NECESSIDADE TÉRMICA PARA CULTURA DA CEBOLINHA VERDE NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ/SC Jaqueline Carvalho 1 ; Leonardo de Oliveira Neves 2 ; Leandro Luiz Marcuzzo 2 ; Evandro Chaves de Oliveira 3 ; Katiani Eli 4 ; Roberto Haveroth 4 ; Elizabete Fernandes 4 1 Acadêmica do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul. jaquelinecarvalho1991@gmail.com; 2 Professor Instituto Federal Catarinense - Campus Rio do Sul. 3 Professor Instituto Federal do Espirito Santo - Campus Colatina. 4 Acadêmicos do curso de Engenharia Agronômica do Instituto Federal Catarinense Campus Rio do Sul e Bolsistas do PET Agroecologia. RESUMO: O cultivo de plantas condimentares como a cebolinha verde na culinária brasileira cresce ao passar dos anos e com o aumento do consumo alguns aspectos são observados, como as exigências térmicas necessárias para o desenvolvimento da cultura. Com o objetivo de caracterizar diferentes cultivares de cebolinha verde em função de suas exigências térmicas, na região do Alto Vale do Itajaí no Estado de Santa Catarina um experimento foi conduzido no município de Lontras-SC com três cultivares hibridas de cebolinha verde no período de Novembro de 2011 a Janeiro de 2012, totalizando 80 dias. Avaliado a partir da temperatura base de 10 C através dos Graus-dias, foi determinado 1.156,00 graus-dias necessários para o desenvolvimento da cultura no período entre do transplante à colheita. ABSTRACT: The cultivation of spices like chive in Brazilian cuisine grows over the years, with increased consumption, some aspects are observed, such as thermal requirements for the development of the culture. In order to characterize chive cultivation, due to its thermal requirements in the Alto Vale do Itajaí region, Santa Catarina State, Brazil, one experiment was conducted in Lontras-SC, hybrid cultivars with three green onions in the period November 2011 to January 2012, totaling 80 days. Measured from the base temperature of 10 C through degree days, it was determined 1156.00 degree days required for the development of the culture period between the harvest of the transplant.
1- INTRODUÇÃO A cebolinha verde (Allium fistulosum L.) é uma planta condimentar originária da Sibéria muito apreciada na culinária brasileira e encontrada em muitos lares brasileiros (HEREDIA ZÁRATE, 2005). Os principais cultivares produzidos são híbridos, como a Nebuka, Natsu hossonegui e Konatsu hossonegui, todos de coloração verde-intensa. São semelhantes à cebola pelo intenso perfilhamento, formando touceiras mas não apresentam a formação do bulbo (FILGUEIRA, 2003). A agricultura familiar tem sido difundida na região do Alto Vale do Itajaí e muitas propriedades já estão adequadas a esse meio de produção. Dentre as culturas difundidas, a produção de cebolinha verde vem contribuindo cada vez mais para a renda de muitas famílias, gerando emprego no campo, assim, o aumento da produtividade da cebolinha tem auxiliado no desenvolvimento e expansão da agricultura na região. A exigência pela qualidade do tempero verde, como cebolinha nos pratos brasileiros, aumenta significantemente, sendo a qualidade relacionada à forma com que a cebolinha é produzida. Os produtores enfrentam um grande desafio para cultivá-la, pois a necessidades de abastecimento do comércio induzem uma produção diferenciada e passa a ser determinante pelo uso do GD (Graus dias) que permite uma colheita programada (FONTES, 2005). Segundo MOURA (2007) as plantas requerem o acúmulo de certa quantidade de calor, expressa comumente pelo índice de graus dia que representa a soma térmica acima da temperatura base mínima para o desenvolvimento. Esta temperatura tem-se apresentado como o elemento climático mais importante para predizer os eventos fonológicos da cultura. É comum adotar uma única temperatura base para todo o ciclo da planta por ser mais fácil a sua aplicação (GADIOLI et al., 2000). O objetivo principal deste trabalho foi determinar as exigências térmicas da cultura da cebolinha verde no município de Lontras na região do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina. 2 - METODOLOGIA O experimento foi realizado no município de Lontras, localizado no Alto Vale do Itajaí, estado de Santa Catarina, na propriedade do Sr. José Carvalho (27º10 29 S; 49º34 09 W) (Figura 1), no período de novembro de 2011 a fevereiro de 2012. Foram utilizados os cultivares Evergreen ou Nebuka, Natsu hossonegui e Konatsu hossonegui, classificados como cultivares hibridas. As mudas foram transplantadas no dia 10 de Novembro e a colheita foi realizada em 30 de Janeiro. A implantação e condução seguiu-se o recomendado para a cultura (FILGUERA, 2003). Os dados climáticos de temperaturas foram obtidos por meio de um termômetro de máxima e mínima.
Figura 1. Localização do sítio experimental no munícipio de Lontras/SC. Destacando-se o conceito de graus-dias que assume que uma temperatura existe (temperatura base), abaixo da qual a planta não se desenvolve, e se o fizer é em quantidade muito reduzida, e que por outro lado acima desta ocorre o crescimento normal (BROWN, 1970; ARNOLD, 1959, BERLATO E SUTILI, 1976). De uma maneira, o total de graus-dia, ou unidades térmicas é calculada de acordo com a equação: Onde: df T max T min GD ( ) Tbase 2 i di GD = graus-dia di = início da fase em estudo (data) df = final da fase em estudo (data) Tmax = temperatura máxima diária (ºC) Tmin = Temperatura mínima diária (ºC) Tbase = temperatura base da fase em estudo (ºC) A temperatura base adotada para a cultura da cebolinha verde foi de 10 C, segundo a recomendação feita por MOTA (1979). 3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES A Figura 02 a, b e c ilustra respectivamente a variação da temperatura máxima, mínima e média do ar para ciclo da cultura da cebolinha verde nas condições do Alto Vale do Itajaí/SC. Observa-se para o ciclo fenológico da cultura a temperatura máxima variou entre 2 o C e 41,0 o C, com média de 31,67 o C±4,34. A temperatura mínima do ar variou entre 11,0 o C e 21,0 o C com média de 16,52 o C±2,75. A temperatura média do ar variou entre 17,0 o C e 29,0 o C, com média de 24,09±2,75.
TEMPERATURA MÉDIA DO AR ( C) TEMPERATURA MINÍMA DO AR ( C) TEMPERATURA MÁXIMA DO AR ( C) 4 4 3 3 2 2 (a) 2 2 3 3 2 2 (b) Figura 2. Variação da (a) temperatura máxima, (b) temperatura mínima e (c) temperatura média do ar, para o ciclo fenológico da cultura de cebolinha verde. Lontras/SC, 2011/2012. (c) Na tabela 1 pode-se observar o comportamento das cultivares de cebolinha verde no Alto Vale do Itajaí, no município de Lontras, Santa Catarina durante o período avaliado do ano 2011/2012. Tabela 1. Graus-Dias acumulados - base de 10 C no período de Transplante/Colheita para os cultivares Cultivar Data do transplante Colheita* Dias GDA Konatsu Natsu Nebuka 10/11/2011 80 1156,00 *Colheita realizada em 30/01/2012.
A necessidade térmica entre o período de transplante e colheita das cultivares de cebolinha verde foi o acumulativo de 1156 graus-dias. 4 - CONCLUSÃO A escolha correta de um cultivar que se adaptem as condições meteorológicas de determinada região são de extrema importância, pois devem ser baseadas na fenologia da planta e determinadas pelo número de grausdias, através das variações meteorológicas. No estudo não foi observada diferenças significativas na exigência térmica três espécies de cebolinha verde analisada, para o município de Lontras, região do Alto Vale do Itajaí, no estado de Santa Catarina. Isoladamente a temperatura do ar não se mostra capaz de prever com exatidão o início e fim do ciclo da cebolinha verde, sendo assim, necessita-se pesquisar outras variáveis como o fotoperíodo e a evapotranspiração para que, juntamente, estas variáveis possam resultar em uma equação capaz de prever com precisão o tempo de florescimento e colheita da cebolinha verde em condições de campo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNOLD, C.Y., 1959. The determination and significance of the base temperature in A Linear Heat Unit System. Proc. Amer. Soc. Hort. Sci. 74:430-445. BERLATTO, M.A.; SUTILI, V.R., 1976. Determinação das temperaturas bases dos subperíodos emergência-pendoamento e emergência-espigamento de 3 cultivares de Milho (Zea mays, L.) XXI Reunião Técnica de Milho e Sorgo Porto Alegre. BROWN, D.M., 1970. Fall workshop days in Ontário Fac Sheet. Agric. Meteorol. FILGUEIRA, F.A.R., 2003. Novo manual de Olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2.ed.Viçosa:UFV. FONTES, P.C.R.2005. Olericultura: teoria e prática. 1.ed. Viçosa: [s.n. 2005].p.21. GADIOLI, João Luiz; DOURADO-NETO, Durval; GARCIA, Axel Garcia y; BASANTA, Maria del Valle., 2000. Temperatura do ar, rendimento de grãos de milho e caracterização fenológica associada à soma calórica. Scientia Agrícola. HEREDIA Z., N.A.; VIEIRA, M.C.; ONO,F.B.; SOUZA,C.M., 2005. Produção e renda de cebolinha e de coentro, em cultivo solteiro e consorciado Semina:Ciência Agrárias,Londrina,v26, n.2, p.149-154. MOTA, F. S. da., 1979. Meteorologia Agrícola. 4 ed. São Paulo:Nobel. p.376. MOURA, J.Z., 2007. Fenologia, exigências térmicas e determinação do nível de controle de insetos desfolhadores na cultura de feijão-caupi BR17-Gurgueia. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal)- Universidade Federal do Piauí, Teresina.