enfrentamento das questões apontadas em grau de recurso, bem como a análise da legislação aplicável, são suficientes para prequestionar junto às instâncias superiores os dispositivos que as embasam. Deixo de aplicar os dispositivos legais tidos como aptos a obter pronunciamento jurisdicional diverso do que até aqui foi declinado. Dessa forma, evita-se a necessidade de oposição de embargos de declaração tão-somente para esse fim, o que evidenciaria finalidade procrastinatória do recurso, passível de cominação de multa (artigo 538 do CPC). Dispositivo Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH Relatora Documento eletrônico assinado digitalmente por Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH, Relatora, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3307165v4 e, se solicitado, do código CRC 275C4655. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: LUCIANE AMARAL CORREA MUNCH:55 4435C180 Data e Hora: 24/03/2010 15:38:18 EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 23/03/2010 APELAÇÃO CÍVEL Nº 0032592-28.1999.404.7100/RS ORIGEM: RS 199971000325922 RELATOR : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH PRESIDENTE : LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH PROCURADOR : Dr(a) JANUÁRIO PALUDO APELANTE : ADVOGADO APELADO CONSELHO REGIONAL DE ADMINISTRACAO DA 10 REGIÃO - CRA/RS : Luciane Araujo do Nascimento : ROSIMARY DE SOUZA VARGAS Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 23/03/2010, na seqüência 37, disponibilizada no DE de 15/03/2010, da qual foi intimado(a) o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, a DEFENSORIA PÚBLICA e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS. Certifico que o(a) 2ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO. RELATOR ACÓRDÃO VOTANTE(S) : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH : Juiza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA : Des. Federal OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA Diretora de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente por MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA, Diretora de Secretaria, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP- Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3370138v1 e, se solicitado, do código CRC 12936282. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): Nº de Série do Certificado: MARIA CECILIA DRESCH DA SILVEIRA:10657 44363483 Data e Hora: 24/03/2010 13:07:57