ASPECTOS DA ICTIOFAUNA DAS BACIAS DO ALTO PARANÁ (Rio Paranaíba e rio Grande)

ASPECTOS DA ICTIOFAUNA DAS BACIAS DO ALTO PARANÁ (Rio Paranaíba e rio Grande) Gilmar B. Santos PPG - Zoologia de Vertebrados PUCMinas email: gilmarsantos4@hotmail.com

Minas Gerais 15 bacias hidrográficas 400 sp de peixes 12 % do total estimado para o Brasil. 63 sp introduzidas Workshop Prioridades para a conservação da Biodiversidade em MG 1998 e 2003. Principais ameaças: Poluição, assoreamento, desmatamento, mineração, introdução de spp, construção e operação de hidrelétricas.

Minas Gerais Área: 586.528,3 km 2 Pardo São Francisco Jequitinhonha Mucuri Alto Paraná Doce Paraíba do Sul

Rio Grande 12 reservatórios Extensão: 1.390 km Bacia de drenagem: 143.000 km 2 Seqüência de reservatórios em cascata no rio Grande (distâncias horizontais representam quilômetros). Fonte: CEMIG

Bacia do rio Paranaíba + 6 reservatórios com área > 10km 2 Rio Araguari: Corumbá, Amador Aguiar I e II, Miranda, Nova Ponte Rio Corumbá: Corumbá Rio São Marcos: Serra do Facão

3.0 Média Desv. Padrão Valores médio os do índice de Shannon (H') 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 0.0 Reservatórios FU1 FU2 FU3 MA1 MA3 IT1 IT2 Furnas Marimbondo Itumbiara Valores médios de diversidade da ictiofauna obtidos através do índice de Shannon para as regiões dos reservatórios de Furnas e Marimbondo, no rio Grande e Itumbiara, no rio Paranaíba (1= lacustre; 2= intermediária; 3= fluvial). Para cada reservatório foram obtidas diferenças significativas entre a região lacustre e as demais (P< 0,05). Fonte: Santos (1999).

Marina L. Fonseca UHE Nova Ponte Localização: Nova Ponte (MG) Rio: Rio Araguari Início de Operação: 1994 Potência declarada: 510 MW

Marina L. Fonseca UHE Nova Ponte 30 espécies capturadas 5 introduzidas: - C. piquiti - P. nattereri - M. costae - O. niloticus - T. rendalii Outros H. malabaricus L. friderici P. nattereri A. altiparanae C. piquiti G. knerii S. nasutus A. fasciatus P. maculatus I. labrosus 0 10 20 30 40 CPUEn (%)

UHE Furnas www.furnas.com.br Área: 1522 km 2 Depleção: 18 m Profundidade média: 15,4 m Tempo de residência: 284 dias Início do represamento: 1962 Potência total gerada: 1.216 MW www.furnas.com.br UHE Marimbondo Área: 459 km 2 Depleção: 20 m Profundidade média: 14,0 m Tempo de residência: 39 dias Início do represamento: 1975 Potência total gerada: 1.440 MW

Pesca experimental - Furnas 53 espécies 1996 a 2005 Das 8 espécies mais abundantes em número: 5 dificilmente excedem os 10,0 cm de CP: Apareiodon affinis Astyanax fasciatus Leporinus striatus Steindachnerina insculpta Astyanax altiparanae 2 não ultrapassam os 30,0 cm de CP: Iheringichthys labrosus Galeocharax knerii 1 é de grande porte (> 30 cm CP): Pimelodus maculatus

Pesca experimental - Marimbondo 55 espécies 1996 a 2008 Das 9 espécies mais abundantes em número: 3 dificilmente excedem os 10,0 cm de CP: Steidachnerina insculpta Moenkhausia intermedia Astyanax altiparanae 2 não ultrapassam os 30,0 cm de CP: Satanoperca pappaterra Metynnis lippincottianus 4 são de grande porte (> 30 cm de CP): Pimelodus maculatus Plagioscion squamosissimus Serrasalmus maculatus Leporinus friderici

UHE Furnas 1994 OTHER; 21% AF; 28% SI; 12% IL; 15% AAF; 12% GK; 13% UHE Marimbondo 1994 OTHER; 17% MI; 5% PS; 47% AA; 8% Capturas percentuais em número (CPUEn) para as espécies de peixes dos reservatórios de Furnas e Marimbondo, durante os anos de 1992-1994. (AA= A. altiparanae; AF= A. fasciatus; AAF= A. affinis; GK= G. knerii; IL= I. labrosus; MI= M. intermedia; PM= P. maculatus; SI= S. insculpta; PS= P. squamosissimus). Fonte: Santos, 1999. SI; 10% PM; 14% CPUEn (%)

UHE Furnas 2005 IL; 19,9% OTHER; 17,2% AA; 5,0% AAF; 15,0% GK; 13,2% OTHER; 46,3% PM; 14,9% AF; 14,8% UHE Marimbondo 2005 PM; 12,9% PS; 11,5% SM; 8,9% AA; 7,6% Capturas percentuais em número (CPUEn) para as espécies de peixes dos reservatórios de Furnas e Marimbondo, durante o ano de 2005. (AA= A. altiparanae; AF= A. fasciatus; AAF= A. affinis; GK= G. knerii; IL= I. labrosus; LF= L. friderici; PM= P. maculatus; SI= S. insculpta; SM= S. maculatus; PS= P. squamosissimus). Fonte: Santos & Formagio, dados não publicados. SI; 6,0% LF; 6,8% CPUEn (%)

Fonte: Alves, C. B. M.; Vieira, F.; Magalhães, A. L. B. & Brito, M. F. G. Present situation and prospects of the impacts of non-native fish species in Minas Gerais, Brazil. In: Theresa M. Bert (ed.). 2008. Ecological and Genetic Implications of Aquaculture Activities.

Fonte: Alves, C. B. M.; Vieira, F.; Magalhães, A. L. B. & Brito, M. F. G. Present situation and prospects of the impacts of non-native fish species in Minas Gerais, Brazil. In: Theresa M. Bert (ed.). 2008. Ecological and Genetic Implications of Aquaculture Activities.

UHE Itumbiara www.furnas.com.br Área: 778 km² Altura da barragem: 110m Volume total: 17.030 bilhões de m 3 Início de operação: 1980

Área de estudo Itumbiara região intermediária, rio Paranaíba rancho para a pesca do tucunaré

Área de estudo Itumbiara região lacustre, rio Paranaíba região intermediária. Rio Corumbá

64 espécies 1996 a 2009 16 espécies introduzidas 10 grandes migradoras 7 píscivoras nativas Outros S. pappaterra C. piquiti A. altiparanae L. friderici I. labrosus S. maculatus P. maculatus G. knerii M. intermedia Itumbiara C 0 10 20 30 40 CPUEn (%) 1996 a 2001: - predominância de M. intermedia, G. knerii e I. labrosus. 2002 a 2009: - predominância de P. maculatus

Captura em número (CPUEn) das principais espécies em Itumbiara 300 250 PMAC SMAC GKNE MINT 200 No. in ndivíduos/100m 2 150 100 50 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (PMAC= Pimelodus maculatus; SMAC= Serrasalmus maculatus; GKNE= Galeocharax knerii ; MINT= Moenkhausia intermedia) Anos

1000 CPUEn Mean Mean±SE Mean±1.96*SE 800 CPUEn total 600 400 200 t 0,05 = 3,67; GL = 12; p < 0,05 0 50 PRE Período POS Valores médios de CPUEn e CPUEb para o reservatório de Itumbiara entre os períodos pré (1996-2001) e pós estiagem (2002-2009). CPUEb Mean Mean±SE Mean±1.96*SE 45 40 CPUEb total 35 30 25 t 0,05 = 1,55; GL = 12; p = ns 20 PRE POS Período

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 Distância de ligação Dendograma de similaridade entre os anos amostrados para o reservatório de Itumbiara, baseado no índice de Sorensen quantitativo obtido a partir da CPUEn (Distância de ligação = UPGMA).

Diversidade ictiofaunistica do reservatório de Itumbiara levando-se em conta o total das espécies, para os períodos pré e pós seca dos anos 2001/02 2.4 Mean Mean±SE Mean±1.96*SE 2.3 t 0,05 = -0,17; GL =12; p= ns 2.2 H' 2.1 2.0 1.9 PRE Periodo POS

Diversidade ictiofaunistica do reservatório de Itumbiara levandose em conta apenas as espécies nativas, para os períodos pré e pós-seca dos anos 2001/02 2.2 2.1 Mean Mean±SE Mean±1.96*SE 2.0 1.9 H' 1.8 1.7 t 0,05 = 2,48; GL =12; p < 0,05 1.6 1.5 PRE Periodo POS

UHE Volta Grande www.cemig.com.br Comprimento da barragem (m): 2.329 Altura máxima da barragem (m): 49 Área: 195 km2 Volume útil do reservatório (m³): 221,7 milhões Capacidade atual (Kw): 380.000 Início de operação: 1974 Barragem Buriti Rio do Carmo

Área de estudo Volta Grande Barragem Buriti Rio do Carmo

Pesca experimental Volta Grande 240 200 160 CPUEn (ind/100m 2 ) 120 80 40 0-40 -80 Sep-1987 Nov-1987 Jan-1988 Mar-1988 May-1988 Jul-1988 Oct-1987 Dec-1987 Feb-1988 Apr-1988 Jun-1988 Capturas médias em número (CPUEn) para Plagioscion squamosissimus no reservatório de Volta Grande, durante os anos de 1987-88.

Pesca experimental Volta Grande 2.510 exemplares capturados em 04-06 42 espécies 4 migradoras (piapara, piracanjuba, pacucaranha e curimbatá) 12 introduzidas 6031 peixes capturados em 87-88 41 espécies 4 migradoras 7 introduzidas

Pesca experimental Volta Grande 11 espécies capturados em 87-88 não foram encontradas em 04-06 (ex.: peixecachorro e cigarra, saguiru e pacu-prata) 14 espécies capturados em 04-06 não foram encontradas em 87-88 (ex.: tamboatá. Pirambeba, piracanjuba e carpa capim)

Pesca experimental Volta Grande Outros Outros S. nasutus 1987-19 88 A. affinis 2004-2006 C. m odestus C. piquiti P. m aculatus L. octofasciatus A. altiparanae L. friderici G. knerii P. maculatus P. squamosissimus S. pappaterra A. fasciatus A. altiparanae A. affinis A. fasciatus I. lab rosus S. insculpta S. insculpta P. squamosissimus 0 10 20 30 40 CPUEn (%) 0 10 20 30 40 CPUEn (%) Capturas em número (CPUEn) no reservatório de Volta Grande, durante os anos de 1987-88 e 2004-06.

VG04-06 MAR08 FUR05 VG87-88 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 Distância de ligação Dendograma calculado a partir da matriz de distância (1- índice de Morisita-Horn) para as espécies dos reservatórios de Furnas (Fur05), Marimbondo (Mar08) e Volta Grande nos dois períodos estudados (Distância de ligação: UPGMA).

2.8 2.6 2.4 A Mean Mean±SD Mean±1.96*SD H' 2.2 2.0 1.8 1.6 1.4 Diversidade da ictiofauna de Volta Grande 1.2 1.0 2.8 2.6 2.4 2.2 t = 1,41; gl= 22; p = 0,17 1987-1988 2004-2006 Período B Mean Mean±SD Mean±1.96*SD Valores médios de diversidade (índice de Shannon) para o reservatório de Volta Grande entre os períodos 87-88 e 04-06. (A = considerando-se todas as espécies presentes atualmente; B = considerandose apenas as espécies presentes em 87-88. H' 2.0 1.8 1.6 1.4 1.2 1.0 t = 2,93; gl= 22; p = 0,008* 1987-1988 2004-2006 Período

CONCLUSÕES Em reservatórios a montante de Volta Grande onde a corvina está ausente, verifica-se um padrão distinto para a ictiofauna, com maior diversidade e predomínio de espécies de pequeno e médio porte. Onde a corvina ocorre, as capturas de peixes de pequeno porte tendem a diminuir, provavelmente devido à pressão de predação exercida por esta espécie sobre as demais. Volta Grande parece estar passando por esta mudança. Em reservatórios do rio Paranaíba onde a corvina está ausente, observa-se aparentemente uma coexistência entre a o tucunaré e piscívoros nativos (pirambeba). Espécies nativas vem sendo progressivamente substituídas ao longo dos anos por outras (normalmente alóctones) com perda da diversidade da fauna original de peixes.

Manejo e conservação de populações de peixes do alto Paraná Estocagem

Mecanismos de transposição Elevadores UHE Funil (MG)

Manejo e conservação de populações de peixes Integridade da bacia Áreas inundáveis da bacia do Alto Paraná: A) Lagoa marginal do Rio Grande, no município de Lavras (MG); B) Várzea do Rio Sapucaí a montante do reservatório de Furnas no período seco; e H) Área de várzea do Rio Verde, próxima à Conceição do Rio Verde, no início da cheia.

Obrigado