ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Agosto de 2011 1 Contratos de Construção Enquadramento Contabilístico e Fiscal 2 Revisores e Auditores 7



Documentos relacionados
1. Os AFT devem ser contabilisticamente mensurados no reconhecimento inicial pelo seu custo.

ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Março de Custo Amortizado Enquadramento e Determinação 2 Revisores e Auditores 6

Impostos Diferidos e o SNC

newsletter Nº 82 NOVEMBRO / 2013

newsletter Nº 87 ABRIL / 2014

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Anexo ao Balanço e à Demonstração de Resultados

newsletter Nº 85 FEVEREIRO / 2014

II Congresso de Direito Fiscal

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (SNC) 5ª Edição

DC20 - Demonstração dos Resultados por Funções (1) Directriz Contabilística nº 20

newsletter Nº 86 MARÇO / 2014

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

C N INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 2. Assunto: RESERVA FISCAL PARA INVESTIMENTO Cumprimento das obrigações contabilísticas I. QUESTÃO

2.28. Benefícios dos Empregados

newsletter Nº 84 JANEIRO / 2014

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 1 ESTRUTURA E CONTEÚDO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

- Contabilidade Financeira II 2007/ º Semestre 1 AUMENTOS DE CAPITAL. Por incorporação de Reservas. Por entrada de Dinheiro


IMPARIDADE DE ACTIVOS FINANCEIROS

PE ENQUADRAMENTO HISTÓRICO- -CONTABILÍSTICO E PERSPECTIVAS FUTURAS

NOVA CONTABILIDADE DAS AUTARQUIAS LOCAIS

ASSUNTO: Plano de Contas (Caixa Central e Caixas de Crédito Agrícola Mútuo)

NCRF 3 Adopção pela primeira vez das normas contabilísticas e de relato financeiro (NCRF)

NCRF 19 Contratos de construção

NCRF 1 Estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras

Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de Fevereiro - 41 SÉRIE I, 1º SUPLEMENTO

ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Junho de IVA Alteração das Taxas Reduzida, Intermédia e Normal 2 Revisores e Auditores 5

Introdução à Contabilidade 2014/2015. Financeira

! " # $%&' (") *+)( *+)* , " # - %. " / 012 $ )"* *+)( 012+"4 "# *+)( 012 5"5 " 6! ! " '.! " 7 . % "' *+)( $%, % " ## *++* -. - ! $ ." )+#.

Portaria n.º 104/2011, de 14 de Março, n.º 51 - Série I

Regime de contabilidade de caixa em sede de IVA

CONTABILIDADE FINANCEIRA AVANÇADA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO: NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA NO SECTOR NÃO LUCRATIVO

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 701

- Reforma do Tesouro Público

CNC CNC COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA CONTABILIZAÇÃO DOS EFEITOS DA INTRODUÇÃO DO EURO DIRECTRIZ CONTABILÍSTICA Nº21 1. INTRODUÇÃO DO EURO

ORA newsletter. Nº 62 MARÇO/2012 (circulação limitada) Assuntos LEGISLAÇÃO FISCAL/LEGAL FEVEREIRO DE 2012

NORMA CONTABILÍSTICA E DE RELATO FINANCEIRO 15 INVESTIMENTOS EM SUBSIDIÁRIAS E CONSOLIDAÇÃO

NCRF 2 Demonstração de fluxos de caixa

Março é mês de pagamento especial por conta

Regime de Contabilidade de Caixa em Sede de IVA

RELATÓRIO & CONTAS Liquidação

Fundo de Investimento Imobiliário Aberto. ES LOGISTICA (CMVM nº 1024)

Trabalho de Grupo. Contabilidade Geral 1. Ano lectivo 2007/2008 1º Semestre

Regime Jurídico dos Certificados de Aforro

DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SOCIEDADES

ANEXO ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2010

CONTABILIDADE. Docente: José Eduardo Gonçalves. Elementos Patrimoniais

ORA newsletter. Resumo Fiscal/Legal Setembro de Goodwill e Testes de Imparidade Parte II 2 Revisores e Auditores 5

Aequivalência patrimonial é um método

Regulamento da CMVM n.º 10/98 Operações de Reporte e de Empréstimo de Valores Efectuadas por Conta de Fundos de Investimento Mobiliário

Secção II 1* Fundos e sociedades de investimento imobiliário para arrendamento habitacional

INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 4. DIREITOS DE EMISSÃO DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA - Contabilização das licenças de emissão

O MEP nos Investimentos em Associadas e Subsidiárias

CÓDIGOS TRIBUTÁRIOS EDIÇÃO DE BOLSO

DC24 - Empreendimentos Conjuntos (1) Directriz Contabilística nº 24

Microentidades passam a integrar o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) a partir de 2016

CONTABILIDADE GERAL e GESTÃO PREVISIONAL PARA ESNL Versões 5.220/5.230

Regulamento da CMVM 12/2005, de 9 de Dezembro - II Série nº 235

INSTRUÇÕES N.º 2 /00 2.ª SECÇÃO 1.ª. Âmbito

1. O Fluxo de Caixa para á Análise Financeira

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO:

SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA PERSPECTIVA DOS UTILIZADORES (DGCI)

O artigo 51º do CIRC estabelece que os dividendos recebidos por sociedades portuguesas são totalmente excluídos de tributação sempre que:

PARLAMENTO EUROPEU. Documento de sessão B6-0000/2008 PROPOSTA DE RESOLUÇÃO. apresentada nos termos do artigo 81.

ANEXO AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 13 INTERESSES EM EMPREENDIMENTOS CONJUNTOS E INVESTIMENTOS EM ASSOCIADAS

Grupo Parlamentar. Projecto de Lei n.º 200XI/1ª. Isenção de obrigações contabilísticas gerais por parte das Microentidades

ASSUNTO : Plano de Contas para o Sistema Bancário Adaptado (Fundos de Investimento Imobiliário)

NORMA CONTABILISTICA E DE RELATO FINANCEIRO 2 DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA. Objectivo ( 1) 2 Âmbito ( 2) 2 Definições ( 3 a 6) 2

ANEXO ÀS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DEFIR ANGOLA

MAPAS FISCAIS DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS ANALÍTICA EXERCICIOS Custos e perdas

LAKE FUND SGPS, SA. Demonstrações Financeiras Individuais. Exercício 2014

Objectivo 1 e 2. Âmbito 3. Considerações Gerais 4 e 5. Identificação das Demonstrações financeiras 6 a 8. Período de Relato 9.

ANEXO PE, EXERCÍCIO ECONÓMICO DE 2010

Contabilidade Financeira II 2008/2009

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 835

NOVAS REGRAS SOBRE CONTAS ANUAIS E CONSOLIDADAS

Diário da República, 1.ª série N.º de Março de c) Quantia de qualquer reembolso de subsídio que tenha sido reconhecido como um gasto.

PASSAPORTE PARA ANGOLA

ADAPTAÇÃO DAS REGRAS DO IRC ÀS NIC

Norma Interpretativa 2 Uso de Técnicas de Valor Presente para mensurar o Valor de Uso

Legislação MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

Paula Gomes dos Santos 1

31. A DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DA REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES COMISSÃO DE POLÍTICA GERAL INTRODUÇÃO

VALOR RESIDUAL Enquadramento contabilístico e fiscal

Decreto-Lei n.º 219/2001, de 4 de Agosto *

Extinção da empresa por vontade dos sócios

Efeito do Sistema de Normalização Contabilística

Contabilidade Financeira I

newsletter Nº 79 AGOSTO / 2013

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

RELATO FINANCEIRO DOS MEDIADORES DE SEGUROS OU DE RESSEGUROS

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CFEI. Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento

3 AGOSTO, 2012 Área de Prática de Direito Público & Ambiente

FAQ S PORTARIA DE CERTIFICAÇÃO DE SOFTWARE - ÓPTICA DO UTILIZADOR-

CFI - Código Fiscal ao Investimento - DL 162/2014 de 31 Outubro

As recentes alterações das normas contabilísticas no âmbito da concentração de actividades empresariais (SNC e IFRS)

Transcrição:

Assuntos Resumo Fiscal/Legal Agosto de 2011 1 Contratos de Construção Enquadramento Contabilístico e Fiscal 2 Revisores e Auditores 7 LEGISLAÇÃO FISCAL/LEGAL AGOSTO DE 2011 Ministério das Finanças - Gabinete da Secretária de Estado do Tesouro e das Finanças - Despacho n.º 9814-A/2011, de 4 de Agosto - Autorização da concessão da garantia pessoal do Estado, para cumprimento das obrigações de capital e juros no âmbito do empréstimo obrigacionista a emitir pelo Banco Comercial Português, S.A. no valor de 1.750.000 euros. Presidência do Conselho de Ministros - Resolução do Conselho de Ministros n.º 36/2011, de 19 de Agosto - Regulamenta a operação de reprivatização do capital social do BPN - Banco Português de Negócios, S.A. Assim, nos termos dos artigos 2.º -A e 4.º do Decreto-Lei n.º 2/2010, de 5 de Janeiro, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 96/2011, de 19 de Agosto, e da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de Ministros resolve: i) Aprovar o caderno de encargos da operação de reprivatização do BPN por venda directa, nos termos previstos em anexo I da resolução, da qual faz parte integrante; ii) Aprovar as condições da oferta de venda a trabalhadores em condições preferenciais relativamente às da venda directa, nos termos revistos do anexo II da resolução, da qual faz parte integrante. Ministério das Finanças - Decreto-Lei n.º 96/2011, de 19 de Agosto - Altera o Decreto-Lei n.º 2/2010, de 5 de Janeiro, que aprova a operação de reprivatização do capital social do BPN - Banco Português de Negócios, S.A., com vista a contemplar a possibilidade de recurso à venda directa. Banco de Portugal - Carta-Circular nº 10/2011/DSP, de 23 de Agosto - Transmite o entendimento do Banco de Portugal relativamente ao apuramento do valor a deduzir aos fundos próprios no tocante à diferença entre perdas esperadas e a soma de valor e provisões, com a aplicação de efeitos fiscais. Assembleia da República - Lei n.º 48/2011, de 26 de Agosto - Procede à primeira alteração à Lei do Orçamento do Estado para 2011, aprovada pela Lei n.º 55-A/2010, de 31 de Dezembro, no âmbito da iniciativa de reforço da estabilidade financeira. 1/7

CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO ENQUADRAMENTO CONTABILÍSTICO E FISCAL Conceito de Contrato de Construção De acordo com a NCRF 19, um contrato de construção é um contrato especificamente negociado para a construção de um activo ou de uma combinação de activos que estejam inter-relacionados ou interdependentes em termos de concepção, tecnologia e função ou do seu propósito ou uso final. Num contrato de construção intervêm sempre, no mínimo, duas partes, o empreiteiro e o dono da obra, podendo eventualmente existir também a intervenção de subempreiteiros contratados pelo empreiteiro geral. A NCRF 19 ( Contratos de Construção ) é aplicada pelos empreiteiros e subempreiteiros na contabilização dos seus contratos de construção, sendo a NCRF 7 e a NCRF 18 aplicada pelos donos da obra, consoante classifiquem a construção como um activo fixo tangível ou como um inventário, respectivamente. Assim, em termos esquemáticos, temos o seguinte enquadramento contabilístico dos contratos de construção: Empreiteiro (NCRF 19) Dono da Obra (NCRF 7/ NCRF 18) Subempreiteiro (NCRF 19) Regime contabilístico e fiscal vigente até 31 de Dezembro de 2009 Até 31 de Dezembro 2009 o regime contabilístico aplicável aos contratos de construção encontrava-se prescrito na Directriz Contabilística (DC) n.º 3/91 Tratamento Contabilístico dos Contratos de Construção, a qual já seguia, de alguma forma, o disposto nas normas internacionais de contabilidade do IASB. No entanto, a referida DC previa a aplicação do método da percentagem de acabamento ou do método do contrato completado, enquanto a IAS 11 não prevê este último. 2/7

Quanto ao regime fiscal, o mesmo encontrava-se previsto no art.º 19.º do Código do IRC ( Obras de carácter plurianual ) e na Circular n.º 5/90, de 17 de Janeiro de 1990, que em termos gerais apresentava as seguintes orientações: 1) Sempre que o grau de acabamento seja superior à percentagem de facturação, é considerada como proveito do exercício a totalidade dos valores facturados, que não tenha sido ainda incluída nos resultados em exercícios anteriores, sendo considerados como custos os que correspondam a um grau de acabamento igual à percentagem de facturação, deduzidos dos já tidos em conta em exercícios anteriores, transitando os restantes em obras em curso; 2) Sempre que o grau de acabamento seja inferior à percentagem de facturação, apenas é considerada como proveito do exercício a parte da facturação efectuada, que, deduzida da já levada a proveitos em exercícios anteriores, seja igual ao grau de acabamento atingido pela obra, sendo considerados como custos do exercício a totalidade dos já incorridos que ainda não tenham sido tidos em conta em exercícios anteriores; 3) Sempre que o grau de acabamento seja igual à percentagem de facturação, é considerada como proveito do exercício a totalidade dos valores facturados, que não tenha sido ainda incluída nos resultados dos exercícios anteriores e como custos do mesmo exercício a totalidade dos que ainda não tenham sido tidos em conta em exercícios anteriores. A Circular 5/90 definia ainda percentagem de facturação, fornecia orientação para calcular a percentagem de acabamento, enquadrava o tratamento dos trabalhos adicionais e das revisões de preços e permitia que fossem diferidos 5% dos proveitos das obras durante o período da garantia dos 5 anos, para fazer face aos custos a suportar durante aquele período. Assim, e no sentido de dar cumprimento à disciplina fiscal, a contabilidade praticada pela generalidade dos empreiteiros (ou subempreiteiros) acabava por se basear naquilo que era aceite fiscalmente, visto que a contabilização obedecia ao disposto na Circular 5/90 e não nas orientações da DC 3/91, pelo que nos respectivos balanços surgiam muitas vezes as obras em curso registados na antiga conta 35 ( Produtos e trabalhos em curso ), sendo que a Directriz não previa tal contabilização. Regime contabilístico e fiscal vigente a partir de 1 de Janeiro de 2010 (com a entrada em vigor do SNC) A partir de 1 de Janeiro de 2010, com a entrada em vigor do SNC (de acordo com o Decreto- Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho) e revogação do POC e das Directrizes contabilísticas, os contratos de construção passam a ser mensurados e reconhecidos tendo por base o definido na NCRF 19 Contratos de construção. Esta NCRF é baseada na IAS 11 e prevê o reconhecimento do rédito dos contratos de construção com base no método da percentagem de acabamento. Este princípio geral da NCRF 19 tem subjacente a ideia de que o desfecho do 3/7

contrato pode ser determinado com fiabilidade (que os custos incorridos e os custos a incorrer para a conclusão do contrato possam ser mensurados com elevado grau de certeza). Sempre que o desfecho do contrato não possa ser estimado com fiabilidade a NCRF 19 prevê a aplicação do chamado método do lucro nulo, em que o rédito a reconhecer em cada período iguala os custos incorridos. Em termos fiscais, o Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho, adaptou o Código do IRC às normas internacionais de contabilidade adoptadas pela União Europeia e ao Sistema de Normalização Contabilística (SNC), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho, passando o artigo 19.º (Contratos de Construção) a ter a seguinte redacção: 1) A determinação dos resultados de contratos de construção cujo ciclo de produção ou tempo de execução seja superior a um ano é efectuada segundo o critério da percentagem de acabamento. 2) Para efeitos do disposto no número anterior, a percentagem de acabamento no final de cada período de tributação corresponde à proporção entre os gastos suportados até essa data e a soma desses gastos com os estimados para a conclusão do contrato. 3) Não são dedutíveis as perdas esperadas relativas a contratos de construção correspondentes a gastos ainda não suportados. Na prática a percentagem de acabamento obtém-se a partir da expressão seguinte: Por um lado o CIRC veio alinhar a tributação dos contratos de construção com a disciplina prevista na NCRF 19, mas, por outro, criou uma diferenciação para os contratos cujo ciclo de produção ou tempo de execução seja igual ou inferior a um ano. Como é evidente, havendo necessidade de efectuar estimativas quanto ao desfecho dos contratos, em certos casos não será fácil ajuizar se a construção demora mais ou menos do que um ano, podendo originar alguns constrangimentos na determinação dos resultados para efeitos fiscais. Tendo em conta a dualidade de critérios contabilísticos adoptados pelas entidades até 31/12/2009, bem como pelas dúvidas suscitadas com a alteração do artigo 19.º do CIRC, a Direcção de Serviços do IRC publicou a Circular n.º 8/2010, de 22 de Julho, explicitando dois enquadramentos fiscais alternativos, consoante o procedimento contabilístico que vinha sendo adoptado pelos sujeitos passivos (Circular 5/90 ou DC 3/91), com as instruções seguintes: Sujeitos passivos que contabilizavam de acordo com o artigo 19.º e com a Circular n.º 5/90 Os sujeitos passivos que vinham aplicando na sua contabilidade o tratamento fiscal previsto no art.º 19.º do Código do IRC e explicitado na Circular n.º 5/90 às obras de carácter plurianual e que, por essa razão, tiveram de proceder a ajustamentos 4/7

contabilísticos em resultado da adopção pela primeira vez da NCRF 19 ou da IAS 11, ficam sujeitos à aplicação do regime transitório previsto no n.º 1 ou 5 do art.º 5.º do Decreto-Lei n.º 159/2009, de 13 de Julho (n.º 6 da Circular 8/2010). Sujeitos passivos que contabilizavam de acordo com as regras contabilísticas Quanto aos sujeitos passivos que vinham aplicando a Directriz Contabilística 3/91 e que procediam às correcções fiscais exigidas pelo art.º 19.º do CIRC e pela Circular n.º 5/90 na Declaração modelo 22, não podem continuar a efectuá-las, dado que se acolheu no Código do IRC o tratamento contabilístico (n.º 7 da Circular 8/2010). Por esse facto e porque deve ser garantida a igualdade de tratamento entre estes sujeitos passivos e os que aplicavam na sua contabilidade as regras fiscais, aplica-selhes o mesmo prazo (de cinco anos) para "reverterem" as correcções fiscais que vinham efectuando (n.º 8 da Circular 8/2010). Para além das instruções supra, a Circular n.º 8/2010 aborda também o tratamento da provisão para garantia a clientes, que passa a ser fiscalmente aceite nos termos previstos no Artigo 39.º do CIRC, bem como das provisões para perdas esperadas em contratos de construção que não são aceites fiscalmente. Assim sendo, apresentamos de forma resumida a movimentação contabilística dos contratos de construção em SNC, para os casos em que a percentagem de acabamento/gastos incorridos não sejam coincidentes com a percentagem de facturação. Contratos cujo desfecho possa ser estimado com fiabilidade: % acabamento > % facturação Débito 2721 Devedores por acréscimos de rendimentos (a) Crédito 72 Prestações de serviços (a) % acabamento < % facturação Crédito 72 Prestações de serviços (a) Crédito 282 Rendimentos a reconhecer (a) Perdas esperadas no contrato (gastos totais > rédito total) Débito 676 Provisões para contratos onerosos (b) Crédito 296 Contratos onerosos (b) a = (% acabamento - % facturação); b = (gastos totais rédito total). 5/7

Contratos cujo desfecho não possa ser estimado com fiabilidade: Gastos incorridos > facturação Débito 2721 Devedores por acréscimos de rendimentos (c) Crédito 72 Prestações de serviços (c) Gastos incorridos < facturação Crédito 72 Prestações de serviços (c) Crédito 282 Rendimentos a reconhecer (c) c = (gastos incorridos facturação) Em síntese, de acordo com as instruções da NCRF 19 (Contratos de Construção), os custos relacionados com o contrato são sempre reconhecidos como gasto do período, não havendo lugar ao reconhecimento de obras em curso na conta 36 ( Produtos e trabalhos em Curso ) dependendo a contabilização dos desfechos estimados. - Luísa Galante - Bibliografia: Directriz contabilística n.º 3/91 Tratamento Contabilístico dos Contratos de Construção. Circular 5/90 de 17 de Janeiro Obras de Carácter Plurianual. IAS 11 Contratos de Construção. NCRF 19 Contratos de Construção. Circular 8/2010 de 22 de Julho Contratos de Construção (revoga a Circular 5/90). 6/7

REVISORES E AUDITORES A Ordem dos Revisores Oficiais de Contas publicou recentemente o nº 53 da sua revista trimestral (Abril a Junho de 2011). Salientamos pelo seu interesse as seguintes matérias/artigos: i) Partes Relacionadas Este artigo trata dos procedimentos específicos a desenvolver sobre as transacções com partes relacionadas fora da actividade operacional da empresa e quando são identificadas transacções e relacionamentos com partes relacionadas não identificadas/divulgadas pela Gestão. A principal dificuldade do auditor prende-se em garantir a identificação da totalidade dos relacionamentos e das transacções com partes relacionadas não identificadas pela Empresa. São também abordados os aspectos fiscais decorrentes dos preços de transferência e apresentado um plano de trabalho que sintetiza os procedimentos requeridos pela ISA 550 clarificada. ii) Demonstrações Financeiras Combinadas Este artigo tem como objectivo proporcionar uma melhor compreensão dos termos que são comummente usados no contexto de preparação de demonstrações financeiras combinadas e outros tipos de informação financeira combinada. iii) SGPS: Tributação da Alienação de Partes Sociais Este artigo pretende apresentar de forma compreensiva o regime fiscal da alienação de partes sociais por SGPS, identificando e sistematizando os aspectos relevantes suscitados pelos diferentes métodos contabilísticos, em conjugação com os normativos fiscais aplicáveis. iv) Governação das Sociedades nas Empresas Europeias A fim de avaliar a eficácia do actual quadro de governação das sociedades que operam na UE, a Comissão publicou em Abril de 2011, um Livro Verde intitulado de UE Corporate Governance Framework, o qual é uma extensão de um trabalho anterior da Comissão, publicado em Junho de 2010, sobre a governação das sociedades nas Instituições Financeiras e as suas políticas de remunerações. O Livro Verde pretende identificar as questões-chave da boa governação das sociedades e, ao mesmo tempo, rever o nível de governação das sociedades, nos diferentes Estados Membros. Nota: Esta publicação da ORA é genérica e o objectivo é meramente informativo. Não tem a intenção de substituir a necessidade de consulta dos diplomas mencionados ou o recurso a opinião profissional para os temas tratados em função dos casos concretos de cada entidade. 7/7