ANÁLISE DO PERFIL LIPÍDICO E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS

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Transcrição:

ANÁLISE DO PERFIL LIPÍDICO E RISCO CARDIOVASCULAR EM IDOSOS Fernanda Silva Almeida (1); Karla Simone Maria da Silva (2); Maria Rejane de Sousa Silvino (3); Daniele Oliveira Damacena (4); Heronides dos Santos Pereira (5) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e-mail: fernanda_s_almeida@hotmail.com (1) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e-mail: karla.simone.ms@gmail.com (2) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e-mail: anne_silvino@hotmail.com (3) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e-mail: nnioliveira@icloud.com (4) Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e-mail: heronnides40@icloud.com (5) RESUMO: Como o surgimento do processo de envelhecimento humano, destaca-se uma preocupação maior com as doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) como uma das principais causas da mortalidade na atualidade. As dislipidemias e as doenças cardiovasculares que derivam desse distúrbio metabólico se enquadram nesse contexto. O objetivo dessa pesquisa foi a análise do perfil lipídico e do risco cardiovascular de pacientes idosos atendidos no Centro de Hematologia e Laboratório de Análises Clínicas LTDA Hemoclin. Foram coletados os dados de 191 pacientes idosos, a partir de 60 anos de idade atendidos entre os meses de março a junho de 2015. Tratou-se de um estudo descritivo do perfil lipídico e do risco cardiovascular. O estudo mostrou que 70,2% pertenciam ao gênero feminino. Os níveis de Total, não-hdl, LDL e Triglicerídeos apresentaram-se bons em sua maioria, porém os valores de VLDL foram altos e o colesterol HDL predominantemente baixo para os dois gêneros. O risco cardiovascular prevaleceu baixo. Foi possível avaliar o perfil lipídico e o risco cardiovascular. É necessário, portanto, o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco e adoção de hábitos de vida saudáveis que são importantes para o envelhecimento com qualidade de vida. Palavras-chave: Perfil lipídico; Risco cardiovascular; Idosos. INTRODUÇÃO As questões referentes ao processo de envelhecimento humano têm despertado maior interesse na sociedade de um modo geral, como consequência das transições populacionais no país a partir das últimas cinco décadas. Devido as mudanças nos níveis de mortalidade e fecundidade, a partir das ações de saúde pública e desenvolvimento tecnológico a favor da medicina. Essas mudanças fizeram com que a população transferisse seu perfil de alta natalidade e alta mortalidade para baixa mortalidade seguida da baixa natalidade, levando ao surgimento de um novo perfil sociodemográfico no país (PRADO; SAYD, 2004; LEBRÃO, 2007; CHAIMOWICZ, 1997; HEIN; ARAGAKI, 2012). O processo de envelhecimento, consequentemente, está associado com maior probabilidade ao acometimento de doenças

crônicas não-transmissíveis (DCNT). A velhice normalmente envolve alterações desde o nível molecular, passando pelo morfofisiológico até o funcional. Estas alterações estão associadas à própria idade, e também se originam do acúmulo de danos, ao longo da vida, causados pela interação entre fatores genéticos e hábitos não saudáveis, como uma dieta desbalanceada, tabagismo e sedentarismo (GOTTLIEB et al, 2011). Um estilo de vida inadequado acaba aumentando a ineficiência metabólica, que contribui substancialmente para a quebra da homeostasia corporal. A hipertriglicerinemia e hipercolesterolemia associados a maus hábitos tornam-se, portanto, importantes fatores de risco para doenças cardiovasculares (GOTTLIEB, 2011; ROCHA et al, 2013; DA CONCEIÇÃO et al, 2010; DA CRUZ et al, 2004). Segundo dados do Ministério da Saúde (2010), no grupo populacional a partir de 60 anos, ou seja, na população idosa, a maior taxa de mortalidade se dá devido a doenças do aparelho circulatório. A mortalidade cardiovascular em idosos está relacionada com a redução de HDL e a elevação de triglicerídeos (ROCHA et al, 2013). Mediante o exposto, o presente trabalho analisa o perfil lipídico de idosos a partir de 60 anos, através dos exames laboratoriais, com o objetivo de identificar a prevalência de dislipidemia e análise do risco cardiovascular. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo retrospectivo descritivo e analítico do perfil lipídico dos pacientes atendidos em uma instituição particular (Centro de Hematologia e Laboratório de Análises Clínicas LTDA Hemoclin). Foram coletados dados de pacientes idosos, a partir de 60 anos de idade, atendidos entre os meses de março a junho de 2015. Foram avaliados o gênero e a faixa etária (60 a 79 anos e 80 anos) (BRASIL, 2010) Os parâmetros bioquímicos analisados foram o Total e as frações: HDL-C (high density lipoprotein), LDL-C (low density lipoprotein), VLDL-C (very low density lipoprotein); não-hdl, Triglicerídeos. Para a determinação dos ensaios bioquímicos, utilizou-se o reagente da marca Elitech e o espectrofotômetro (Selecta Flexor E) automatizado. O LDL-C foi calculado pela fórmula de Friedewald (1972). A análise estatística das variáveis quantitativas foi descritiva por meio de tabela de frequência. Os valores de referência foram determinados de acordo com a V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013). A determinação do

risco cardiovascular foi realizada através do Índice de Castelli II, como a razão entre LDL- C e HDL-C (CASTELLI, 1988). O Índice de Castelli II e não-hdl (valor do Total menos o HDL) foram obtidos a partir do programa Excel versão 2010. TABELA 1: Valores de Referência para Perfil Lipídico (em mg/dl) Parâmetros Baixo Ótimo Desejável Limítrofe Alto Muito Alto total - - < 200 200 a 239 240 - LDL- - < 100 100 a 129 130 a 159 160 a 189 190 HDL- < 40 - > 60 - - - VLDL- - - < 32-32 - Triglicerídeos - - < 150 150 a 200 200 a 499 500 não-hdl - <130 130 a 159-160 a 189 190 Fonte: V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2013. morfofisiológicas acometidas a partir do RESULTADOS E DISCUSSÃO início dessa nova fase. Foram 191 pacientes, sendo 70,2% (n=134) pertencentes ao gênero feminino e 29,8% (n=54) ao masculino. O gráfico 1 demonstra a relação entre o gênero e a faixa etária. A grande maioria dos pacientes são idosos mais jovens, que estão na faixa de 60 a 79 anos. Isto é sugestivo de uma maior procura dessa população aos centros médicos devido a introdução do processo de envelhecimento e as próprias mudanças Gráfico 1: relação entre a faixa etária e gênero Fonte: Dados da pesquisa, 2015

TABELA 2: Análise do Perfil Lipídico A tabela 2 apresenta a análise do perfil lipídico dos idosos estudados. Os níveis de Total (CT) feminino e masculino apresentaram-se bons em sua maioria, entre desejável (menor que 200mg/dL) e no limite aceitável (200 a 239mg/dL). A idade e o envelhecimento dos órgãos têm como consequência alterações no perfil lipídico. Logo controle dos níveis de CT e suas frações pode ocorrer com o uso de medicamentos hipolipemiantes, nutrição apropriada e atividade física (GREGORI et al, 2013). Segundo Krause et al. (2008) a Lipoproteína de baixa densidade (LDL) está envolvida na formação e desestabilização de placas ateromatosas em pacientes assintomáticos e é considerado um dos principais fatores de risco para Doença cardiovascular (DCV). No presente estudo observou-se que os idosos apresentaram porcentagem ótima para homens (36,84%) e desejável (33,59%) para mulheres. Porém a porcentagem de colesterol LDL alta (14,17%) e muito alta (10,45%) foi significativa no gênero feminino. Variáveis total LDL HDL VLDL Valores em Masculino Feminino mg/dl N % N % < 200 36 63,16 60 44,77 200 a 239 16 28,07 44 32,85 240 5 8,77 30 22,38 < 100 21 36,84 27 20,15 100 a 129 15 26,31 45 33,59 130 a 159 16 28,07 29 21,64 160 a 189 3 5,26 19 14,17 190 2 3,52 14 10,45 > 60 3 5,26 8 5,97 < 40 36 63,16 41 30,6 40 a 60 18 31,58 85 63,43 32 29 50,88 86 64,18 < 32 28 49,12 48 35,82 Trigliceríd eos < 150 27 47,37 78 58,2 150 a 200 13 22,81 34 25,37

200 a 499 16 28,07 22 16,41 "sgênero masculino" é mais acometida (DA SILVA, 2005). 500 1 1,75 0 - não-hdl <130 17 29,82 33 24,63 130 a 159 19 33,33 38 28,36 160 a 189 10 17,55 25 18,65 190 11 19,30 38 28,36 Total 57 100 13 4 100 Continuação da Tabela 2. Fonte: Dados da Pesquisa, 2015. Um estudo realizado também na cidade de Campina Grande apresentou o mesmo perfil quanto ao gênero e índices das lipoproteínas. Observou-se que a maioria dos indivíduos obteve valores adequados do perfil lipídico. Sendo que, dentre os que obtiveram índices elevados de triglicerídeos e colesterol total, destacou-se o gênero feminino (NETO et al, 2008). Em Aguda-RS, o grupo masculino de idosos mantidos pela Secretaria de Assistência Social do município tiveram índices desejáveis, enquanto que uma pequena percentagem das mulheres obtiveram esse valor, contrariando os fatores de risco para Doença Cardiovasculares cuja variável Os valores de VLDL na pesquisa também se mantiveram altos em maior proporção no gênero feminino (64,18%). Sabe-se que um aumento da oferta de LDL ou VLDL, aumenta a proporção de colesterol na membrana dos vasos sanguíneos, tornando-se adesivas a ela e contribui para o desenvolvimento de aterosclerose e de doença arterial coronariana. O acompanhamento dos níveis de LDL e VLDL pode influenciar na escolha do tratamento para diminuição do colesterol (FARIAS, 2007) Os níveis de não-hdl prevaleceram desejáveis (130 a 159mg/dL) para ambos os gêneros, porém no gênero feminino houve um empate na porcentagem (28,36%) entre os níveis desejável e muito alto desse colesterol. Segundo a V Diretriz Brasileira Sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013), uso do Não-HDL colesterol tem como finalidade melhorar a quantificação de lipoproteínas aterogênicas circulantes no plasma de indivíduos com hipertrigliceridemia. Já em relação a Lipoproteína de alta densidade (HDL), os valores apresentaram-se baixos para ambos os gêneross, sendo em maior proporção para os homens (63,16%). Outros estudos relatam a presença de menores

níveis de colesterol HDL para mulheres (DA SILVA, 2005; RIGO et al, 2009). Níveis baixos de HDL tendenciam ao desequilíbrio e surgimento de doenças coronarianas (DA SILVA, 2005). O Triglicerídeo manteve-se em sua maioria desejável (<150mg/dL), porém 28,07% dos pacientes idosos do gênero masculino apresentou esse índice alto. Segundo Batista e Franceschini (2003) a hipertrigliceridemia isolada não constitui fator de risco independente para a doença coronariana, porém passa a constituí-lo quando encontra-se alto nível de LDL-C e ao baixo nível de HDL-C no paciente. O risco cardiovascular (Gráfico 2) feito através da razão LDL-C e HDL-C apresentou-se de maneira homogênia, porém em diferentes proporções devido à diferença na quantidade entre homens e mulheres. Conclui-se que a maior parte dos pacientes apresentaram um risco baixo, variando entre baixíssimo e risco moderado. Porém esse risco também é dependente de outras variáveis além dos níveis de dislipidemias, como sedentarismo, hábitos alimentares, sobrepeso, tabagismo, uso de álcool, entre outros. O treino físico diminui significativamente os níveis séricos de colesterol total, C-LDL e triglicerídeos, e promove o aumento do colesterol HDL, refletindo da prevenção das doenças crônicas não-transmissíveis (NETO et al, 2008; DA SILVA, 2005). Gráfico 2: * Risco cardiovascular de acordo com o gênero e a faixa etária Fonte: Dados da pesquisa, 2015 * Inferior a 2 (risco baixíssimo); Entre 2 e 3,5 (risco baixo); Entre 3,6 e 5 (risco moderado); Superior a 5 (risco alto) CONCLUSÃO Foi possível, portanto, analisar que nessa pesquisa a grande maioria da demanda na solicitação de exames laboratoriais concentra-se no gênero feminino entre 60 e 79 anos devido à introdução do processo de envelhecimento e a maior procura pelos centros médicos por esse grupo social. Apesar da espera por níveis lipídicos alterados devido ao grupo estudado em questão, os idosos de um modo geral

apresentaram os níveis de colesterol total, LDL, colesterol não-hdl e triglicerídeos dentro da normalidade em maior proporção. Todavia uma porcentagem considerável do gênero feminino apresentou o colesterol LDL e colesterol não-hdl no nível de alto a muito alto. Os níveis de HDL mantiveram-se baixos para os dois gêneros, o que contribui para o possível aumento no risco cardiovascular desses idosos. Além disso, o uso de serviços preventivos, eliminação de fatores de risco e adoção de hábitos de vida salutares são importantes determinantes do envelhecimento saudável. Framingham Heart Study. The Canadian journal of cardiology, v. 4, p. 5A-10A, 1988. CHAIMOWICZ, Flávio. A saúde dos idosos brasileiros às vésperas do século XXI: problemas, projeções e alternativas. Revista de saúde pública, v. 31, n. 2, p. 184-200, 1997. DA CONCEIÇÃO, Carla Cristina F. et al. Prevalência de fatores de risco cardiovascular em idosos usuários do Sistema Único de Saúde de Goiânia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 95, n. 5, p. 621-628, 2010. REFERÊNCIAS BATISTA, Maria da Conceição Rosado; FRANCESCHINI, Sylvia do Carmo Castro. Impacto da Atenção Nutricional na Redução dos Níveis de Sérico de Pacientes Atendidos em Serviços Públicos de Saúde. Arquivos Brasileiros de Cardiologia,Viçosa, v. 80, n. 2, p.162-166, mar. 2003 BRASIL. Ministério da Saúde: Caderno de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília- DF. 2010. CASTELLI, W. P. Cholesterol and lipids in the risk of coronary artery disease--the DA SILVA, Eliane Brum. Estudo do perfil lipídico de um grupo de Idosos. Rev. NewsLab, v.72, p. 142-158, 2005. DA CRUZ, Ivana Beatrice Mânica et al. Prevalência de obesidade em idosos longevos e sua associação com fatores de risco e morbidades cardiovasculares. Revista Associação Médica Brasileira, v. 50, n. 2, p. 172-7, 2004. DATASUS [atualizado em 2010 Maio]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/c ader nosmap.htm>. Acesso em 29 Abr. 2016.

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