TEMPERATURA BASE PARA EMISSÃO DE NÓS E PLASTOCRONO DE PLANTAS DE MELANCIA

Documentos relacionados
Temperatura base para emissão de nós e plastocrono de plantas de melancia 1

ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO DE BATATA-DOCE EM DUAS ÉPOCAS DE PLANTIO

Temperatura base para emissão de folhas e nós, filocrono e plastocrono das plantas daninhas papuã e corriola

ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO EM CRAMBE NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE CAPITÃO POÇO NO PARÁ

MAMBRÍ APS; FRESCURA VDS; CARDOSO FL; ANDRIOLO JL Temperatura base e plastocrono da lavanda. Horticultura Brasileira 31: S2387-S2394.

FILOCRONO DE DOIS CLONES DE MORANGUEIRO EM DIFERENTES DATAS DE PLANTIO EM SANTA MARIA, RS

Modelagem da emissão de folhas em arroz cultivado e em arroz-vermelho

Emissão de nós e rendimento de feijão-de-vagem cultivado em ambiente protegido e em ambiente externo

PLASTOCRONO EM CRAMBE EM CAPITÃO POÇO NO PARÁ

ESTIMATIVA DE PLASTOCRONO EM GIRASSOL (Helianthus annuus L.) CULTIVAR CATISSOL NO NORDESTE PARAENSE

CARACTERIZAÇÃO DA FENOLOGIA DE CULTIVARES DE SOJA EM AMBIENTE SUBTROPICAL

SOMA TÉRMICA E CRESCIMENTO DA CALÊNDULA

ESTIMATIVA DO FILOCRONO DA CULTURA DO TABACO

Filocrono em diferentes densidades de plantas de batata

Número Final de Folhas de Cultivares de Milho com Diferente Variabilidade Genética

VARIAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO DURANTE O CICLO DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO

OCORRÊNCIA DE DOENÇAS EM GIRASSOL EM DECORRÊNCIA DA CHUVA E TEMPERATURA DO AR 1 RESUMO

ESTIMATIVA DA TEMPERATURA BASE DA FASE EMERGÊNCIA - FLORAÇÃO EM CULTIVARES DE FEIJÃO PELOS MÉTODOS DE ARNOLD (1959)

FENOLOGIA DAS CULTURAS AGRÍCOLAS

Estimativa do plastocrono em meloeiro (Cucumis melo L.) cultivado em estufa plástica em diferentes épocas do ano

Estimativa do filocrono em milho para híbridos com diferentes ciclos de desenvolvimento vegetativo

E N F L O Ecologia e Nutrição Florestal

MÉTODOS DE SOMA TÉRMICA E ESTIMATIVA DO FILOCRONO DE DUAS CULTIVARES DE GIRASSOL. Eixo temático: Conservação Ambiental e Produção Agrícola Sustentável

TAXA DE APARECIMENTO DE FOLHAS DE CANOLA EM FUNÇÃO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA 1. Jussana Mallmann Tizott 2.

INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE PAPUÃ EM FEIJÃO DO TIPO PRETO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DENSIDADES DE SEMEADURA

Soma térmica de subperíodos do desenvolvimento da planta de melancia

Temperatura base, plastocrono e número final de nós no malmequer-do-campo

ESTIMATIVAS DAS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS ABSOLUTAS DO AR NO ESTADO DE SANTA CATARINA

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO EM ALGODOEIRO EM CONDIÇÕES TROPICAIS 1

MODELAGEM DA FLORAÇÃO DA CANOLA EM RESPOSTA A SOMA TÉRMICA

Influência do Espaçamento e Densidade de Frutos Por Planta em Meloeiro Hidropônico.

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

Ciência Rural ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

ISSN do Livro de Resumos:

Emissão de folhas e início de acumulação de amido em raízes de uma variedade de mandioca em função da época de plantio

COMPRIMENTO DE PLANTA E AREA FOLIAR NO CRECIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTO

EFEITO DO ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO (*)

EXIGÊNCIAS TÉRMICAS DA MELANCIA NAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE MOSSORÓ-RN

NECESSIDADE TÉRMICA PARA A CULTURA DA SOJA PARA O ALTO VALE DO ITAJAÍ SC

Comparação dos modelos de Gompertz e Verhulst no ajuste de dados de uma variedade de feijão

CRESCIMENTO VEGETAL E DE PRODUÇÃO DE MELANCIA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

Desempenho do pepino holandês Dina, em diferentes densidades de plantio e sistemas de condução, em ambiente protegido.

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

Número de plantas para estimação do plastocrono em feijão guandu

CRESCIMENTO DO MELOEIRO SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DOSES DE NITROGÊNIO

Plastocrono e número final de nós de cultivares de soja em função da época de semeadura

Respostas produtivas de rúcula em função do espaçamento e tipo de muda produzida em bandejas contendo duas ou quatro plântulas por célula

14 AVALIAÇÃO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

MÉTODOS DE SOMA TÉRMICA NA DETERMINAÇÃO DE PLASTOCRONO DE Helianthus annuus L. CULTIVADO EM AMBIENTE PROTEGIDO EM CAPITÃO POÇO-PA

CRESCIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS NOS CARACTERES COMPRIMENTO DA PLANTA E DIÂMETRO DO CAULE

ESTIMATIVA DA TEMPERATURA-BASE PARA EMISSÃO DE FOLHAS E DO FILOCRONO EM DUAS ESPÉCIES DE EUCALIPTO NA FASE DE MUDA 1

ESTIMATIVA DO PLATOCRONO EM GIRASSOL (Helianthus annuus L.) CULTIVAR EMBRAPA-122.

3 Universidade Federal de Pelotas- RS.

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

Transformação de dados como alternativa a análise variância. univariada

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

Filocrono de genótipos de arroz irrigado em função de época de semeadura

TAMANHO DE PARCELA PARA CARACTERÍSTICAS DO RACEMO DE MAMONEIRA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE PLANTAS

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA SOMA TÉRMICA NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE FORRAGEIRAS TROPICAIS

PRODUTIVIDADE DAS CULTIVARES PERNAMBUCANA, BRS PARAGUAÇU E BRS NORDESTINA EM SENHOR DO BONFIM-BA

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPIM-AMARGOSO COM BASE EM DIAS OU UNIDADES TÉRMICAS

INFLUÊNCIA DA SOMA TÉRMICA NA EXPRESSÃO DAS FASES FENOLÓGICAS DA MELANCIA

PRODUTIVIDADE DE SOJA EM RESPOSTA AO ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS E À ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA A FERTILIZAÇÃO FOLIAR

CRESCIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS NOS CARACTERES DIÂMETRO DO CAULE E ÁREA FOLIAR

PRODUÇÃO DE MELANCIA EM DIFERENTES FREQÜÊNCIAS DE APLICAÇÃO DE N E K 2 O SOB FERTIRRIGAÇÃO

Desempenho de Treze Cultivares de Alface em Hidroponia, no Verão, em Santa Maria - RS.

Produtividade e rentabilidade da cebola em função do tipo de muda e de cultivares

Análise do crescimento de plantas de cebola (Allium cepa L.) em função de doses de nitrogênio em semeadura direta.

COMPARAÇÃO BIOMÉTRICA EM CANA-DE-AÇÚCAR, SAFRA 2012/2013. SUGARCANE BIOMETRIC COMPARISON, CROP SEASON 2012/2013.

AVALIAÇÃO FISIOLÓGICA DE PLANTAS DE MILHO SUBMETIDO A IRRIGAÇÃO DEFICITÁRIA

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

ESTIMATIVA DE PLASTOCRONO EM GIRASSOL (Helianthus annuus L. ) NO PERIODO DE VERÃO EM CAPITÃO POÇO-PA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

LEAF AREA AND LEAF AREA INDEX OF TOMATO PLANTS IN FUNCTION OF REPLACEMENT LEVELS OF CROP EVAPOTRANSPIRATION

Concentrações de Nutrientes no Limbo Foliar de Melancia em Função de Épocas de Cultivo, Fontes e Doses de Potássio.

Estimativa do filocrono em calêndula

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

IRRIGATION LEVELS IN THE WATER STATUS IN SOIL AND LEAF WATER POTENCIAL OF WATER MELON

Modelagem espacial do tempo de florescimento de milho plantado na safrinha considerando o zoneamento de risco climático

ANÁLISE ECONÔMICA DE SISTEMAS DE MANEJO DE SOLO E DE ROTA CÃO COM CULTURAS ,(, PRODUTORAS DE GRAOS NO INVERNO E NO VERÃO

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES LÂMINAS E FORMA DE MANEJO DA IRRIGAÇÃO NO CRESCIMENTO DO CAFEEIRO

PARÂMENTOS DE PRODUÇÃO DA MELANCIA EM FUNÇÃO DAS LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO PARAMENTS WATERMELON PRODUCTION IN FUNCTION OF IRRIGATION

CRESCIMENTO, PRODUTIVIDADE E VIABILIDADE ECONÔMICA DE CANA-DE-AÇÚCAR, SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO, NA REGIÃO DE PENÁPOLIS - SP

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

PRODUÇÃO DE FITOMASSA DE MELÃO SOB DIFERENTES LÂMINAS COM E SEM BIOFERTILIZANTE

PÓS COLHEITA DE FRUTOS DE MELANCIA SUBMETIDA A DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA

Aparecimento de folhas em mudas de eucalipto estimado por dois modelos

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO SORGO SACARINO

TEMPERATURA BASE PARA EMISSÃO DE FOLHAS DA FASE DE MUDA DE URUCUM E PAU VIOLA. EIXO TEMÁTICO - Conservação Ambiental e Produção Agrícola Sustentável

CARACTERÍSTICAS MORFOGÊNICAS E ESTRUTURAIS DO CAPIM- ANDROPÓGON MANEJADO A DIFERENTES FREQUÊNCIAS DE CORTE E DUAS INTENSIDADES DE DESFOLHA

EFEITO DE DOSES DE ADUBAÇÃO MOLÍBDICA EM CULTIVARES DE FEIJOEIRO EM SOLOS DE VÁRZEA E DE TERRAS ALTAS COM IRRIGAÇÃO SUPLEMENTAR

TAXA DE DECOMPOSIÇÃO DE ESTERCOS EM FUNÇÃO DO TEMPO E DA PROFUNDIDADE DE INCORPORAÇÂO SOB IRRIGAÇÃO POR MICRO ASPERSÃO

Transcrição:

TEMPERATURA BASE PARA EMISSÃO DE NÓS E PLASTOCRONO DE PLANTAS DE MELANCIA DIONÉIA D. P. LUCAS 1, ARNO B. HELDWEIN 2, ROBERTO TRENTIN 3, IVAN C. MALDANER 4, MATEUS P. BORTOLUZI 5 1 Eng. Agrônoma, doutoranda PPG em Agronomia, UFSM, Santa Maria. Fone: (55) 32208900-ramal 238, dio.pitol@gmail.com 2 Eng. Agrônomo, Prof. Titular, Departamento de Fitotecnia, CCR/UFSM, Santa Maria- RS. Fone: (55) 32208900-ramal 235. 3 Eng. Agrônomo, doutorando P PG Eng. Agrícola, UFSM, Santa Maria. 4 Eng. Agrônomo, doutorando PPG em Agronomia, UFSM, Santa Maria. 5 Aluno de graduação em Agronomia, CCR/UFSM, Santa Maria- RS. Apresentado no XVII Congresso Brasileiro de Agrometeorologia 18 a 21 de Julho de 2011 SESC Centro de Turismo de Guarapari, Guarapari ES RESUMO: O efeito da temperatura do ar sobre o desenvolvimento das plantas pode ser representado usando-se o método da soma térmica. Para o cálculo da soma térmica é necessário conhecer-se a temperatura base, abaixo da qual o desenvolvimento não acontece ou acontece a uma taxa desprezível. O objetivo deste trabalho foi estimar a Tb para emissão de nós, bem como comparar datas de cultivo para a variável plastocrono para a cultura da melancieira. Três experimentos em campo foram conduzidos em Santa Maria, RS, com oito datas de semeadura durante os anos agrícolas 2006-2007 e 2009/2010. Usou-se o cultivar Crimson Sweet aleatorizado em blocos ao acaso com quatro repetições por época. O número de nós acumulados na haste principal (NN) da melancieira foi observado em três plantas por parcela, três vezes por semana. O plastocrono foi estimado pelo inverso do coeficiente angular da regressão entre NN e soma térmica acumulada. A Tb estimada usando a metodologia do menor valor de Quadrado Médio do Erro (QME) foi de 7,0 C. O plastocrono em melancieira não diferiu entre as datas de plantio nos três anos agrícolas, sendo em média 23,4 ºC dia nó -1. Palavras-chave: desenvolvimento vegetativo. Citrullus lanatus. soma térmica. Base temperature for node appearance and plastochron of watermelon plant ABSTRACT: The effect of air temperature on plant development, can be represented using the thermal time approach. In order to calculate thermal time, the base temperature, below when development stops or takes place at very low rates, is needed. The objective of this study was to estimate the base temperature for node appearance and compared dates for cultivation for variable plastochron in watermelon crop. Three field experiments were conducted in Santa Maria, RS, with eight sowing dates during the 2006-2007 and 2008/2009 growing season. The cultivar Crimpson Sweet was used in a randomized block design with four replications per sowing dates. The number of accumulated nodes on the main stem (NN) of watermelon was observed in three plants, three times a week. Plastochron was estimated by the inverse of the slope of the linear regression of NN against accumulated thermal time. The base temperature estimated using the least Mean Square Error (MSE) approach was 7.0 C. The plastochron in watermelon was not different among sowing dates during the three growing seasons, with an average of 23.4 ºC day node- 1. Key words: vegetative development. Citrullus lanatus. thermal time. INTRODUÇÃO: A produção de melancia no Brasil ocupa o 4º lugar dentre as olerícolas, sendo sua produção considerada baixa (1,995 mil t em 89 mil ha) (LEÃO, 2008). O Rio

Grande do Sul é o maior produtor e o cultivar Crimson Sweet o mais cultivado em Santa Maria e demais regiões do estado (TRENTIN et al., 2008). A caracterização do desenvolvimento vegetal auxilia na elaboração e aplicação de estratégias de manejo das culturas agrícolas (HODGES, 1991), sendo a temperatura do ar o principal elemento meteorológico que o afeta (STRECK, 2002; GRAMIG; STOLTENBERG, 2007), e o conceito da soma térmica ou dos graus-dia muito utilizado para a quantificação do efeito desta sobre o desenvolvimento das plantas (ARNOLD, 1960). A clássica equação de cálculo da soma térmica considera a acumulação dos valores de temperatura média diária do ar acima de uma temperatura base (Tb) (Mc MASTER; WILHELM, 1997). Portanto, para o cálculo da soma térmica é necessário conhecer-se a Tb que rege o desenvolvimento de determinada espécie. Segundo Trentin et al. (2008), a implantação da cultura e as práticas de manejo, podem ser melhoradas com auxílio de modelos matemáticos. Assim, a soma térmica é um parâmetro que pode ser usado para a redução de riscos climáticos, auxiliando na previsão da duração do ciclo da planta (BARBANO et al., 2001). A emissão de nós pode ser estimada a partir do conhecimento do tempo necessário para o aparecimento de dois nós sucessivos na planta (plastocrono) o que é uma excelente medida de desenvolvimento vegetal (STRECK et al., 2003). Partindo-se da hipótese de que há variações de Tb para diferentes espécies (MARTINS et al., 2007), o objetivou-se estimar a Tb para emissão de nós, bem como comparar as datas de cultivo para a variável plastocrono para a cultura da melancieira. MATERIAL E MÉTODOS: Foram utilizados neste trabalho dados de experimentos com a cultura da melancia em diferentes épocas de semeadura conduzidos em área experimental localizada em Santa Maria, RS, durante os anos agrícolas de 2006/2007, 2008/2009 e 2009/2010. Foi utilizada o cultivar de melancia Crimson Sweet, em duas datas de semeadura no primeiro ano (05/ 09/2006 e 21/09/2006), três datas de semeadura no segundo ano (20/09/2008, 06/10/2008 e 20/10/2008) e três datas de semeadura no terceiro ano (20/09/2009, 21/10/2009 e 30/11/2009). A semeadura no cultivo de 2006/2007 foi realizada diretamente no solo, em covas no espaçamento de 1 m entre fileiras e 1,25 m entre plantas. Já nos anos de 2008/2009 e 2009/2010, a semeadura foi realizada em bandejas preenchidas com substrato Plantmax, que foram mantidas em estufa plástica até o transplante, que foi realizado quando as plantas apresentavam duas folhas definitivas em 22/10/2008, 04/11/2008 e 09 /11/2008; 29/10/2009, 11/11/2009 e 30/12/2009 para a primeira, segunda e terceira épocas de semeadura, respectivamente, no espaçamento de 1 m x 1,25 m. O delineamento experimental utilizado foi o aleatorizado em blocos, com quatro repetições por época. A irrigação foi feita pelo método de gotejamento, por meio de mangueiras plásticas. As plantas foram mantidas sem competição com plantas daninhas por meio de capinas manuais, além de terem sido realizados os tratos fitossanitários recomendados para a cultura. O número de nós (NN) acumulados na haste principal da melancieira foi observado em três plantas por parcela, totalizando 12 plantas por data de semeadura, na frequência de três vezes por semana. Foi considerado visível o nó quando a folha associada a ele apresentava limbo foliar desenrolado e com no mínimo dois centímetros (2 cm) de largura. A soma térmica diária (STd, C dia) foi calculada de acordo com Arnold (1960): STd = (Tmed Tb). 1 dia (1) em que Tmed é a temperatura média do ar, calculada pela média aritmética entre as temperaturas mínima e máxima diárias do ar, e Tb é a temperatura base para emissão de nós na melancia. A soma térmica acumulada (STa, C dia), foi calculada acumulando-se os valores de STd desde a emergência das plantas. A partir dos dados de número de nós, foi realizada a determinação da temperatura base, segundo metodologia que utiliza o menor quadrado médio do erro (QME) da regressão

linear entre o NN e a STa (SINCLAIR et al., 2004; MARTINS et al., 2007; PAULA; STRECK, 2008). O valor de Tb foi o que apresentou o menor QME nas equações de regressão linear. Com a Tb estimada para a melancia, procedeu-se a estimativa do plastocrono ( C dia nó -1 ), que foi considerado como sendo o inverso do coeficiente angular da regressão linear entre NN e STa (STRECK et al., 2005). Os dados do plastocrono foram submetidos à análise da variância e as médias das épocas foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As equações de regressão entre NN e STa para melancia tiveram valores do coeficiente de determinação (R 2 ) acima de 0,92 indicando que a relação de proporcionalidade entre as variáveis analisadas é alta, confirmando que a temperatura do ar é o principal elemento meteorológico que afeta a emissão de nós para a espécie estudada. Na Figura 1, a título de ilustração, é apresentada a variação do QME das várias equações de regressão para os diferentes valores de temperatura base assumidos no cálculo da soma térmica para uma planta de melancia na data de semeadura de 05/09/2006. A Tb estimada foi de 9,5 ºC, representada pelo marcador de círculo sólido. Para as demais plantas de melancia, houve variação na Tb estimada de zero a 9,5 ºC para a primeira data de semeadura e zero a 16 ºC para a segunda data de semeadura do primeiro ano agrícola de cultivo. Para o segundo ano de experimento, as Tbs variaram, para as diferentes plantas, entre zero e 13,1 ºC, 2 a 15,8 ºC e zero a 17,3 ºC para a primeira, segunda e terceira datas de semeadura respectivamente. Para o terceiro ano, as Tbs variaram entre zero e 20 ºC e zero e 18 ºC para a primeira e segunda datas de semeadura e 20 ºC para todas as plantas na terceira data de semeadura. Apesar da variação grande de Tbs em algumas datas de semeadura, notouse que a variação do QME entre as Tbs de 5 a 10 ºC foi pequeno na maioria das plantas. Esta foi uma motivação para optar-se fazer a média dos valores de Tb com menor QME, resultando numa Tb de 7,0 ºC, valor que foi usado no cálculo da soma térmica para estimativa do plastocrono. 3.2 3.0 2.8 2.6 QME 2.4 2.2 2.0 1.8 1.6 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Temperatura (ºC) Figura 1 - Quadrado médio do erro (QME) da regressão linear entre o número de nós acumulados na haste principal (NN) e a soma térmica acumulada (STa) para uma planta de melancieira, cultivar Crimson Sweet, na data de semeadura de 05/09/2006 utilizando-se várias temperaturas base. Santa Maria, RS. A regressão entre NN e STa com Tb = 7,0 C teve valor de R 2 elevado (acima de 0,92) para todas as plantas. A título de ilustração é mostrado na Figura 2 esta regressão para uma

planta na data de transplante de 06/10/2008. O alto grau de associação entre o número de nós emitidos e a soma térmica, (0,99), também verificado para outras espécies vegetais dicotiledôneas, como o melão (STRECK et al., 2005), a soja (STRECK, 2008), corriola (PAULA; STRECK, 2008), indica que a Tb de 7 ºC é apropriada no calculo da STd e que a estimativa do plastocrono pelo método de regressão linear entre NN e STa é apropriado também para a melancia (SINCLAIR et al., 2005; STRECK et al., 2005). A exposição a diferentes condições meteorológicas é fundamental nos estudos de avaliação de parâmetros de crescimento e desenvolvimento vegetal e que usam a soma térmica como medida de tempo biológico em plantas (STRECK et al., 2005). Em condições de campo para um mesmo local, consegue-se expor as plantas a diferentes condições ambientais através de semeaduras ou plantios em diferentes datas no decorrer do mesmo ano agrícola e através de semeaduras em vários anos. Dessa forma, os valores de plastocrono para as diferentes datas de semeadura nos três anos agrícolas, calculados com Tb de 7,0 ºC foram submetidos à análise de variância, não havendo diferença significativa entre as datas avaliadas (Tabela 1). 18 16 14 NN (nós planta -1 ) 12 10 8 6 4 2 0 300 400 500 600 700 800 STa (ºC dia) Plastocrono: 25,6 ºC dia nó -1 Figura 2- Regressão linear entre o número de nós (NN) e a STa usada na estimativa do plastocrono da melancieira cultivar Crimson Sweet com Tb de 7,0 ºC. Os dados são de uma planta na data de semeadura 06/10/2008. Santa Maria, RS. A média geral de plastocrono nas diferentes datas é 23,3 ºC dia nó -1 (Tabela 1). A implicação desses resultados é, por exemplo, em estudos de modelagem que usam o conceito de soma térmica e do plastocrono para simular o desenvolvimento vegetativo das culturas agrícolas (STRECK et al., 2005; MARTINS et al., 2007). Como neste caso o plastocrono da melancieira não diferiu entre datas de semeadura nos diferentes anos agrícolas, pode-se usar um único valor de plastocrono para estimar a emissão de nós da cultivar Crimpson Sweet, independente da data de semeadura, o que é uma vantagem considerável, pois torna o modelo mais geral e assim de mais amplo uso. CONCLUSÕES: A temperatura base de emissão de nós é de 7,0 ºC para a melancieira, cultivar Crimson Sweet. O plastocrono não diferiu entre as datas de cultivo estudadas, sendo seu valor médio de 23,3 ºC dia nó -1.

Tabela 1 Comparação de médias para plastocrono (ºC dia nó -1 ) de melancieira, cultivar Crimson Sweet, em diferentes datas de semeadura. Santa Maria, 2006/2007, 2008/2009 e 2009/2010. Data de semeadura Plastocrono (ºC dia nó -1 ) 05/09/2006 24,7a* 21/09/2006 25,5a 20/09/2008 22,2a 06/10/2008 22,2a 20/10/2008 24,0a 20/09/2009 23,2a 21/10/2009 22,0a 30/11/2009 22,2a *Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. REFERÊNCIAS: ARNOLD, C.Y. Maximum-minimum temperatures as a basis for computing heat units. Proceedings of the American Society for Horticultural Sciences, v. 76, p. 682-692, 1960. BARBANO, M.T. et. al. Temperatura base e acúmulo térmico no subperíodo semeaduraflorescimento masculino em cultivares de milho no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 9, n. 2, p. 261-268, 2001. GRAMIG, G.G.; STOLTENBERG, D.E. Leaf appearance base temperature and phyllochron for common grass and broad leaf weed species. Weed Technology, v. 21, n. 3, p. 249-254, 2007. HODGES, T. F. Predict crop phenology. CRC, 1991. 233p. LEÃO, D. S. S. et al. Produtividade de melancia em diferentes níveis de adubação química e orgânica. Bioscience Journal, v. 24, n. 4, p. 32-41, 2008. MARTINS, F.B. et al. Estimativa da temperatura base para emissão de folhas e do filocrono em duas espécies de Eucalipto na fase de muda. Revista Árvore, v. 31, n. 2, p. 373-381, 2007. Mc MASTER, G.S.; WILHELM, W.W. Growing degree-days: one equation, two interpretations. Agricultural and Forest Meteorology, v. 87, n. 2, p. 291-300, 1997. PAULA, G. M. DE; STRECK, N. A. Temperatura base para emissão de folhas e nós, filocrono e plastocrono das plantas daninhas papuã e corriola. Ciência Rural, v. 38, n. 9, p. 2457-2463, 2008. SINCLAIR, T.R. et al. Sugarcane leaf area development under field conditions in Florida, USA. Field Crops Research, v. 88, n. 1, p. 171-178, 2004. SINCLAIR, T.R. et al. Comparison of vegetative development in soybean cultivars for lowlatitude environments. Field Crops Research, v. 92, n. 1, p. 53-59, 2005. STRECK, N.A. A generalized non linear air temperature response function for node appearance rate in muskmelon (Cucumis melo L.). Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 10, n. 1, p. 105-111, 2002. STRECK, N.A. et al. Incorporating a chronology response function into the prediction of leaf appearance rate in winter wheat. Annals of Botany, v. 92, n. 2, p. 181-190, 2003. STRECK, N.A. et al. Estimativa do plastocrono em meloeiro (Cucumis melo L.) cultivado em estufa plástica em diferentes épocas do ano. Ciência Rural, v. 35, n. 2, p. 1275-1280, 2005. TRENTIN et al. Soma térmica de subperíodos do desenvolvimento da planta de melancia. Ciência Rural, v. 38, n. 9, p. 2464-2470, 2008.