Hugo de Moraes Pinto hugo.pinto@posgrad.ufsc.br. Sérgio Murilo Petri smpetri@gmail.com. Cristiny Ventura cristinyufsc@gmail.com



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Transcrição:

Spread Bancário: Apresentação e Análise das Variáveis Componentes do Custo do Crédito no Brasil Hugo de Moraes Pinto hugo.pinto@posgrad.ufsc.br Sérgio Murilo Petri smpetri@gmail.com Cristiny Ventura cristinyufsc@gmail.com Ricardo Suave ricardosuave@outlook.com Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar as principais variáveis que compõem o spread bancário no Brasil, nas operações de crédito com recursos livres, a fim de evidenciar fatores que justificam o custo financeiro no país. Trata-se de um trabalho exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa, sob uma lógica indutiva, o qual tem como processo de pesquisa a coleta de dados secundários. Por gerar conhecimentos úteis para o avanço da ciência, este artigo, quanto aos resultados, classifica-se como uma pesquisa básica e, quanto aos procedimentos, como bibliográfica. Como resultado, apresenta-se um ponto de vista com base em estudos anteriores, realizados por outros pesquisadores, sobre aspectos componentes do spread bancário nas operações de crédito no Brasil. Assim, colocam-se para discussão aspectos que podem influenciar na redução dos custos, como a adoção de medidas que possam aumentar a segurança jurídica das operações, que diluam os custos administrativos e reduzam a carga tributária no país. Palavras-Chave: Bancos de Varejo do Brasil, Spread bancário, Custo Financeiro. 1. Introdução: Nas duas últimas décadas, a economia brasileira vem passando por inúmeras transformações, que, desde a implementação do Plano Real e do controle inflacionário, em

2 meados da década de 90, permitiram o início de um processo de estabilização de preços, da maior abertura ao mercado financeiro, e da implementação de uma nova política econômica voltada ao desenvolvimento do país. Dentre essas mudanças, destaca-se a evolução do comportamento dos bancos no Brasil, que, em virtude do descontrole inflacionário no Brasil, obtinham cerca de 30% de suas receitas com operações de float. Entretanto, diante de um cenário de baixa inflação, tiveram que mudar suas estratégias de aplicação dos seus recursos, uma das quais era focar suas receitas em operações de crédito, com linhas de financiamento e de empréstimos a pessoas e a empresas, fato que ocorreu logo após o lançamento da nova moeda. Apesar dessa mudança de estratégia ter sido sentida no primeiro momento, principalmente no 2º semestre de 1994 (OREIRO et. al., 2006), com o aumento da relevância das aplicações dos bancos na carteira comercial, o cenário externo, em especial na América Latina, não permitiu que as operações de crédito se firmassem como a fonte de receita mais relevante para as instituições. A crise mexicana em 1995 desenhou um cenário de incertezas em relação aos rumos da economia mundial e trouxe consigo a ameaça de insolvência do setor bancário (OREIRO et. al., 2006). Além disso, o crescimento da dívida pública e da prática de rolagem das obrigações por parte do governo brasileiro, fez com que os bancos voltassem a restringir o crédito à população e ao setor produtivo. Assim sendo, os bancos visavam focar suas estratégias na compra de títulos públicos, que ofereciam retornos mais vantajosos em relação aos riscos oferecidos, uma vez que esses títulos eram indexados à taxa de overnight e de câmbio, fato que remeteu a práticas dos períodos de descontrole inflacionário. Com essa restrição de crédito para o consumidor brasileiro, os bancos passaram a ter um papel preponderante no spread bancário, uma vez que com alternativas de menor risco em relação a empréstimos e a financiamentos ao setor privado, os bancos passaram a exigir um maior retorno pelas operações de crédito, aumentando o custo do capital. Com o passar dos anos, o cenário econômico brasileiro foi se modificando, desde a substituição do regime cambial em 1999, do regime fixo para o flutuante, até a utilização da taxa de juros como ferramenta de controle da inflação. Além disso, no que tange a dívida pública, a Lei de Responsabilidade Fiscal também representou um avanço significativo no setor público, quanto ao controle do seu endividamento, o que permitiu que o país traçasse novos caminhos econômicos dali por diante. Tais mudanças proporcionaram ao Brasil um ambiente de inflação controlada, com um cenário macroeconômico relativamente estável e com perspectivas de crescimento econômico

3 alavancado pela elevação do consumo de bens e de serviços no Brasil (AFANASIEFF et. al., 2002). Com o aumento do volume de recursos disponibilizados aos bancos, com a redução dos compulsórios determinados pelo Banco Central após o lançamento do Plano Real, esperava-se que o spread bancário fosse reduzir, já que, com a queda das receitas obtidas por operações em um cenário de inflação elevada, os bancos atuariam no sentido de operar com maior agressividade no mercado de crédito, reduzindo seus spreads e, por consequência, suas taxas de juros (OLIVEIRA e CARVALHO, 2007). Entretanto, observou-se o contrário, com a manutenção das altas taxas de juros e dos spreads. Apesar de o país ter observado uma tendência de queda no spread no início dos anos 2000, o fato não se consolidou nos anos seguintes, principalmente em virtude das incertezas provocadas pelo mercado externo, com a desaceleração da economia mundial; a crise da Argentina, em 2001; a crise energética brasileira no mesmo período; e a elevação da taxa Selic, refletindo, assim, no comportamento do mercado de crédito no Brasil (KOYAMA e NAKANE, 2002). A melhoria do cenário externo aliada à estabilização político-econômica do país, em meados dos anos 2000, pós-crises estruturais e externas, as operações de crédito do sistema financeiro voltaram a ter uma tendência de expansão. No entanto, o colapso financeiro internacional de 2008/2009 fez com que, mais uma vez, o cenário não permitisse a redução do spread bancário. Todavia, medidas adotadas pelo governo, à época, permitiram que o Brasil passasse a ser visto como detentor de uma economia sólida e estável, com um nível de vulnerabilidade externa menor do que nas crises anteriores. Tais medidas permitiram a expansão do crédito e incentivaram a retomada do consumo por parte da população brasileira, impulsionada pelo dinamismo do mercado de trabalho e pelos indicadores de confiança dos agentes econômicos, conforme destacou o Banco Central em 2010. A partir da consolidação e da estabilização do ambiente macroeconômico brasileiro, o assunto relativo aos elevados spreads bancários praticados no Brasil voltou à tona e foi objeto de críticas por parte de diversos setores da sociedade brasileira. Diversos estudos apontam que as elevadas taxas de juros dos empréstimos são um entrave para o crescimento econômico do país. Por outro lado, os bancos, principais detentores do capital no Brasil, alegam que o spread no Brasil é decorrente de uma série de fatores que justificam o seu valor. Com base nisso, o governo brasileiro iniciou, ao final de 2011, um movimento de redução do custo do capital no Brasil, provocado inicialmente pela redução da taxa básica de juros Selic. Em um segundo momento, aproveitando inclusive a implementação de mais uma etapa do Programa Nacional de Desburocratização, fato que permitiu o acirramento da concorrência

4 entre os bancos, o governo federal, como controlador de dois bancos públicos oficiais, tomou outras medidas no sentido de reduzir o custo financeiro no Brasil, entre elas a redução significativa dos juros cobrados nas operações de crédito, como empréstimos e financiamentos. Sob a ótica dos bancos, a princípio, emerge a dúvida quanto aos resultados financeiros das instituições, quanto à manutenção delas ou não, e quanto ao impacto no mercado financeiro no que diz respeito ao valor de suas ações. Ao observar-se esse cenário, surgem outros questionamentos que colocam em dúvida a manutenção e a sustentabilidade dessas medidas no longo prazo, se, de fato, haveria demanda suficiente para cobrir a perda provocada pela redução das taxas de juros ou, se as instituições e o governo teriam que rever suas políticas no sentido de adequar as variáveis componentes do spread bancário a um novo patamar, sem que houvesse perdas para o setor. A partir da constatação de que o crédito é um dos principais fatores que impulsionam o crescimento econômico, faz-se necessário identificar aspectos relevantes ao assunto e elaborar a pergunta de pesquisa que orientaria na construção de um trabalho científico. Surge daí, o questionamento sobre quais são as variáveis do spread bancário no Brasil e seus determinantes responsáveis pela composição do custo do crédito no país. Com o intuito de responder à pergunta de pesquisa, define-se como objetivo, verificar as principais variáveis do spread, e, do ponto de vista de custos, apresentar a sua composição na carteira comercial de recursos livres dos bancos comerciais de varejo no Brasil. A justificativa do trabalho se dá não somente à sua contribuição à comunidade científica, mas também se propõe a contribuir com todos aqueles que desejam entender aspectos relacionados à composição do spread bancário no Brasil, além de contribuir com o setor bancário no sentido de provocar discussões no que se refere a medidas que podem contribuir com a manutenção das margens de lucro, a partir da redução do spread das operações. Além da seção introdutória apresentada, o presente trabalho apresentará o referencial teórico na seção 2, o enquadramento metodológico na seção 3; os resultados na seção 4; as considerações finais na seção 5, e por fim, as referências utilizadas. 2. Referencial Teórico: O spread bancário, segundo o Banco Central (2002, p.50) é definido como a diferença entre a taxa de empréstimo e a taxa de captação do Certificado de Depósito Bancário (CDB), sendo esta taxa média calculada a partir de uma média das taxas individuais ponderada pela captação líquida de cada instituição. Além dessa conceituação, o spread compreende o lucro e o risco relativos às operações de crédito, o qual é influenciado por uma série de variáveis,

5 sobretudo a qualidade de crédito do emissor, as condições de mercado, o volume e a liquidez da emissão ou empréstimo e o prazo (SOUZA, 2007). De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, o Brasil possui uma das taxas mais elevadas do mundo. Segundo diversos autores, tal fato prejudica a economia brasileira, pois o crédito é um dos fatores que determinam o ritmo econômico de um país (SILVA, 2005). A autora afirma que, quando o spread é muito elevado, ocorre restrição ao crescimento econômico, devido ao baixo retorno obtido nos depósitos e nas poupanças. Além disso, provoca o encarecimento do crédito e desestimula tanto o poupador quanto o investidor. Pinheiro (2003) afirma que o crescimento da economia passa essencialmente por aumentar o ritmo de acumulação de capital, entretanto, para atingir esse objetivo, é primordial reduzir o custo do investimento. Embora reconheça que um spread elevado prejudica o crescimento econômico, Oreiro (2006) aponta que o efeito da atividade econômica pode ter dois efeitos sob o spread. Se por um lado o crescimento econômico pode refletir a queda de inadimplência e o aumento da escala nas operações de crédito, há efeitos benéficos sobre os custos, justificando assim uma redução do spread, por outro, a demanda por crédito pode fazer com que as instituições revejam suas taxas em função das suas limitações para emprestar, resultando um efeito maléfico sobre o spread. Nesse caso, o autor destaca o papel do Banco Central, que como o responsável por uma das variáveis regulatórias do spread, o depósito compulsório, pode atuar no sentido de ampliar a base creditícia com a elevação do montante disponível aos bancos. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos Febraban, o volume de crédito no Brasil aumentou significativamente nos últimos anos. Em fevereiro de 2006, o saldo das operações de crédito com recursos livres no Brasil era de aproximadamente R$ 600 bilhões. Desse valor, R$ 400 bilhões são operações de pessoa física e R$ 200 bilhões de pessoa jurídica. Em fevereiro de 2012, o saldo das operações ultrapassou R$ 1,3 trilhão. Expansão que, segundo o Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central de 2010, se mostrou condizente com a evolução da demanda doméstica, especialmente impulsionada pelo dinamismo do mercado de trabalho e pelos indicadores de confiança dos agentes econômicos, após a superação da crise financeira internacional de 2008/2009. A figura 1 apresenta a evolução do saldo das operações de crédito com recursos livres de fevereiro de 2006 a fevereiro de 2012.

6 Figura 1: Evolução do Saldo das operações de Crédito com Recursos Livres. Fonte: Banco Central do Fev. 2012. Porém, ao contrário do que se esperava, o spread não reduziu na mesma proporção, apesar da consolidação do ambiente macroeconômico do país e do ganho em escala pelo aumento do volume das operações. Tal situação tem feito os atores da política econômica brasileira atuarem no sentido de reduzir o custo do capital, seja por meio da taxa básica de juros SELIC, seja pela atuação dos bancos públicos oficiais, mediante a redução do custo financeiro dos empréstimos e dos financiamentos no Brasil. Na literatura, é possível encontrar diversos estudos que tratam do spread bancário; em alguns deles, o spread pode ser classificado sob duas óticas: (i) o spread ex-ante; e (ii) o spread ex-post. Segundo Leal (2007) o spread ex-ante, é mensurado por meio de uma taxa média ponderada entre as taxas dos CDBs, dos depósitos em cadernetas de poupança e dos depósitos à vista, além dos custos efetivos de captação dos depósitos compulsórios, sejam à vista, a prazo e/ou de poupança (DANTAS et. al., 2011). Já o spread ex-post é apurado com base em receitas efetivamente geradas pelas operações de crédito e dos custos de captação empregados, o que traduz o resultado da intermediação financeira. Esses dois critérios de classificação do spread mensuram o fenômeno em dois momentos distintos. O ex-ante reflete as expectativas das instituições financeiras no momento da concessão do crédito, incorporando os efeitos de alterações no cenário macroeconômico de forma mais rápida. Isso faz com que o risco percebido seja absorvido imediatamente, ocasionando, assim, uma volatilidade maior da medida. Já o ex-post, mede o resultado efetivamente gerado pela intermediação financeira, feita com base no comportamento da carteira. Nesse critério as expectativas do mercado não repercutem de forma imediata, entretanto, apresentam um comportamento mais estável. Para efeito do presente estudo, será

7 considerada apenas a composição do spread ex-ante, que, segundo a metodologia do Banco Central, contempla as operações com recursos livres e subsídios cruzados provenientes de direcionamento obrigatório, como crédito rural e crédito habitacional, que inclusive apresentam níveis de spread menor. 2.1. Decomposição do spread bancário no Brasil O spread bancário corresponde ao somatório de algumas variáveis, algumas de aspecto macroeconômico e outras relativas a aspectos da própria estrutura do setor bancário brasileiro. De acordo com o Banco Central, o spread bancário é composto por fatores relacionados às despesas administrativas, despesas de inadimplência, impostos indiretos, impostos diretos e pela margem líquida dos bancos. A figura 2 apresenta a decomposição e a evolução do spread bancário no Brasil entre 2004 e 2010. Figura 2: Decomposição do spread bancário. Fonte: Banco Central do Brasil. 2010. 2.2. Componentes do spread bancário Conforme se vê na figura 2, segundo a metodologia do Banco Central, o spread é composto por diversas variáveis, entre elas, o custo administrativo dos bancos, a inadimplência, os depósitos compulsórios, os impostos diretos e, por fim, a margem de lucro das instituições. A decomposição dessas variáveis permite explicar a participação de cada uma na formação do custo do dinheiro emprestado pelas instituições financeiras no Brasil, em suas operações de crédito. Na metodologia de cálculo, a decomposição contábil do spread bancário no Brasil é feita com base na margem cobrada nas operações de crédito livres em uma amostra de 80%

8 das instituições financeiras do país, que correspondem a mais de 90% do volume de recursos aplicados no Brasil. São considerados como operações de recursos livres, modalidades como cheque especial, crédito pessoal e aquisição de bens para as pessoas físicas e hot money, conta garantida, desconto de duplicatas, desconto de notas promissórias, capital de giro, aquisição de bens e vendor para pessoas jurídicas. Nas subseções a seguir, o presente trabalho aborda a característica de cada uma das variáveis, a fim de permitir a compreensão da composição do spread bancário no Brasil. 2.2.1. Custo Administrativo A primeira das variáveis apresentadas refere-se aos gastos decorrentes da atividadefim dos bancos. Os custos administrativos correspondem às despesas com a folha de pessoal e com a manutenção das agências bancárias. Segundo Barone (2011), o percentual relativamente relevante na composição do spread se reflete principalmente no alto número de agências no Brasil e na baixa alavancagem dos bancos, que utilizam os recursos de terceiros numa quantidade relativamente baixa em comparação aos seus capitais próprios. Na metodologia do Banco Central, os custos administrativos são estimados com base em uma função-custo que desconsidera as receitas de serviços, além de não dividir os custos administrativos proporcionalmente à receita bruta gerada pelas operações de crédito. Em função dos critérios adotados como estimativa pelo Banco Central, alguns autores consideram que a metodologia pode superestimar o custo administrativo componente do spread bancário, fato que foi abordado na seção de considerações sobre o spread bancário no Brasil. 2.2.2. Inadimplência A variável inadimplência representa o maior percentual dentre os custos relacionados ao spread bancário no Brasil. Conforme ilustrado na figura 2, o custo de provisionamento mínimo relacionado ao risco de crédito realizado pelos bancos gira em torno de 30%. A variável de inadimplência é calculada com base em 20% das provisões mínimas estabelecidas pela Resolução 2682/1999 do Banco Central, que estabelece como o percentual mínimo o montante de 0,5% sobre o valor das operações de crédito classificadas como nível de risco A, que são operações que não possuem atraso nos recebimentos superiores a quinze dias. Com base em um princípio fundamental das finanças, infere-se que quanto maior o risco da operação, maior o retorno exigido pelo detentor do capital. No caso da composição do spread, quanto maior for o risco de inadimplência, maior será a despesa com

9 provisionamento dos bancos e a consequente elevação do fator apresentado nesta seção. Apesar de estabelecer estimativas acerca da inadimplência pelas instituições, Barone (2011) observa que a evolução da inadimplência e do spread praticado no período entre 2001 e 2011, embora tenha reduzido, o spread não acompanhou o ritmo de queda da inadimplência em termos relativos, como mostra a figura 3. Figura 3: Inadimplência em Operações de Crédito do Sistema Financeiro Nacional (em%) e Spread Médio Total das Operações de Crédito com Recursos Livres (em p.p.) 2001 2011. Fonte: Banco Central do Brasil. 2.2.3. Compulsório Outra variável componente do spread bancário no Brasil é o compulsório. Essa variável é composta pelos depósitos compulsórios que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central, pelos subsídios cruzados, pelos encargos fiscais e por recursos do Fundo Garantidor de Crédito. O depósito compulsório corresponde aos recolhimentos realizados pelos bancos aos cofres do Banco Central no Brasil. Esses recolhimentos são determinados por meio de lei, que obriga os bancos a depositar parte dos suas captações em depósitos à vista e depósitos a prazo. Essa medida tem como objetivo evitar a multiplicação da moeda escritural de forma descontrolada. Para simplificar o fluxo, ao se depositar certa quantia em um banco, essa quantia é disponibilizada para que a instituição empreste ao cliente tomador de crédito. O tomador, por sua vez, em regra geral, não gasta, de imediato, todo o dinheiro tomado como empréstimo, mas o deposita em um segundo banco/conta. Assim, ocorre o fenômeno da multiplicação da moeda, já que o cliente depositante tem a totalidade de seu dinheiro disponível em moeda escritural, o que lhe permite emitir um cheque ou fazer compras a débito, por exemplo; e o

10 cliente tomador também tem a mesma quantidade disponível. Porém, a quantidade de moeda real é apenas a quantidade que foi depositada pelo cliente depositante, o que dá a impressão de ter mais moeda na economia do que de fato existe no banco. Historicamente, o instituto do depósito compulsório desempenha um papel fundamental na estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. O governo o utiliza como ferramenta para regular ou para restringir a oferta de crédito e de moeda pelas instituições financeiras (BARONE, 2011). Quando o governo quer incentivar a demanda por crédito, o percentual a ser recolhido como compulsórios é reduzido, para que os bancos possam ampliar sua base creditícia. Já quando o governo entende que o momento exige uma retração no consumo, aumenta-se o percentual destinado aos cofres do Banco Central para reduzir a oferta de dinheiro na economia. Muito embora essa variável contemple alguns outros integrantes do seu cálculo, tais como os subsídios cruzados e os encargos fiscais relativos a custos de inadimplência e a custos administrativos do crédito rural e do crédito imobiliário, o trabalho se restringe a analisar apenas o depósito compulsório, que é o integrante de maior relevância dentro da variável na composição do spread bancário. 2.2.4. Carga Tributária Na variável carga tributária, para efeito de cálculo, são considerados os tributos do Programa de Contribuição Social (PIS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (CSLL), Imposto de Renda (IR) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Destes, o PIS, a COFINS e o IOF incidem sobre as movimentações financeiras e oneram a captação de recursos pelos bancos. Já a CSLL é um adicional do IR, um imposto direto sobre o lucro dos bancos, seja ele gerado pelas operações de crédito ou não (OLIVEIRA E CARVALHO, 2007). Em estudos anteriores, com a utilização de modelos estatísticos de regressão, verificou-se uma correlação positiva significativa da variável tributos como um dos principais determinantes do spread no Brasil. Em um desses estudos, realizado por Afanasieff et. al. (2002), um dos resultados sugere que o spread tende a aumentar com a elevação de alguns fatores, entre eles, os impostos, fato corroborado por estudos realizados por Oreiro et. al.(2006). Embora não seja consenso na literatura sobre a variável, na seção que trata dos resultados encontrados sobre tributos, alguns dados de estudos anteriores serão apresentados para evidenciar o efeito das variações tributárias no custo de composição do spread bancário no Brasil.

11 2.2.5 Margem Líquida, Erros e Omissões A última variável componente do spread bancário é considerada como a medida da margem de lucro do banco. Embora a Fipecafi (2005) conceitue a variável, também chamada de resíduo, como correspondente às receitas das operações de crédito, deduzidas das despesas de captação, despesas diretas, despesas operacionais e do IR e CSLL, essa pode ser considerada uma medida imperfeita, já que estudos apontam que a variável traz consigo os erros e as omissões da estimação do spread. Conforme ilustrado na figura 2, é um dos itens de maior peso na composição do spread. Para Barone (2011), o resíduo pode ser considerado um fator representativo da margem dos bancos. Entretanto, salienta-se que o fato de o resíduo conter subsídios cruzados pode haver uma poluição em certo grau da representação de lucratividade, em operações de crédito com recursos livres, porém não deixa de ser uma expressão do poder de mercado dos bancos. Apesar de ter uma relação de proximidade como o lucro do banco, Nakane (2003), afirma que essa variável não pode ser considerada como tal, seja por incorporar erros de medida dos demais componentes identificados, seja por contemplar componentes não considerados na decomposição contábil que, embora não impliquem despesas monetárias efetivamente incorridas, podem afetar as margens cobradas pelas instituições em seus empréstimos. Dessa forma, essa seção se encerra com a apresentação das variáveis do spread, que são analisadas sob a ótica dos seus custos na seção relativa aos resultados encontrados na literatura sobre o tema. 3. Metodologia da Pesquisa: Nesta seção, serão abordados aspectos relevantes à realização do trabalho científico, com o intuito de enquadrá-lo de modo que se dê sustentação metodológica e possibilite a contextualização do ponto de vista do delineamento e sua execução para o alcance dos objetivos e resultados finais. 3.1. Enquadramento Metodológico: Com a pretensão de seguir um processo para verificar as principais variáveis que compõem o spread bancário e apresentar os fatores que justificam o custo financeiro das operações de crédito no Brasil nas publicações científicas, quanto aos objetivos, esta pesquisa se caracteriza como exploratório-descritiva (RICHARDSON, 1999).

12 Com relação à sua natureza, a pesquisa enquadra-se como teórica, pois busca consolidar informações da literatura sobre o problema da composição do spread bancário no Brasil, a qual tem como ideia central, os custos das operações de crédito com recursos livres segundo a metodologia do Banco Central (ALAVI e CARLSON, 1992; FERREIRA; YOSHIDA, 2004). As análises ocorrem sob a lógica da pesquisa indutiva, em que o conhecimento dos pesquisadores baseia-se na observação da realidade empírica e o problema pesquisado apresenta aspectos ainda não explorados devidamente ou expressa novos esclarecimentos no meio científico (Richardson, 1999). E a geração de conhecimento ocorre por meio da identificação dos artigos alinhados não só com a visão de mundo do autor, mas pela identificação dos artigos, dados e informações relevantes para a realização da pesquisa. No que tange a coleta de dados, a pesquisa fez uso de dados secundários, obtidos em obras bibliográficas anteriores identificadas como relevantes para a pesquisa (RICHARDSON, 1999). Quanto à abordagem do problema, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa e quantitativa, sendo o primeiro no exame e reflexão sobre o problema; e, o segundo nas análises realizadas por meio da coleta e da análise de dados numéricos das variáveis investigadas (RICHARDSON, 1999). Quanto aos resultados, trata-se de uma pesquisa básica (LAKATOS; MARCONI, 2006), com geração de conhecimentos úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática prevista, com procedimentos técnicos de pesquisa bibliográfica, a partir de análises de trabalhos e de publicações científicas, dados e informações disponibilizadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior Capes, por órgãos governamentais como Banco Central do Brasil, instituições financeiras e organismos afins, como Febraban e órgãos de imprensa (SÁ-SILVA; ALMEIDA; GUINDANI, 2009). 4. Resultados encontrados: Nesta seção são apresentadas análises relativas aos componentes do spread bancário no Brasil: custo administrativo, inadimplência, compulsório, impostos, e margem líquida (resíduo). Essas análises são baseadas em posicionamentos de pesquisas anteriores realizadas no meio acadêmico, além das percepções dos autores em relação ao campo de pesquisa. 4.1. Considerações sobre o Spread bancário no Brasil Alguns estudiosos têm voltado as suas atenções ao spread bancário no Brasil e seus

13 efeitos no comportamento econômico brasileiro. Alguns se valem de modelos estatísticos para evidenciar os efeitos de cada aspecto relacionado às variáveis, a fim de identificar alguma correlação entre medidas tomadas e seus reflexos no custo das operações de crédito com recursos livres no país. Neste estudo, são apresentadas as variáveis componentes do spread e o que a literatura trata a respeito do tema. Nesta seção são apresentadas as colocações de alguns dos principais autores na área, além do posicionamento do autor sobre possibilidades e medidas que poderiam contribuir com a redução do spread no Brasil, sem prejuízo dos resultados e das margens obtidas pelos bancos atualmente. Por se tratar de uma pesquisa básica, as sugestões propostas devem ser entendidas como possíveis objetos de estudos posteriores, a fim de comprovar a eficácia das medidas citadas pelos autores. 4.1.1. Custo Administrativo Conforme foi tratado na seção de decomposição do spread bancário no Brasil, o custo administrativo corresponde a uma parcela significativa na estimativa do custo do dinheiro nas operações bancárias. Oliveira e Carvalho (2007) inferem que, apesar da queda substancial desses custos em relação aos níveis observados logo após o Plano Real, com o processo de redimensionamento do setor, ocorrido após o período inflacionário, do alto número de agências no Brasil e a baixa alavancagem das operações de crédito tornaram as despesas administrativas dos bancos mais elevadas que o verificado nos sistemas bancários dos países desenvolvidos. Redimensionamento esse que, segundo Barone (2011), deveria permitir maior diluição dos custos administrativos, já que as reformas ocorridas após 2002 permitiram crescente expansão do atendimento dos bancos, sem que fossem abertas novas agências. Isso ocorreu principalmente pela evolução dos terminais de autoatendimento, pela popularização do internet banking e pela expansão da rede de correspondentes não bancários, que proporcionam maior capilaridade da rede bancária, com o compartilhamento de custos, sem a necessidade de arcar com custos fixos pelos bancos com a abertura de novas agências. Em seu estudo, Barone (2011) salienta que, com o ambiente macroeconômico estável, como ocorre no Brasil nos últimos anos, é possível reduzir o spread bancário em virtude da redução do custo administrativo, já que o aumento da alavancagem observada nos últimos cinco anos e os aspectos abordados nesta seção permitem que o capital próprio dos bancos seja remunerado com um spread mais baixo. Além disso, cabe ressaltar que a metodologia de cálculo do spread leva em consideração toda a rubrica de despesas administrativas, que traz consigo as despesas de pessoal, que representam mais de 33% das despesas administrativas, sem considerar encargos sociais e benefícios (LACERDA, 2006). Entretanto, segundo Barone

14 (2011), as receitas de prestações de serviços implementadas pelos bancos são utilizadas justamente para cobrir despesas com pessoal, já que decorrem do relacionamento do banco com seus clientes, no fornecimento de serviços. Infere-se daí que a participação dos custos administrativos na composição do spread pode ser superestimada. Outro ponto que permitiria a redução desse componente do spread é a mudança do panorama econômico brasileiro. Conforme ficou evidenciado na figura 1, o volume das operações de crédito mais que dobrou nos últimos seis anos, o que permitiu a diluição dos custos em função dos ganhos de escala proporcionados pelo aumento das operações. Coelho (2010) afirma que as economias de escala foram responsáveis pela considerável redução das despesas administrativas na composição dos spreads entre 2003 e 2008, de 10,6 p.p. para 4,6 p.p., respectivamente. Quanto à sensibilidade do spread a variações das despesas administrativas, Oreiro (2006) faz uma análise de regressão múltipla para verificar as variáveis que afetam diretamente ou indiretamente os spreads, durante o período de 1995 a 2003. Seus cálculos permitem identificar que a relação de sensibilidade entre custos administrativos e o spread é elevada, a ponto de a redução de 1% dos custos administrativos levar à diminuição de 1,55% do spread bancário. 4.1.2. Inadimplência Como a inadimplência é a variável mais relevante na composição do spread bancário no Brasil, nesta seção, são apresentados aspectos que podem dificultar a redução do spread sob o ponto de vista da inadimplência do Brasil, apesar da redução dos níveis de inadimplência conforme foi tratado na seção 2.2.2. Nos últimos anos, os bancos têm elevado suas reservas para cobrir os riscos com inadimplência. Em alguns deles, observou-se em seus resultados uma redução decorrente dos aumentos com despesas de provisões para devedores duvidosos. Segundo pesquisas realizadas pela Folha de São Paulo, em abril de 2012, um dos maiores bancos do Brasil teve redução de 2,6% no seu lucro do trimestre. De acordo com os dirigentes da instituição essa redução foi provocada pelo aumento em 37,7% nas despesas com provisões de crédito. Além disso, segundo Oliveira e Carvalho (2007), a prática de elevadas taxas de juros faz com que o spread bancário se eleve não apenas por elevar o risco de inadimplência nas operações, mas por elevar o custo de oportunidade na concessão de empréstimos, já que o risco de calote em operações no mercado financeiro é menor do que na concessão de crédito. Assim, ocorre migração dos recursos dos ativos operacionais, no caso dos bancos, as carteiras

15 de crédito, para ativos financeiros, com compras de títulos e de operações atreladas às taxas de juros da economia. Dessa forma, percebe-se que um dos fatores preponderantes para a dificuldade de redução do spread no Brasil vem dos índices de inadimplência dos tomadores de crédito, muito embora o ambiente macroeconômico no Brasil esteja passando por um momento mais estável, inclusive com medidas de redução da taxa básica de juros. Um ponto crítico a ser destacado é, se, de fato, a estabilidade econômica é uma fase passageira, ou se o Brasil conseguirá manter um ambiente que permita a assunção de riscos maiores por partes das instituições, no sentido de reduzir seus spreads em detrimento de um volume maior nas concessões de crédito. Outras medidas também vêm sendo adotadas pelos bancos no sentido de buscar a redução dos riscos de crédito para as instituições financeiras, entre elas, a criação e a implementação da cédula de crédito bancário, que tem como característica a independência de um processo de conhecimento para a sua cobrança judicial. Essa medida agiliza e reduz custos de cobranças de dívidas na justiça. A ampliação do instituto da alienação fiduciária, por meio da Lei 10.931/2004, aumenta a garantia de crédito que antes era restrita a bens móveis e, que, agora, estende-se a operações em garantia de coisa fungível e, além disso, pode ser feita até sobre outros bens e direitos, como títulos e outros créditos. Outra medida adotada foi a consignação de pagamentos de créditos pessoais no salário do trabalhador, implementada pela Lei 10.820/2003, a qual permite contratos nos quais o valor devido pelo tomador é descontado diretamente em sua folha de pagamento. Por fim, a implementação do Cadastro Positivo Brasileiro, por meio da Lei 12.414/2011, a qual regulamenta os bancos de dados privados de proteção ao crédito e aumenta a proteção legal das atividades relativas a informações e a relatórios de crédito. Com isso, é possível formar e consultar bancos de dados com informações sobre o histórico de adimplência das pessoas físicas e jurídicas, reduzindo, assim, o risco de créditos dos bancos ao emprestar ou ao financiar recursos para os tomadores. Apesar da evidente queda dos níveis de inadimplência apresentados, entende-se que ainda há espaço para a redução dessa variável na composição do spread bancário. Redução essa que pode ser proporcionada não só pelos fatores macroeconômicos, como queda da taxa básica de juros, controle inflacionário rígido e nível de atividade econômica sustentável, mas também pela adoção de mecanismos legais e de controle, aliados a fatores microeconômicos que permitam maior segurança aos bancos na concessão de crédito.

16 4.1.3. Compulsório Apesar de ser a variável menos representativa na composição do spread, o compulsório tem uma função preponderante no sistema monetário da economia. É por meio dele que o governo aumenta ou diminui a quantidade de moeda disponível aos agentes econômicos. Trata-se de ferramenta útil para diversas medidas macroeconômicas, entre elas o controle inflacionário e o estímulo ao consumo das pessoas e das empresas. Segundo o Relatório de Economia Bancária e Crédito do Banco Central (2010), o compulsório desempenhou um papel significativo durante a crise internacional de 2008, pois seu relaxamento naquele ano, com a alteração dos níveis de recolhimento e de deduções, permitiu que os bancos mantivessem níveis de liquidez suficientes para operarem sem maiores problemas. Seu impacto no custo do dinheiro no Brasil basicamente se refere ao fato de que ao recolher recursos depositados nas carteiras de depósito à vista e a prazo, os bancos obtêm uma remuneração mínima por esses recolhimentos, de acordo com a natureza do recurso. Para efeito de exemplificação, atualmente os depósitos compulsórios sobre a poupança são remunerados à TR (taxa referencial), acrescida de 6%, quando a taxa Selic for igual ou superior a 8,5% ou a 70% da taxa Selic, quando esta for inferior a 8,5%, conforme está regulamentado pelas circulares 3093/2002 e 3596/2012 do Banco Central do Brasil. Já os depósitos a prazo, são remunerados à taxa Selic, conforme circulares 3569/2011 e 3594/2012, também do Banco Central do Brasil, enquanto os depósitos à vista não são remunerados, de acordo com a Circular 3274/2005. Assim sendo, é possível deduzir que ao recolher os depósitos compulsórios aos cofres do BC, os bancos, que têm outros custos além do financeiro atrelados à captação dos recursos dos clientes, necessitam repassar essas despesas para o estoque de recursos livres que são utilizados na concessão dos empréstimos e dos financiamentos, elevando, assim, uma das variáveis do spread. Em relação a essa variável, embora pouco representativa na composição do custo do dinheiro no Brasil, ao ponto de não ser possível atribuir uma explicação relevante para os níveis de margem de juros das instituições bancárias, Barone (2011) entende que a redução possa ser motivada por políticas de aplicação dos recursos em operações nas quais a legislação permita a dedução do montante apurado para recolhimento ao BC, entre elas o aumento do volume de operações de microfinanças e de crédito habitacional, que oferecem remuneração superior às pagas pelo Banco Central do Brasil. Ressalte-se que essa não é uma solução exaustiva, uma vez que cabe aqui uma proposição de novos estudos sobre outras

17 formas de aplicação de recursos permitidos pela legislação, que permitiriam aos bancos menor recolhimento em detrimento de operações com retorno financeiro superior aos pagos pelo Banco Central nos depósitos compulsórios, diluindo os custos do capital captado em um volume maior disponível aos agentes econômicos. 4.1.4. Carga Tributária A carga tributária no Brasil é sempre um ponto criticado por diversos setores da economia. Na composição do spread, verifica-se a participação dela de forma significativa quanto aos custos de capital no Brasil, ficando atrás apenas dos custos com inadimplência e da margem líquida (resíduo). Uma das críticas observadas ao longo da pesquisa se refere à inclusão do Imposto de Renda e da CSLL, além da tributação indireta no cálculo do spread. Oliveira e Carvalho (2007) questionam o fato de, ao contrário dos tributos indiretos (PIS, Cofins e IOF), que oneram cada operação financeira e não são restituíveis, os tributos indiretos incidirem sobre os rendimentos de todas as operações dos bancos e dos depositantes e não são específicos da atividade financeira. Apesar de não aprofundarem seus estudos sobre a carga tributária, salientam ainda que o impacto do IR e da CSLL no spread depende do cálculo dos gastos com inadimplência e administrativos, já que estes alteram a base de cálculo dos tributos. Em outro estudo, no qual o IOF é discutido, Coelho (2009) apresenta os efeitos gerados no spread do período em que o governo utilizou esse imposto como ferramenta de controle do volume das movimentações financeiras no Brasil. O autor lembra que, em dezembro 2008, quando o IOF caiu de 3% para 1,5%, aparentemente o spread não sofreu efeitos relevantes; houve queda de 1,4%. Entretanto, fica evidenciada uma elasticidade maior do spread para cima, já que em janeiro do mesmo ano, quando o imposto havia subido de 1,5% para 3% mais o adicional de 0,38%, a variável componente do custo do dinheiro subiu 15,1% em relação a dezembro de 2007. Como conclusão o autor infere que há uma rigidez para baixo nos efeitos da variável tributos no spread quando há redução dos impostos. Alinhados a esse posicionamento, Koyama e Nakane (2002) concluíram, por meio de estudos estatísticos, que há uma correlação positiva e significativa nos resultados referentes ao efeito dos impostos e das contribuições na variável tributos do spread. Além deles, conforme foi tratado na seção de apresentação da variável (seção 2.2.4), Oreiro et. al. (2006) confirmou por meio de análises estatísticas que há variação no spread em função da carga tributária. Em contrapartida, verificou-se em alguns estudos que as despesas tributárias não

18 exercem influência significativa no spread. Com base em uma regressão, Fabris (2010) concluiu que as despesas tributárias não influem nem positiva nem negativamente sobre o spread. Já Bignotto et. al.(2006), com base em estimações estatísticas conclui que aparentemente os bancos não repassam as despesas tributárias ao spread. Apesar de ser possível identificar mais de uma vertente de pensamento no que diz respeito à influência dos impostos e das contribuições no comportamento da variável tributos do spread, este estudo, com base nos modelos observados na bibliografia utilizada como base de pesquisa, considera que há, de fato, influência significativa da carga tributária na composição do spread bancário. Com base no conhecimento gerado na pesquisa, a partir dos estudos realizados, em relação à variável tributos, entende-se que sua redução poderá ser efetiva com a revisão da metodologia de cálculo apurada pelo Banco Central, com a exclusão de alguns fatores, entre eles, a participação dos tributos diretos na composição do cálculo, conforme criticado por Oliveira e Carvalho (2007). Outro ponto que fica como sugestão de discussão é o retorno da CSLL para os 9% praticados até 2008, antes de sua elevação para os atuais 15%. Fica como sugestão de outras pesquisas, o aprofundamento dos efeitos tributários na composição do spread. 4.1.5. Margem Líquida, Erros e Omissões Essa variável, que por muitos é considerada erroneamente como o lucro dos bancos, tem grande relevância na composição do spread bancário no Brasil. Embora se aproxime da margem de lucro dos bancos, existem fatores que evidenciam que esse resíduo é uma medida imperfeita, entre eles os subsídios cruzados da aplicação compulsória de recursos em crédito rural e habitacional, que poderiam fazer com que os bancos buscassem rendimentos maiores nas operações com recursos livres para compensar as imposições dos recursos direcionados (Afonso, 2009). Dessa forma, ao se analisar o total de juros cobrados em uma operação de empréstimo, subtraídos os custos administrativos, inadimplência, tributos, compulsórios e custos de captação, chega-se à parcela responsável pela remuneração dos bancos. Cabe destacar que essa remuneração diz respeito somente às operações com recursos livres e, por esse motivo, o resíduo indica, com certo grau de imperfeição, a parcela de lucro dos bancos nas operações de empréstimo da carteira livre, e não necessariamente o retorno geral do banco, que engloba o retorno das demais unidades de negócio (Costa e Nakane, 2004). Barone (2011) acrescenta ainda que a margem à qual o banco remunera suas operações

19 de crédito engloba, além da remuneração em cenário de concorrência perfeita, uma remuneração por seu poder de mercado e pelos riscos de crédito, de reinvestimento e de refinanciamento. A partir do posicionamento dos autores, infere-se que essa variável, evidencia os ganhos dos bancos em suas operações de crédito com recursos livres. Com as medidas adotadas pelo governo recentemente, especialmente no que diz respeito à redução da taxa básica de juros e da manobra de redução de juros bancários nas operações de crédito com recursos livres, a partir de instituições financeiras publicas, a tendência é que haja um acirramento da concorrência entre os bancos na prospecção de novos negócios. Entende-se que este novo panorama é benéfico para a dinâmica dos mercados e para uma possível mudança em relação aos custos financeiros no Brasil. Por outro lado, as instituições financeiras devem adequar suas estratégias no sentido de reduzir os custos componentes do spread relacionados à sua eficiência, especialmente com os custos administrativos e na seleção de sua carteira de clientes, com o aumento do volume das concessões de crédito com qualidade, com perfil de adimplemento em níveis que permitam o menor provisionamento com devedores duvidosos possível para conseguirem manter suas margens. Paralelamente, é preciso que haja um esforço conjunto, principalmente por parte do governo, para diminuir o risco jurídico das operações no Brasil. É preciso que se aprovem medidas que protejam as instituições no sentido de evitar perdas quando das operações que se tornam inadimplentes, com a agilização dos processos legais e no alcance das garantias. A Lei de Falências e o Cadastro Positivo de Clientes já são alguns avanços que tendem a contribuir com a redução do spread na variável inadimplência. Além disso, a atual conjuntura econômica permite que haja discussões no que tange a carga tributária no Brasil, especialmente aquelas que oneram as operações de financiamento, que são fundamentais para alavancar o crescimento do país, além da revisão da metodologia de apuração da variável tributos no spread. São medidas que no ponto de vista desta pesquisa, são necessárias para que os bancos mantenham suas margens nos patamares atuais. 5. Considerações Finais: Identificando a importância de pesquisas acadêmicas em torno da composição do spread bancário no Brasil, principalmente em função das mudanças ocorridas nos últimos anos, este artigo procurou centrar-se na apresentação das variáveis que compõem o custo das operações de crédito de recursos livres realizadas pelos bancos.

20 A partir do delineamento do tema da pesquisa, buscou-se formar um referencial teórico considerado relevante, no que diz respeito ao problema de pesquisa, com base em pesquisas bibliográficas em artigos e em trabalhos acadêmicos e em outros dados considerados adequados para gerar o conhecimento necessário. Em linhas gerais, busca-se sintetizar a apresentação e a evidenciação das principais variáveis do spread na carteira comercial de recursos livres dos bancos comerciais de varejo no Brasil e discutir alguns fatores que podem contribuir com a redução do custo financeiro no país. Levando-se em consideração as limitações da pesquisa, restrita aos artigos publicados em periódicos científicos nas bases de dados nacionais, disponíveis no portal da Capes em sua integralidade e também de dados e de informações disponibilizados por órgãos governamentais como Banco Central do Brasil, por instituições financeiras e por organismos afins, como Febraban e órgãos de imprensa, e ainda, com base no entendimento resultante da análise dos trabalhos e dos relatórios analisados, conclui-se que em relação às variáveis do spread, é preciso analisá-las de forma individual, a fim de buscar alternativas que desonerem cada variável, para que haja uma gestão eficiente no sentido de reduzir o custo financeiro das operações de crédito no Brasil. Ao longo da pesquisa, evidenciou-se que uma das medidas possíveis para a redução do custo administrativo é o aumento da alavancagem das operações de crédito, de modo que o custo dessa variável seja diluído em um volume maior de operações. Com relação à outra variável representativa do custo financeiro no país, a inadimplência, algumas medidas são discutidas, as quais podem ser aplicadas pelos bancos, como a adoção de modalidades de cédulas de crédito que possuem trâmites legais, cobrança mais ágil e independente além da ampliação das garantias reais nas operações. Por parte dos órgãos governamentais, entende-se que a Lei de Falências e a implementação do Cadastro Positivo Brasileiro podem contribuir no sentido de diminuir o risco de crédito dos bancos no momento da concessão de empréstimos. No que diz respeito aos compulsórios, apesar de sua baixa representatividade na composição dos custos do spread, é importante destacá-lo por se tratar de uma ferramenta fundamental na condução da política monetária no Brasil. Para essa variável, uma das sugestões propostas é o aumento das operações de microfinanças e de crédito habitacional como forma de diminuir não só o valor recolhido aos cofres do Banco Central do Brasil, mas também de diluir os custos decorrentes das captações que, com o compulsório, acabam onerando os bancos com despesas que os rendimentos pagos pelo BC não cobrem.

21 Para a variável carga tributária, os bancos pouco podem fazer para reduzir os custos dela. Entretanto, fica a proposta da revisão da metodologia de cálculo elaborada pelo Banco Central do Brasil, que inclui os impostos diretos como IR e CSLL na composição do seu custo. Estes últimos dependem do cálculo dos gastos com inadimplência e administrativos, já que alteram a base de cálculo dos tributos, conforme foi apontado por alguns autores de pesquisas anteriores. Por fim, como resultado das variáveis anteriores, apresentou-se o conceito de margem líquida na composição do spread bancário. Embora muitos a considerem a margem de lucro dos bancos, evidenciamos que essa medida, apesar de ser imperfeita, aproxima-se dos ganhos realizados pelos bancos com suas operações de crédito com recursos livres. Com as medidas adotadas pelo governo no sentido de reduzir as taxas praticadas pelos bancos, mediante a redução do custo financeiro nos bancos oficiais, entende-se que essas medidas provocarão um acirramento da concorrência entre os bancos, o que poderá provocar não só a redução dos juros para os clientes, mas também a redução das margens de lucro das instituições financeiras. A manutenção de sua margem dependerá muito das estratégias adotadas em relação às outras variáveis componentes do spread, além do aumento do volume das operações. Assim sendo, acredita-se que a presente pesquisa tenha contribuído para a comunidade científica com a apresentação da estrutura dos custos financeiros no Brasil, de forma simplificada, com enfoque no spread das operações com recursos livres dos bancos no Brasil, além de se posicionar a respeito de algumas medidas, dentro do escopo do trabalho, que podem influenciar a redução do custo financeiro das operações, sem que os bancos percam sua lucratividade. Dessa forma, sugere-se para futuras pesquisas a verificação do comportamento e da composição do spread bancário decorrentes da redução do custo financeiro das operações de crédito no Brasil. Referências Bibliográficas: AFANASIEFF, Tarsila S.; LHACER, Priscila M. V.; NAKANE, Márcio I. The determinants of bank interest spread in Brazil. In: XXIX Encontro Nacional de Economia. Salvador: 2001. Disponível em: <www.brazilink.org/tikidownload_file.php?fileid=126>. Acesso em 26 mar, 2012. AFONSO, J. R.; KÖHLER, M. A.; FREITAS, P. S. de. Evolução e Determinantes do Spread Bancário no Brasil. Texto para Discussão 61, Centro de Estudos da Consultoria do Senado Federal. 2009.