O PAPEL DO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO DESIGN INSTRUCIONAL DE UM CURSO A DISTÂNCIA

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1 O PAPEL DO PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO DESIGN INSTRUCIONAL DE UM CURSO A DISTÂNCIA Adriana Clementino - SENAC-SP / FIPEN / UniABC-FUNADESP São Paulo 05/2012 Categoria: C Métodos e Tecnologias Setor Educacional: 5 Educação Continuada em Geral Classificação das áreas de pesquisa em EAD: D: Teorias e Modelos; L: Formas de Assegurar a Qualidade; M: Design Instrucional Natureza do trabalho: C Modelos de Planejamento Classe: Investigação Científica RESUMO O presente artigo trás observações e reflexões baseadas na experiência docente em ministrar disciplinas relacionadas ao planejamento pedagógico de cursos online, em cursos de pós-graduação lato-sensu para a formação de designer instrucional. Nesse período, um fato que chamou a atenção foi o pouco interesse e importância que a maioria dos alunos dava à disciplina, não por já conhecerem o conteúdo abordado, mas sim por quase total desconhecimento da importância que o tema tem no processo de elaboração de um curso a distância. Contudo, assim como a ação de planejar está presente em tudo o que fazemos todos os dias, desde o momento em que acordamos até o momento em que vamos dormir, da mesma forma, as ações educacionais também devem ser planejadas. O processo de ensinoaprendizagem, independente da modalidade, exige planejamento. O que difere este planejamento daquele que fazemos no dia-a-dia é que ele deve levar em consideração os aspectos pedagógicos próprios do processo de ensinar e aprender e ainda as especificidades da modalidade de educação a distância. E este conhecimento é primordial para a formação dos designers instrucionais. Palavras-chave: design instrucional; planejamento pedagógico.

2 1. Introdução O presente artigo trás observações e reflexões baseadas em 7 anos de experiência docente em ministrar disciplinas relacionadas ao planejamento pedagógico de cursos online, em cursos de pós-graduação lato-sensu em design instrucional. Os 4 primeiros anos (de 2005 a 2008) dessa experiência se deram no Curso de Especialização em Design Instrucional para Educação Online da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em parceria com a empresa SITE Educacional. No ano de 2009 o curso foi descontinuado na UFJF e um novo curso, Pós-Graduação em Design Instrucional, começou a ser criado no Senac-SP e a partir do ano de 2010 a referida experiência vem acontecendo nesta instituição. Ao longo desses 7 anos, cerca de 150 alunos que buscavam formação e conhecimentos sobre design instrucional cursaram a disciplina de planejamento pedagógico, e o que, desde as primeiras turmas, chamou a atenção da docente e da coordenação, foi o pouco interesse e importância que a maioria dos alunos dava à disciplina. Contudo, em geral, não era um desinteresse movido pelo já conhecimento do conteúdo apresentado, e sim por quase total desconhecimento da importância que o tema tem no processo de elaboração de um curso a distância. Para lidar com esse problema, nos dois projetos, as adequações feitas tiveram como proposta que os alunos entendessem que falar de planejamento é, antes de qualquer coisa, compreender que a ação de planejar está presente em tudo o que fazemos todos os dias. Desde o momento em que acordamos até o momento em que vamos dormir estamos planejando nossas ações, seja para o próximo instante, para o próximo dia ou ações futuras. Da mesma forma, as ações educacionais também devem ser planejadas. O processo de ensino-aprendizagem, independente da modalidade, exige planejamento. O que difere este planejamento daquele que fazemos no dia-a-dia é que ele deve levar em consideração os aspectos pedagógicos próprios do processo de ensinar e aprender e as especificidades das modalidades envolvidas.

3 2. O planejamento pedagógico no processo de ensino-aprendizagem A educação tem como princípio ser um processo de transformação do indivíduo cujo objetivo é libertar, conscientizar e comprometer a pessoa diante do mundo. Independente de esse processo acontecer na educação formal ou na não-formal, na modalidade presencial ou a distância, ele deve contribuir para que a pessoa se torne sujeito, cidadão, independente e autônomo. Para isso, o planejamento pedagógico de todo curso deve ser pensado e elaborado como um processo educativo que não limite o ser humano, mas que lhe dê condições para que possa escolher o seu próprio caminho. Conforme Perrenoud, não se pode programar as aprendizagens humanas como a produção de objetos industriais. Não é somente uma questão de ética. É simplesmente impossível, devido à diversidade dos aprendizes e à sua autonomia de sujeitos. (2000, p.41) [8] Partindo dessa visão, passar conteúdos não é suficiente. Na educação a distância (EAD), é preciso que os designers instrucionais (DIs) criem cursos que instiguem os alunos, agucem a curiosidade deles apresentando os conteúdos como problemas e desafios que suscitem e mobilizem o envolvimento e motivem a participação. Como o ato de planejar é uma atividade intencional e é por meio dela que se busca determinar fins (MASETTO, 1994) [6], é no planejamento pedagógico de um curso que se prevê os conhecimentos a serem desenvolvidos nos alunos. É na realização do planejamento pedagógico que se identifica os objetivos a serem atingidos, os conteúdos que serão trabalhados, selecionam-se recursos e procedimentos para utilizar como estratégias de ação e preveem-se quais instrumentos serão mais adequados para avaliar o progresso dos alunos. Todas estas etapas são tradicionais do planejamento pedagógico de todo e qualquer curso. Contudo, quando se trata de cursos online, o planejamento tem de considerar elementos próprios da modalidade a distância como, por exemplo, selecionar as mídias que serão utilizadas, ou ainda definir o tipo de curso que será criado. Em todas as situações de ensino-aprendizagem o planejamento é importante, mas na EAD ele é imprescindível. Nesta modalidade é preciso que

4 todas as situações tenham sido pensadas, estudadas e analisadas antes de o curso ter início. Como isto tudo só é feito por meio de planejamento, a função do planejamento pedagógico é: (1) tentar prever as dificuldades que podem surgir no curso; (2) evitar a repetição rotineira e mecânica de aulas; (3) adequar o trabalho às mídias disponíveis e às características dos alunos; (4) adequar os conteúdos, as estratégias pedagógicas e as avaliações aos objetivos do curso; e (5) garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo de curso. (HAIDT, 2004) [3]. Além disso, Palloff e Pratt (2002) [7] afirmam que um bom planejamento de curso online, além de ser centrado no aluno, deve privilegiar as seguintes estratégias para obter a confiança do aluno e estimulá-lo à participação: Estabelecer diretrizes claras para a participação do aluno; Informar como a participação será avaliada e o peso que receberá na nota final; Possuir estrutura flexível e de fácil compreensão; Informar sobre o tempo que será necessário para a participação do aluno no curso online; Possibilitar condições para a criação de uma comunidade virtual de aprendizagem. Para definir e estabelecer tudo isso, o planejamento pedagógico é um processo progressivo que se desenvolve numa sequência dinâmica e que está sempre em construção. Para efeito didático, esse processo é dividido em etapas que podem ser estanques ou inter-relacionadas. 2.1 Primeira etapa: estudo do contexto Em uma descrição breve, na primeira etapa deve-se realizar um estudo do contexto em que o curso estará inserido. Essa fase consiste basicamente em entender o problema educacional da instituição para a qual o curso será criado, e projetar a melhor solução possível para a situação proposta. Isso é feito por meio da análise contextual, que abrange o levantamento das necessidades educacionais propriamente dito, a caracterização dos alunos e a verificação das restrições (Filatro, 2008, p.28) [2].

5 Conhecer os princípios da instituição como, por exemplo, o conceito que tem da EAD e qual é a sua filosofia educacional, permite ao DI traçar um perfil da instituição e de qual a expectativa dela para com o curso. Embora o interesse esteja no processo como um todo, para que o DI compreenda as finalidades e objetivos do curso, a ênfase principal dessa pesquisa inicial deve estar no público-alvo do curso. Portanto, é necessário obter o máximo de informação a respeito deles quanto for possível, uma vez que são dados essenciais para se tomar decisões sobre o programa a ser proposto. O estudo dessa primeira etapa deverá considerar os condicionantes socioculturais, econômicos e políticos desse público-alvo. O objetivo principal desta etapa é configurar o universo sociocultural dos possíveis alunos, possibilitando a caracterização dos interesses e das necessidades deles. O resultado desta etapa será um diagnóstico da realidade do aluno, elaborado de forma comprometida com seus interesses e necessidades (LOPES, 2004) [5]. Este diagnóstico será a base para as etapas seguintes. Algumas das definições elaboradas nessa primeira etapa permanecerão inalteradas no decorrer do planejamento do projeto, entretanto outras poderão ser aprimoradas posteriormente. As decisões são tomadas nas diversas fases do planejamento, sempre baseadas em dados relevantes. Sendo assim, à medida que mais informação se torna evidente e relevante, deve-se voltar e adicionar mais detalhes ao planejamento do curso, num movimento espiral. 2.2 Segunda etapa: seleção e gestão das mídias A etapa dois é uma das especificidades do planejamento de cursos a distância online. Neste processo estão envolvidas várias reflexões e tomada de decisões que orientarão as próximas etapas do projeto. Diariamente utilizamos diversas mídias para realizar diferentes tarefas como, por exemplo, a mídia impressa para ler um jornal ou um livro; o rádio, televisão e/ou internet para entretenimento. Da mesma forma, são muitas as mídias que podem ser utilizadas na educação a distância online. Contudo, diferentes mídias exigem tratamentos diferenciados para um mesmo conteúdo e diferentes situações (públicos, objetivos, tempo de duração do curso, etc.). Tratar todas da mesma forma é um

6 erro. Cada uma tem particularidades que não podem ser esquecidas no momento do planejamento de um curso a distância como, por exemplo, possibilidades e limitações, equipe envolvida e tempo de produção. Cada tipo de mídia requer planejamento cuidadoso e que vai além da disponibilidade dos equipamentos e da definição de seu uso em determinada aula, ou não (KENSKI, 2005) [4]. Sendo assim, um dos requisitos profissional do DI é conhecer as diferentes mídias e suas potencialidades pedagógicas para saber como explorá-las da melhor forma possível na elaboração de atividades, bem como nas formas de avaliação e apresentação de conteúdos. O DI não precisa ser um especialista em tecnologias e mídias. Isto não é necessário, pois a equipe de EAD deverá contar com profissionais técnicos que tenham esses conhecimentos. No entanto, é importante para o designer instrucional conhecer o suficiente sobre o assunto para saber de que forma e em que situação usar determinada mídia, de maneira a possibilitar melhor aproveitamento pedagógico dela. 2.3 Terceira etapa: definição dos objetivos do curso Após conhecer o contexto em que o curso estará inserido, ter em mãos o diagnóstico da realidade do aluno e ter realizado a seleção das mídias, o próximo passo do planejamento pedagógico é a elaboração dos objetivos educacionais (geral e específicos) do curso. Grosso modo, objetivos educacionais são metas ou resultados propostos para que os alunos alcancem a partir da aquisição de determinados conhecimentos. Eles indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz de fazer como consequência de seu aprendizado em uma determinada disciplina ou curso. As decisões sobre os objetivos, conteúdos, estratégias pedagógicas e avaliação partes tradicionais de um plano pedagógico - são interligadas, interdependentes e derivadas das diretrizes e valores adotados. Contudo, são os objetivos educacionais que influenciam todas as etapas seguintes do planejamento. São eles que direcionam a definição do conteúdo e, posteriormente, das estratégias pedagógicas e de avaliação. Assim, a escolha

7 entre uma atividade de webconferência ou chat, um trabalho em grupo ou individual ou uma discussão no fórum, depende dos objetivos propostos pelo curso. Da mesma forma, os objetivos e a avaliação estão estreitamente vinculados, pois para os alunos as reais intenções do curso aparecem nos instrumentos de avaliação. Na definição dos objetivos deve-se atentar para que contemplem os diferentes níveis de aprendizagem a serem atingidos: aquisição, reelaboração dos conhecimentos aprendidos e a produção de novos conhecimentos. Para tanto, deverão expressar ações, tais como a reflexão, a curiosidade, a investigação e a criatividade (LOPES, 2004) [5]. 2.4 Quarta etapa: delimitação dos conteúdos A quarta etapa deve ser realizada de forma crítica com vistas à identificação dos conhecimentos que se mostram essenciais e aqueles que podem ser considerados secundários na fase de aprendizado. Para isto, terá como base o diagnóstico obtido como resultado da etapa um. Para a maioria das pessoas envolvidas com o planejamento de cursos (presenciais ou a distância) o conteúdo possui relevância especial. Não é raro encontrarmos cursos sendo planejados a partir dos conteúdos, e esses definirem as demais partes do plano objetivos, atividades e avaliação. Contudo, essa é uma conduta equivocada, pois a definição dos conteúdos não é o ponto inicial para a elaboração de um curso. São os objetivos educacionais que determinam as etapas seguintes do planejamento pedagógico. Isto significa que é a partir dos objetivos propostos que são escolhidos os conteúdos, as estratégias e o processo de avaliação. Desta forma, os conteúdos passam a ser considerados como um dos instrumentos para que o aluno possa atingir o objetivo proposto. Via de regra, na EAD, quem faz a seleção e elaboração dos conteúdos é o conteudista. Mas, em geral, o DI e o coordenador do projeto participam do processo dando sugestões e/ou apontando adequações a serem feitas. Algumas vezes pode acontecer de os objetivos serem revistos e até reformulados a partir do trabalho com os conteúdos. Para Abreu e Masetto (1980) [8], isto faz parte do amadurecimento do processo de realizar um

8 planejamento pedagógico que por vezes acontece num ir-e-vir constante sobre as partes que o compõem. 2.5 Quinta etapa: elaboração das estratégias pedagógicas Estratégias pedagógicas são os meios que utilizamos para facilitar a aprendizagem dos alunos. Tendo como referência os objetivos e os conteúdos selecionados, a etapa cinco deve articular uma metodologia de ensino-aprendizagem que se caracterize pela variedade de atividades e de recursos didáticos que estimule e motive o aluno ao estudo. Tais estratégias deverão atender os diferentes níveis de aprendizagem previstos nos objetivos elaborados. Todas as estratégias são mais bem-sucedidas quando a informação acessada é relevante a uma tarefa de aprendizagem específica. É aonde se pretende que os alunos cheguem que se torna o ponto orientador das decisões tomadas em relação ao como chegar lá. (ABREU e MASETTO, 1980) [8] Sendo assim, as estratégias podem ser um forte elemento de motivação para os alunos, pois podem favorecer (ou não) o dinamismo das aulas. Segundo Masetto (1994) [6], saber escolher adequadamente e variar as estratégias utilizadas favorece uma séria de situações educativas, como: Dinamismo nas aulas; Participação dos alunos; Integração e coesão grupal; Motivação e interesse dos alunos; Atendimento às diferenças individuais, uma vez que nem todos aprendem da mesma forma; Ampliação das experiências de aprendizagem; Criatividade do aluno. Para a formação do DI, é importante que ele compreenda a amplitude das estratégias pedagógicas; identifique a relação das estratégias pedagógicas com os objetivos educacionais e elabore estratégias de acordo com o tipo de curso online a ser criado.

9 Contudo, é necessário que o DI tenha bom senso na elaboração das estratégias para que as variações não sejam exageradas, pois ao invés de facilitar a aprendizagem isto pode gerar confusão para o aluno. 2.6 Sexta etapa: seleção dos instrumentos de avaliação da aprendizagem Por fim, na última e sexta etapa do planejamento pedagógico, a seleção dos instrumentos de avaliação da aprendizagem não podem ter o sentido apenas de classificação dos resultados em que se destacam quem foi aprovado ou quem foi reprovado. Em um processo de ensino que privilegia a reflexão, a curiosidade, a investigação e a criatividade dos alunos, a avaliação deverá ter a função de acompanhamento contínuo de forma que a maior preocupação seja com a qualidade da reelaboração e a produção de novos conhecimentos, e não com a quantidade de conteúdos aprendidos. (LOPES, 2004) [5]. O processo de avaliação da aprendizagem na educação a distância, em princípio, não difere muito do método utilizado na educação presencial. Partimos das mesmas bases teóricas: os diferentes modelos avaliativos. As diferenças entre a avaliação em cursos presenciais e em cursos a distância são provocadas pelas especificidades do último e pelo modelo de curso online, que traz consigo a predominância de uma teoria de ensino e, como consequência, de um modo de avaliação. Não existe melhor ou pior forma de fazer a avaliação da aprendizagem. O que existe são diferentes tipos de cursos com diferentes objetivos, e o processo avaliativo deve ser coerente com isso. Assim como dentre os diferentes tipos de cursos não há o melhor ou pior, mas sim o mais adequado aos objetivos da instituição, do curso e ao perfil do público-alvo, a avaliação também segue essa lógica. 3. Considerações finais Mesmo quando um curso a distância ainda é apenas uma hipótese e só existe na cabeça do seu idealizador, ele já começa a ser planejado. Pensa-se nos conteúdos que são interessantes, que tipos de recursos podem ser utilizados, etc. No entanto, é na elaboração do planejamento pedagógico que o

10 curso nasce oficialmente. É só a partir da realização das etapas do planejamento que tudo fica definido e documentado; análise do contexto, objetivos, conteúdos, estratégias, avaliações, mídias, etc. É o planejamento pedagógico que mostra a importância que é dada ao processo de ensino-aprendizagem, o comprometimento da instituição para com esse processo e, como consequência, que tipo de aluno ele irá formar e/ou capacitar. Portanto, é na seriedade da elaboração desse planejamento que está grande parte do sucesso (ou não) do curso a nascer e é por isto que esse conteúdo/disciplina é de extrema importância para a formação de designers instrucionais. É imprescindível que essa nova classe de profissionais da EAD tenha consciência de que é, principalmente, por meio da elaboração consciente de cada uma das etapas de um planejamento pedagógico que se pode gerar um bom curso. Referências bibliográficas [1] ABREU, Maria Célia T. A. de, MASETTO, Marcos T. O Professor Universitário em Aula: Prática e princípios teóricos. São Paulo: Cortez, 1980. [2] FILATRO, Andréa. Design Instrucional na Prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008. [3] HAIDT, Regina C. C. Curso de Didática Geral. 7. ed. São Paulo: Ática, 2004. [4] KENSKI, Vani M. Gestão e Uso das Mídias em Projetos de Educação A Distância. In: Revista E-Curriculum, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. - jul. 2005-2006. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/issue/view/243, acesso em: maio 2012. [5] LOPES, Antonia O. Planejamento do ensino numa perspectiva crítica de educação. In: VEIGA, Ilma P. A. (coord.). Repensando a didática. 21ª ed. rev. e atual. Campinas SP: Papirus, 2004. [6] MASETTO, Marcos Tarciso. Didática: A aula como centro. São Paulo: FTD, 1994. [7] PALLOF, Rena M., PRATT, Keith. Construindo Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço: Estratégias eficientes para a sala de aula on-line. Tradução por Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2002. [8] PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.