Avaliação comportamental de posicionamento de gado leiteiro em ambientes à pleno sol e sombreado por eucalipto

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Transcrição:

VII Congresso Brasileiro de Biometeorologia, Ambiência, Comportamento e Bem-Estar Animal Responsabilidade Ambiental e Inovação VII Brazilian Congress of Biometeorology, Ambience, Behaviour and Animal Welfare Environmental Responsibility and Innovation Avaliação comportamental de posicionamento de gado leiteiro em ambientes à pleno sol e sombreado por eucalipto Ana Clara Barbosa de Souza 1, Lucas Antônio Mazocco 1, Karine Rodrigues de Souza 2, Isabel Cristina Ferreira 3, Carlos Frederico Martins 3, Concepta Margaret McMannus Pimentel 4 1 Alunos de Graduação do curso de Agronomia Universidade de Brasília. E-mail: anaclarabarbosadesouza1@gmail.com; mazocco.lucas@gmail.com 2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias - UFU. Email: karinerodriguesouza@hotmail.com 3 Pesquisadora da Embrapa Cerrados. Centro de Transferência de Tecnologias do Zebu Leiteiro. Email: isabel.ferreira@embrapa.br 5 Professora Titular da Universidade de Brasília. Email:concepta@unb.br Resumo: O comportamento de vacas foi analisado em dois tratamentos, um a pleno sol e outro sob sombreamento de eucalipto, avaliando o tempo médio em que os animais se mantiveram em posicionamento em pé ou deitado, e localizados no piquete ou corredor durante o verão. Foram coletados os dados de 16 vacas sendo oito Gir Leiteiro e oito Girolanda (1/2 Gir ½ Holandês), em quatro dias com intervalo de sete dias entre cada um, em medidas tomadas a cada 10 minutos, por 24 horas ininterruptas. Foram testados os efeitos do tratamento, do grupo genético e suas interações. Os dados foram submetidos à análise de variância e para comparação múltipla entre médias foi usado o teste Tukey a 5% de significância. Verificou-se que os animais alocados no tratamento à pleno sol se mantiveram em pé por menos tempo, enquanto foi observado para os animais que estavam sob sombreamento um maior período. O efeito do grupo genético indicou que vacas Gir Leiteiro apresentaram maior período no piquete e deitadas, e as Girolandas permaneceram em pé por mais tempo. A disponibilização de sombras para vacas de leite a pasto pode facilitar a adaptação de animais Girolando ao clima tropical. Palavras-chave: Adaptação, conforto térmico, estresse Os autores deste trabalho são os únicos responsáveis por seu conteúdo e são os detentores dos direitos autorais e de reprodução. Este trabalho não reflete necessariamente o posicionamento oficial da Sociedade Brasileira de Biometeorologia (SBBiomet). The authors of this paper are solely responsible for its content and are the owners of its copyright. This paper does not necessarily reflect the official position of the Brazilian Society of Biometeorology (SBBiomet). DOI: 10.6084/m9.figshare.5188156 VII Brazilian Congress of Biometeorology, Ambience, Behaviour and Animal Welfare 1

Introdução O experimento foi aprovado pela CEUA Embrapa Cerrados com o nº. 533-2541-1 / 2017. As alterações climáticas como elevação das temperaturas tem sido intensificadas em decorrência ao aumento do efeito estufa nos últimos anos, o que aumenta essa dificuldade de adaptação dos animais submetendo-os a possíveis condições de desconforto térmico. O estudo de comportamento dos animais nos permite identificar fatores como a disponibilidade de água, sombreamento, comportamentos em condições de temperaturas diferentes e como influenciam diretamente as trocas térmicas de calor sensível (condução, convecção cutânea e radiação) e as perdas de calor latente (evaporação cutânea) para o ambiente, que podem levar o animal ao estresse térmico identificado por alterações no seu comportamento comum. Esse estresse é resultado da não ocorrência de equilíbrio térmico entre o animal e o ambiente, o que pode ocasionar perdas na produção e na reprodução animal (Navarini et al. 2009). Dentre os fatores citados, estudos quanto à interferência sobre o fator sombreamento do ambiente por meio de utilização de espécies arbóreas para amenizar condições adversas ao conforto animal têm demonstrado frequente uso por ser uma prática de fácil aplicação, manejo e apresentar eficiência. Segundo Baeta e Souza (1997), sombreamento natural (árvores) é o melhor, visto que a vegetação transforma a energia solar, através do processo fotossintético, em energia química latente, reduzindo a incidência de insolação durante o dia aproximadamente 30%, quando comparado a carga radiante recebida pelo animal ao ar livre. Diante de tais considerações, o presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito da ausência e presença de sombreamento natural quanto ao posicionamento e localização para gado leiteiro em seu ambiente de pastejo. Material e Métodos O experimento foi conduzido no período de fevereiro a março de 2017, durante o verão, no Centro de Transferência de Tecnologias de Raças Zebuínas com Aptidão Leiteira (Embrapa Cerrados/CTZL) (15 o 57 09 S, e 48 o 08 12 W), no Gama, Distrito Federal. Com uma área experimental contemplando aproximadamente 16 ha, dividida igualmente em dois tratamentos: um ambiente em pleno sol e outro com sombreamento de Eucalyptus grandis em linhas únicas espaçados de 25 metros, com distância entre plantas de 1,5 m com aproximadamente 267 árvores/ha no sentido leste oeste e cerca de 8% de ocupação pelos renques. Cada tratamento em 12 piquetes, com um corredor ao centro passando por toda a extensão dos piquetes com 5 metros de largura. Uma área de descanso disposta no centro do corredor e neste estabelecido um bebedouro e um saleiro. A espécie forrageira utilizada foi o Panicum maximum cv Mombaça, com suplementação mineral e água ad libidum durante todo experimento em sistema de pastejo rotacionado com 32 animais, nos dois sistemas de produção. As avaliações do comportamento foram realizadas por observação durante 24 horas ininterruptas em quatro dias com intervalo de sete dias entre cada um, por quatro observadores treinados, de oito animas por tratamento, sendo destes 4 vacas Gir Leiteiro e 4 Girolanda (1/2 Gir ½ Holandês). Para as avaliações foram utilizados binóculos, cronômetro e lanternas. Os observadores fizeram registro do tempo de pastejo pelo método direto de observação visual, segundo metodologia de HODGON (1982), registrando a atividade instantânea do animal quanto ao posicionamento e localização diferenciando em pé ou deitada, e piquete ou corredor, e também os períodos de ingestão de água e ócio. O procedimento teve realização em intervalos de 10 minutos. Foram tomadas a temperatura do ar e a umidade relativa nos períodos da manhã e tarde de cada dia da avaliação de comportamento obtida com termômetro de globo negro portátil ITWG2000, INSTRUTEMP, sendo utilizada para análise uma média de todas as medidas tomadas para cada tratamento, a pleno sol e sob sombreamento. Foram testados os efeitos do tratamento, do grupo genético e suas interações. Os dados foram submetidos à análise de variância e para comparação múltipla entre médias foi usado o teste Tukey a 5% de significância. Resultados e Discussão Durante o período experimental, as médias diárias de temperatura do ar foram de 26,4 ºC e 24,8 ºC, e umidade relativa umidade do ar de 59,7% e 63,7% para os tratamentos pleno sol e área sombreadas respectivamente. BAETA & SOUZA (1997) consideram que, para bovinos, as melhores condições climáticas seriam de temperatura entre 10 e 27 ºC, umidade relativa do ar de 60 a 70%, possibilitando maior perda de calor. Desta forma não foi demonstrado variações de temperatura e umidade do ar consideráveis entre os tratamentos, mas verificado que os dois estão dentro da faixa ideal. Quanto ao comportamento de pastejo não foi diferente nos dois ambientes. O fato do tempo de pastejo não diferir entre as situações pleno sol e sombra sob ILPF corrobora com estudos nos quais os fatores climáticos afetam o tempo de ruminação principalmente quando atuam como agentes estressores VII Brazilian Congress of Biometeorology, Ambience, Behaviour and Animal Welfare 2

(Pires et al., 2001). As vacas que estavam no ambiente pleno sol ruminaram 137,5 minutos a menos do que as vacas com disponibilidade de sombra no ILPF (P<0,0001). As vacas expostas ao tratamento em pleno sol passaram mais tempo ingerindo água quando comparadas com os animas no ambiente com disponibilidade de sombra (Tabela 1), condizendo com estudos que relatam que a estratégia do animal para manter o equilíbrio térmico é o consumo de água (Mader & Davis, 2004). PARÂMETROS OBSERVADOS TRATAMENTOS PLENO SOL SOMBRA ILPF CV (%) PASTEJO, minutos 500,31 ± 74,94 ns 505,93 ± 65,30 ns 13,19 RUMINAÇÃO, minutos 295,31 ± 44,50 b 432,81 ± 74,98 a 17,02 INGESTÃO CONCENTRADO, minutos 22,50 ± 8,80 b 27,81 ± 11,28 a 39,77 INGESTÃO DE ÁGUA, minutos 18,43 ± 22,50 a 8,43 ± 7,67 b 72,3 ÓCIO, minutos 543,44 ± 73,07 a 461,88 ± 79,37 b 14,65 *Médias na mesma linha, dentro de cada fator, seguidas por letras distintas, diferem pelo teste Tukey a 5% de significância. As médias das atividades comportamentais diferiram quanto ao posicionamento em pé para os sistemas de produção, enquanto para as demais variáveis não foram observadas diferenças significativas. Sendo observado que as vacas da área sombreada se mantiveram em pé por mais tempo (Tabela 2). Se contrapondo a Pires et al.(2001), no qual, eles verificaram que as vacas presentes no tratamento pleno sol, permaneceram mais tempo em pé para aumentar o contato da superfície do corpo com os ventos e facilitar a respiração, otimizando o ajuste da temperatura corporal. Os animais sob sombreamento passaram mais tempo em pé devido ao fato das vacas realizarem o maior período de pastejo durante o dia já que nos horários mais quentes apresentaram menores oscilações nas condições climáticas se mantendo favorável e sem pontos de alta temperatura e baixa umidade relativa, ou seja, em uma faixa de condições estressantes aos animais como observado nos períodos da tarde nas vacas expostas ao ambiente pleno sol. Tabela 2. Médias estimadas, desvios padrões do tempo de permanência, em minutos, e respectivos coeficientes de variação da posição por tratamento POSIÇÃO TRATAMENTO EM PÉ DEITADA PLENO SOL, minutos 911,88 ± 72,04 b 468,13 ± 75,79 ns ÁREA SOMBREADA, minutos 1005,94 ± 103,61 a 430,94 ± 104,37 ns CV (%) 8,97 19,63 a Médias na mesma coluna, dento de cada fator, seguidas por letras distintas, diferem pelo teste Tukey a 5% de significância Ao comparar os grupos genéticos (Gir e Girolando), observou-se que animais Gir se mantiveram maior tempo deitados quando comparados aos Girolando (Tabela 3). Diferindo-se do esperado, pois partindo do pressuposto da rusticidade genética do Gir ela demonstraria maior permanência de pé de acordo com Jesus (2009), levando em consideração que não foi avaliado o tratamento ao qual o animal estava condicionado. Mas em razão da observação de um período maior de pastejo das vacas Girolando durante a análise comportamental, seja um dos fatores relevantes como justificativa por terem se mantido em pé por mais tempo. Tabela 3. Médias estimadas, desvios padrões do tempo, em minutos, e respectivos coeficientes de variação da posição por raça. POSIÇÃO RAÇA EM PÉ DEITADA GIR, minutos 931,88 ± 93,27 b 476,25 ± 87,32 a GIROLANDA, minutos 985,94 ± 101,40 a 422,81± 90,85 b VII Brazilian Congress of Biometeorology, Ambience, Behaviour and Animal Welfare 3

CV (%) 8,97 19,63 a Médias na mesma coluna, dentro de cada fator, seguidas por letras distintas, diferem pelo teste Tukey a 5% de significância. As vacas Gir e Girolandas ficaram mais tempo no corredor no ambiente a pleno sol quando comparase ao ambiente sombreado pela necessidade de ingestão de água ser maior neste tratamento, justificado por ser uma medida tomada naturalmente pelo animal para manter seu equilíbrio térmico principalmente em situações de aumento da temperatura do ar (Beatty et. al. 2006). As vacas Gir ficaram mais tempo no piquete a pleno sol do que as Girolandas, já na área sombreada as vacas Gir e Girolandas permaneceram tempo similar no piquete. As vacas Gir e Girolandas permaneceram mais tempo no piquete com sombra do que as vacas do ambiente pleno sol (Tabela 4). No ambiente a pleno sol as vacas mestiças permaneceram mais tempo no corredor do que as vacas Gir. Na área sombreada o tempo de permanência no corredor foi similar para os grupos genéticos. A permanência no piquete da raça zebuína por mais tempo pode ter ocorrido devido a menor ingestão de água, diminuindo as saídas para a área de lazer, justificado pela superioridade em resistência a condições climáticas adversas as de conforto. Enquanto as mestiças se demonstraram mais sensíveis no tratamento à pleno sol quanto a ocorrência de máximas temperaturas ao longo do dia, com ênfase aos horários vespertinos, podendo ser influenciado por sua herança genética europeia levando-as à maior ingestão de água e consequentemente maior permanência no corredor. E a estadia em igual pelos dois grupos genéticos no piquete quando colocados sob sombreamento confirma a viabilidade de adaptação de animais mestiços às condições tropicais desde que haja utilização de estratégias para amenizar as situações de estresse. Tabela 4. Tempo de permanência no piquete ou corredor dos grupos genéticos Gir e Girolando no ambiente sombreado e pleno sol, em minutos Piquete Localização/Grupo genético Corredor TRATAMENTO GIR GIROLANDA GIR GIROLANDA PLENO SOL, minutos 1050,62Ab 898,75Bb 164,37Ba 313,75Aa ÀREA SOMBREADA, minutos 1186,87Aa 1213,12Aa 93,12Ab 66,25Ab CV(%) 8,32 44,14 Aa Médias seguidas por letras distintas, minúsculas na coluna e maiúscula na linha, diferem pelo teste Tukey a 5% de significância Conclusão A adoção de sombreamento com eucalipto em pastos destinados a gado leiteiro se demonstra eficiente, principalmente quanto a adaptação de raças mestiças europeias a condições climáticas de regiões tropicais como no cerrado. Favorece aos animais um ambiente de conforto térmico com capacidade de influenciar positivamente. Necessita-se de avaliação nas demais estações para fins de comparação. Agradecimentos Agradecemos a Embrapa e CNPq pelas bolsas e financiamento. Referências Baêta, F.C.; Souza, C.F. (1997) Ambiência em edificações rurais: conforto animal. Viçosa: Editora UFV, 246 p. Beatty,D.T.; Barnes,A.; Taylor,E. et al. (2006) Physiological responses of Bos taurus and Bos indicus cattle to prolonged, continuous heat and humidity. Journal of Animal Science, v.84, n.4 pp.972-985. Degasperil, S.A.R et al (2003) Behavior Survey of Holstein Cattle In a Free-Stall. Revista Acadêmica: ciências agrárias e ambientais, v.1, n.4, pp. 41-47. Ferreira,L.C.B (2010) Respostas fisiológicas e comportamentais de bovinos a diferentes ofertas de sombra. Dissertation, University Federal of Santa Catarina. VII Brazilian Congress of Biometeorology, Ambience, Behaviour and Animal Welfare 4

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