Parâmetros importantes de um Analisador de Espectros: Faixa de frequência. Exatidão (frequência e amplitude) Sensibilidade. Resolução.

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Transcrição:

Parâmetros importantes de um Analisador de Espectros: Faixa de frequência Exatidão (frequência e amplitude) Sensibilidade Resolução Distorção Faixa dinâmica Faixa de frequência: Determina as frequências mínima e máxima que podem ser analisadas, sendo um dos parâmetros mais importantes a serem levados em conta na escolha do instrumento. Existem atualmente no mercado analisadores de espectros com frequência mínima a partir de 0 Hz (DC) e máxima até centenas de GHz. Ao escolher-se a faixa de frequência do instrumento para se analisar um determinado sinal, deve-se levar em conta não só a frequência fundamental do sinal mas também suas prováveis harmônicas. Por exemplo, alguns padrões de medidas em telefonia celular exigem que sejam efetuadas medidas até a 10ª harmônica, ou seja, para análise de um frequência fundamental de 900MHz, é necessário o uso de um analisador de espectros de pelo menos 9GHz. Para uma medida específica, a janela de freqüências visualizada na tela do instrumento é denominada SPAN e deve ser escolhida de modo a permitir uma visualização adequada do sinal analisado. Por exemplo, para se visualizar uma portadora de 100MHz modulada por uma sinal senoidal de 1kHz, escolhe-se uma freqüência central de visualização fo=100mhz e um span=10khz. Isto resultará numa freqüência inicial visualizada na tela de fi=99,995mhz e uma freqüência final de f f =100,005MHz. 28/01/03 69

Exatidão : capacidade de fornecer valores mais próximos do padrão (mais exatos) tanto em termos de frequência como de amplitude. A exatidão em frequência depende da qualidade do oscilador local bem como do oscilador de referência à cristal. Dependendo do tipo de oscilador local, a exatidão de frequência é da ordem de centenas de Hz (sintetizador de frequência) ou alguns MHz (oscilador "free-running"). Alguns instrumentos empregam a técnica de sintetização para faixas espectrais estreitas e "free-running" para faixas espectrais largas. A exatidão de amplitude pode ser definida em termos absolutos ou relativos. Depende da calibração dos diversos amplificadores do sinal bem como do seletor de escalas de entrada e do misturador. Os elementos mais críticos são o amplificador logarítmico e o misturador, pois empregam dispositivos não lineares. A exatidão absoluta refere-se aos padrões elétricos internacionais (1V, 1A, 1W, etc). A exatidão relativa toma como padrão a amplitude do sinal numa determinada frequência, sendo as amplitudes nas demais frequências referenciadas àquele valor. Na maioria das medições espectrais a exatidão relativa é mais importante que a absoluta (harmônicos, relação sinal/ruído, nível de modulação). Sensibilidade: define a menor amplitude de um sinal de entrada que pode ser detectada corretamente pelo instrumento. Depende essencialmente do nível de ruído gerado pelos componentes internos (amplificadores, misturador, etc) e da largura de banda do filtro de IF 28/01/03 70

(RBW). A forma usual de se indicar a sensibilidade é pelo nível médio de ruído visualizado (DNAL - Displayed Average Noise Level) em dbm para o menor valor de RBW disponível no instrumento. Valores usuais estão entre 90dBm e 145dBm. Resolução em frequência: determina a menor separação entre duas componentes de frequências próximas que podem ser resolvidas (visualizadas separadamente) pelo instrumento. Depende essencialmente da largura de banda do filtro de IF, que é representada pelo RBW. O tipo de filtro de IF utilizado (analógico ou digital) bem como a velocidade de varredura da frequência do oscilador local também interferem na resolução em frequência. O valor do RBW é usualmente definido para uma redução de 3dB em relação à máxima amplitude na frequência central do filtro de IF. Outro fator importante é a seletividade do filtro, definida como sendo : Quanto menor a seletividade, melhor a capacidade de separação entre sinais de frequências próximas e amplitudes diferentes. Filtros analógicos possuem seletividade da ordem de 12:1 enquanto os digitais 5:1. A velocidade de varredura deve ser inversamente proporcional ao RBW, pois quanto mais estreita a largura de faixa de um filtro, mais lenta é a sua resposta temporal. Os analisadores de espectro geralmente selecionam automaticamente a velocidade de varredura mais adequada para cada valor de RBW. Varreduras mais rápidas causam um deslocamento no espectro e uma redução na amplitude do sinal visualizado. 28/01/03 71

Distorção : Assim como o ruído, a distorção do instrumento também é causada pela não idealidade dos dispositivos utilizados. O principal responsável pela distorção é o misturador, que gera harmônicos que podem ser confundidos com o sinal de entrada. A distorção causada pelo misturador depende da amplitude do sinal de entrada, devendo portanto ser especificada em função dessa amplitude. A harmônica mais importante é a de 3a ordem. Faixa dinâmica : está relacionada com as máxima e mínima amplitudes que podem ser visualizadas simultaneamente pelo instrumento. A mínima amplitude equivale à sensibilidade (já definida anteriormente) e é limitada pelo ruído interno. A máxima amplitude é limitada pela distorção causada principalmente pelo misturador, que é função da amplitude do sinal de entrada. Valores típicos variam de 90dB à 120dB. 28/01/03 72

Analisador de espectros por FFT : A transformada de Fourier (FT) é uma ferramenta matemática utilizada essencialmente para decompor ou separar uma função ou forma de onda em senóides de diferentes frequências cuja soma é o próprio sinal original. Matematicamente a FT de uma função f(x) pode ser escrita da seguinte forma : F(s) = f(x) exp(-j 2 πsx) dx Em engenharia a função f(x) é tipicamente uma função no domínio do tempo e F(s) é consequentemente uma função no domínio da frequência. Para aplicações computacionais que trabalham apenas com variáveis discretas utiliza-se uma variante da FT denominada DFT (Discrete Fourier Transformer). Neste caso a variável de entrada é um conjunto de pontos (amplitude tempo), assim como a variável de saída (amplitude frequência). A partir de um número N 0 de amostras temporais de um sinal, a DFT pode ser calculada pela seguinte expressão : F = N0 1 2π r fk exp(-j r k ) k= 0 N0 para r = 0, 1,..., N 0-1 onde : N 0 = número total de amostras temporais f k = amplitude das amostras temporais O resultado da operação de DFT num sinal em função do tempo é um conjunto de pontos correspondente ao seu espectro de frequências, limitado à metade da frequência de amostragem 28/01/03 73

(f S /2) pelo teorema de Nyquist. O número de pontos r que compõem este espectro é igual ao número de amostras temporais N 0 utilizadas. No entanto apenas a metade destes pontos correspondentes ao espectro de frequências "positivas" é utilizado. Os pontos referentes às frequências "negativas" são desprezados, pois correspondem ao espelho das frequências "positivas". Pela expressão da DFT pode-se concluir que número de operações computacionais a serem realizadas é proporcional à N 2 0, podendo representar um tempo de processamento considerável para altos valores de N 0. A FFT (Fast Fourier Transformer) é uma variante da DFT (desenvolvida por Tukey and Cooley em 1965) que reduz o número de operações computacionais de N 2 0 para N 0 log 2 N 0. Os algoritmos computacionais utilizados são simplificados quando N 0 é uma potência de 2. Diversos algoritmos de FFT foram desenvolvidos visando sempre uma redução do número de operações computacionais e consequentemente do tempo total de processamento. Um analisador de espectros baseado na FFT consiste essencialmente num osciloscópio digital cujo processador matemático possui as rotinas de FFT. O sinal de entrada é amostrado e convertido em um valor numérico por um conversor A/D, sendo em seguida armazenado na memória. A FFT é 28/01/03 74

realizada nos valores já armazenados na memória, não sendo portanto uma operação em tempo real. O resultado é o espectro de frequências, que é mostrado na tela (apenas a parte positiva) de modo análogo ao de um analisador de espectros por varredura. O sinal de entrada deve ser corretamente filtrado (filtro passa-baixas) antes de ser amostrado, para evitar que componentes de frequência superior à f S /2 sejam analisadas, o que causaria distorções no espectro final. A resolução espectral (equivalente ao RBW no analisador por varredura) é igual à 1/T 0. Dessa forma só podem ser analisados sinais com frequência superior à 1/T 0 = f S /N 0. A faixa de frequências possível de ser analisada é : Janelamento do sinal : f N S f S 0 fi 2 A FT supõe que o sinal analisado é periódico e existe desde o tempo à +. Os algoritmos de DFT (ou FFT) executam a operação em um número limitado de amostras temporais adquiridas durante um intervalo de tempo finito T 0. Para que haja coerência com a FT, o algoritmo de DFT supõe que o sinal adquirido durante o tempo T 0 é periódico e se repete indefinidamente. Esse processo equivale à adicionar-se ao final da última amostra de cada ciclo T 0 uma parcela idêntica às N 0 amostras. Caso o intervalo T 0 não contenha um número inteiro de ciclos, a junção dar-se-á de forma descontínua introduzindo distorções no sinal original. 28/01/03 75

Para garantir que não hajam descontinuidades do sinal na junção, pode-se executar uma operação de "janelamento" que consiste na multiplicação do sinal original por uma função cujo valor é zero no início o no final. Dessa forma garante-se que os pontos de junção início-final terão sempre o mesmo valor zero. Além disso é importante que a derivada dessa função também possua valor zero nas suas extremidades. De modo geral o janelamento melhora a qualidade do resultado da FFT pois na grande maioria dos casos práticos o intervalo de tempo T 0 não contém um número inteiro de ciclos do sinal analisado. Várias funções de janelamento podem ser utilizadas dependendo do tipo de sinal, do número de pontos e da qualidade desejada. Uma das mais comuns é a janela de Hanning que consiste na função: W Hanning = 0,5 0,5cos(2πt/T 0 ) 28/01/03 76