UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE

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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE DIREITO EDUCACIONAL Por: Griziela Rebeque Pereira Orientador Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães Rio de Janeiro 2004.

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE DIREITO EDUCACIONAL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Supervisão Escolar. Por: Griziela Rebeque Pereira

3 AGRADECIMENTOS A Deus, que incomparável e inconfundível na sua infinita bondade, compreendeu os meus anseios e me deu coragem para atingir meu objetivo. Aos meus Pais, que com dedicação me encaminhou para as honras dessa conquista. Ao Marcelo, meu irmão, que enriquece minha mente, pela grande amizade. À minha Cunhada e Sobrinhos por sempre se fazerem presente na minha vida. Aos Professores, por transmitir seus conhecimentos, meu profundo respeito. A todos os amigos, que direta ou indiretamente estiveram envolvidos neste projeto.

4 DEDICATÓRIA A todos as que contribuíram para a realização e o desenvolvimento deste trabalho.

5 Por todo o sistema educacional, deve haver um compromisso com o desenvolvimento de atitudes e comportamentos que incorporem a consciência e a análise relativa aos gêneros. Os sistemas educacionais devem também atuar explicitamente para eliminar o viés relativo aos gêneros. Isso inclui a garantia de que as políticas e sua implementação sejam favoráveis à aprendizagem das meninas e dos meninos. As equipes de ensino e de supervisão devem ser justas e transparentes, e as regras e os regulamentos, inclusive as ações relativas à promoção e à disciplina, devem ter impacto equivalente sobre meninas e meninos, mulheres e homens. (Educação para Todos: Cumprindo nossos compromissos coletivos. Anotações sobre o Marco de Ação de Dakar - preparadas pela Comissão De Redação do Fórum Mundial de Educação - Paris, 23 de maio de 2000)

6 RESUMO A proposta deste trabalho é apresentar a relação da educação nas constituições brasileiras e demonstrar a necessidade de todas as modificações e reformas do ensino. A LDB é mostrada ao longo de momentos histórico e politicamente diversos. A história da educação abrange períodos que vão desde a chegada dos Portugueses até os dias atuais.

7 METODOLOGIA A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica.

8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I 14 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO 14 CAPÍTULO II 39 CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 39 CAPÍTULO III 50 SISTEMAS DE ENSINO 50 CAPÍTULO IV 54 NÍVEIS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO 54 CONCLUSÃO 67 BIBLIOGRAFIA 68 ÍNDICE 71 ANEXOS 72

9 INTRODUÇÃO O estudo da legislação educacional brasileira surgiu para mostrar a necessidade das modificações ocorridas na LDB para atender a sociedade. Pois, a supervisão escolar após a Lei 9.394/96 deu as unidades escolares e ao trabalho do supervisor escolar uma grande abertura para o desenvolvimento do seu trabalho. Uma vez que é inquestionável que as transformações no ensino são inseparáveis das transformações sociais mais amplas. O objetivo de estudar a legislação educacional é proporcionar atualização constante, através de embasamentos teóricos e práticos e, contribuir para que o processo de discussão permaneça sempre em movimento. Para Boaventura (1997) o Direito Educacional se compõe de um conjunto de normas, principios e doutrinas que disciplinam a projeção das relações entre alunos, professores, escolas e poderes públicos numa situação formal de aprendizagem. Como o supervisor é o sujeito que faz a leitura da escola na sua totalidade (Medina 1997, p. 18), ele precisa ter conhecimento para proporcionar uma verdadeira reflexão sobre a prática educativa, e, com isso, desempenhar um trabalho de excelência. O objeto de pesquisa deste trabalho é a História da Educação no Brasil; A Educação na evolução das Constituições Brasileiras e as Leis de Diretrizes e Bases da Educação. Di Dio (1982) define o Direito Educacional como sendo conjunto de normas, princípios, leis e regulamentos que versam sobre as relações de alunos, professores, administradores, especialistas e técnicos, enquanto envolvidos, mediata ou imediatamente, no processo ensino-aprendizagem.

10 Para Melo Filho (1983) o Direito Educacional pode ser entendido como um conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados que objetivam disciplinar o comportamento humano relacionado à Educação. Vilanova (1983), não é descabido falar-se de um Direito Educacional. A legislação é específica, prolixa e dispersa, o que requer sistematização em termos de tratamento científico da matéria. Não se trata de um ramo purificado do direito constante de normas somente de direito público ou privado. Há uma escala graduada de normas constitucionais, administrativas e de direito privado. Quando se pensa na relação entre Educação e o Direito Constitucional, pode-se observar que desde a Constituição Política do Império Brasileiro de 1824 a Educação era preocupação do Governo. Afirmava-se no seu Artigo 179, inciso 32 que a instrução primária, é gratuita a todos os cidadãos e o inciso 33 dispunha que Colégios, e Universidades, onde serão ensinados os elementos das ciências, belas letras e artes. A Constituição de 1891 somente fala de Educação em seu Artigo 72, 6 o, que será leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos públicos. Somente, a partir da Constituição de 1934 observa-se um crescimento no número de disposições constitucionais relativas à Educação, sendo criado um capítulo que trata especificamente da Educação e Cultura, composto por 10 artigos (149 a 158). Esta Constituição apresentou um avanço com relação à Educação, ao difundir a gratuidade e o acesso à escola para as pessoas de todas as idades. Já, na Constituição de 1937, não houve avanços, a novidade que surgiu foi o esclarecimento quanto a liberdade do ensino à iniciativa privada e a obrigatoriedade do ensino primário. Constituição de 1946 obrigou todas as empresas com mais de 100 (cem) funcionários a manter ensino primário gratuito para os seus servidores e os filhos destes. Em 20 de janeiro de 1961, surgiu a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei 4024. Posteriormente à Lei 4024/61, foram expedidas as

11 Leis nº 5540/68, tratando especificamente do Ensino Superior e a Lei nº 5692/71, normatizando o Ensino de 1 o e 2 o Graus. A obrigatoriedade do ensino dos 7 (sete) aos 14 (quatorze) anos de idade surgiu com a Constituição de 1967. Já a Constituição de 1988 destinou uma seção somente à Educação. Educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Art. 205, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL) A partir da Constituição de 1988 é que se passou a debater a necessidade da criação de uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Brasileira. Sua aprovação ocorreu por meio de manobras regimentais, onde o MEC se utilizou do texto base do senador Darcy Ribeiro e engendrou suas propostas para conformar o texto final e, em dezembro de 1996 foi aprovada a nova LDB da Educação Nacional sob o nº 9.394/96. O governo federal assumiu em Lei, a política e as principais diretrizes aprovadas na Conferência Internacional de Educação para todos, realizada em março de 1990 - Jontiem, Tailândia. Na declaração aprovada, Anexo I, todos os países que participaram, entre os quais o Brasil, se comprometeram a cumprir as seguintes diretrizes: 1. no prazo de 10 anos, aplicar os planos decenais patrocinados pelo Banco Mundial, UNICEF e UNESCO em associação com os governos, tendo por meta erradicar o analfabetismo, universalizar o ensino fundamental, reduzir a evasão e repetência escolar; 2. priorizar o ensino fundamental;

12 3. dividir as responsabilidades sobre a educação entre o estado e a sociedade, através da municipalização e parcerias com a comunidade e empresas (escolas cooperativas); 4. Avaliação Desempenho do professor; 5. reestruturar a carreira docente; e, 6. desenvolver o ensino à distância. Partindo deste quadro, a LDB 9.394/96 está a serviço da reforma do Estado com objetivo de adequar o ensino brasileiro às transformações no mundo do trabalho, provocadas pela globalização econômica, as novas tecnologias e técnicas de gerenciamento da produção. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (Art. 2 o, LEI 9.394/96, LDB) Todo ser humano tem de ter consciência que é um cidadão, parte de uma comunidade, com direitos e deveres. Ser cidadão é, além de reconhecer as múltiplas relações sociais, políticas e econômicas, ser reconhecido no papel que desempenha. É saber que tem e pode fazer história. (Lima, 1996) E, é finalidade da educação básica desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Não basta mais educar para uma cidadania restrita, é preciso entender que existem leis e que delas não podemos fugir. E, educar para a cidadania é educar para a responsabilidade. É preciso despertar na criança o seu papel de cidadão.

13 A atitude do educando, nas vivências da escola e do mundo, deverá ser participativa, inteligente, crítica e autônoma. O indivíduo deverá, pois, ser educado para a reflexão afim de que tenha autoconsciência e consciência de toda a sua ação dentro da sociedade. Somente a partir de 1989, o Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, IPAE, começou a organizar encontros e eventos sobre o Direito Educacional. E, vem elaborando, com o apoio de algumas organizações a Cartilha dos Direitos e Deveres em Educação. Cabe ressaltar que em todos os Estados federados e grande parte dos municípios possuem legislação própria sobre educação. E, no que tange as Escolas e Colégios, há um ponto de encontro na legislação que é o Regimento Escolar a lei da escola, que hoje vem apoiado no Projeto Político Pedagógico.

14 CAPÍTULO I História da Educação Como educação é sempre feita com a inserção de graus variados de reflexão teórica, é possível dizer que a pedagogia - a teoria da educação não se desliga da própria educação, o que implica compreender a história da educação como história da educação e da pedagogia. (Paulo Ghiraldelli Jr., 2003)

15 Breve Histórico da Educação no Brasil A história da educação no Brasil iniciou-se com a vinda dos Jesuítas. E, ficou entregue aos padres da Companhia de Jesus o ensino público de nosso país por mais de 200 anos. 1.1. Período Jesuítico (1549 1759) A pedagogia dos jesuítas exerceu grande influencia em quase todo o mundo, incluindo o Brasil. Chegaram aqui em 1549, foram expulsos em 1759 e retornaram em 1847. A companhia de Jesus foi fundada em 1534, por Inácio de Loyola e um pequeno grupo de discípulos, em Paris, com objetivos catequéticos, em função da Reforma Protestante e a expansão do luteranismo na Europa. Em março de 1549 os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro juntamente com o primeiro governador-geral, Tome de Souza. Comandados pelo Padre Manuel de Nóbrega, marcando o início da História da Educação no Brasil (nos moldes europeus). Quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues. Em 1554, são fundadas as escolas jesuítas de São Paulo de Piratininga, tendo como seu primeiro professor o padre José de Anchieta.

16 No Brasil os jesuítas se dedicaram a pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Todas as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento, escrito por Inácio de Loyola, o Ratio atque Instituto Studiorum, chamado abreviadamente de Ratio Studiorum. A pedagogia do Ratio Studiorum baseava-se na unidade de matéria, unidade de método e unidade de professor. Ou seja, a unidade de professor significava que cada turma deveria seguir seus estudos, do começo ao fim, com o mesmo mestre. Todos os professores deveriam utilizar a mesma metodologia. E, o assunto a ser estudado deveria contemplar poucos autores, principalmente aqueles ligados ao pensamento oficial da Igreja, como Tomás de Aquino. Além disso, o Ratio Studiorum determinava uma disciplina rígida, o cultivo da atenção, da perseverança nos estudos traços de caráter considerados essenciais para o cristão leigo, mais ainda, para o futuro sacerdote. As 466 regras que compõe o Ratio Studiorum ocupam-se de temas tão diversos como: férias, feriados; formação dos professores; relações com os pais dos alunos; competências e manuais de ensino a utilizar; sistema de admissão de alunos (internos e externos); metodologias de trabalho com os alunos (repetições, disputas, desafios, declamações, sabatinas); plano de estudos (humanidades, filosofia, história, ciências físicas e matemáticas); orientações pedagógicas (memorização, exercício, emulação); regime de avaliação (exames escritos e orais); regras administrativas e disciplinares; prêmios, castigos; teatro. O princípio pedagógico fundamental era a emulação, tanto individual como coletiva, aliada a uma hierarquização do corpo discente baseada na obediência. A educação dos jesuítas destinava-se a formação das elites burguesas, para prepara-las a exercer a hegemonia cultural e política. Os jesuítas permaneceram como mentores da educação brasileira durante duzentos e dez anos, até 1759, quando foram expulsos de todas as colônias

17 portuguesas por decisão de Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777. No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades que casas da Companhia de Jesus. O Alvará de 28 de julho determina a instituição de aulas de gramática latina, aulas de grego e de retórica, além de criar o cargo de Diretor de Estudos Medidas inócuas para um sistema de ensino fragmentado. 1.2. Período Pombalino (1760 1808) As escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado. Com a expulsão dos Jesuítas do Brasil, pouca coisa restou de prática educativa, tendo em vista que eles levaram a organização monolítica baseada no Ratio Studiorum. Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais diferenças de objetivos. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proseleticismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da decadência que se encontrava diante de outras potências européias da época. A educação jesuítica não convinha aos interesses comerciais emanados por Pombal. Como as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do estado. Através do Alvará de 28 de julho de 1759, ao mesmo tempo em que suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias, Pombal criava as aulas

18 régias de Latim, Grego e Retórica. Criou, também, a Diretoria de Estudos, que só passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Em 1772, foi instituído o subsidio literário, que era um imposto destinado a manutenção dos ensinos primário e secundário. Já em 1776, criou-se no Rio de Janeiro, um curso de estudos literários e teológicos, e, em 1778, o Seminário de Olinda, por Dom Azeredo Coutinho, governador interino e bispo de Pernambuco. Os professores eram geralmente mal preparados para a função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam proprietários vitalícios de suas aulas régias. O resultado da decisão de Pombal foi que, no princípio do século XIX, a educação brasileira estava reduzida a praticamente nada. O sistema jesuítico foi desmantelado e nada que pudesse chegar próximo deles foi organizado para dar continuidade a um trabalho de educação. Esta situação somente sofreu uma mudança a pós a chegada da família real ao Brasil, em 1808. 1.3. Período Joanino (1808 1821) A instrução elementar não mereceu, cuidados da administração. Relegada a um segundo plano, a educação do povo se fez ao sabor dos interesses pessoais e políticos do Soberano, no exercício de seu absoluto poder. Em 1808, foi fundada uma escola de educação, onde se ensinavam as línguas portuguesa e francesa, Retórica, Aritmética, Desenho e Pintura. E, para prover a defesa militar do Reino, criou-se neste mesmo ano a Academia da Marinha, no Rio de Janeiro. E, em 1810, a Academia Militar.

19 Desfazendo-se de seus próprios livros, trazidos de Portugal, D. João funda, em 1810, a nossa primeira biblioteca. Franqueada a população, em 1814, a biblioteca real torna-se a primeira biblioteca pública. 1.4. Período Imperial (1822-1888) a abertura dos portos, além do significado comercial da expressão, significou a permissão dada aos brasileiros (madeireiros de pau-brasil) de tomar conhecimento de que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura (Lauro de Oliveira Lima, [197_], 103) Em 1820 o povo português mostrou-se desconte com a demora do retorno da Família Real e iniciou a Revolução Constitucionalista, na cidade do Porto. Tendo, então, D. João VI retornado a Portugal em 1821. Em 07 de setembro de 1822, seu filho D. Pedro I, declarou a Independência do Brasil e, inspirada na Constituição francesa de cunho liberal, em 1824 é outorgada a primeira Constituição brasileira. Dizia no seu Art. 179 instrução primária e gratuita para todos os cidadãos. Com a tentativa de suprir a falta dos professores, instituiu-se o Método Lancaster, ou do ensino mútuo, onde um aluno treinado ensinava para um grupo de dez alunos sob a rígida vigilância de um inspetor. Em 1826, um Decreto instituiu quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias. E, no ano seguinte um projeto de Lei propôs a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever um exame para seleção dos professores, para nomeação. E, propôs, ainda, uma escola para meninas.

20 Foi criado em 1834 o Ato Adicional à Constituição que estabelecia que as províncias seriam responsáveis pela administração dos ensinos primário e secundário. Surgindo, então, em Niterói a primeira escola normal do país. EM 1837, onde funcionava o Seminário de São Joaquim, na cidade do Rio de Janeiro, foi criado o Colégio Pedro II, com o objetivo de se tornar um modelo pedagógico para o curso secundário. O Decreto 1331A, de 17 de fevereiro de 1854, reformou os ensinos primário e secundário, exigindo professores credenciados e a volta da fiscalização oficial, criando-se, então, a Inspetoria Geral da Instrução Primário e Secundária. Em 1882 Ruy Barbosa sugeriu a liberdade do ensino, o ensino laico e a obrigatoriedade de instrução, obedecendo as normas emanadas pela Maçonaria Internacional. Até a Proclamação da República, em 1889, nada se fez de concreto pela educação brasileira, nada foi feito, na gestão do Imperador D. Pedro II, no Brasil, para que se criasse um sistema educacional. A Reforma Paulino de Souza pretendeu imprimir aos estudos realizados no Colégio Pedro II, um caráter formativo, habilitando os alunos não só para os estudos superiores, mas para a vida, além da instituição ser capaz de competir com os estabelecimentos particulares no aliciamento de candidatos às academias. Em 1872, o Brasil contava com um índice de analfabetismo de 66,4% Com a Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira, não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo. E, até os dias de hoje, muito ainda tem se mexido no planejamento educacional.

21 1.5. Período da Primeira República (1889 1929) As décadas derradeiras do Império ensejavam profundas transformações na sociedade brasileira. No quadro dessas transformações o Império ruiu, abrindo caminho para um novo regime político: a República. Com a Proclamação da República adotou-se o modelo político americano baseado no sistema presidencialista. A Constituição de 1891 pouco modificou a partilha de atribuições entre o governo central e os governos locais adotada após a edição ao Ato Adicional de 1834. A primeira Constituição republicana não chegou a contemplar a gratuidade e a obrigatoriedade da instrução elementar. A Reforma Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e a laicidade do ensino, como também a gratuidade da Escola Primária, seguindo a orientação do que era estipulado na Constituição Brasileira. O Decreto 510, do Governo Provisório da República, de Marechal Deodoro da Fonseca, diz que seu artigo 62, item 5 o, que o ensino será leigo e livre em todos os graus e gratuito no primário. Ocorreu o acréscimo de matérias científicas às tradicionais, tornando o ensino enciclopédico. O percentual de analfabetos no ano de 1900, segundo o Anuário Estatístico do Brasil, do Instituto Nacional de Estatística, era de 75%. O Código Epitácio Pessoa, de 1901, acentuou a parte literária em detrimento da científica.

22 A Reforma Rivadária Correa, de 1911, a Lei Orgânica de Rivadário Correa, estabeleceu o ensino livre e retirou do Estado o poder de interferência no setor educacional. Pregava a liberdade de ensino, a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento, transferindo os exames de admissão ao ensino superior para as faculdades. Os resultados dessa Reforma foram desastrosos para a educação brasileira. A Reforma de Carlos Maximiliano, em 1915, reoficializou o ensino no Brasil, mostrando que a Reforma Rivadária Correa não poderia continuar. A Reforma João Luiz Alves, surgiu num período complexo da História do Brasil. Com a intenção de tentar combater os protestos estudantis que ocorriam contra o governo, do Presidente Arthur Bernardes, introduziram a cadeira de Moral e Cívica no currículo. A fim de que o ensino secundário pudesse proporcionar um preparo fundamental e geral para a vida, a última reforma de ensino, promulgada na Primeira República (J. L. Alves, 1925) instituiu a obrigatoriedade da seriação e aprovação nas matérias de cada ano, para promoção ao ano seguinte. país. Os anos 20 acolheram o início de uma transformação cultural significativa no A década de 20 foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de mudança das características políticas brasileiras, dentre elas: movimento dos movimento dos 18 do Forte; semana da Arte Moderna SP; fundação do Partido Comunista; revolta Tenentista; Coluna Prestes; o Parlamento Comunista Brasileiro foi declarado ilegal; surgiu o Partido Fascista Brasileiro; fundou a Aliança Liberal lançando Getulio Vargas como candidato à Presidência. Em 1920, Sampaio Doria realizou em São Paulo uma reforma tentando reconduzir a educação para novos métodos de ensino.

23 Em 1922, o educador Carneiro Leão, iniciou uma reforma educacional no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Em 1923, o educador Lourenço Filho, iniciou um movimento de renovação educacional com a reforma realizada no Ceará. Em 1924, foi criada a ABE, Associação Brasileira de Educação, que retirou do Congresso Nacional o monopólio da discussão educacional. A ABE reunia tanto professores desconhecidos como nomes já famosos na Educação Brasileira, dentre eles: Heitor Lira, Antonio Carneiro Leão, Venâncio Filho, Everardo Backeuser, Edgard Sussekend de Mendonça, Delgado de Carvalho. Em 1925, o educador Anísio Teixeira realizou uma reforma educacional no Estado da Bahia, através da Lei 1846, a Coluna Prestes, comandada pelo Capitão Luiz Carlos Prestes, começa sua marcha pelo Brasil. Em 1926, Fernando de Azevedo dirigiu um inquérito sobre a Educação Pública no Estado de São Paulo. Em 1927, o Educador Francisco Campos, realizou no Estado de Minas Gerais uma reforma educacional. Em Curitiba, organizada pela ABE, realizou-se a primeira das Conferências Nacionais de Educação. Em 1928, Fernando de Azevedo realizou uma reforma educacional na Cidade do Rio de Janeiro. E, Carneiro Leão, em Pernambuco. Como a organização de ensino esteve confiada nos Estados, não obstante a ausência da participação federal, registraram-se alguns avanços, sob a liderança dos Estados mais progressistas, especialmente de São Paulo, que se convertera no principal pólo econômico do País.

24 A Escola Primária possuía, na Primeira República, um curso de quatro séries e a complementar de duas ou três, variando a duração desta última nos diversos Estados da Federação. No Ensino Secundário que era controlado e regulamentado pela União, mediante a equiparação e confiado inteiramente aos Estados, quanto a sua oferta persistem as mesmas características que já o definiram no Império: a existência de exames parcelados e preparatórios, dispensando a realização do curso seriado, de freqüência obrigatória. A organização do curso é de estrutura única, sem divisão em Ciclos e sem diferenciação dos estudos, com um currículo comum, em que predominava os estudos literários sobre os científicos. O ensino secundário apresentava como seletivo e desprovido de finalidade formativa própria, subordinando-se à função imediatista de preparo para as instruções de ensino superior. Quanto a duração dos estudos: Na Reforma de Benjamin Constant (1890 1901) foi de 07 (sete) anos. Nas Reformas de Epitácio Pessoa (1901 1915) de 06 (seis) anos. Na Reforma Maximiliano (1915 1925) de 05 (cinco) anos. Na Reforma de João Luiz Alves (1925 1931) elevou-se novamente para 06 (seis) anos. Os padrões pedagógicos, administrativos, legais e sociais separavam as diversas modalidades de ensino na Primeira República. Constituindo unidades autônomas e independentes, os ensinos primário, complementar, normal e os vários ramos do ensino técnico e secundário apresentavam reduzida possibilidade de articulação, caracterizando-se menos como níveis do que como tipos ou modalidades de ensino.

25 1.6. Período da Segunda República (1930-1936) Entre 1930 e 1937, o Brasil viveu um dos períodos de maior radicalização política de sua história. Essa época de efervescência ideológica foi substancialmente rica na diversidade dos projetos distintos para a sociedade brasileira. E, conseqüentemente, diferentes pensamentos sobre a educação brasileira. Por uma lado situaram-se os liberais intelectuais que expressavam os desejos da Constituição de um país em bases urbano-industriais democráticas e que, no plano educacional, endossavam as teses gerais da Pedagogia Nova. Que, nos anos 30 publicaram o Manifesto dos Pioneiros de Educação Nova (1932), onde propuseram bases pedagógicas renovadas e a reformulação da política educacional. Em oposição direta aos liberais situaram-se os Católicos. Defensores da Pedagogia Tradicional, os Católicos reagiram ao Manifesto, orquestrando uma bateria poderosa contra as teses escolanovistas. Aos poucos as posições dos Católicos se aproximaram das teses ultraconservadoras da AIB Ação Integralista Brasileira. Os Católicos foram as últimas conseqüências contra os liberais, chegando mesmo a uma campanha de difamação. Nas vésperas da Constituinte de 1934, organizaram a Liga Eleitora Católica LEC, que serviu como instrumento de pressão para fazer valer os interesses Católicos gerais na elaboração da Carta Magna. E, o governo, assumiu uma posição de neutralidade, colocando em execução uma política educacional própria, mas também distante de princípios democráticos. Uma quarta força social se expressou através da ANL Aliança Nacional Libertadora, que juntou boa parcela das classes populares, recuperando, em parte, os projetos de política educacional esboçados pelo Movimento Operário de Primeira República, principalmente as teses sobre a democratização do ensino.

26 Sendo assim, Liberais, Católicos, Integralistas, Governistas e Aliancistas preencheram o debate político e educacional dos anos 30. Todos desejavam a construção de um novo Brasil. A Revolução de 30 foi um marco referencial para a entrada do Brasil no mundo capitalista de produção, no campo da educação, as atitudes do Governo Vargas caminharam sob os mesmos parâmetros táticos de sua política trabalhista. Os vanguardas dos educadores brasileiros vinham se reunindo, desde o final dos anos 20, em conferências promovidas pela Associação Brasileira de Educação ABE. Em 1930, dentre os primeiros atos do governo provisório, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, representado pelo então Primeiro Ministro da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos que sancionou alguns Decretos organizando o ensino secundário e as universidades brasileiras ainda existentes: estes Decretos ficaram conhecidos como Reforma Francisco Campos : - o Decreto 19.850, de 11 de abril, criou o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de Educação (que só funcionaram a partir de 1934); - o Decreto 19.851, de 11 de abril, instituiu o Estatuto das Universidades Brasileiras que dispõe sobre a organização do Ensino Superior no Brasil e adota o regime Universitário; - o Decreto 19.852, de 11 de abril, dispõe sobre a organização universitária do Rio de Janeiro; - o Decreto 19.890, de 18 de abril, dispõe sobre a organização do ensino secundário; - o Decreto 20.158, de 30 de julho, organiza o ensino comercial, regulamenta a profissão de contador e dá outras providências;

27 - o Decreto 21.241, de 14 de abril, consolida as disposições sobre o ensino secundário. Para o ensino secundário a Reforma Francisco Campos significou a superação dos exames parcelados, os quais, desde o Império, vinham consagrando a preeminência de estudos avulsos e irregulares, bem como: a concepção preparatória. Coube a mencionada Reforma o mérito de estabelecer o currículo seriado, a freqüência obrigatória, a divisão do curso em ciclos e a ampliação para 07 (sete) anos. O primeiro ciclo, com duração de 05 (cinco) anos, ou fundamental, destinavase a proporcionar a formação geral básica, ou complementar, com 02 (dois) anos, diversificando-se em três seções, em função dos cursos superiores para os quais constituíam pré-requisitos: Direito, Engenharia, Arquitetura, Medicina, Farmácia e Odontologia. Estabelecia-se um currículo enciclopédico, com equilíbrio entre as letras e as ciências no curso fundamental e predomínio destas sobre aquelas em duas das seções do curso complementar (as chamadas pré-médico e pré-politécnico). O ensino secundário manteve, nos quadros da reforma, o caráter seletivo, elitista e preparatório que sempre caracterizou Francisco Campos na tradição escolar brasileira. Em 1931, foi realizada a IV Conferência Nacional de Educação para discutir As Grandes Diretrizes da Educação Popular. Esta Conferência serviu como um divisor de águas entre Católicos e Liberais. Na tentativa de influenciar as diretrizes governamentais, os Liberais vieram a público, em 1932, com o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, um documento que pautou-se, em linhas gerais, pela defesa da escola pública obrigatória, laica e gratuita e pelos princípios pedagógicos renovados inspirados em Dewey, Kilpatrick e outros. Contra o espírito de modernidade que fazia do Manifesto um documento que visava à defesa de uma nova educação adaptada a uma civilização urbana e

28 industrial, insurgiram-se diversos setores conservadores, escrevendo que o Manifesto, ao consagrar a escola pública obrigatória, gratuita e laica, retirava a educação das mãos da família e destruía assim os princípios de liberdade de ensino. A radicalização do debate pedagógico nesse período refletiu a polarização do debate público pelo qual o país passou. O governo Vargas assistiu a tudo isso, procurando fornecer uma imagem de mediador imparcial. Essa mediação entre as idéias sobre política educacional de católicos e liberais se deu com a Assembléia Nacional Constituinte. Talvez a mais progressista Carta Constitucional em matéria educacional, o documento de 1934 sobre refletir o rico clima de debates das elites dos anos 20 e 30. Enquanto as Constituições anteriores à de 1934 foram omissas e superficiais em relação à educação, essa, ao contrário, incumbiu a União de fixar o Plano Nacional de Educação. E, esta nova Constituição (a segunda na República), dispõe, pela primeira vez que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. 1.7. Período do Estado Novo (1937 1945) Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada uma nova Constituição. Três Constituições precederam a Carta Magna de 37, a Constituição outorgada pelo Imperador (1824), a Constituição Republicana (1891) e a Constituição de 1934. Ao contrário da última Constituição que foi produzida por uma Assembléia Nacional Constituinte eleita pelo povo, a Lei Maior de 1937 foi produzida pela tecnocracia Getuliana e imposta ao país como ordenamento legal do Estado Novo. As conquistas do movimento renovador, influenciando a Constituição de 34, foram enfraquecidas nessa nova Constituição. O Estado Novo se desincumbiu da educação pública através de sua legislação máxima, assumindo apenas um papel subsidiário, tratando a educação de forma mais parcimoniosa, restringindo os

29 deveres do Estado na manutenção do ensino e eliminando muito das conquistas do movimento renovador. Assim, o seu texto exclui o principio de que a educação é direito de todos e a considera como o dever e direito natural do país. A Constituição de 1937, não estava interessada em determinar ao Estado tarefas no sentido de fornecer à população uma educação geral através de uma rede de ensino público gratuito. Marcando uma distinção entre o trabalho intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho manual, enfatizando o ensino profissional para as classes mais desfavorecidas. A política educacional centralizadora traduziu-se na tentativa de regulamentar em âmbito central a organização e o funcionamento de todos os tipos de ensino no país. Sendo promulgadas entre 1942 e 1946, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, a Leis Orgânicas do Ensino, decretos-leis federais que regulamentaram os diversos ramos e modalidades do ensino: secundário, industrial, comercial, agrícola, normal e primário. Foi uma reforma elitista e conservadora. O Estado Nodo durou de 1937 a 1945; as leis orgânicas foram decretadas entre 1942 e 1946. - Decreto-lei 4.048, 22 de janeiro, criou o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI; - Decreto-lei 4.073, 30 de janeiro, regulamentou o ensino industrial; - Decreto-lei 4.244, 09 de abril, regulamentou o ensino secundário; - Decreto-lei 4.481, 16 de julho, dispôs sobre a obrigatoriedade dos estabelecimentos industriais empregarem um total de 8% correspondente ao número de operários e matriculá-los nas escolas do SENAI;

30 - Decreto-lei 4.436, 07 de novembro, amplia o âmbito do SENAI, atingindo também o setor de transporte, das comunicações e da pesca; - Decreto-lei 4.984, 21 de novembro, compele que as empresas oficiais com mais de cem empregados a manter, por conta própria, uma escola de aprendizagem destinada à formação profissional de seus aprendizes. - Decreto-lei 6.141, 28 de dezembro de 1943, regulamentou o ensino comercial. Além das leis orgânicas do ensino, o período histórico do Estado Novo fez surgir algumas entidades que, posteriormente, passaram a ter fundamental importância nos processos de educação formal do país. É deste período a criação do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), do Instituto do Livro, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Foi com a criação dessas instituições e a decretação da Reforma Capanema que foi esboçado um sistema educacional para o país, que até então era inexistente. Ainda que se mantendo fiel à tradição de se tratar separadamente cada modalidade de ensino, a legislação do Estado Novo teve o mérito de ser abrangente e de aproximar vários ramos do ensino profissional do ensino secundário. Assim, todos eles passaram a se articular com a escola primária e a ter dois ciclos de duração semelhante: um de quatro séries e outro de três, vide quadro comparativo ANEXO I. As leis orgânicas representaram a definição perfeita de uma estrutura estratificada de ensino pós-primário, no interior do qual era mantido o dualismo com

31 um ensino secundário público destinado às elites e um ensino profissionalizante para as classes populares. Para as elites o caminho era simples: do primário ao ginásio, do ginásio ao colégio e, posteriormente, a opção por qualquer curso superior. Havia ainda a chance de profissionalização, mais destinada às moças, que depois do primário poderiam ingressar no Instituto de Educação e, posteriormente, cursar a Faculdade de Filosofia. Já o caminho escolar para as classes populares, ia do primário aos diversos cursos profissionalizantes. Cada curso profissionalizante só dava acesso ao curso superior da mesma área. Os estabelecimentos de ensino primário se organizavam pelo número de turmas: - escolas isoladas aquelas de uma turma; - escolas reunidas com até quatro turmas; - grupo escolar aquelas com mais de cinco turmas; - escola supletiva. Em termos de estrutura o ensino primário vinha sendo formalmente organizado em dois ciclos: o elementar (4 anos) e o complementar (1 ano). A legislação era clara: a escola deveria contribuir para a divisão de classes e, desde cedo, separar pelas diferenças de chances de aquisição cultural, dirigentes e dirigidos. Destinados a formar elites condutoras, o ensino secundário teve um currículo extenso, com intenções de proporcionar sólida cultura geral de base humanística e, além disso, fornecer um ensino patriótico e nacionalista. Divisão do Curso Ginasial

32 Idade mínima: 11 anos para ingresso. Dividido em 04 séries. Disciplinas: Português, Latim, Francês, Inglês, Matemática, Ciências Naturais, História Geral, História do Brasil, Geografia Geral, Geografia do Brasil, Trabalhos Manuais, Desenho e Canto Orfeônico. Divisão do Curso Colegial Dividido em 03 séries. Disciplinas: Português, Latim, Grego, Francês, Inglês, Espanhol, Matemática, História Geral, História do Brasil, Geografia Geral, Geografia do Brasil, Física, Química, Biologia e Filosofia. O Colégio fixou 02 opções: o Clássico e o Científico. - Clássico: manteve na grade curricular as disciplinas Latim e Grego (optativa). Era um curso propedêutico que visava conduzir o jovem ao ensino superior 1.8. Período da Nova República (1946 1963) Com a derrubada da ditadura de Vargas em 1945, processou-se a redemocratização do país, e uma nova Constituição é promulgada em 1946. Esta nova Constituição, na área da Educação, determinou a obrigatoriedade de se cumprir o ensino primário e deu competência a União para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional e organizar o sistema federal de ensino. De acordo com a Constituição de 1946, a União deveria fixar as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Para tal o ministro da Educação e Saúde do Governo

33 Dutra, Clemente Mariani, constituiu uma comissão de educadores incumbidos da elaboração de um projeto da Lei de Diretrizes e Bases. Tal comissão foi instituída em 1947 e remeteu o Projeto ao Congresso Nacional em 1948. Esta Comissão foi integrada por vários educadores de várias tendências, como Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Padre Leonel Franca, Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) e outros. O Projeto foi remetido ao Congresso em 1948 e arquivado em 1949, dois anos depois, 1951, foi tentado o desarquivamento do projeto, mas o Senado informou que o trabalho havia sido extraviado. Diante disso, a Comissão de Educação e Cultura do Congresso partiu para os trabalhos de reconstituição do projeto. Entre idas e vindas do projeto, em 1957 reiniciou-se a discussão sobre o mesmo e, somente em 1958, a Comissão de Educação e Cultura recebeu um substitutivo que o Deputado Lacerda, alterava profundamente o texto original, trazendo para as letras da lei os interesses dos donos das escolas privadas. Desencadeou aí o conflito entre os defensores do ensino público e os partidários da escola privada. Diante do substitutivo de Lacerda, cuja aprovação era uma ameaça à escola pública, educadores de várias tendências desencadearam a Campanha de Defesa da Escola Pública. Vindo em 1959, o Manifesto dos Educadores Mais Uma Vez Convocados. Diferente de 1932, o Manifesto de 59 não se preocupou com questões didático-pedagógicas, este documento tratou de questões gerais da política educacional. Enfim, nasceu a primeira LDB, por determinação da Constituição de 1946, em 20 de dezembro de 1961,

34 A aprovação da LDB frustrou as expectativas dos setores mais progressistas. Conhecida como Lei 4.024/61, ela garantiu igualdade de tratamento por parte do Poder Público para os Estabelecimentos Oficiais e os Particulares. A Lei ficou 13 anos no Congresso, e, inicialmente destinava-se a um país pouco urbanizado, acabou sendo aprovada para um Brasil industrializado e com necessidades educacionais que o Parlamento não soube perceber. 1.9. Período do Regime Militar (1964 1985) O período de 1946 ao princípio de 1964, atuaram educadores que deixaram seus nomes na história da educação por suas realizações. Depois do Golpe Militar de 1964, muitos educadores passaram a ser perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Alguns foram calados para sempre, outros se exilaram, se recolheram a vida privada e, até mesmo trocaram de função. A ditadura militar durou 21 anos. Iniciou-se em março de 64 com o golpe que depôs o Presidente João Goulart e teve seu fim com a eleição indireta de Tancredo Neves e José Sarney em Janeiro de 1985. Esses 21 anos de ditadura militar pode ser dividido em três etapas: uma primeira etapa corresponde aos anos dos governos dos Generais Castello Branco e Costa e Silva (1964-1969); uma segunda etapa abrange o governo da junta militar e do General Garrastazu Médice (1970-1974); o terceiro momento corresponde aos governos dos Generais Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo (1975-1985). Durante o primeiro período, foram elaboradas algumas reformas no ensino que só foram implantadas já no segundo (Lei 5.692/71) e evidenciadas como desastrosas no terceiro. Restou ao Governo Pós-ditadura (1985) apenas a triste herança de um sistema educacional destroçado pela atrocidade de uma selva legislativa de cunho totalmente antipopular.

35 Em 1967, a ditadura militar, sob o vácuo deixado pela destruição das entidades que incitavam os movimentos de educação popular, criou o Movimento Brasileiro de Educação (MOBRAL), com o objetivo de erradicar o analfabetismo do Brasil em dez anos. Paralelamente a este movimento educacional, a ditadura militar montou, a partir da orientação dos acordos MEC-USAID, uma reorganização legislativa da educação brasileira. A reforma universitária promovida pela Lei 5.540/68, que fixou normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, nunca foi aceita pelos setores progressistas e não chegou a empolgar nem mesmo as parcelas da comunidade acadêmica simpática às inovações do Governo. Todavia, ao contrário se deu com a reforma do ensino de 1 o e 2 o Graus promovida pela Lei 5.692/71, que foi acolhida com entusiasmo por boa parte dos professores que, empunhando os projetos inovadores da ditadura, se atiraram numa frenesi pela concretização das determinações da nova legislação. A Lei 5.540/68 criou a departamentalização e a matrícula por disciplina, instituindo o curso parcelado através do regime de créditos. Adotou-se o vestibular unificado e classificatório. O problema da democratização do ensino superior só ficou resolvido pela ditadura militar com o incentivo à privatização do ensino na década de 70 o governo colaborou com a abertura de cursos de 3 o Grau. Tais medidas provocaram uma profunda alteração na vida universitária e na qualidade do ensino ao longo dos anos. A Lei 5.692/71 nasceu de um projeto elaborado por um grupo de trabalho instituído em junho de 1970. As tentativas de implantação da nova LDB se deram nos anos de mais repressão do regime. Entre a instalação do grupo de trabalho até a edição da Lei, o trabalho do Congresso Nacional resumiu-se em dispensáveis atos pouco conseqüentes. O grau de decoratividade do Parlamento nesse período ficou acentuado devido ao endurecimento do regime, e o crivo do Congresso Nacional

36 sobre o Projeto de LDB, pautou-se por emendas inócuas e até mesmo alheias ao assunto. A LDB de 1961 permaneceu 13 anos no Congresso e nasceu velha. Enquanto a 1971, não chegou a nascer com os devidos cuidados, sem que o Congresso pudesse modificá-la, veio como queria o Governo, não sofrendo nenhum veto presidencial. A Lei 5.692/71 não significou uma ruptura completa com a Lei 4.024/61. Ela incorporou os objetivos gerais do Ensino de 1 o e 2 o Graus expostos nos fins da educação da Lei de 1961. Todavia, as diferenças entre as duas Leis não podem ser minimizadas. Enquanto a Lei 4.024/61 refletiu princípios liberais vivos na democracia relativa dos anos 50, a Lei 5.692/71, reflete os princípios da ditadura, verificados pela incorporação de determinações no sentido da racionalização do trabalho escolar e na adoção do ensino profissionalizante no 2 o Grau. O Ensino Primário e o Ciclo Ginasial foram agrupados no Ensino de 1 o Grau para atender crianças e jovens entre 07 a 14 anos ampliando a obrigatoriedade escolar de 04 para 08 anos. A nova legislação deixou por conta do Conselho Federal de Educação CEF, a fixação das matérias do Núcleo Comum. A diversificação dos estudos foi adiada para o 2 o Grau, que era orientado para uma habilitação profissional. A profissionalização obrigatória não chegou a ser implementada. Verificada inicialmente a sua inviabilidade, logo depois, a sua inconveniência, a obrigatoriedade da sua profissionalização foi relativizada pelo próprio Conselho Federal de Educação, mediante aprovação do Parecer 76/75, que introduziu as habilitações básicas destinadas a fornecer uma formação geral para o trabalho, a ser completada nas empresas. E, finalmente, a Lei 7.044/82 aboliu a obrigatoriedade da profissionalização no Ensino de 2 o Grau. Em 1985, o Movimento Brasileiro de Alfabetização MOBRAL, foi extinto e criado o Projeto Educar.

37 1.10. Período da Abertura Política (1986 ) Impedidos de atuarem em suas funções, por questões políticas, profissionais da área de psicologia, história, antropologia, filosofia, sociologia, e outras, passaram a assumir postos na educação e a concretizar discursos em nome da educação. Com a nova Constituição, aprovada em 1988, não se afastou a divisão de competências fixada pelo Constituinte de 1934, conservando as mesmas atribuições para a União. Porém, a responsabilidade pela organização dos sistemas de ensino deixa de ser exclusiva dos estados, reconhecendo-se a existência dos sistemas municipais e admitindo-se a competência concorrente. E, mais uma vez, reservou-se para a União a competência privativa de legislar sob as diretrizes e bases da educação nacional. O Projeto de Lei da Nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado Octávio Elisio em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge Hage enviou à Câmara um substitutivo do Projeto e, em 1992, o Senador Darcy Ribeiro apresentou um novo projeto que só foi aprovado em 20 de dezembro de 1996, sob o número 9.394. Após primeira LDB, a Lei 4.024/61, foram baixadas várias leis de ensino em épocas diferentes, revogando parte desta Lei, que, originalmente, tinha 120 artigos e remanesceram apenas 30 até 1996. As principais Leis de ensino que se seguiram foram: a) a Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968 ensino superior; b) a Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971 ensino de 1 s e 2 o graus; c) a Lei 7.044, de 18 de outubro de 1982 ensino de 2 o grau.

38 Estas Leis, e mais o que remanesceu da 4.024/61, formavam a então LDB, e não quatro Leis de Diretrizes e Bases, como é comum entender. E, somente em 1996, tivemos a segunda LDB, que dispõe sobre a educação nacional como um todo.

39 CAPÍTULO II Constituições Brasileiras A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.. (Art. 205, Constituição Federal )

40 A educação na evolução das constituições brasileiras A Constituição é a suprema força política de um país, nas suas normas e valores, coordenadora e árbitro de todos os conflitos, sempre que fiel ao poder constituinte legitimamente expresso. (Raymundo Faoro, 1981) As duas primeiras Constituições, juridicamente consideradas, foram marcantes na história da humanidade: a americana (1787) e a francesa (1791), pelo fato de terem sido as primeiras, servindo de modelo para as demais que seguiram no mundo democrático. No Brasil, tivemos as seguintes Constituições, em ordem cronológica: 1 a de 25 de março de 1824, outorgada 1 pelo Imperador D. Pedro I; 2 a de 24 de fevereiro de 1891, promulgada 2 pela Assembléia Nacional Constituinte; 3 a de 16 de julho de 1934, promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte; 4 a de 1 o de novembro de 1937, outorgada pelo Presidente Getúlio Vargas; 5 a de 18 de novembro de 1946, promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte; 6 a de 21 de janeiro de 1967, promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte. Mais tarde, em 1969, pela Emenda nº 01/69, foram alterados quase todos os dispositivos desta Constituição; 1 Outorgada é quando o Poder Constituinte é exercido por representantes não legítimos ou quando o chefe do Poder Executivo elabora a Constituição e a declara em vigor, outorgando-a. 2 Promulgada é quando a elaboração da Constituição é tarefa de uma Assembléia Nacional Constituinte, legalmente organizada e legitimamente representada.

41 7 a de 05 de outubro de 1988, promulgada pela Assembléia Nacional Constituinte. Como afirma Motta (1997), existe um ordenamento normativo coativo específico da área educacional cuja Lei de Diretrizes e Bases é uma espécie de código, secundado por leis conexas e normas complementares, todas lastreadas em uma seção especial da Constituição Federal, onde se encontram os seus princípios básicos. A evolução da educação nas Constituições Nacionais é matéria da competência legislativa do Estado brasileiro, tomando como referências as três entidades federativas (Império/União, Províncias/Estados e Municípios). 2.1. A Constituição Imperial de 1824. A Constituição de 1824 mostrou-se coerente por apenas disciplinar, na ordem jurídica, a gratuidade da instrução primária e incluir a criação de Colégios e Universidades no elenco dos direitos civis políticos. Mais tarde, com a Constituição Republicana de 1934, a Educação recebeu espaço expressivo no Estado intervencionista, ainda assim do ponto de vista do Direito Constitucional, o Estado não reclamou a Educação enquanto disciplina constitucional específica, autônoma. A Educação, no Império, é matéria de competência do Poder Moderador. O Poder Moderador, pelo artigo 98 da Constituição de 1824, é considerado como a chave de toda organização política do Império. Nas Disposições Gerais da Carta de 1824, a matéria educacional foi registrada em dois incisos do artigo 179, que trata da inviolabilidade dos direitos civis e políticos dos cidadãos brasileiros, em que determina que a instrução pública é