Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Documentos relacionados
Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

AVALIAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS EM ESCOLARES COM IDADE DE 9 E 10 ANOS NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA-PR

Processo para o ensino e desenvolvimento do futebol e futsal: ESTÁGIOS DE INICIANTES, AVANÇADOS E DE DOMÍNIO

O TREINADOR DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE: ANÁLISE DA FORMAÇÃO E PERCEPÇÃO ACERCA DAS CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS AO PROCESSO DE ENSINO

Prof. Dr. Francisco Martins da Silva Orientador Educação Física UCB. Prof. Dr. Jonato Prestes Educação Física UCB

INFLUENCIA DO TREINADOR E DOS PAIS NA VIDA DA CRIANÇA NO FUTEBOL

INICIAÇÃO DO FUTSAL NA ESCOLA RESUMO

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM PARALISIA CEREBRAL NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

A IMPORTÂNCIA DO FUTSAL NOS ANOS ESCOLARES INICIAS

Competição. As competições infanto-juvenis fazem parte da nossa sociedade

DESENVOLVIMENTO DO RUGBY BRASILEIRO: panorama de 2009 a 2012

INTRODUÇÃO. XV JORNADA CIENTÍFICA DOS CAMPOS GERAIS Ponta Grossa, 25 a 27 de outubro de Leomar Martins Dos Santos 1 Aurélio Luiz Oliveira 2

V Encontro de Pesquisa em Educação Física

Percepção da população sobre a avaliação dos estudantes e dos cursos de medicina

UM ESTUDO DAS POSSIBILIDADES PARA MELHORAR OS RESULTADOS DE ANÁLISE MATEMÁTICA I PARA ENGENHARIA DE POLÍMEROS

Comportamento do Cidadão

Maria Tereza Silveira Böhme

INICIAÇÃO AO FUTEBOL. Concepções metodológicas do treinamento INTRODUÇÃO:

Informações de Impressão

As empresas poderiam ajudar com patrocínios e donativos para o desporto

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

Iniciação esportiva. Esporte. Comportamento livre, espontâneo e expressivo. Altamente organizados e competitivos.

Psicólogo do Esporte: a percepção de atletas sobre a importância desse profissional.

RESULTADOS DA POLÍTICA DESPORTIVA

JOGOS OLÍMPICOS DA JUVENTUDE: UM NOVO MEGAEVENTO ESPORTIVO DE SENTIDO EDUCACIONAL FOCADO EM VALORES

OPINIÃO PÚBLICA SOBRE O ABANDONO DE CÃES E GATOS EM UM BAIRRO DA CIDADE DE AQUIDAUANA, ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

METODOLOGIAS DE ENSINO NA APRENDIZAGEM DO FUTSAL MÉTODO ANALÍTICO OU GLOBAL

ESCOLINHAS DE FUTSAL: INICIAÇÃO ESPORTIVA E TREINAMENTO PRECOCE

RELATÓRIO DA PESQUISA COM OS CALOUROS 2016

ANTROPOMETRIA, FLEXIBILIDADE E DESEMPENHO MOTOR EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE FUTSAL.

A Ginástica no PST: o projeto piloto de Ginástica Aeróbica Esportiva

METODOLOGIA DA PARTICIPAÇAO/GLOBAL NO FUTSAL NA EMEF ALTINA TEIXEIRA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AMAZONAS-UEA PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PÓS-GRADUAÇÃO EM METODOLOGIA DO ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA RICARDO ALFREDO MAIA DA SILVA

V Encontro de Pesquisa em Educação Física O RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SURGIMENTO DE UM JOGO: DA OCIOSIDADE A CRIATIVIDADE ESTUDOS E REFLEXÕES

Acadêmica do Curso de Educação Física, ULBRA SM. Bolsista do Pibid/ Capes. 2

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

O TREINADOR DE JOVENS

DIFICULDADES DE ALUNOS SURDOS NO APRENDIZADO DE MATEMÁTICA

LERIANE BRAGANHOLO DA SILVA

QUESTÃO 1: Sexo dos entrevistados: Coluna B

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SEUS CONTEÚDOS: UMA ANÁLISE DO INTERESSE DOS ALUNOS DO 6º AO 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

MANUAL DAS ATIVIDADES LÚDICAS E ESPORTIVAS

COMO ESTÃO AS ESCOLAS PÚBLICAS DO BRASIL?

Treinamento Técnico. Finalidade

NÍVEL DE MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

APOSTILA METODOLOGIA

METODOLOGIAS DE ENSINO DO HANDEBOL E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

MOTIVAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA EM CORREDORES AMADORES DE RUA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ

MONITORAMENTO VÔLEI EM REDE NÚCLEOS PARANÁ PERCEPÇÕES 2017

ESPORTES ELETRÔNICOS

EMPRETEC FORMULÁRIO DE PRÉ-INSCRIÇÃO NOME: ENTREVISTADO EM: / / ÀS H TELEFONE PARA CONTATO: OBS:

PREFÊRENCIA E ADESÃO À PRÁTICA DE MODALIDADES ESPORTIVAS DE ESTUDANTES DO ENSINO FUNDAMENTAL

Cresce o número de pessoas acompanhando o Capixabão

Análise da Qualidade da Detecção, Seleção e Promoção de Talentos Esportivos na realidade brasileira. (Relatório Parcial)

A prática de atividades físicas, a idade cognitiva e as restrições intrapessoais entre pessoas mais velhas

INDEPENDENTE ESPORTE CLUBE

FUTEBOL E GINÁSTICA RÍTMICA: UMA PROPOSTA PARA TRABALHAR GÊNERO E SEXUALIDADE NO ENSINO FUNDAMENTAL II. RESUMO

ESCOLA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Curso de Licenciatura em Educação Física RESUMO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA EXTENSÃO

Conheça a Franquia Desbravadores Airsoft

CARACTERÍSTICAS ANTROPOMÉTRICAS E DE APTIDÃO FÍSICA DE ATLETAS DE FUTSAL FEMININO DA CIDADE DE MANAUS

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso ASPECTOS MOTIVACIONAIS QUE LEVAM OS ALUNOS À PRÁTICA DO VOLEIBOL

A Prática Esportiva do Voleibol e suas Possíveis Mudanças de Comportamento em Alunos do Ensino Médio

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

FESTIVAL DE INICIAÇÃO ESPORTIVA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA

Associação Catarinense das Fundações Educacionais ACAFE PROCESSO SELETIVO PARA ADMISSÂO DE PROFESSORES EM CARÁTER TEMPORÁRIO 2017

Relatório de resultados

IJUÍ PRÓ-VÔLEI: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA 1. Ana Paula Meggolaro 2, Mauro Bertollo 3.

A PERCEPÇÃO DE MENINAS PRATICANTES DE FUTSAL EM RELAÇÃO AO PRECONCEITO SOBRE O SEXO FEMININO NA PRÁTICA DO ESPORTE

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

CLIPAGEM IMPRESSO. Cliente: Colégio Santa Emília HAIM FERREIRA/FOLHA PE

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

PROFESSORES DE ENSINO FUNDAMENTAL E A INCLUSÃO ESCOLAR

INCLUSÃO FEMININA NO FUTEBOL

O TREINADOR DE JOVENS

A PRÁTICA DE FUTSAL FEMININO NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MUNICIPIO DE CRUZ ALTA/RS

Módulo II - SITUAÇÕES COMPETITIVAS COM CRIANÇAS DE 11 E 12 ANOS

Análise da Mobilidade das Famílias Portuguesas ESTUDO QUANTITATIVO. Análise da Mobilidade das Famílias Portuguesas. APEME MAIO de 2008.

A RELAÇÃO ENTRE PAIS-ALUNOS-ESCOLA E SUA INFLUÊNCIA PARA O PROCESSO PEDAGÓGICO

Sumário. 1. Aspectos Metodológicos Descrição dos Resultados Análise Gráfica... 7

O USO DE SOFTWARE LIVRE PELOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS DO IFSULDEMINAS CAMPUS MACHADO

EXERCÍCIOS DE ALONGAMENTO: HÁBITO OU NEGLIGÊNCIA ENTRE PRATICANTES DE ATIVIDADE FÍSICA NO MUNICÍPIO DE INHUMAS?

OPapeldoesportenaescola; Porque somente os Esportes Coletivos são trabalhados na escola; Como trabalhar os esportes individuais na escola;

Como desenvolver DESCENDENTES. Joeline Câmara Diretora Nacional de Vendas Independente

O que é a primeira Infância?

A melhor franquia de esportes de ação do Brasil. Conheça a Franquia Desbravadores Airsoft

VELOCIDADE E ESTAFETAS III

A PRÁTICA DO FUTSAL LÚDICO

A VISÃO DE LICENCIANDOS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SOBRE INCLUSÃO ESCOLAR

O ESPORTE COMO CONTEÚDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: SEUS MITOS, SUAS VERDADES E SUA REALIDADE CULTURAL, ECONÔMICA E POLÍTICA NA SOCIEDADE ATUAL.

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: PERSPECTIVA DOS ALUNOS

TRABALHANDO O PRECONCEITO E A ACESSIBILIDADE A PARTIR DE UMA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

Pesquisa Dimensões da cidade: favela e asfalto

O que já sabemos sobre a BNCC?

Metodologia. 15 de agosto a 03 de setembro de Município de São Paulo. Entrevistas online e domiciliares com questionário estruturado

Escola Especial Renascer APAE - Lucas do Rio Verde - MT. Futsal Escolar

A Educação a Distância na Pós graduação: opiniões e experiências dos atores

INICIAÇÃO DESPORTIVA INICIAÇÃO AO FUTSAL Prof.: Msd.: Ricardo Luiz Pace Jr.

OS HÁBITOS DE USO DAS TDIC POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NO CONTEXTO EDUCACIONAL

A CONCEPÇÃO DE ALUNOS INSTITUCIONALIZADOS SOBRE O ACESSO DE ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES NA CIDADE DE MUZAMBINHO MG

Transcrição:

314 versão eletrônica UM ESTUDO SOBRE A INICIAÇÃO DO FUTSAL FEMINO NA PERIFERIA DE CURITIBA João Carlos Kotviski 1 RESUMO Este trabalho, que discorre sobre a iniciação no futsal feminino nas periferias, tem a intenção de mostrar que, apesar das dificuldades que as meninas enfrentam ao iniciar e seguir treinando no futsal, nada impede que elas corram atrás dos seus sonhos com a mesma raça e determinação dos meninos. Também mostra que estas dificuldades são potencializadas contra elas pelo preconceito. Algumas dessas dificuldades estão representadas nas 10 questões propostas no questionário usado como instrumento de coleta de dados, como o lado financeiro, a habilidade, à distância até o local dos treinos e o incentivo dos pais e responsáveis. Responderam ao questionário, 16 meninas matriculadas em uma escola estadual de Curitiba, tendo entre 11 e 16 anos e, com tempo de prática entre 1 mês e 6 anos. Palavras-chave: Futsal, Futsal Feminino, Iniciação, Preconceito. ABSTRACT A study about the initiation of female futsal in the suburbs Curitiba This work discusses the initiation into futsal in the peripheries, intends to show that, despite the difficulties that girls face when starting and keep coaching futsal, nothing prevents them run after your dreams with the same race and determination of the boys. It also shows that these difficulties are enhanced by prejudice against them. Some of these difficulties are represented by the 10 questions posed in the questionnaire used as an instrument of data collection, as the financial side, the skill, the distance until the location of the practice and encouragement of the parents and guardians. Answered the questionnaire, 16 girls enrolled in a state school in Curitiba, they are between 11 and 16 years old and, with time of practice between 1 month and 6 years. Key words: Futsal, Female futsal, Initiation. prejudice. E-mail: joaocarloskt@gmail.com 1-Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Futebol e Futsal: As Ciências do Esporte e a Metodologia do Treinamento. Endereço para correspondência: Rua João Dembinski, 2380/B2-12 CIC Curitiba Paraná CEP: 31230-000

315 versão eletrônica INTRODUÇÃO A iniciação em todos os esportes deve ser feita com muita responsabilidade, ainda mais, quando determinados esportes tem uma cultura machista, como é o caso do futsal. Assim, se os meninos já enfrentam muitas dificuldades para iniciar em seu esporte preferido, como por exemplo, falta de professores especializados e local de treino, uma vez que sempre dependem de quadras escolares, as meninas ainda têm que enfrentar todo um preconceito constante, que acaba aumentado suas dificuldades e, consequentemente desmotivando assim, a maioria delas. O objetivo deste artigo é o de identificar as circunstâncias de oportunidades na iniciação do futsal feminino na periferia da cidade de Curitiba. MATERIAIS E MÉTODOS A amostra foi constituída por 16 alunas praticantes de futsal, com tempo de prática entre 1 mês e 6 anos, e com idade entre 11 e 16 anos, em uma escola pública estadual, no município de Curitiba. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário com 10 perguntas em questões fechadas, cada uma com cinco itens, baseados no item de Likert. Todos os elementos da amostra participaram livre e espontaneamente após lerem e assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido conforme resolução 196/96 do Ministério da Saúde. Utilizou-se a estatística descritiva para apresentar os dados em gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quando falamos em iniciação de futsal, a primeira coisa que nos vem a mente, é uma escolinha de futsal paga, com professores capacitados que realmente executam um processo pedagógico sem tratar as crianças como mini atletas, e com material adequado sempre a disposição. Porém, quando pensamos nas populações dos bairros das periferias das cidades, a realidade é outra, tanto para meninos como para meninas, pois dependem geralmente de quadras ou escolas públicas para iniciar o treino de seu esporte preferido. E as meninas passam por dificuldades muito maiores, devido a uma série de circunstâncias que podem atrapalhar, retardar e até impedir que elas iniciem o caminho para realização do seu sonho. Gráfico 1 - Em relação ao dinheiro, qual é a sua situação quando você pensa em jogar futsal?

316 versão eletrônica Gráfico 2 - Com relação à habilidade com bola, você acha que para começar a jogar futsal é preciso. Gráfico 3 - A distância entre a sua casa e o local dos treinos. Gráfico 4 - Com relação ao incentivo dos pais ou responsáveis, você acha que eles.

317 versão eletrônica Gráfico 5 - Qual a importância da opinião dos outros sobre você jogar futsal? Gráfico 6 - Quando as pessoas dizem que futsal é coisa de meninos, você. Gráfico 7 - Com relação a pratica do futsal na sua escola, você tem.

318 versão eletrônica Gráfico 8 - Quanto ao número de quadras para a prática do futsal no seu bairro. Gráfico 9 - Você concorda quando as pessoas dizem que boas jogadoras já nascem com talento para o futsal? Gráfico 10 - Como você considera a importância do seu professor/treinador?

319 versão eletrônica Algumas dessas circunstâncias são inerentes tanto para meninas como para os meninos, mas sempre, ou quase sempre, potencializando mais as dificuldades das meninas. No que diz respeito à parte financeira, quando perguntado as 16 participantes da amostra, 13 praticantes, 81,25% consideram que não sobra e nem falta dinheiro. Sobra dinheiro, falta dinheiro e falta muito dinheiro, 1 praticante, 6,25% para cada uma. Essa posição da maioria se deve ao fato de que a intenção não é ir para uma escolinha de futsal ou alguma escolinha franqueada de algum grande time, e sim de iniciar no ginásio do bairro, ou depender de algum professor abnegado, ou ainda, no caso de Curitiba, os Centros de Treinamento Municipais, com projetos de esporte e lazer para a comunidade. Na questão habilidade com bola, 6 praticantes, 37,5% afirmaram que é preciso ter habilidade e 6 participantes afirmaram nem muita e nem pouca habilidade, com 2 praticantes, 12,5% para pouca habilidade. Fechando esta questão, os itens ter muita habilidade e não ter habilidade, ficaram com 1 praticante, 6,25% cada uma. A cobrança da habilidade para iniciar no futsal é maior para os meninos, cobrança esta vinda mais dos pais e parentes. Para as meninas, a pressão é mais interior, por elas se compararem aos meninos o tempo todo. Porém, no dia a dia das atividades dentro dos treinos, elas praticam com a maior alegria e disposição possíveis, pois elas sabem que podem aprender da mesma forma que eles. Podem ser ensinados cada vez mais elementos técnicos básicos, de tal modo, que seja possível a continuação do futuro desenvolvimento para as modernas técnicas esportivas do futsal (Junior, 2009). Sobre a distância entre as residências e o local dos treinos, 15 praticantes, 93,75% disseram que não atrapalha e nem ajuda, enquanto que apenas 1 praticante, 6,25% afirmou que não ajuda nem um pouco. Neste caso, a distância não é determinante para a iniciação, uma vez que a maioria das alunas treina na escola e moram todos próximos do local. O único caso que atrapalha é porque a aluna mora em outro bairro e vem a escola só para treinar. Um dos pontos muito importantes para qualquer criança que queira se iniciar em qualquer tipo de esportes, é o incentivo dos pais. Aqui, na soma das duas primeiras opções positivas e na opção que traduz indiferença, ouve uma predominância das respostas, com 6 praticantes, 37,5% para incentivam muito, 3 praticantes, 18,75% para incentivam, e mais 6 praticantes respondendo que nem incentivam e nem proíbem, finalizando com apenas 1 praticante, 6,25% que não incentivam. A questão do incentivo não impede que elas se iniciem e treinem o futsal, e nesse caso, confirma que o apoio familiar é muito importante para elas na motivação da sequência dos treinamentos. Segundo Oliveira, citado por Souza (2011), o incentivo da família é importante no desenvolvimento de qualquer prática esportiva e, quando se trata de uma modalidade em que as praticantes são vistas de maneira diferente pela sociedade, seu papel se torna de apoio ou barreira, visto que é difícil permanecer praticando o futsal, se existe o pensamento preconceituoso dentro da própria casa. Nas duas próximas questões, existe o problema maior que é o preconceito com relação às meninas que querem se iniciar e treinar o futsal. Segundo Oliveira, citado por Souza (2011), o preconceito no futsal feminino podese apresentar de várias maneiras, seja nas questões de gênero, em que se pensa que mulheres não sabem jogar bola; nas questões do vestuário associado aos papéis de gênero, mulheres que se vestem como homens; ou ainda nas questões como a sexualidade, onde as mulheres que jogam futebol/futsal são estereotipadas como homossexuais. Quando questionadas sobre a opinião dos outros, as perguntas com respostas que traduzem indiferença ficaram com a preferência. Com 4 praticantes, 25% respondendo que nem importa e nem incomoda e 4 praticantes, 25% que não é importante. E 5 praticantes, 31,25% disseram que não é nem um pouco importante, 1 praticante, 6,25% respondeu que é muito importante e 2 praticantes, 12,25% afirmaram que é importante. Por mais que, as competições adultas de futsal feminino estejam estabelecidas, inclusive com três mundiais vencidos pelas mulheres brasileiras, e mais, com a jogadora de futebol Marta aparecendo na mídia frequentemente, mesmo assim, sempre que

320 versão eletrônica uma menina com 10 ou 11 anos começa a jogar no meio dos piás, lá vem alguém chamala de piá ou sapatão. Até quando? Para Silva e Lima (2010) é nesse sentido que compreendemos a prática do futsal pelas meninas na escola, mais que uma brincadeira. Uma turma de mulheres significa, sobretudo, uma possibilidade de construção de outro modelo de gênero, onde as relações sociais historicamente machistas passam por um processo de ressignificação. Ainda dentro da questão do preconceito, na pergunta mais específica sobre uma opinião também específica, a maioria, ou seja, 14 praticantes, 87,5% respondeu que não concorda nem um pouco com a manifestação machista de que o futsal é coisa de meninos, além de as outras 2 praticantes, 12,5% afirmarem que não concordam com esta expressão. Realmente, as meninas não se deixam afetar por qualquer opinião que caracterize preconceito. Se elas gostam e querem, o que lhes falta é a oportunidade, só isso. Na pergunta que aborda as oportunidades dentro da escola, houve certo equilíbrio onde 4 praticantes, 25% responderam respectivamente para cada questão algumas oportunidades e nem muitas nem poucas oportunidades, 3 praticantes, 18,75% para as duas respostas negativas respectivamente poucas oportunidades e quase nenhuma oportunidade. E para a resposta mais positiva, 2 praticantes, 12,5% afirmando que tem muitas oportunidades. Nesta questão, a influência da postura do professor sempre vai determinar até que ponto as oportunidades dentro da escola vão existir, pois se depender apenas dos meninos, apenas aquelas mais habilidosas vão poder fazer parte do dia a dia do futsal na escola. Segundo Bezerra (2006), o professor de Educação Física tem um grande papel na inserção do futsal feminino na escola, quando começa dando em suas aulas de Educação Física Escolar o futsal também para as meninas. Sendo assim, o professor tem o dever de proporcionar oportunidades iguais para ambos os sexos, como podemos observar o que afirma Santana (2007), possíveis comparações com o futsal masculino, devem ser sumariamente evitadas, pois são, minimamente, inoportunas. Mulheres têm de ser comparadas entre si. Assim, terão respeitada sua individualidade; assim as meninas poderão se iniciar no futsal sem a responsabilidade e/ ou o objetivo de terem de se comportar como os meninos naquilo que fazem para serem aceitas pelos (as) professores (as). A respeito de um lugar para praticar o futsal, ou seja, o número de quadras disponíveis no bairro local, as respostas traduzem uma realidade da maioria dos bairros brasileiros, senão vejamos. Das 16 participantes, 12 praticantes, 75% responderam que não existe quase nenhuma quadra, somando mais 3 praticantes, 18,75% respondendo poucas quadras, e apenas 1 praticante, 6,25% afirmando que existem muitas quadras. Quase sempre, a única quadra disponível para a prática do futsal na periferia, é a quadra da escola. Em muitos casos, a única maneira de haver duas quadras no bairro, é além de uma escola estadual, é haver uma escola municipal também. A penúltima pergunta pode ser considerada uma questão que se refere a uma situação um tanto quanto delicada, e que causa muita controvérsia entre professores de treinadores de categorias de base, pois envolve o termo talento, usado com frequência pelos chamados olheiros ou descobridores de talento. Ao responderem, se concordavam que boas jogadoras já nascem com talento para o futsal, apenas 1 praticante, 6,25% das 16 participantes respondeu que concordava com esta afirmação. Já 6 praticantes, 37,5% responderam não concordo nem discordo, e outras 6 praticantes, 37,5% responderam discordo, fechando outras 3 praticantes, 18,75% respondendo que discordavam completamente. Aqui, podemos lembrar a afirmação de Junior (2009) que relata que a fase de aquisição que abrange a faixa etária de 6 à 9 anos, tem o objetivo, melhorar as bases motoras gerais, bem como, despertar o interesse pelo esporte. Então, isso explica porque os meninos tem mais habilidade do que as meninas, ou seja, nessa idade, eles já jogavam fora das escolinhas, na rua da frente de casa, etc., adquirindo assim, o que a maioria desavisada chama de talento superior ao das meninas.

321 versão eletrônica Na última pergunta como era de se esperar, devido a uma constante conscientização sobre a necessidade da presença de um professor e treinador, e também a carência das meninas com alguém que as entendam, a maioria, 14 praticantes, 87,5% responderam que consideram muito importante um professor/treinador, e somando mais 2 respostas positivas, 12,5% respondendo importante. Segundo Freire (2013), poderes públicos, organizações não-governamentais e outras instituições que se dedicarem ao esporte educacional devem apresentar competência para ensinar esporte a todos, o que inclui os mais habilidosos, os deficientes motores e mentais, os mais novos e os mais velhos, homens e mulheres, altos e baixos, etc. Além do mais, se lembrarmos que as meninas precisam de alguém preparado em todos os sentidos, justifica-se a necessidade que elas tem, de sempre contar com a opinião dos professores/treinadores sobre seu desempenho, como bem afirma Silva e Lima (2010) um professor, com afetividade desenvolvida, que possui a capacidade de ouvir e aconselhar um indivíduo de modo pertinente pode fazer muita diferença em um ambiente educativo. Desta forma, a atuação do professor deve ser muito bem fundamentada, para que não haja prejuízo às meninas, e como bem afirma Freire (2013), no esporte educacional é o esporte que deve ser adaptado às pessoas, e não o contrário. Os professores colocados a serviço do esporte educacional devem ser antes muito bem preparados. REFERENCIAS 1-Bezerra, E. L. Futsal Feminino e Escola no Nordeste Brasileiro: Uma Análise da Iniciação nas Aulas de Educação Física. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquiv os/file/2010/artigos_teses/educacao_fisic A/artigos/Futsal-nordeste.pdf Acesso em 24/03/2013. 2-Freire, J. Princípios do Esporte Educacional. Disponível em: http://blog.cev.org.br/joaofreire Acesso em 24/03/2013. 3-Junior, J. R. A. Futsal: Aquisição, Iniciação e Especialização. Curitiba. Editora Juruá. 2009. 4-Santana, W. C. A Expansão do Futsal Feminino. 2007. Disponível em: http://www.pedagogiadofutsal.com.br/interna editoriais.aspx?id=36 Acesso em 24/03/2013. 5-Silva, M. C.; Lima, M. P. A Prática de Futsal Por Meninas: uma medida importante para aumentar a resiliência de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. 2010. Disponível em: http://estudosiat.sec.ba.gov.br/index.php/estud osiat/article/viewfile/9/45 Acesso em 30/03/2013. 6-Souza, M. M. Futsal Também é Coisa de Mulher: Por quê Será Que Elas o Praticam? Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/39326 Acesso em 30/03/2013. CONCLUSÃO As meninas, assim como os meninos, enfrentam basicamente as mesmas dificuldades para se iniciar no futsal. Porém, o preconceito se sobressai como fator determinante para elas, no mínimo, adiarem a decisão de começar a treinar em algum lugar, mesmo que seja na escola em que estudem. No mais, a falta de oportunidade, comum também aos meninos, vem para complicar ainda mais a realização de seus sonhos. Recebido para publicação em 20/04/2013 Aceito em 15/05/2013