Comunicado Técnico 45

Documentos relacionados
Comunicado Técnico 90

Comunicado Técnico 43

Comunicado Técnico 42

Cultivo do Sorgo. Sumário. Nutrição e adubação Introdução.

Caracterização de Sintomas de Deficiências de Nutrientes em Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke)

Sintomas de deficiência de alguns nutrientes na cultura do milho

NATUREZA E TIPOS DE SOLOS ACH-1085

DIAGNOSE FOLIAR EM MILHO E SORGO

Série tecnológica cafeicultura. Amostragem de folhas

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DAS PLANTAS

Comunicado Técnico 72

ANÁLISE FOLIAR E DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

Série tecnológica cafeicultura. Deficiências nutricionais Micronutrientes

002

Camucamuzeiro Nutrição, calagem e adubação

Série tecnológica cafeicultura. Deficiências nutricionais Macronutrientes

Fertilidade de Solos

Desequilíbrios nutricionais ou sintomas semelhantes aos causados por doenças infecciosas.

A CULTURA DO MILHO IRRIGADO

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E ANÁLISE FOLIAR

Comunicado Técnico 60

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus Experimental de Dracena Curso de Zootecnia MICRO UTRIE TES. Prof. Dr.

ANÁLISE DE SOLO E FOLIAR: INÍCIO DO SUCESSO DA LAVOURA

135 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2006

AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO

João Felipe AMARAL, Laércio Boratto de PAULA.

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DO MILHO

PLANO DE AULA Nutrição das Plantas Autores: Ana Paula Farias Waltrick, Stephanie Caroline Schubert;

Teores de Nitrato na Seiva e de Nitrogênio Total na Folha e Produção de Milho-Verde Submetidos a Doses de Nitrogênio

DIAGNOSE FOLIAR. Aureliano Nogueira da Costa Pesquisador Incaper

Diagnose do estado nutricional de plantas de Milho

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. II. MICRONUTRIENTES

Nutrição e Adubação do Milho Visando Obtenção do Minimilho 09

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

Descrição dos Sintomas Visuais de Deficiência de Macronutrientes e Boro na Mamoneira

MICRONUTRIENTES NA CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR: ESTUDOS DE CALIBRAÇÃO, DIAGNOSE NUTRICIONAL E FORMAS DE APLICAÇÃO

Diagnose Foliar na Cultura do Maracujazeiro e do Abacaxizeiro

Comunicado Técnico 44

Diagnose Foliar na Cultura do Cacau

BRS 1031 Híbrido Simples de Milho

ISSN Agosto, Cultivo da Pimenteira-do-reino na Região Norte

BRS 1035 Híbrido Simples de Milho

III SIMPÓSIO Brasileirosobre

Comunicado Técnico 54

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO SERRANA FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. I. MACRONUTRIENTES

Cupuaçuzeiro: Nutrição, Calagem e Adubação. Introdução. Objetivo

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

Avaliação de Cultivares de Milho na Região de Sete Lagoas, MG

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO

FERRO. Mestrando: Ricardo Murilo Zanetti

DIAGNOSE FOLIAR EM ARROZ. N. K. Fageria EMBRAPA Arroz e Feijão, Caixa Postal 179, Santo Antônio de Goiás

SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE MICRONUTRIENTES EM PLANTAS

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em melão cultivado em solução nutritiva.

Toxicidade de Micronutrientes em Sorgo- Sacarino: Diagnose Visual

PRÁTICA Nº. 6.5 NUTRIÇÃO MINERAL DE PLANTAS

DESCRIÇÃO DOS SINTOMAS VISUAIS DE DEFICÊNCIA NUTRICIONAL NA MAMONEIRA. 1. NITROGÊNIO, FÓSFORO, ENXOFRE E MAGNÉSIO

Composição mineral e sintomas de deficiência de macronutrientes em melancia cultivada em solução nutritiva

EQUILÍBRIO QUÍMICO DO SOLO EM PROFUNDIDADE. Eng. Agr. Dr. Nelson Harger Coordenador Estadual/Emater

DIAGNOSE FOLIAR NA CULTURA DO ABACATEIRO

Tipos de Crescimento de Planta: Considerações atuais sobre amostragem de folhas e diagnose nutricional da cultura da soja

Nutrição, Adubação e Calagem

Normas Dris para Avaliação do Estado Nutricional de Cultivares de Soja Convencional e Transgênica

Programa de Nutrição de Plantas Frutíferas de Clima Temperado

Orientações para coleta de amostras de solo

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO: Amostragem, interpretação, recomendação de calagem e adubação.

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO, EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS E ADUBAÇÃO DO SORGO GRANÍFERO CULTIVADO NA SAFRINHA. Antônio Marcos Coelho

PERFORMANCE DO QUANTIS APLICADO EM LAVOURAS CAFEEIRAS ESQUELETADAS RESULTADOS PRELIMINARES

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

NUTRIÇÃO DA MAMONEIRA CONSORCIADA COM FEIJÃO COMUM EM FUNÇÃO DO PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

POTENCIAL DE RESPOSTA À ADUBAÇÃO EM LAVOURAS CAFEEIRAS DE QUATRO REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS 1/

Comunicado Técnico 48

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

Empresa Brasileria de Pesquisa Agropecuária Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

Graviola: Nutrição, calagem e adubação 36. Apresentação. Objetivo

PLANO DE ENSINO 2018/2 IANE BARRONCAS GOMES 4º FERTILIDADE E MANEJO DE SOLOS. Total de créditos Carga Horária Curso H ENGENHARIA FLORESTAL

Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes e Nutrição Mineral de Plantas Forrageiras. IPNI & Unesp/Dracena

BRS Ponta Negra Variedade de Sorgo Forrageiro

Híbrido simples de Milho BRS 1010

Nutrição Mineral de Plantas DIAGNOSE FOLIAR. Josinaldo Lopes Araujo

DIAGNÓSTICO DE SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA DE MACRONUTRIENTES EM PIMENTEIRA DO REINO (Piper nigrum, L.)

Análise Comparativa de Métodos de Extração de Nutrientes de Tecidos Vegetais

e Heráclito Eugênio Oliveira da Conceição 4

Documentos 142 Manual de coleta de amostras de folhas, para diagnose nutricional, das principais frutíferas cultivadas no RS e em SC

MONITORAMENTO E DIAGNOSE NUTRICIONAL EM PLANTAÇÕES DE EUCALIPTO

Guia de Diagnose Visual de Deficiências Nutricionais em Sorgo-Sacarino

Diagnose Foliar na Cultura dos Citros

Programa Analítico de Disciplina SOL375 Fertilidade do Solo

Efeito da Omissão de Macronutrientes no Crescimento, Nos Sintomas de Deficiências Nutricionais e na Composição Mineral de Gravioleiras[1] Introdução

Análise de Amostras de Folhas de Soja: Com ou Sem Pecíolo?

6 CALAGEM E ADUBAÇÃO

BRS 1060 Híbrido Simples de Milho

CALAGEM. MÉTODO DO ALUMÍNIo TROCÁVEL

134 ISSN Sete Lagoas, MG Dezembro, 2006

Prof. Dr. Danilo Eduardo Rozane

Programa Interlaboratorial de Análise de Tecido Vegetal ANO 22 (2007/2008)

produção de massa seca foi limitada pelas omissões de todos os macronutrientes, sendo os mais limitantes a omissão de cálcio e fósforo.

MILHO PARA OS DIFERENTES NÍVEIS TECNOLÓGICOS

Transcrição:

Comunicado Técnico 45 ISSN 1679-0162 Dezembro, 2002 Sete Lagoas, MG CULTIVO DO MILHO Diagnose Foliar do Estado Nutricional da Planta Antônio Marcos Coelho 1 Gonçalo Evangelista de França Gilson Villaça Exel Pitta Vera Maria Carvalho Alves Análise de Plantas Além dos sintomas característicos de uma ou outra desordem que só se manifestam em casos graves, a identificação do estado nutricional da planta somente é possível pela análise química da mesma. A utilização da análise foliar como critério diagnóstico baseia-se na premissa de existir uma relação bem definida entre o crescimento e a produção das culturas e o teor dos nutrientes em seus tecidos. A diagnose foliar tem sido utilizada nas seguintes situações (Martinez et al., 1999): a) avaliação do estado nutricional da probabilidade de resposta às adubações; b) verificação do equilíbrio nutricional; c) constatação da ocorrência de deficiências ou toxidez de nutrientes; d) acompanhamento, avaliação e ajuste do programa de adubação; e) ocorrência de salinidade em áreas irrigadas. A parte amostrada deve ser representativa da planta toda e o órgão de controle mais freqüentemente escolhido é a folha, pois a mesma é a sede do metabolismo e reflete bem, na sua composição, as mudanças na nutrição. A amostragem deve ser realizada em talhões homogêneos, em época apropriada, retirando-se folhas de posições definidas na planta. Para o milho, o terço basal da folha oposta e abaixo da primeira espiga (superior), excluída a nervura central, coletada por ocasião do aparecimento da inflorescência feminina (embonecamento) é comumente utilizada. Normalmente, recomenda-se a coleta de 30 folhas por hectare ou talhão homogêneo, quando 50 a 75% das plantas apresentam-se com inflorescência feminina. Não se deve coletar amostras das folhas quando, nas semanas antecedentes, fez-se 1 Eng. Agr., PhD, Embrapa Milho e Sorgo. Caixa Postal 151 CEP 35 701-970 Sete Lagoas, MG. E-mail: amcoelho@cnpms.embrapa.br

2 uso de adubação no solo ou foliar, aplicaramse defensivos ou após períodos intensos de chuva. Recomenda-se esse estádio fisiológico pelos seguintes motivos: a) o estádio de desenvolvimento e a posição da folha são facilmente reconhecidos; b) a remoção de uma simples folha não afeta a produção; c) o efeito de diluição dos nutrientes nessa fase é mínimo, porque o potencial de crescimento e armazenamento dos órgãos vegetativos atingiu o ponto máximo; d) o requerimento de nutrientes é alto nessa fase. O ideal é que as amostras cheguem ao laboratório ainda verdes, no mesmo dia da coleta, acondicionadas em sacos de plástico, identificadas e transportadas em caixas com gelo. Caso isso não seja possível, é aconselhável que as folhas sejam rapidamente lavadas com água corrente e enxaguadas com água filtrada ou destilada, acondicionadas em sacos de papel reforçados e postas para secar ao sol ou em estufa a 70 o C. A identificação da amostra deve conter o seu número, cultura, localidade, data da coleta, nutrientes para analisar e endereço para resposta. É importante que o laboratório seja confiável e possua sistema de acompanhamento e controle de qualidade. Os teores foliares de macro e micronutrientes considerados adequados para culturas produtivas de milho são apresentados na Tabela 1. Sintomas de Deficiência Os sintomas de deficiência podem constituir, no campo, elementos auxiliares na identificação da carência nutricional. No entanto, para a identificação da deficiência com base na sintomatologia, é necessário que o técnico tenha razoável experiência de campo, uma vez que deficiências, sintomas de doenças e distúrbios fisiológicos podem ser confundidos. A sintomatologia descrita e apresentada a seguir, em forma de chave, foi adaptada de Malavolta & Dantas (1987). Sintomas Iniciais na Parte Inferior da Planta Com clorose Amarelecimento da ponta para a base em forma de V ; secamento começando na ponta das folhas mais velhas e progredindo ao longo da nervura principal; necrose em seguida e dilaceramento; colmos finos (Figura 1) - Nitrogênio Figura 1. Deficiência de nitrogênio Tabela 1. Valores de referência dos teores foliares de nutrientes considerados adequados para a cultura do milho.

3 Clorose nas pontas e margens das folhas mais velhas seguida por secamento, necrose ( queima ) e dilaceração do tecido; colmos com internódios mais curtos; folhas mais novas podem mostrar clorose internerval típica da falta de ferro (Figura 2) Potássio Sem clorose Cor verde-escura das folhas mais velhas, seguindo-se tons roxos nas pontas e margens; o colmo também pode ficar roxo (Figura 5) Fósforo Pequenas manchas brancas nas nervuras maiores, encurvamento do limbo ao longo da nervura principal Molibdênio Figura 2. Deficiência de potássio As folhas mais velhas amarelecem nas margens e depois entre as nervuras, dando o aspecto de estrias; pode vir a seguir necrose das regiões cloróticas; o sintoma progride para as folhas mais novas (Figura 3) Magnésio Figura 5. Deficiência de fósforo Sintomas Iniciais na Parte Superior da Planta Com clorose As pontas das folhas mais novas gelatinizam e, quando secas, grudam umas às outras; à medida que a planta cresce, as pontas podem estar presas. Nas folhas superiores aparecem, sucessivamente, amarelecimento, secamento, necrose e dilaceração das margens e clorose internerval (faixas largas); morte da região de crescimento (Figura 6) Cálcio Figura 3. Deficiência de magnésio Faixas brancas ou amareladas entre a nervura principal e as bordas, podendo seguir-se necrose e ocorrer tons roxos; as folhas novas se desenrolando na região de crescimento são esbranquiçadas ou de cor amarelo - pálido, internódios curtos (Figura 4) Zinco Figura 6. Deficiência de cálcio Figura 4. Deficiência de zinco Faixas alongadas aquosas ou transparentes, que depois ficam brancas ou secas nas folhas novas, o ponto de crescimento morre; baixa polinização; quando as espigas se desenvolvem, podem mostrar faixas marrons de cortiça na base dos grãos (Figura 7) Boro

4 Figura 7. Deficiência de boro Amarelecimento das folhas novas logo que começam a se desenrolar, depois as pontas se curvam e mostram necrose, as folhas são amarelas e mostram faixas semelhantes às provocadas pela carência de ferro; as margens são necrosadas; o colmo é macio e se dobra (Figura 8) Cobre Clorose internerval das folhas mais novas (reticulado grosso de nervuras) e depois de todas elas, quando a deficiência for moderada; em casos mais severos, aparecem no tecido faixas longas e brancas e o tecido do meio da área clorótica pode morrer e desprender-se; colmos finos (Figura 10) Manganês Figura 10. Deficiência de manganês Figura 8. Deficiência de cobre Clorose internerval em toda a extensão da lâmina foliar, permanecendo verdes apenas as nervuras (reticulado finas de nervuras) (Figura 9) Ferro Sem clorose Folhas novas e recém-formadas com coloração amarelo-pálido ou verde suave. Ao contrário da deficiência de nitrogênio, os sintomas ocorrem nas folhas novas, indicando que os tecidos mais velhos não podem contribuir para o suprimento de enxofre para os tecidos novos, os quais são dependentes do nutriente absorvido pelas raízes (Figura 11) Enxofre Figura 9. Deficiência de ferro Figura 11. Deficiência de enxofre

5 Referências Bibliográficas COELHO, A.M.; FRANÇA, G.E. de. Seja o doutor do seu milho: nutrição e adubacao. Informações Agronômicas, Piracicaba, n.71, set. 1995. Arquivo do Agrônomo, Piracicaba, n.2, p.1-9, set. 1995. Encarte. MALAVOLTA, E.; DANTAS, J.P. Nutrição e adubação do milho. In: PATERNIANI, E.; VIEGAS, G.P. (Ed.) Melhoramento e produção do milho. 2ed. Campinas: Fundação Cargill, 1987. v.2. p.541-593. MARTINEZ, H.E.P.; CARVALHO, J.G. de.; SOUZA, R.B. de. Diagnose foliar. In: RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ, V.V.H. (Ed.) Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5 Aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 1999. p.143-168. Comunicado Técnico, 45 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Milho e Sorgo Caixa Postal 151 CEP 35701-970 Sete Lagoas, MG Fone: 0xx31 3779 1000 Fax: 0xx31 3779 1088 E-mail: sac@cnpms.embrapa.br Comitê de Publicações Presidente: Ivan Cruz Secretário-Executivo: Frederico Ozanan Machado Durães Membros: Antônio Carlos de Oliveira, Arnaldo Ferreira da Silva, Carlos Roberto Casela, Fernando Tavares Fernandes e Paulo Afonso Viana 1ª edição 1ª impressão (2002) Tiragem: 200 Expediente Supervisor editorial: José Heitor Vasconcellos Revisão de texto: Dilermando Lúcio de Oliveira Editoração eletrôncia: Tânia Mara Assunção Barbosa