1. Direitos Reais (iura in re) e Direitos Obrigacionais ou de Crédito - Pessoais (iura in personam) Há também uma terceira categoria: - direitos personalíssimos ou direitos da personalidade (iura in se ipsum); - imprescritíveis, indisponíveis, incomunicáveis, etc. 1. Direitos Reais (iura in re) e Direitos Obrigacionais ou de Crédito - Pessoais (iura in personam) Esboço de Código Civil de TEIXEIRA DE FEITAS Art. 868. Não há obrigação que corresponda a direitos reais (arts. 18 e 19). Os direitos não transmissíveis a herdeiros do credor, as obrigações não transmissíveis a herdeiros do devedor, denominam-se neste Código direitos inerentes à pessoa, obrigações inerentes à pessoa (arts. 663 e 664). Direito Pessoal ( obrigacional ou direito de crédito) Direito Real (res clamat pro domino) Ex: obrigações (contratos) Ex: coisas (propriedade) O credor depende sempre da intervenção de outra pessoa para auferir as vantagens desta relação (dever de prestar objetivado). Seu titular possa tirar todas as vantagens diretamente da coisa (dever geral de prestar dever de abstenção). 1
o credor tem a faculdade de exigir ou exercer o seu crédito do seu devedor;; Poder do titular sobre a coisa (situação de sujeição relação de poder). O objeto imediato é uma prestação (fazer, não fazer, dar entregar ou restituir). O objeto é a própria coisa. Oponibilidade relativa só pode ser dirigida contra o devedor (partes determinadas ou determináveis). Oponibilidade absoluta é um direito oponível erga omnes. Sujeito ativo: credor Sujeito passivo: devedor Sujeito ativo: proprietário Sujeito passivo: universalidade de pessoas A publicidade é facultativa A publicidade é obrigatória Regime jurídico é flexível Regime jurídico: rígido (indisponível) Resolve-se em perdas e danos. Atributos especiais: seqüela e preferência. 2.1. Introdução: 2 Obrigação propter rem: * vínculo ambulatório; Ex. dívidas de unidade autônoma em um prédio de apartamentos (art. 1.345 CC/02). 2.2. Desenvolvimento doutrinário: San Tiago Dantas = direitos reais atípicos Serpa Lopes = característica = vinculação a um direito real; Caio Mário da Silva Pereira = ob. acessória mista; Teixeira de Freitas = não há ob. propter rem. 2
2.3. Análise de algumas hipóteses concretas: Ex. 1. taxas condominiais (art. 1.345 CC/02) Ementa: Despesas condominiais - Cobrança - Responsabilidade do adquirente do imóvel - Recurso improvido. Em razão da natureza propter rem das despesas condominiais o atual titular da unidade condominial em débito responde pelas dívidas por ela precedentemente geradas. (TJ/SP, Ap. Cível 992090688600, Rel. Des. Orlando Pistoresi, Comarca: Praia Grande, Órgão julgador: 30ª Câmara de Direito Privado, j. 02/09/2009) 2.3. Análise de algumas hipóteses concretas: Ex. 2. conta de água e luz imóvel alugado PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - Energia elétrica - Cobrança dirigida a proprietário do imóvel - Admissibilidade - Irrelevância de a inadimplência referir-se a período em que o imóvel estava alugado - Obrigação "propter rem" e não pessoal Verba honorária mantida - Recurso improvido. [...] Por outro lado, não assiste razão à apelante, pois a existência de contrato de locação não tem o condão de afastar a responsabilidade do proprietário do imóvel a respeito de débitos, encargos ou ônus que recaem sobre referido bem, eis que, embora não estando na posse direta do imóvel durante o período de locação, tem plenas condições de se cientificar sobre a existência de débitos junto às concessionárias de serviços públicos na condição de proprietário do bem. Assim, sendo incontroverso que a locatária deixou de pagar as despesas de consumo de energia elétrica, a responsabilidade pelo adimplemento é do próprio proprietário do imóvel, porque a obrigação decorrente da utilização dos serviços de energia elétrica é "propter rem", e não de caráter pessoal como quer fazer valer a autora. (TJ/SP, Ap. Cível 7.131.565-8, SÃO PAULO, Des. Lígia Araújo Bisogni, v. u., j. 02.09.09) Ex. 2. conta de água e luz imóvel alugado Art. 23, inc. VIII da Lei do Inquilinato (Lei n. 8.245/91) cabe ao locatário; ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO FORNECIMENTO DE ÁGUA. DÉBITOS DE CONSUMO DO ANTIGO PROPRIETÁRIO. DÍVIDA CONSOLIDADA. IMPOSSIBILIDADE. [...] 2. A questão resume-se à possibilidade ou não da suspensão do fornecimento de água em razão de débito de consumo gerado pelo antigo proprietário do imóvel. 3. No caso, independentemente da natureza da obrigação (se pessoal ou propter rem), não cabe a suspensão do fornecimento de água por se tratar de débito consolidado. Ou seja, o novo proprietário do imóvel está sendo privado do fornecimento em razão de dívida pretérita do antigo morador, hipótese que não encontra albergue na jurisprudência do STJ. 4. Ambas as turmas da Primeira Seção concluíram que o art. 6º, 3º, II, da Lei n. 8.987/95 refere-se ao inadimplemento do usuário, ou seja, do efetivo consumidor do serviço. Inviável, portanto, responsabilizar o atual usuário por débito pretérito relativo ao consumo de água do anterior. 5. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1107257/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/06/2009, DJe 01/07/2009) 3
Ex. 3. Pagamento de imposto IPTU: Ementa: ILEGITIMIDADE "AD CAUSAM" - IPTU - Exercício de 1999 - Execução fiscal ajuizada em face do antigo proprietário do imóvel tributado - Compromissária compradora que se encontra na posse do imóvel desde a alienação ocorrida em 1997 - Responsabilidade desta pelo tributo uma vez que o sujeito passivo da obrigação tributária quanto ao IPTU, "é o proprietário, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título", conforme artigo 34 do CTN - Reconhecimento da ilegitimidade de parte do executado - Recurso provido para esse fim. (TJ/SP, Agravo de Instrumento 7839785100, Rel. Des. Gonçalves Rostey, Comarca: Barueri, Órgão julgador: 14ª Câmara de Direito Público, j. 19/02/2009) Ônus reais: é uma situação jurídica muito próxima das obrigações propter rem a diferença é que os ônus reais garantem ao credor a preferência em obter seu crédito mediante a garantia que é o próprio bem objeto da situação real. Ex. IPTU Obrigação com eficácia real: Obrigações que vinculam terceiros ainda que não fizeram parte do vínculo jurídico que deram causa à obrigação. Exemplos: Cláusula de vigência nos contratos de locação registrados (art. 8º Lei do Inquilinato) 4
3 Obrigações e contratos: comparação entre o sistema romano-germânico e o anglosaxão: Sistema anglo-saxão: autonomia privada ( meeting of the minds ); Sistema romano-germânico: adota o modelo de tipos obrigacionais e contratuais; 5