PATOLOGIA DA ENVOLVENTE EXTERIOR DE CONSTRUÇÕES EDIFICADAS NO DISTRITO DE CASTELO BRANCO ENTRE 1970 E 1995

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Transcrição:

PATOLOGIA DA ENVOLVENTE EXTERIOR DE CONSTRUÇÕES EDIFICADAS NO DISTRITO DE CASTELO BRANCO ENTRE 1970 E 1995 Armando Manuel Matos Araújo * amma@estg.ipleiria.pt Jorge de Brito jb@civil.ist.utl.pt Eduardo Júlio ejulio@dec.uc.pt Resumo A presente comunicação tem como objectivo apresentar um tratamento estatístico, com base no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) [1], da informação recolhida referente às anomalias / causas prováveis dos elementos construtivos da envolvente exterior de várias dezenas de edifícios do distrito de Castelo Branco, edificados entre 1970 e 1995, no âmbito de um levantamento nacional com a colaboração das instituições universitárias do País. Palavras-chave: Envolvente exterior, Patologia, Estatística. 1 Introdução A presente comunicação tem por base uma tese de doutoramento que está a ser realizada no Instituto Superior Técnico pelo 1º autor. Neste artigo, apresenta-se parte de um tratamento estatístico, com base no SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) [1], efectuado à informação recolhida das inspecções realizadas em várias dezenas de edifícios de habitação construídos de raiz, edificados entre 1970 e 1995 no distrito de Castelo Branco, dando-se aqui enfoque às anomalias / causas prováveis do elemento construtivo fachadas e muretes, da envolvente exterior, no âmbito de um levantamento nacional com a colaboração das instituições universitárias do País. * Prof. Adjunto do Departamento de Engenharia Civil da ESTG - IPL. Professor Associado com Agregação do Departamento de Engenharia Civil do IST - UTL. Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC - UC. PATORREB 2009 359

2 Metodologia de avaliação das anomalias / causas Foi elaborado um estudo abrangente a fim de cobrir todas as anomalias não estruturais susceptíveis de aparecer na envolvente exterior dos edifícios a avaliar. Nesse sentido, foram estudadas 148 anomalias que foram divididas pelos elementos de construção a avaliar (coberturas inclinadas, coberturas em terraço, fachadas e muretes - da cobertura e de varandas e palas -, vãos exteriores e varandas e palas), sendo 38 afectas ao elemento construtivo de fachadas e muretes (caso em estudo). 2.1 Metodologia de diagnóstico Não tendo sido possível realizar ensaios in situ nem sondagens, a metodologia adoptada para efectuar o diagnóstico da envolvente consistiu exclusivamente numa inspecção visual, apoiada em registos escritos (fichas de inspecção) e fotográficos. 2.2 Classificação das anomalias Quanto à classificação das anomalias [2], foram definidas as classes de urgência de actuação (classe 1), de segurança estrutural / bem-estar das pessoas (classe 2) e pseudo-quantitativa (classe 3). Esta última classe representa a pontuação global considerando as duas anteriores. A cada classe foram definidos níveis colocados por ordem decrescente de gravidade com a respectiva pontuação. A cada anomalia foi atribuída uma pontuação nas classes 1 e 2, cujo somatório corresponde a cada um dos intervalos de pontuação da classe 3, definindo, assim, a prioridade global de actuação (Tabela 1). Tabela 1: Classificação das anomalias. 1 - Urgência 2 - Segurança 3 - Pseudo-quantitativa Classe de actuação e bem-estar (1 + 2) Níveis 0 1 2 3 A B C 1 2 3 4 80 e 60 e 40 e 20 e Pontuação 50 30 20 10 50 20 10 100 70 50 30 2.3 Causas das anomalias Foram consideradas 18 causas prováveis associadas a factos considerados como geradores de anomalias nas várias fases do processo de construção (erros de concepção, erros de execução, acções de origem mecânica, acções ambientais e utilização / manutenção). 360 PATORREB 2009

2.4 Fichas de inspecção Foram feitas, em folhas de cálculo, 19 fichas de inspecção para o diagnóstico da envolvente exterior de edifícios, nomeadamente quanto às características gerais (1 ficha), às obras de beneficiação (2 fichas), à tipologia dos elementos construtivos, às suas anomalias / causas e à classificação das anomalias (16 fichas). O seu preenchimento, durante a inspecção, é expedito. De um modo geral, as fichas são preenchidas com 0 (não), 1 (tem) e 2 (não se sabe). Os dados registados nas fichas de inspecção são exportados para folhas de cálculo com o objectivo de serem tratados estatisticamente através do programa SPSS [1]. 2.5 Manual de inspecção No sentido de disponibilizar informação que normalizasse e facilitasse o preenchimento das fichas de inspecção, elaborou-se um manual de inspecção [3], que foi desenvolvido com base na compilação e síntese de publicações científicas e técnicas, nomeadamente para a análise das anomalias / causas. 3 Análise estatística das inspecções Foram seleccionados 46 edifícios para tratamento estatístico, dos quais 15% unifamiliares e 85% multifamiliares. São apresentados alguns resultados sobre os segundos relativamente a fachadas e muretes. 3.1 Análise das anomalias Na Figura 1 faz-se a avaliação das frequências das anomalias em relação ao total dos edifícios, verificando-se que existe um número significativo de anomalias com percentagens elevadas de ocorrência. % total 10 8 6 4 2 51% 46% 21% 3 46% 62% 49% 72% 82% 87% 31% 1 15% 51% 49% 51% 67% 49% 67% 26% 5% 31% 46% 2 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 Anomalias 82% Figura 1: Histograma de frequências das anomalias. Através da leitura do gráfico é evidente que os edifícios manifestam, na sua globalidade, um enorme conjunto de anomalias com elevadas percentagens PATORREB 2009 361

de ocorrência, reveladoras do estado de má conservação / manutenção dos edifícios inspeccionados. A listagem das anomalias que ocorrem com uma frequência elevada é a seguinte: anomalias 2 (colonização biológica), 4 (deficiências de planeza), 8 (descolamentos), 9 (eflorescências), 10 (alteração de cor), 11 (sujidade / manchas de poluição), 12 (manchas localizadas), 13 (escorrimentos), 22 (fissuração rendilhada), 23 (fissuração sem orientação preferencial), 24 (fissuração predominantemente vertical), 25 (fissuração predominantemente horizontal), 26 (fissuração predominantemente inclinada), 27 (corrosão de elementos metálicos incorporados no revestimento), 33 (inexistência de capeamentos) e 38 (inexistência de pingadeira no capeamento). Na Figura 2 apresenta-se, a título exemplificativo, a avaliação da correlação da ocorrência das anomalias com a orientação das fachadas em relação às anomalias 1 a 8 (as anomalias 1, 3, 5, 6 e 7 referem-se a Vegetação parasitária de grande porte, Abaulamento do painel de tijolo, Desagregação / esfarelamento / erosão, Alveolização / crateras e Empolamento, respectivamente). Verifica-se que as anomalias registadas ocorreram nas quatro fachadas (o que acontece em 6 das anomalias dos edifícios multifamiliares) e que existe alguma dispersão na correlação delas com as suas orientações. Não sendo essa dispersão elevada conclui-se que, para estas anomalias, a orientação das fachadas não é um parâmetro relevante para a sua ocorrência. Norte Este Sul Oeste 10 8 6 4 2 2 3 19% 2 24% 24% 2 24% 14% 22% 3 22% 22% 25% 25% 21% 19% 27% 2 31% 1 2 3 4 5 6 7 8 Anomalias Figura 2: Histograma de frequências das anomalias. Relativamente à classificação pseudo-quantitativa das anomalias, verificase que mais de um terço dos edifícios apresenta uma prioridade máxima ou de grande intervenção (Figura 3). 10 5 6% 2 44% 2 Máxima Grande Pequena Mínima Pseudo-quantitativo Figura 3: Histograma de frequências da classificação das anomalias quanto à prioridade de intervenção. 362 PATORREB 2009

3.2 Análise das causas Quanto às causas associadas a anomalias, foram avaliadas as respectivas ocorrências para todas as anomalias, por anomalia e quanto ao seu agrupamento. É relevante assinalar que cerca de um terço das causas não está na origem das anomalias detectadas, um terço ocorre no intervalo de 1 a 5% e as restantes causas ocorrem no intervalo de 7 a 1 (Figura 4). 10 8 6 4 2 7% 11% 1 1 11% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Causas 5% 4% 12% 2% Figura 4: Histograma de frequências das causas das anomalias. A Figura 5 apresenta as ocorrências das causas em relação à anomalia 2 (colonização biológica), verificando-se que mais de metade das causas não está correlacionada com esta anomalia. Em relação às restantes causas ocorridas, não se verifica uma variação significativa entre elas (9 a 15%). 10 8 6 4 2 9% 12% 1 15% 1 14% 12% 15% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Causas Figura 5: Histograma de frequências das causas da anomalia 2. Relativamente à análise dos grupos de causas das anomalias é de destacar o facto de as causas associadas a erros de concepção e de execução representar quase metade de todas as causas e de as causas devidas às acções ambientais terem uma percentagem de mais de um terço (Figura 6). 10 8 6 4 2 1 2 1 - Erros de concepção 2 - Erros de execução 3 - Acções de origem mecânica 39% 4 - Acções ambientais 14% 5 - Utilização / manutenção Figura 6: Histograma de frequências dos grupos de causas das anomalias. PATORREB 2009 363

4 Conclusões O tratamento estatístico efectuado no distrito de Castelo Branco forneceu indicadores importantes sobre o mau estado de conservação dos edifícios bem como a um número elevado de anomalias / causas. Será de salientar que existe um elevado número de edifícios com anomalias associadas a erros de concepção e execução, assim como mais de um terço que necessita de máxima ou grande prioridade de intervenção. É de prever que as os tratamentos estatísticos a efectuar nos restantes distritos venham a fornecer indicadores importantes sobre o estado de conservação dos edifícios e que as anomalias / causas possam estar relacionadas com as condições geográficas onde os edifícios estejam inseridos. As conclusões finais a tirar sobre o levantamento de toda a envolvente poderão vir a ser úteis para os municípios e para o País, na definição de prioridades de intervenção, por regiões, neste tipo de edifícios. 5 Agradecimentos Os autores agradecem ao Professor João Lanzinha, da Universidade da Beira Interior, pela sua disponibilidade em colaborar neste levantamento. 6 Bibliografia [1] Pereira, A. SPSS. Guia Prático de Utilização. Análise de Dados para Ciências Sociais e Psicologia. Edições Sílabo, Lda., Lisboa 2006. [2] Gonçalves, C. Anomalias não Estruturais em Edifícios Correntes. Desenvolvimento de um Sistema de Apoio à Inspecção. Dissertação de Mestrado em Ciências da Construção, FCTU, Coimbra 2004. [3] Araújo, A.; Brito, J.; Júlio, E. Manual de Inspecção de Patologia Exterior de Construções Edificadas em Portugal no Período de 1970 a 1995.Relatório ICIST - DTC nº 12/08, IST, Fevereiro 2008. 364 PATORREB 2009