MOBILIDADE E DIREITO À CIDADE. Movimento Passe Livre Florianópolis

Documentos relacionados
II ENCUENTRO INTERNACIONAL INCLUSIÓN SOCIAL EN LOS METROS LA INCLUSIÓN SOCIAL EM SISTEMAS DE TRANSPORTE LA EXPERIENCIA BRASILEÑA

Transporte como Direito Social

Mobilidade urbana: tendências e desafios Apresentador: Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho Pesquisador do IPEA.

CARACTERIZAÇÃO BÁSICA DOS MEIOS DE TRANSPORTE MAIS UTILIZADOS NA CIDADE DE BOTUCATU EM 2017

Mobilidade Urbana Contemporânea

Plano de Mobilidade Urbana de Cáceres

Mobilidade Urbana no Brasil

Transporte Urbano e Inclusão Social: elementos para políticas públicas

Universidade Presbiteriana Mackenzie Escola de Engenharia Depto. de Engenharia Civil 1 0 semestre de Aula 22.

Universidade Presbiteriana Mackenzie Escola de Engenharia Depto. de Engenharia Civil 1 0 semestre de Aula 13.

NOTA TÉCNICA. Tarifação e financiamento do transporte público urbano. Evento: Apresentador: Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho Pesquisador do IPEA.

para uma cidade melhor

PESQUISA DE MOBILIDADE URBANA

Romulo Orrico 18 de Noviembre de 2016 Buenos Aires

ATUALIDADE S. Prof. Roberto. Um desafio ATUAL.

NOTA TÉCNICA. Tarifação e financiamento do transporte público urbano. Apresentador: Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho Pesquisador do IPEA.

A A Pesquisa Origem e Destino O O se recupera frente ao O O por segmentos da população O O ao longo do dia O O por motivos de viagem O O por regiões d

CON O QU Q IS I TA T S EXPECTATIVAS

Como estaremos daqui a 25 anos? Estudo de Mobilidade Urbana Plano Diretor Regional de Mobilidade. Seminário SINAENCO / SC

PROJETO DE PASSE LIVRE EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

MARCO LEGAL Prof. Dr. Evaldo Ferreira. Coordenador PMUC

Concessão do Serviço de Transporte Coletivo Público. Município de Campinas

RECURSOS E FONTES ALTERNATIVAS PARA O TRANSPORTE PÚBLICO SÔBRE TRILHOS

MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL O DESAFIO DAS CIDADES BRASILEIRAS

2ª Conferência Transporte Sustentable y Calidad del Aire / Rosario

USO DO SOLO E ADENSAMENTO AO LONGO DOS CORREDORES DE TRANSPORTE DE BELO HORIZONTE

CARACTERIZAÇÃO BÁSICA DOS MEIOS DE TRANSPORTE MAIS UTILIZADOS NA CIDADE DE BOTUCATU

Plano de Mobilidade Urbana de Cáceres

MSC. CRISTINA BADDINI

01- Dê um exemplo de cada modal de transporte abaixo: a) Aquaviário: b) Ferroviário: c) Rodoviário: d) Aéreo: R.:

AVALIAÇÃO DE GEOGRAFIA I

Curso de Gestão de Mobilidade Urbana Ensaio Crítico Turma 18 Transporte Público coletivo como prioridade

BRUNO BATISTA. Diretor Executivo da CNT

Transporte Coletivo: Chegando mais rápido ao futuro. Repensar Mobilidade em Transporte Coletivo

VII ENCONTRO BIENAL DE LOGÍSTICA E CADEIAS DE VALOR E SUPRIMENTOS MACKENZIE

Mobilidade Urbana: tendências e desafios Apresentador: Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho Pesquisador do IPEA.

LAR DA MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO MUNDIAL; PALCO DOS MAIORES CONFLITOS SOCIAIS; NECESSIDADE DE COMPREENDER, ANTEVER, PLANEJAR

Transporte público à beira do colapso

Portfólio da Odebrecht TransPort

IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA: PLANOS DE MOBILIDADE URBANA

São Paulo 27 DE AGOSTO DE 2009

OS TRILHOS E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DAS CIDADES. Como a ANPTrilhos vê esta questão fundamental?

Sistema BRT e Metrô para Porto Alegre: evolução para uma rede estrutural integrada multimodal de transporte urbano e metropolitano.

ACESSIBILIDADE E MOBILIDADE URBANA

Curitiba metropolitana : entre transformações e permanências

O impacto da integração tarifária na mobilidade urbana da RMSP. Lucas Alonso 21ª AEAMESP SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA

Plano de Mobilidade Urbana de Cáceres

Seminário Regional Sudeste da Lei / 2012 Mobilidade Urbana. 29 de novembro de 2012

Diego Mateus da Silva Coordenador de Gestão da Demanda por Viagens, ITDP Brasil. Conceitos e Estratégias de Gestão da Demanda por Viagens (GDV)

MOBILIDADE E SISTEMAS DE TRANSPORTES

RIO: UMA CIDADE MAIS INTEGRADA 1

Sustentável em Metrópoles

01- Caracterize os setores da economia brasileira: a) Setor Primário. b) Setor Secundário. c) Setor Terciário

Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais DIRUR

A cidade do futuro. Marcus Quintella

PLANO MUNICIPAL DE MOBILIDADE URBANA DE VOTORANTIM / SP

Investimentos em Metrô

SuperVia Concessionária de Transporte Ferroviário S.A. SUPERVIA

PORQUE PRIORIZAR PROJETOS

objetivos solução no curto prazo solução no longo prazo Revisão do Plano Diretor e dos instrumentos Instrumentos urnabíticos comomeios de fiscalização

A Regulação da Mobilidade Urbana. Mobilidade Urbana Desafios e Perspectivas para as Cidades Brasileiras Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2014

Seminário Os Desafios da Mobilidade Urbana

FINANCIAMENTO DO TPU VIA TAXAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS

18ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA O CASO DO BILHETE ÚNICO NO METRÔ DE SÃO PAULO

Oficina Regional do PDUI/RMRJ

ESPAÇO URBANO MOBILIDADE PRIORIDADE PARA O TRANSPORTE COLETIVO

A ELABORAÇÃO DE PLANOS DE MOBILIDADE URBANA. RENATO BOARETO 15 de outubro de 2013

Seminário Mobilidade Urbana IBRE- FGV 9 de novembro de 2014 Região Metropolitana de Salvador

I N T R O D U Ç Ã O ESTUDO SÓCIO-ECONÔMICO

Job Setembro / 2015

INTRODUÇÃO. Para Vargas (2008), mobilidade urbana é:

MOBILIDADE URBANA. Prof. Coca Ferraz - USP

MALHA DE METRÔS E TRENS DE PASSAGEIROS PRECISA CRESCER 80%

Painel 3 Tarifas, financiamento e sustentabilidade do setor

Sistema de Informações da Mobilidade Urbana. Relatório Comparativo Setembro de 2010

Eixo 3 Democratização do território e Inclusão Social

PLANO REGIONAL DE MOBILIDADE - PLANMOB ALTO VALE

MOBILIDADE URBANA NO BRASIL: DESAFIOS E SOLUÇÕES DEPUTADO FEDERAL JORGE CÔRTE REAL NOVEMBRO/2013

O Investimento em Mobilidade Urbana no Brasil e o seu Financiamento

URBANTEC BRASIL. Smart solutions for better cities. Um produto do WRI Ross Center for Sustainable Cities

ב MOBILIDADE EM METRÓPOLES

TRANSPORTE PÚBLICO URBANO: ESTUDO DE MOBILIDADE SOBRE FEIRA DE SANTANA

Saulo Pereira Vieira Secretaria dos Transportes Metropolitanos

A CONSTRUÇÃO CONTEMPORÂNEA DO ESPAÇO DA DESIGUALDADE

Política Nacional de Mobilidade Urbana

Inconsistência na estrutura de transporte público das cidades brasileiras

Relatório da sessão Sistemas urbanos e regionais sustentáveis. 1. Introdução

Bilhete Único em Campinas

VISÕES DE FUTURO mobilidade urbana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Mobilidade Urbana. Opinião do consumidor Área de Estudos Econômicos

Estudo temático para os 9º anos. Redação 2

CENÁRIO DO TRANSPORTE COLETIVO URBANO

PROFESSORES ELABORADORES: FRANZÉ PEREIRA E HUMBERTO CASSIANO

Planos de Mobilidade: princípios e desafios

Plano de Mobilidade e desafios da Lei da Mobilidade Urbana para os Municípios

Planejamento Urbano e Mobilidade

Lógica do sistema de informação da mobilidade

Secretaria do Desenvolvimento Urbano. Ações SEDU/PARANACIDADE Mobilidade Urbana no Estado do Paraná

FICHA DE INSCRIÇÃO A BOLSA DE ESTUDOS (Obs.: favor escrever com letra legível)

Transcrição:

MOBILIDADE E DIREITO À CIDADE Movimento Passe Livre Florianópolis

O QUE É MOBILIDADE URBANA? A Mobilidade Urbana é definida como a capacidade/condições de deslocamento de bens e pessoas pelo espaço urbano e atua como elemento transversal ao funcionamento das cidades. Isso se dá das mais variadas formas e através de distintos modais.

O MODELO DE MOBILIDADE ATUAL SE RELACIONA COM O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO! Como sabemos, o século XX foi marcado por um intenso processo de urbanização, deslocando grandes contingentes populacionais do campo para a cidade. Processo esse marcado pela desigualdade e pela segregação.

O processo de urbanização capitalista brasileiro foi nomeado pelo geógrafo Milton Santos de Urbanização Corporativa:

(...) a urbanização corporativa, isto é, empreendida sob o comando dos interesses das grandes firmas, constitui um receptáculo das consequências de uma expansão capitalista devorante dos recursos públicos, uma vez que esses são orientados para os investimentos econômicos, em detrimento dos gastos sociais.

as cidades, e sobretudo as grandes, ocupam, de modo geral, vastas superfícies entremeadas de vazios. Nessas cidades espraiadas, características de uma urbanização corporativa, há interdependência do que podemos chamar de categoriais espaciais relevantes desta época: tamanho urbano, modelo rodoviário, carência de infra-estruturas, especulação fundiária e imobiliária, problemas de transporte, extroversão e periferização da população, gerando, graças às dimensões da pobreza e seu componente geográfico, um modelo específico de centro-periferia.

O modelo rodoviário urbano é fator de crescimento disperso e de espraiamento da cidade. ( ) As carências em serviços alimentam a especulação, pela valorização diferencial das diversas frações do território urbano. A organização dos transportes obedece a essa lógica e torna ainda mais pobre os que devem viver longe dos centros, não apenas porque devem pagar caro seus deslocamentos como porque os serviços e bens são mais dispendiosos nas periferias. E isso fortalece os centros em detrimento das periferias, num verdadeiro círculo vicioso.

Dessa forma, a cidade espraiada é, ao mesmo tempo, causa e efeito da especulação, e a organização do transporte e da mobilidade nas cidades obedece a essa lógica de segregação e desigualdade sócio-espacial.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA?

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA?

COMO SE ORIENTAM OS INVESTIMENTOS PÚBLICOS?

COMO SE ORIENTAM OS INVESTIMENTOS PÚBLICOS?

DESIGUALDADE?

SEGREGAÇÃO? (Florianópolis)

SEGREGAÇÃO? (São Paulo)

DIREITO À CIDADE Conforme Henry Lefvbre, o direito à cidade se manifesta como forma superior dos direitos: direito à liberdade, à individualização na socialização, ao habitat e ao habitar. O direito à obra (à atividade participante) e o direito à apropriação (bem distinto do direito à propriedade) estão implicados no direito à cidade. Sem mobilidade, o direito à cidade, que pode ser entendido como direito à vida urbana não pode ser concretizado.

DIREITO À CIDADE O funcionamento da cidade capitalista transforma seletivamente os lugares, tornando certos pontos mais acessíveis e dotados de recursos, com a implantação diferencial dos serviços coletivos.

DIREITO À CIDADE Esta forma de organização sócio-espacial das cidades torna os deslocamentos dentro do espaço urbano um imperativo social, uma vez que os bens e serviços concentram-se em determinadas áreas.

DIREITO À CIDADE Só possui direito à cidade, aquele que pode acessar livremente os produtos sociais nela ofertados, circulando livremente por seu espaço. O sistema de transportes não serve a estes interesses, mas apenas ao do funcionamento estritamente econômico da cidade, em detrimento do interesse da população e do desenvolvimento social.

RESULTADO:

Assim, nossas cidades produzem e reproduzem a desigualdade e a segregação continuamente, agravada pela ausência de equipamentos e serviços públicos nas periferias.

DIREITO? CAPÍTULO II DOS DIREITOS SOCIAIS Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)

Crise da Mobilidade Urbana Dados do SIPS-Mobilidade Urbana (IPEA 2010): *Motivos para a desistência de ir a algum lugar ou necessidade de usar outro meio de transporte em % (Brasil): Por falta de dinheiro para pagar (28,91%); Por ausência de transporte (35,30%); Por falta de linha no horário necessário (36,52%). Entre as camadas que recebem 1-3 SMs: 38% Entre as camadas que recebem > 10 SMs: 0%

Crise da Mobilidade Urbana Segundo o IPEA, ( ) quanto mais alto o nível de escolaridade, mais o meio de transporte carro é utilizado. Mais da metade das pessoas com nível superior completo ou incompleto e com pós-graduação, 52,4%, utilizam esse transporte, e pouco menos de 30% utilizam o transporte público. Quase 50% das pessoas com até a quarta série do primeiro grau utilizam o transporte público e apenas 13,6% usam carro.

Crise da Mobilidade Urbana Segundo o relatório Desoneração dos custos das tarifas do transporte público urbano e de característica urbana, produzido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos: Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) confirmam que mais de 37 milhões de brasileiros não podem utilizar o transporte público de forma regular, por absoluta impossibilidade de pagar a tarifa, o que vem afrontar um dos direitos básicos da Carta Magna, ou seja, o direito de ir e vir.

Crise da Mobilidade Urbana "O gênero interfere na mobilidade, na medida em que a divisão de tarefas entre os sexos implica em padrões diferentes de deslocamento. (...) Os dados da RMC [Região Metropolitana de Campinas] confirmam este comportamento. Os homens realizam 52,0% das viagens, enquanto a mulheres fazem 48,0% das viagens. A mobilidade masculina é, portanto, 4,0% maior que a feminina."

Crise da Mobilidade Urbana "O uso do transporte motorizado [na Região Metropolitana de Campinas] se verifica 54,4% para o gênero masculino, contra 45,6% para o feminino e, em relação ao transporte não motorizado, 45,7% contra 54,3%, respectivamente."

Crise da Mobilidade Urbana "A imobilidade representa a não realização de deslocamentos fora de casa, ou seja, a falta de utilização da infraestrutura física e dos meios de transporte pelas pessoas. No caso da RMC [Região Metropolitana de Campinas], 807.071 pessoas não realizaram viagens no dia anterior à pesquisa, o que corresponde a um índice de imobilidade geral de 29,3%. À semelhança da mobilidade, a imobilidade também varia conforme o gênero. Pode-se observar que a imobilidade é maior entre as mulheres (34,5%) do que entre os homens (23,8%)."

Crise da Mobilidade Urbana "O índice de mobilidade masculina é maior que o índice feminino, considerando as viagens totais. (...) Em 2007, o índice masculino é de 2,07 viagens totais por pessoa e o feminino, de 1,85. Considerando o índice de mobilidade por modo coletivo, em 2007, os gêneros se igualam, com 0,71 viagens por pessoa. O índice de mobilidade masculina por modo individual é maior que o índice feminino, sendo de 0,77 e de 0,44, respectivamente, em 2007. O índice de mobilidade feminino é maior que o índice masculino, para o modo nãomotorizado. No decênio 1997/2007, o índice masculino passa de 0,64 para 0,62 viagens não-motorizadas por pessoa, enquanto que o índice feminino aumenta, passando de 0,67 para 0,70 viagens por pessoa." [Região Metropolitana de SP]

A MOBILIDADE URBANA NO BRASIL Estudo do IPEA (2011), integrante do livro Infraestrutura social e urbana no Brasil: subsídios para uma agenda de pesquisa e formulação de políticas públicas.

Em Florianópolis...

Em Florianópolis... De todas as Regiões Metropolitanas do Brasil de que se possuem dados, a Região Metropolitana de Florianópolis é a que possui a maior participação do uso do automóvel para a realização das viagens. De todos os deslocamentos realizados na região, 48% são feitos de carro ou moto, 26% são realizados de ônibus, e 26% a pé ou de bicicleta. (PLAMUS)

CRISE DA MOBILIDADE URBANA o modelo de financiamento do TPU baseado exclusivamente, ou em grande medida, na receita tarifária apresenta algumas distorções. Uma delas está relacionada à perda de demanda pagante no sistema devido ao aumento do custo da passagem. Quando esse fato ocorre, e na última década no Brasil verificou-se esse movimento em função do avanço do transporte individual, o nível da tarifa torna-se cada vez mais alto para compensar a diminuição do número de tarifas pagas, o que induz novas perdas de demanda, retroalimentando o ciclo-vicioso que se forma em função da dependência das camadas mais carentes da população em relação ao TPU e sua baixa capacidade de pagamento.

O SISTEMA DE CONCESSÃO - Privatização do serviço (público) de transporte. - Ausência de gestão pública sobre a prestação do serviço e controle dos custos e da arrecadação do sistema.

O SISTEMA DE CONCESSÃO A falta de políticas públicas de priorização do transporte coletivo na Grande Florianópolis se reflete na precariedade do serviço prestado à população. Segundo a pesquisa de imagem sobre deslocamentos por transporte público, realizada pelo PLAMUS, 80% dos entrevistados apontaram o tempo de viagem, espera, regularidade e conforto como ruim e regular, e 70% reclamaram da falta de informações e da pontualidade; a nota média dada ao serviço de transporte público, numa escala de 0 a 10, foi de 2,1. Outro aspecto importante a ser apontado é o fato do tempo médio de viagem de transporte público ser quase o dobro do transporte privado.

O SISTEMA DE CONCESSÃO Tempo médio de viagem: 33,9 minutos Transporte privado: 31,2 minutos Transporte público: 57,6 minutos

O SISTEMA DE CONCESSÃO

O SISTEMA DE CONCESSÃO

INTEGRAÇÃO METROPOLITANA Florianópolis é, sem dúvida, a cidade polo da região nos diversos aspectos analisados (demografia, economia, educação, saúde, frota de veículos), o que reflete diretamente na dinâmica de mobilidade da região, caracterizada fundamentalmente por movimentos pendulares entre a ilha e o continente.

INTEGRAÇÃO METROPOLITANA A concentração da oferta de empregos e equipamentos urbanos, bem como dos investimentos públicos e privados, em Florianópolis, torna a cidade um polo atrator de viagens, tornando o acesso ao transporte uma condição básica aos moradores dos demais municípios da região para a fruição do direito à cidade. Dado o grau de integração e conurbação presentes na rede metropolitana da Grande Florianópolis, é imprescindível que os problemas de mobilidade da região sejam pensados de forma integrada, devido à dimensão metropolitana da mobilidade nestas condições.

INTEGRAÇÃO METROPOLITANA

TARIFA ZERO? Tarifa zero é o meio mais prático e efetivo de assegurar o direito de ir e vir de toda população nas cidades. Essa idéia tem como fundamento o entendimento de que o transporte é um serviço público essencial, direito fundamental que assegura o acesso das pessoas aos demais direitos como, por exemplo, a saúde e a educação.

TARIFA ZERO? a mobilidade e os transportes são questões políticas, uma vez estabelecidas as diretrizes e meios para realizá-las, as técnicas e as tecnologias serão postas a seu serviço para concretizá-las

TARIFA ZERO? Para que a qualidade do transporte coletivo seja superior à capacidade de pagamento dos seus usuários, é preciso separar o custo do sistema, do preço (ou seja, da tarifa) cobrado. Pois, enquanto os custos do sistema de transporte coletivo forem financiados apenas por seus usuários, a qualidade do serviço corresponderá à tarifa cobrada, de modo que um sistema eficiente e de boa qualidade necessitará de elevadas tarifas, impedindo a população mais pobre de utilizá-lo.

TARIFA ZERO?

TARIFA ZERO?

TARIFA ZERO?

TARIFA ZERO? Custo mensal do sistema: R$ 14.038.411,61 Subsídio mensal ao sistema: R$ 1.886.810,52 Custo Subsídio = R$ 12.151.601,09 Custo adicional anual da Tarifa Zero: R$ 145.819.213,08

TARIFA ZERO? Custo anual do Sistema: R$ 168.460.939,32 Previsão Orçamentária 2016: R$ 2.800.000.000 O custo anual do sistema corresponde a 6,01% do orçamento municipal 2016.

TARIFA ZERO? Custo anual do Sistema: R$ 168.460.939,32 Custo anual - Subsídio: R$ 145.819.213,08 Repasse IPVA 2014: R$ 52.675.373,82 R$ 52.675.373,82 / R$ 145.819.213,08 = 0,3612 Repasse do IPVA 2014 equivale a 36% das receitas adicionais para aplicação da TZ

TARIFA ZERO? Valor do IPTU lançado para 2015: R$ 300 milhões R$ 145.819.213,08 / R$ 300.000.000,00 = 0,4860 Um incremento da ordem de 48% na arrecadação do IPTU é suficiente para a aplicação da TZ

TARIFA ZERO? Isso existe em algum lugar? A tarifa zero para o transporte coletivo, uma das bandeiras levantadas pelos manifestantes que protestam contra o aumento da passagem em São Paulo, já é uma realidade em cidades do interior do Brasil. Os municípios de Porto Real, no Rio de Janeiro, Ivaiporã, no Paraná, e Agudos, em São Paulo, oferecem a gratuidade do transporte. (Estado de SP) (Posteriormente foi aplicada também em Maricá/RJ, cidade com 143 mil habitantes, cerca de 31% do tamanho da população de Florianópolis.

TARIFA ZERO? A Tarifa Zero no mundo: Tallin (Estônia): 400 mil habitantes Baltimore (EUA): 600 mil habitantes Hasselt (Bélgica): 74 mil habitantes (implementou a TZ em 1997, em 2006 o uso do transporte público havia crescido 1319%)

TARIFA ZERO - Socialmente mais justa e economicamente mais eficiente. - Impactos na área da saúde (redução dos acidentes de trânsito e da poluição, diminuindo o número de atendimentos por doenças respiratórias). - Democratizar o acesso à cidade (direito à cidade). - Repartir os custos do transporte entre todos que dele se beneficiam. - Dinamiza a economia (mais renda para os usuários consumirem outros produtos, aquecendo o comércio local). - Transporte público, gratuito e de qualidade.

A cidade, onde tantas necessidades emergentes não podem ter resposta, está desse modo fadada a ser tanto o teatro de conflitos crescentes como o lugar geográfico e político da possibilidade de soluções. (Milton Santos)