Organização do Estado III. Prof. ª Bruna Vieira

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CF/88. Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.

Transcrição:

Organização do Estado III Prof. ª Bruna Vieira

3.2. Estados: são pessoas políticas dotadas de autonomia, marcada pelo fato de a CF determinar que os Estados devem elaborar suas próprias Constituições Estaduais. Princípio da simetria: só podem elaborar Constituições que estejam de acordo com a Federal e com base nas suas diretrizes. -O artigo 26 da CF traz quais são os bens pertencentes aos Estados. - Dentre eles podemos destacar as terras devolutas não compreendidas entre as da União e as ilhas fluviais e lacustres também não pertencentes à União.

-Criação e a extinção dos Estados (art. 18, 3º e 4º, da CF) Incorporação (ou fusão); Subdivisão (ou cisão); e Desmembramento. Para todas as hipóteses há alguns requisitos comuns e cumulativos. São os seguintes: a) realização de um plebiscito: significa que a população interessada deve, necessariamente, aprovar, por meio de um plebiscito, a formação de um novo Estado. Somente após essa aprovação é que será possível a verificação do segundo requisito. Desse modo, a realização do plebiscito é condição essencial à fase posterior.

b) existência de um projeto de lei complementar: a Lei nº 9.709/98, que regulamentou o art. 48, VI, da Constituição Federal, determina que, após a aprovação pelo plebiscito, deve ser proposto um projeto de lei complementar que terá início ou na Câmara de Deputados ou no Senado Federal, ou seja, em qualquer das Casas do Congresso Nacional. c) audiência nas Assembleias Legislativas: a Casa em que o projeto tenha iniciado deverá realizar a audiência para a expedição de um parecer opinativo. Desse modo, o processo pode continuar ainda que o parecer dado pelas Assembleias Legislativas tenha sido desfavorável à formação de um novo Estado.

* Isso não ocorre em relação ao resultado do plebiscito (condição prévia para as demais fases). d) aprovação por parte do Congresso Nacional: quórum de maioria absoluta (art. 69 da CF). Essa aprovação e a eventual sanção do projeto, pelo Presidente da República, são atos discricionários. Nessa fase nem a manifestação favorável, dada durante a realização do plebiscito, obriga o Legislativo a aprovar o projeto e o Executivo a sancioná-lo.

Modalidades de criação e extinção de Estados: a) Fusão: ocorre quando dois ou mais Estados se incorporam geograficamente, formando um novo, diferente dos demais. Aqueles que se uniram, consequentemente, perderão suas personalidades originárias, desaparecerão. Exemplo: imaginem que existam os Estados x, y e z, e que os três sejam incorporados. Após a união, nasce o Estado w, fruto da junção dos três. b) Cisão: ocorre quando um Estado existente subdivide-se para formar dois ou mais Estados novos, que terão personalidades distintas. Desse modo, o Estado que foi subdividido não mais deterá personalidade, desaparecerá

Exemplo: suponham que existam o Estado x e que ele seja subdividido formando os Estados w, y e z. O Estado originário x desaparece para que outros três sejam criados. c) Desmembramento: ocorre quando um ou mais Estados destinam parte de seu território com a finalidade de formar um novo Estado ou Território ou ainda para se anexarem a outro.em regra, o Estado que destina parte de seu território não deixa de existir. Aliás, como o próprio conceito nos ensina, destina parte, apenas parte de seu território. Foi o que ocorreu com o Mato Grosso em relação ao Estado do Mato Grosso do Sul e o Estado de Goiás em relação a Tocantins (art. 13 do ADCT).

Competência dos Estados: As competências dos Estados, como as da União, podem ser legislativas ou não legislativas. a) Competências não legislativas Também chamadas de administrativas ou materiais, dividem-se em comuns e remanescentes. - Comum (art. 23 da CF): é dada indistintamente a todos as pessoas políticas, U, E, DF e M (já fora objeto de estudo quando da análise da competência da União). - Remanescente ou reservada aos Estados (art. 25, 1º, CF): é dada aos Estados para tratar de assuntos que não sejam da competência da União (art. 21, CF), do Distrito Federal (art. 23, CF) e dos Municípios (art. 30, CF).

Competências legislativas Os Estados podem legislar concorrentemente sobre as matérias trazidas pelo artigo 24 da CF. Dentro dessa competência a União edita normas gerais e os Estados e o DF normas específicas. Se a União não tiver feito a lei geral, o Estado detém competência legislativa plena. Se posteriormente a União editar a norma geral, ela fará com que a execução da lei estadual fique suspensa, apenas no que lhe for contrário. 3.3. Distrito Federal: ente político autônomo, dotado de capacidade de auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação.

Diferente do que ocorre com os Estados, que são regidos por Constituições Estaduais, o Distrito Federal é regido por Lei Orgânica. Lei orgânica do DF Deve ser aprovada em dois turnos, com um intervalo mínimo de 10 (dez) dias, pelo voto de 2/3 da Câmara Legislativa do DF, conforme dispõe o artigo 32 da Constituição Federal. - A característica do autogoverno é marcada pela eleição de Governador, Vice-Governador e Deputados Distritais (art. 32, 2º e 3º, da CF).

Competência do Distrito Federal O Distrito Federal cumula duas competências, pode legislar tanto sobre matérias reservadas aos Estados, como as atribuídas aos Municípios (art. 32 da CF). Três importantes características do Distrito Federal: a) Não pode ser dividido em Municípios (é diferente dos Estados e dos Territórios, se criados). b) Possui uma autonomia que é parcialmente tutelada pela União. c) É no Distrito Federal que se localiza a Capital Federal, que é Brasília.

3.4. Municípios : são entes políticos dotados de capacidade administrativa, política e de autoorganização. -Administrativa: porque tem competências legislativas e administrativas dadas aos Municípios. -Capacidade política: porque elegem diretamente o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores. -Capacidade de auto-organização: porque é regido por suas próprias Leis Orgânicas Municipais (art. 29 da CF). - Tais leis devem ser votadas em dois turnos, com um interstício (intervalo) mínimo de dez dias, e aprovadas pelo voto de 2/3 dos membros da Câmara Municipal.

- A autonomia municipal deve ser respeitada sob pena de Intervenção Federal. Desse modo, se um Estado desrespeitar a autonomia municipal, conforme o artigo 34, inciso VII, alínea c, da Constituição Federal, caberá intervenção federal. - Regras sobre criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios (art. 18, 4º, da CF). É necessário: a) uma lei complementar federal determinando o período e o procedimento para a criação, incorporação, fusão ou desmembramento do município;

b) divulgação de estudos de viabilidade municipal; c) realização de consulta prévia às populações diretamente interessadas, por meio de plebiscito, artigo 5º da Lei nº. 9.709/98 tal consulta somente ocorrerá se os estudos de viabilidade demonstrarem a possibilidade de criação, incorporação, fusão ou desmembramento do município ; e d) existência de lei estadual, dentro do período determinado pela lei complementar federal, desde que os requisitos anteriores tenham sido devidamente cumpridos.

-Emenda Constitucional nº 57 de 2008: acrescentou o art. 96 ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que assim dispõe: Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação. Esse dispositivo configurou um pedido ao Poder Legislativo para que elabore a tal lei complementar, exigida constitucionalmente, pois sem ela não há possibilidade de criação, fusão, incorporação e desmembramento de municípios.

Desse modo, como muitos já haviam sido criados, sem a existência da lei complementar, eles foram convalidados para que a própria ordem constitucional não fosse posta em risco. Competência dos municípios: podem ser legislativas ou não legislativas. As não legislativas podem ser comuns ou enumeradas. - Comuns: são as que todos os entes políticos possuem, de acordo com o art. 23 da Constituição, conforme já analisado. - Enumeradas: estão no art. 30, III a IX, da CF: por exemplo, podem instituir e arrecadar os tributos de sua competência.

Art. 30. Compete aos Municípios (enumeradas): III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

Competências legislativas Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; Em suma, os Municípios legislam sobre assuntos de interesse local que são sobre as peculiaridades e necessidades inerentes ao próprio Município. 4. Territórios federais - Os territórios federais, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 18 da CF, pertencem à União.

Somente por meio de lei complementar é que poderão ser criados, transformados em Estado ou reintegrados ao Estado de origem. É dessa maneira, porque os territórios não possuem autonomia política, apenas administrativa. -Frisa-se que atualmente não existem territórios federais no Brasil; os últimos que existiram foram extintos pelos artigos 14 e 15 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em Estados (art.14, ADCT) e o de Fernando de Noronha teve sua área incorporada ao Estado de Pernambuco (art. 15, ADCT).

Intervenção Federal e Estadual - Regra: autonomia das pessoas políticas. Desse modo, a União, os Estados, o DF e os Municípios são independentes e autônomos e não podem, em regra, um intervir no outro. -A intervenção é uma medida de exceção. Consiste na supressão temporária das prerrogativas dos Estados e dos Municípios. - Quando há intervenção prevalece a vontade daquele que a concretizou, que poderá ser a União ou os Estados.

- Por ser medida de caráter excepcional (a regra é a não intervenção), só poderá ser decretada nos casos taxativamente previstos na Constituição. Tem por principal finalidade assegurar o pacto federativo - Só ocorre intervenção federal nos Estados e no Distrito Federal. Assim, a União não pode intervir num município pertencente a um Estado. Em regra, somente um Estado pode intervir no município intervenção estadual. - A União só poderá intervir num município se ele estiver localizado num território (atualmente não há territórios federais).

Há duas formas de intervenção: a espontânea e a provocada. a) Espontânea: nesses casos o Presidente da República age de ofício sem a necessidade de provocação. Cabe intervenção espontânea: I para manter a integridade nacional; II para repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III para pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; IV para reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas na Constituição dentro dos prazos estabelecidos em lei.

b) Provocada: I para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação. Se a coação for exercida contra os Poderes Executivos ou Legislativos dos Estados, a intervenção dependerá de solicitação do poder coagido ou impedido. Por outro lado, se for exercida contra o Poder Judiciário, dependerá de requisição do STF. II para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial. Se houver desobediência à ordem ou decisão judiciária, a intervenção dependerá de requisição do STF, do STJ ou do TSE.

Já para prover a execução de lei federal, a intervenção dependerá de requisição do STF, em caso de provimento de representação do Procurador-Geral da República. III para assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis que são os seguintes: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública; e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

-Nas hipóteses de violação a princípios constitucionais sensíveis, a intervenção deve ser antecedida por uma ação - ADI Interventiva. É necessária a requisição do STF, após ter dado provimento à representação do Procurador- Geral da República, que se materializa por meio da ADI Interventiva. - O decreto do Presidente da República, que concretizará a intervenção, deverá especificar a amplitude, o prazo e as condições de execução. Também deve constar a nomeação de um interventor, quando couber.

- O Congresso Nacional fará um controle político da intervenção, apreciando o ato em até 24 horas após sua edição. Se estiver em recesso, será feita convocação extraordinária, exceto nas hipóteses dos incisos VI e VII do artigo 34 da CF. - Intervenção Estadual: as hipóteses de intervenção estadual também podem ser espontâneas ou provocadas. a) Espontânea: I quando deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II quando não forem prestadas as contas devidas, na forma da lei;

III quando não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços de saúde; b) Provocada: IV para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual: depende de provimento de representação pelo Tribunal de Justiça; V para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial: depende de provimento de representação pelo TJ.

(OAB/Exame Unificado 2014.1) José é cidadão do município W, onde está localizado o distrito de B. Após consultas informais, José verifica o desejo da população distrital de obter a emancipação do distrito em relação ao município de origem. De acordo com as normas constitucionais federais, dentre outros requisitos para legitimar a criação de um novo Município, são indispensáveis: (A) (B) (C) (D) lei estadual e referendo. lei municipal e plebiscito. lei municipal e referendo. lei estadual e plebiscito.

Fundamentos: de acordo com o 4º do art. 18 da CF, a criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. Vale lembrar que a jurisprudência do STF determina a não possibilidade da criação de novos municípios enquanto não for criada a Lei Complementar Federal, mencionada no art. 18, 4º, da CF (ADI 2.702, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 05.11.2003, DJ de 06.02.2004). Gabarito D