1 VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO E SEUS IMPACTOS NO SISTEMA DE SAÚDE PÚBLICA NO ESTADO DE RORAIMA Estudar os acidentes de trânsito no Brasil requer grandes desafios aos pesquisadores, profissionais da saúde, e aos gestores de trânsito, já que existem diversas variáveis envolvidas, como a imprudência humana, política pública, fiscalização dos órgãos de trânsito, sinalização, condições de tráfegos de ruas e avenidas, etc. Atualmente, percebe-se que os Acidentes de trânsito estão sendo responsáveis pelo número cada vez maior de mortes, bem como pelo crescimento da morbidade entre suas vítimas, praticamente em todas as partes do mundo¹. É importante ressaltar, que cerca de 90% das mortes no trânsito advém da imprudência humana e o restante de falhas das políticas de trânsito (condições ambientais), como é ocaso de falta de sinalização, educação de trânsito, condições das vias de tráficos². Isto exposto 2, torna-se relevante e necessário compreender o comportamento humano no trânsito, afim de que os esforços e ações das políticas públicas possam reverter este quadro. Os acidentes de trânsito (AT) constituem hoje em grande parte do mundo moderno uma das mais importantes causas de mortes por causas externas, além de serem responsáveis por grande número de sequelas graves, sobretudo na faixa mais jovem da população³. Definem-se causas externas como eventos não naturais, provenientes de acidentes ou violências, cujo aumento advém principalmente do fenômeno de urbanização, crescimento populacional acelerado e peculiaridades regionais e socioeconômicas 4. Desse modo, cabe ilustrar que as causas externas regularmente é utilizado nos acontecimentos que envolve homicídios, suicídios, agressões físicas e psicológicas, acidentes de transporte, quedas e afogamentos. Essa concepção costuma ser operativa, isto é, permite comparações e direcionamento de ações específicas para cada localidade 5. A situação da violência pode ser explicada 6 como um dos eternos problemas da teoria social e política e relacional da sociedade. Em todas as formas de sociedade a violência sempre estará presente. Neste contexto, o desrespeito às leis do trânsito e um tipo de fenômeno que traz à sociedade sequelas e aumento do custo hospitalar 6. Desde tempos antigos existe uma preocupação da humanidade em entender a essência do fenômeno da violência, suas origens, natureza, os meios que se apropria, com o fito de reduzir, prevenir, eliminar da convivência social. Nem o nível de conhecimento atingido no campo filosófico e das ciências humanas é capaz de ter elementos consensuais a respeito da violência, pois envolve diversos fatores como da natureza política, da moral,
2 da econômica, do direito, da psicologia, das relações humanas e institucionais, e do plano individual 4. Observa então que a violência não é um problema específico da área da saúde, mas ela afeta a saúde. A violência representa um risco maior para a realização do processo vital humano: ameaça a vida, altera a saúde, produz enfermidade e provoca a morte como realidade ou como possiblidade próxima 7. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) 8, ao se posicionar sobre o tema violência, pelo número de vítimas e magnitude de sequelas orgânicas e emocionais que produz, afirmou que a violência adquiriu um caráter endêmico e se transformou um problema de saúde em todos os países do globo terrestre, taxando que O setor de saúde constitui a encruzilhada para onde confluem todos os corolários da violência, pela pressão que exercem suas vítimas sobre os serviços de urgência, de atenção especializada, de reabilitação física, psicológica e assistência social. Desse modo, a violência no trânsito é um dos problemas de maior índice e transcendência no Brasil pelo forte impacto na morbidade, mortalidade e qualidade de vida da população. Os ATs representam 25% (1/4) das mortes violentas do país e respondem por 20% das internações por lesões e envenenamento, ocupando o ranking de segundo lugar no universo das causas externas. Além do mais, foi constatado que as internações em virtude de AT subsidiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) apresentam uma média de gasto ao dia superiores aos das internações por causas naturais 9. Infere-se que os traumas no trânsito costuma impactar entre 1 e 2% do PIB Produto Interno Bruto das economias nacionais, além de proporcionar a desestruturação familiar, o sofrimento, além dos prejuízos para a sociedade referente a perda de produção, associada a interrupção das atividades trabalhistas que a vítima pode sofrer, seguidas dos altos custos para a saúde, com internação, materiais e despesas previdenciárias. Neste sentido, os AT, muitas das vezes associado ao excesso de consumo de bebidas alcoólicas estão entre os principais problemas de saúde pública no Brasil 10. Em dados mais recentes, as estatísticas nacionais do Ministérios da Saúde, por meio do DATASUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde, publicou o mapa da violência do trânsito no Brasil, de óbitos por causas externas. No período de 2004, os morto em acidente de trânsito foram 35.105 e 2014 foram 43.075, ou seja, pela análise comparativa deste lapso temporal houve um crescimento de 22,70%, apesar da rigidez do Código de Trânsito Brasileiro 11.
3 As internações (ferimentos graves) por causas externas ligada a acidentes de trânsito, teve uma evolução de 120.000 em 2002 para 200.000 em 2014, um crescimento em termos percentuais de aproximadamente 67%, conforme estatísticas nacionais do DATASUS. Segundo dados do Ministério da Saúde, as taxas de acidentes de transporte analisada no Brasil, que inclui os AT, estão entre as mais elevadas do mundo (18,9/100.000 habitantes) 11. Em 2010, o censo apontava uma população de 450.479 habitantes, em 2016, o Estado Roraima teve um crescimento populacional de 14,15%, com 63.750. Os 514.229 habitantes representam 0,2% da população total do país, sendo assim, o estado menos populoso 12. Com uma superfície de 224.000 km2, o Estado de Roraima que faz fronteira com a República Bolivariana da Venezuela e República Cooperativista da Guiana, cuja frota de veículo em 2010 girava em torno de 125.000, e atualmente (2016) 198.398 12, possui um dos trânsitos mais violento do pais. A avaliação do número de mortos no Estado de Roraima pelo Ministério da Saúde (DATASUS) em AT, em 2011 foram 146 óbitos, 164 em 2012, 188 em 2013, e 146 até novembro de 2014. Percebe-se por meio de uma análise comparativa de 2011 a 2013, um crescimento de óbitos em torno de 28,76% 11. Apesar disso o número de vítimas fatais de acidentes em Roraima, no período de 2012 a 2016, foram respectivamente 88; 116; 103; 107; 76. Os comparativos de vítimas fatais em percentuais neste período foram de 2012 com 2013 foi de 31%; 2013 com 2014 uma redução de 11,2%; 2014 com 2015 acréscimo de 3,9%; e 2015 com 2016 uma redução de 29% 13. Atribui se a quedas nos acidentes de trânsito em Roraima pelas políticas públicas (sinalização, redutor de velocidade, fiscalização ostensiva, educação no trânsito, etc...) adotadas pelo ente federativo estadual e municipal nos últimos três anos. Apesar disso, verifica-se que os ATs, não se resumem em uma das principais causas de óbito, mas também responsáveis por relevantes ocorrência de morbidade, como neste caso se incluem as lesões em diversos graus de extensão e magnitude, inaptidões permanentes e temporárias, sequelas, dor e sofrimento para as vítimas e seus familiares em todo o mundo. Esses acidentes causam danos de gravidade e acometem preferencialmente jovens em idade produtiva 4. Existem também algumas particularidades pouco discutido na literatura científica sobre os acidentes de trânsitos, especialmente os custos que representam para a sociedade e ao sistemas de saúde. Entre eles, o impacto econômico considerável que representam para
4 a sociedade e peculiarmente para o setor saúde. As perdas globais originadas das suas lesões são estimadas em 518 bilhões de dólares em moeda americana, representando uma oscilação de gastos aos governos em torno de 1% a 3% de seus produtos internos brutos. Como já foi citado, eles são responsáveis por sobrecarga dos serviços de saúde com alta demanda de profissionais de saúde, leitos hospitalares, e unidades de terapia intensiva. As constâncias das internações dos pacientes nas unidades de saúde tende a ser dilatadas em razão de suas especificas enfermidades ou gravidades dos quadros em que se encontram 14. Diante o exposto, propomos a seguinte reflexão: Será possível reduzir os impactos econômicos e sociais do tratamento no sistema de saúde de Roraima, caso seja adotadas e intensificadas as politicas publicas preventivas (fiscalização, campanha educativa no transito, sinalização no trafego, legislações mais rígidas e punição aos infratores), pelos órgãos de saúde e de segurança? REFERÊNCIAS 1- Mello J, Mortalidade por causas violentas no município de São Paulo, Brasil. I Mortes violentas no tempo. Rev de Saúd Púb, set. 1989, v. 14, n. 3, p. 343-357. 2- Panichi RMD, Wagner A. Comportamento de Risco no Trânsito: Revisando a Literatura sobre as Variáveis Preditoras da Condução. 3- Mendes A, Ângela M, Braz L, José M, Ferreira SF, Rachel. A mortalidade e morbidade por acidentes de trânsito Contribuição para o Estudo das Lesões Raquimedular. Esc Anna Nery Rev de Enferm, UFRJ. abril 2003, vol. 7, núm. 1, pp. 97-103. 4- Oliveira ZC, Mota ELA., Costa MCN. Evolução dos acidentes de trânsito em um grande centro urbano, 1991-2000. Cad de Saúde Pública, Rio de Janeiro, fev. 2008; v. 24, n. 2, p. 364-372,. 5- Minayo MCS. Seis características das mortes violentas no Brasil. Rev Bras de Est de Pop, RJ, v. 26, n. 1, p. 135-140, jan./jun. 2009. 6- Engels F. Teoria da violência. In: Engels, SP. Ática, 1981pp. 146-188,. 7- Agudelo SF. La violência: um problema de salud pública que se agrava em la región. Boletin Epideniologico de la Ops, 11: 01-07. 8- Opas (organización pan-americana de la salud), 1993. Resolución XIX: violencia y salud. Washington, DC: Opas. (mimeo) 9- Mello, A.I. Engenharia de Tráfico. Notas de aula da disciplina Tráfico I. Universidade Federal da Paraíba, Campina Grande: UFPB, 1989. Mimeografada. 10- Pinsky I; Filho RVP. A apologia do consumo de bebidas alcoólicas e da velocidade no trânsito no Brasil: considerações sobre a propaganda de dois problemas de saúde pública. Rev. de Psiq RS, jan./abr. 2007v.29, n.1. 11- Ministério da Saúde (BR). Acesso às estatísticas datasus. [Acessado em 10 de mai de 2017] Disponível em http://www.vias-seguras.com 12- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas(IBGE). População do Estado de Roraima, censo 2016. [Acessado em 18 de out 2016]. Disponível em http://www.ibge.gob.br. 13- Departamento Estadual de Trânsito de Roraima(DETRAN/RR). Divisão de Estatística de Engenharia e Trânsito: estatísticas de vítimas fatais e envolvidas por sexo e faixa etária,
5 taxa de mortalidade, acidentes de trânsito e comparativo, registro de frota de veículos, 2016. 14- World Health Organization Global status report on road safety: Time for Action World Health Organization. WHO, Geneva, 2009. Autores Mariano Terço de Melo Contador e Bacharel em Direito. Pró-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças na Universidade Estadual de Roraima. Doutorando do Programa de Pós-Graduação Doutorado em Enfermagem e Biociências (PPGENF) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E mail: mtm.mariano@hotmail.com Nébia Maria Almeida de Figueiredo Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (UNIRIO). Rio de Janeiro (RJ), Brasil.. E mail: nebia@unirio.br Como citar esse post (Vancouver adaptado): Melo, MTM, Passos JP. Vítimas da Violência de Trânsito e seus Impactos no Sistema de Saúde Pública no Estado de Roraima. [internet]. Rio de Janeiro (BR); 2017 [Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: http://www... (completar com os dados do site).