Seleção de genótipos de urucueiros da variedade Embrapa 37 para a produção de corante Nilma Oliveira Dias¹; Tiyoko Nair Hojo Rebouças¹; Janaina Ramos de Jesus¹; Tamara Moreira Silva¹; Ivan Vilas Bôas Souza¹; Abel Rebouças São José¹; Cláudio Lúcio Fernandes Amaral¹. ¹UESB- Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Estrada do Bem Querer, Km 4, Caixa Postal 95, Vitória da Conquista-BA, CEP 45083-900, nodias@gmail.com, tiyoko@uesb.edu.br; janaaramos@hotmail.com; tammoreiras@gmail.com; ivanvbsouza@gmail.com; abeljose3@gmail.com; materdidatic@gmail.com RESUMO O urucueiro (Bixa orellana L.) representa importante fonte de corantes naturais, amplamente utilizados por diversos segmentos industriais, com ênfase no setor alimentício. O carotenóide denominado bixina é o principal pigmento extraído dos grãos desta espécie. O melhoramento genético visa desenvolver variedades com maior concentração deste pigmento, aliada a alta produtividade. Este trabalho teve como objetivo selecionar urucueiros da variedade Embrapa 37 com elevados teores de bixina. Foram selecionadas 500 plantas em um plantio comercial, no município de Eunápolis- BA, considerando-se a maior carga aparente de monocásios, bom aspecto de sanidade e qualidade. Cada planta selecionada foi identificada com a numeração de 001 a 500. Amostras dos monocásios colhidos foram encaminhadas para o laboratório da Biofábrica na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia para determinação da bixina pelo método KOH, descrito por Yabiku & Takahashi (1991). Os dados coletados foram avaliados com base na estatística descritiva. Os teores de bixina encontrados variaram entre 2,72 e 5,72% com maior número de plantas concentradas entre 3,59 e 3,92%. Estes índices indicam a existência de uma ampla variabilidade para a seleção de plantas superiores para o caráter avaliado. PALAVRAS-CHAVE: Bixa orellana L.; bixina, corante natural. ABSTRACT Selection of Superior Annatto plants of variety Embrapa 37 for the production of dye Annatto (Bixa orellana L.) is important source of natural dyes, widely used by various industries, with emphasis on the food industry. The carotenoid bixin is the most important pigment extracted from the grain of this species. The Genetic improvement aims to develop varieties with higher pigment concentration, combined with high S1982
productivity. This work aimed to make a pre - selection of superior urucueiros variety of Embrapa 37 for high levels of bixin. 500 plants were selected for commercial cultivation in Eunápolis-BA, considering the load, health and fruit quality. Each selected plant was identified with the numbering 001-500. Fruit samples collected were sent to the Laboratory of Biofactory State University of Southwest Bahia for the determination of bixin by the KOH method described by Yabiku & Takahashi (1991). The data collected were analyzed using descriptive statistics. The content of bixin varied from 2.72 and 5.72 % with the highest number of plants concentrated in the range between 3.59 and 3.92 %. The results indicate the existence of a great variability for the selection of superior plants for bixin. Keywords: Bixa orellana L.; bixin, natural dye. INTRODUÇÃO Planta nativa das florestas da América tropical, o urucueiro, Bixa orellana L., constituise em importante fonte de corantes naturais utilizados por diversos segmentos industriais como alimentício, farmacêutico, cosmético, dentre outros. Sua principal utilização está no setor de alimentos como aditivo com a função de conferir, padronizar ou intensificar a coloração destes e também na agroindústria de colorau ou colorífico com uso na culinária. A bixina é o pigmento presente em maior concentração na semente de urucum compreendendo mais de 80% dos carotenoides totais, é lipossolúvel e, portanto, sujeita a extração com alguns solventes orgânicos (Rebouças & São José, 1996; Santana et al., 2008). Juntamente com outros países latino-americanos o Brasil destaca-se como importante produtor mundial de urucum. Dados do IBGE (2010) indicam que a área colhida neste país para o ano agrícola de 2010 foi de 12.320 hectares com a produção de 13.309 toneladas do grão o que resultou no aumento da produção de 6,7% em relação ao ano anterior. O Estado da Bahia produziu 1.016 toneladas com o rendimento médio de 884 kg ha -1 no mesmo ano. A última década tem sido marcada por um melhoramento genético da espécie, buscando maior produtividade e, principalmente, maior teor de pigmentos, a concentração de S1983
bixina, superou a média de 2,5% e a produtividade já atinge valores superiores a 1500 kg ha -1 (Carvalho et al., 2010). Com o objetivo de fornecer ao sistema produtivo materiais genéticos superiores e estáveis, foram lançadas as cultivares Embrapa-36 e Embrapa-37, ambas provenientes de programas de melhoramento genético apresentando respectivamente rendimento de, no mínimo, 2,0 kg e 2,5 Kg de sementes saca/planta/ano e teores médios de bixina de 5,0% a 5,5% (Poltronieri, 2001). Devido ao aumento do rendimento de bixina constatados nos últimos anos com a implantação de novas variedades de urucueiros o mercado tem se tornado cada vez mais exigente e os produtores tem a necessidade se adaptar às novas tecnologias para não perder a competitividade. De acordo com Mantovani (2013) plantios clonais de alta produtividade podem ser estabelecidos mediante propagação vegetativa de genótipos superiores de urucum, selecionados principalmente para uma combinação de produtividade de sementes e conteúdo de pigmentos e, para tanto, a avaliação destas características é de fundamental importância. Neste contexto, o trabalho teve como objetivo selecionar urucueiros da variedade Embrapa 37 para elevados teores de bixina dos grãos para as condições edafoclimáticas do sul da Bahia, com vistas à obtenção do material genético adequado para gerar subsídios para um programa de melhoramento genético, bem como para atender os produtores na propagação vegetativa de clones mais promissores. MATERIAL E MÉTODOS A pré-seleção foi realizada na fazenda Sempre Viva, localizada no município de Eunápolis/BA, em um plantio comercial da variedade Embrapa 37, com 4 anos de idade, implantado com espaçamento de 6,0 x 3,0 metros, totalizando 555 plantas por hectare. O plantio encontra-se localizado em região de Mata Atlântica onde a vegetação predominante são pastos sujos e capoeiras em regeneração. As coordenadas geográficas são: 16 40 de Latitude Sul e 39 34 de Longitude WG; com uma altitude de 141 m; a região é caracterizada como tropical úmida, sem estação de seca definida, área de clima AF pela classificação de Koppen; S1984
Foram selecionadas 500 plantas entre os dias 13 e 14 de junho de 2013 considerando-se a maior carga aparente de monocásios, bom aspecto de sanidade, e qualidade. Cada planta selecionada foi identificada com a numeração de 001 a 500. A colheita foi realizada entre os dias 13 e 14 de agosto de 2013 quando os monocásios apresentaram no mínimo 2/3 das cápsulas de cor marrom, pelo efeito da secagem. Foram coletados oito monocásios em cada planta sendo dois em cada ponto cardeal (Norte, Sul, Leste, Oeste) no terço médio da planta. As amostras foram acondicionadas em sacolas de polietileno e encaminhados para o Laboratório da Biofábrica na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia onde foram descachopadas manualmente, homogeneizadas, acondicionadas em sacos de papel e levadas para secagem em estufa a 40 C até atingir cerca de 10% de umidade. Para determinação da bixina foi utilizado o método KOH, descrito por Yabiku & Takahashi (1991) onde a porcentagem de norbixina encontrada é multiplicada pelo fator 1,037, para conversão em bixina. A leitura foi realizada em espectrofotômetro Biospectro Modelo SP-220 com filtro de 453nm. Os dados coletados foram avaliados com base na estatística descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de bixina e respectivos números de plantas correspondentes aos seus valores encontram-se na figura 1. Observa-se que os valores variaram entre 2,72 e 5,72% com maior número de plantas concentradas na faixa entre 3,59 e 3,92%. Estes índices indicam a existência de uma ampla variabilidade para a seleção de plantas superiores para este caráter. Santana (2006) encontrou plantas da variedade Bico de Pato com o teor de bixina na faixa de 0,90 a 3,10%, também no Município de Eunápolis-Ba. Considerando-se que as duas variedades foram cultivadas em condições edafoclimáticas semelhantes, nota-se que os teores de bixina para a variedade Embrapa 37 apresentam-se mais próximos ao exigidos pelo mercado atual que remunera melhor as produções com teores acima de 4%. As plantas que apresentaram teores de bixina satisfatórios (>4%) encontram-se na tabela 1. Estes valores correspondem a 23% do total das plantas avaliadas. Com a realização desta seleção foi possível identificar plantas mais promissoras para o teor de bixina que agora devem fazer parte de uma nova seleção considerando outros S1985
fatores principalmente o binômio produtividade x bixina, na busca de plantas que atendam a programas de melhoramento genético, bem como que possam ser propagadas vegetativamente por produtores aumentando a qualidade dos grãos. REFERÊNCIAS CARVALHO PRN; SILVA MG; FABRI EG; TAVARES PER; MARTINS ALM.; SPATTI L.R. 2010. Concentração de bixina e lipídeos em sementes de urucum da coleção do Instituto Agronômico (IAC). Bragantia 69, 519-524. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Prod. agric. munic. Rio de Janeiro: 37:91p. MANTOVANI NC; GRANDO MF; XAVIER A; OTONI WC. 2013. Avaliação de genótipos de urucum (Bixa Orellana L.) por meio da caracterização morfológica de frutos, produtividade de sementes e teor de bixina. Ciência Florestal 23, 355-362. POLTRONIERE MC; MARTINS CS; RODRIGUES EJ; COSTA RM; NAZARE FRF. 2001. Novas Cultivares de urucum: Embrapa 36 e Embrapa 37. Embrapa Amazônia Oriental, 21p. (Circular Técnica, 22). REBOUÇAS TNH; SÃO JOSÉ AR. 1996. A cultura do urucum: práticas de cultivo e comercialização. Vitória da Conquista, BA: DFZ/UESB/SBCN, 62p. SANTANA KC. 2006. Seleção de Genótipos de urucueiros (Baixa porcelana L.) da Variedade Bico de Pato no Estado da Bahia. Vitória da Conquista: UESB, 63p. (Dissertação Mestrado). SANTANA KC; GUEDES PA; REBOUÇAS TNH; SÃO JOSÉ AR; LEMOS OL; VILA MTR; SOUZA MJL. 2008. Teores de bixina em urucum (Bixa orellana) 'Piave Vermelha', em diferentes acondicionamentos e temperaturas Tecnol. & Ciên. Agropec 2, 19-22. YABIKU HY; TAKAHASHI MY. 1991. Avaliação dos métodos analíticos para determinação da bixina em grãos de urucum e suas correlações. Campinas: Anais... ITAL 275-279. S1986
Figura 1. Número de urucueiros selecionados, em função de teores de bixina (Number of selected annatto plants, depending on levels of bixin). Eunápolis-BA, 2013. Tabela 1. Teores de bixina dos urucueiros selecionados (Levels of bixin from annatto selected plants). Eunápolis-BA, 2013. Teor de Plantas Selecionadas Bixina (%) 4,04 039 093 131 132 154 176 197 216 221 224 239 254 256 283 291 327 334 362 373 434 488 4,27 001 003 022 060 067 084 092 100 111 198 230 236 289 317 355 377 384 419 420 422 428 438 471 484 492 4,30 011 035 063 077 199 211 246 294 358 361 406 427 430 447 480 4,44 008 012 018 027 028 046 062 116 126 164 173 192 218 232 233 285 303 314 318 328 332 356 364 378 392 446 485 489 491 4,59 043 065 070 124 4,75 033 059 200 298 302 389 413 421 467 4,91 034 052 244 266 345 382 451 495 5,09 329 5,49 308 5,72 038 441 AGRADECIMENTOS À FAPESB pela concessão da bolsa de doutorado e iniciação científica, À UESB pela concessão de bolsa e apoio ao projeto. S1987