PALAVRAS-CHAVE: PIBID. Inglês. Ensino. Literatura. Contos de Fadas.



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Transcrição:

ENSINO DE INGLÊS ATRAVÉS DOS CONTOS DE FADA: UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA TEACHING ENGLISH THROUGH FAIRY TALES: AN EXPERIENCE IN THE HIGH SCHOOL OF A PUBLIC SCHOOL Carolina Laurino Rossini Universidade Tecnológica Federal do Paraná Dayse Paulino de Ataide Universidade Tecnológica Federal do Paraná Marina Siqueira Persegona Universidade Tecnológica Federal do Paraná RESUMO: Tendo em vista a repercussão dos "contos de fadas" na sociedade do século XXI e seu retorno como fonte de aprendizagem e formação do indivíduo leitor, conforme menciona a professora Nelly Novaes Coelho em seu livro "O Conto de Fadas" (2003), o tema foi selecionado para atender a proposta estabelecida pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) de língua inglesa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Tal proposta tem como objetivo demonstrar que o ensino de língua inglesa por meio da literatura é viável, visto que desenvolve a prática da leitura no ambiente escolar de maneira articulada ao ensino de língua estrangeira moderna, promovendo a eficácia do processo de ensino-aprendizagem. A fim de preparar os participantes do programa para a aplicação dessa proposta, leituras, pesquisas e discussões semanais acerca dessa diferente visão do trabalho com a língua fazem parte da rotina do grupo, de modo que alternativas sempre sejam compartilhadas para enriquecer o andamento das atividades nas escolas. Este artigo visa relatar as atividades desenvolvidas nas aulas de língua inglesa do Ensino Médio de uma escola da rede pública de Curitiba por três alunas-bolsistas do PIBID do curso de Letras Português-Inglês da UTFPR. De modo geral, serão descritos procedimentos relativos à seleção e elaboração de materiais, à divisão adotada para a sequência de atividades - visto que o tema é amplo e permite diversos focos e formas de abordagem - e, finalmente, ao encaminhamento das atividades na prática. Uma questão que gerou certa preocupação aos graduandos envolvidos no projeto também será discutida: a recepção dos alunos do Ensino Médio com relação à proposta, visto que contos de fadas são muitas vezes associados a histórias para crianças pequenas. Por fim, serão ainda destacados os planejamentos e as expectativas para a continuação desse projeto, ofertando a outros docentes sugestões e possibilidades de trabalho considerando o tema. PALAVRAS-CHAVE: PIBID. Inglês. Ensino. Literatura. Contos de Fadas. ABSTRACT: Considering the repercussion of fairy tales 21 st -century society and its return as a source of learning and development of the reader individual, according to professor Nelly Novaes Coelho in her book O Conto de Fadas (2003), the theme was selected to answer the proposal established by Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) of English Teaching of the Federal University of Technology of Paraná (UTFPR). This proposal intends to demonstrate that English teaching through literature is viable, since it develops the reading practicing in the school environment articulately to modern foreign language teaching. Furthermore, it promotes effectiveness in the teaching-learning process. In order to prepare the participants of the program to the application of this proposal, it was necessary to promote reading, researches and weekly discussions about this different view as part of the group routine. In such way, alternatives to improve the course of school activities are shared. This article aims at reporting the activities developed by three PIBID academicfellows of the Languages Course - Portuguese and English from UTFPR in English classes in a highschool group of a public school in Curitiba. In general, we describe procedures in relation to selection and preparation of materials, as well as to the sequence of activities we adopted since the theme is large and allows several focuses and approaches We also discuss the students reception in relation to the proposal, since fairy tales are usually viewed as stories for little children. Lastly, we comment on

our expectations regarding the extension of this project, offering to other teachers suggestions and possibilities of work considering the theme. KEY-WORDS: PIBID. English. Teaching. Literature. Fairy Tales. 1. Introdução Em tempos em que valores parecem não ser mais tão sólidos, o mundo globalizado com suas tecnologias interfere nas relações humanas de maneira impactante e o indivíduo se vê muitas vezes desamparado em meio a tanta informação e superficialidade na comunicação. Nesse contexto, a sociedade do século XXI parece estar vivendo um momento propício à volta do maravilhoso, em cuja esfera o homem tenta reencontrar o sentido último da vida (COELHO, 2003, p. 17). A magia e o encantamento dessas histórias revelam-se como uma forma encontrada pelas pessoas para discutir questões que, de certa forma, espelham a nossa realidade cotidiana, ao mesmo tempo que alimentam a alma com a fantasia e sustentam a imaginação. Por essa razão, a literatura tem papel fundamental na formação do indivíduo, e deve ser privilegiada no ambiente escolar, tanto por sua ação formadora quanto por seu valor estético e artístico. Dentro do maravilhoso, os contos de fadas podem ser considerados histórias de destaque. Nomes como Charles Perrault, os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen são lembrados por sua tradição de contar histórias sobre "reis, rainhas, princesas, príncipes, fadas, bruxas, maternidades falhadas ou concepções mágicas, heróis desafiados por grandes perigos para conquista de seu ideal, objetos mágicos, duendes, anões, tesouros ocultos, dragões, gigantes [ ] (COELHO, 2003, p. 94). Essas histórias tornaram-se muito conhecidas em nossa sociedade, principalmente devido às adaptações para o cinema. Por isso, é comum pensar que elas são destinadas a crianças, que possuem final feliz e apresentam os elementos descritos por Coelho (2003). Contudo, há muito mais sobre os contos de fadas: trata-se de um tipo complexo de história, difícil de delimitar em uma definição inflexível. Discutimos mais detalhadamente essa questão na próxima seção deste trabalho. Com base nesses apontamentos, este artigo, dividido em quatro seções, busca demonstrar a relevância do trabalho com literatura e língua estrangeira moderna (LEM) de maneira articulada, conforme a proposta do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Para tanto, descrevemos etapas teóricas e práticas que foram parte de nossa experiência no programa. Na primeira seção, realizamos uma introdução acerca do papel da literatura e dos contos de fada

em nossa sociedade. Na seção a seguir, detalhamos a proposta do PIBID para o ensino de inglês em conjunto com a literatura. Na sequência, encontra-se a seção destinada à descrição das atividades práticas realizadas em uma escola pública de Curitiba. Por fim, fazemos nossas considerações finais, refletindo sobre a relevância deste trabalho para o ensino de língua e literatura de modo geral. 2. O Ensino de LEM por meio da Literatura 2.1 Os documentos oficiais Com a inclusão de uma determinada matéria ao currículo escolar, independente de qual seja ela, alguns conceitos devem ser levados em consideração, pois tal escolha resultará em um produto acabado ao final de todo o processo educacional, atingindo certeiramente o rumo pelo qual os participantes irão obter conhecimento. No que se refere à língua estrangeira moderna, esse questionamento não se difere, pois segundo Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) existem argumentos que justificam o ensino de língua estrangeira no ambiente escolar, conforme o fragmento a seguir: Com exceção da situação específica de algumas regiões turísticas ou de algumas comunidades plurilíngues, o uso de uma língua estrangeira parece estar, em geral, mais vinculado à leitura de literatura técnica ou de lazer. Note-se também que os únicos exames formais em Língua Estrangeira (vestibular e admissão a cursos de pós-graduação) requerem o domínio da habilidade de leitura. Portanto, a leitura atende, por um lado, às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade que o aluno pode usar em seu contexto social imediato. Além disso, a aprendizagem de leitura em Língua Estrangeira pode ajudar o desenvolvimento integral do letramento do aluno. A leitura tem função primordial na escola e aprender a ler em outra língua pode colaborar no desempenho do aluno como leitor em sua língua materna. (BRASIL, 1998, p.20) Assim, temos que, nos documentos oficiais, o ensino de língua estrangeira moderna está atrelado à prática social. Dessa forma, a inclusão desse conteúdo ao currículo escolar deve observar a função social que ele desempenha no contexto de sociedade, sendo que a própria linguagem é produto sociointeracional. Justificada a presença da LEM no cotidiano escolar, é possível atentar para as possibilidades previstas nos PCN s acerca dos conteúdos contemplados nesse documento. Por exemplo, a compreensão escrita, que resultará no desenvolvimento das demais áreas, em que

o indivíduo (aluno) terá oportunidades de interagir com a LEM e o processo de ensinoaprendizagem será efetivado. Partindo para a documentação estadual, temos as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (2008), que entre seus conteúdos estruturantes prevêem o ensino de LEM por meio da literatura como na seguinte passagem retirada do documento: Nos textos de literatura, as reflexões sobre a ideologia e a construção da realidade fazem parte da produção do conhecimento, sempre parcial, complexo e dinâmico, dependente do contexto e das relações de poder. Assim, ao apresentar textos literários aos alunos, devem-se propor atividades que colaborem para que ele analise os textos e os perceba como prática social de uma sociedade em um determinado contexto sociocultural. (PARANÁ, 2008, p. 67) A partir do trabalho com gêneros, baseado nas teorias bakhtinianas, as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná estabelecem um quadro sugestivo, em que são demonstradas possibilidades de diferentes gêneros que podem ser trabalhados no contexto de sala de aula por professores da rede estadual de ensino. Dentre essas sugestões, temos a literatura inserida na esfera social de circulação, intitulada literária/artística. Nessa esfera, a literatura é apresentada como ferramenta válida para o ensino de LEM, conforme ilustrado no quadro abaixo: LITERÁRIA/ARTÍSTICA Autobiografia Biografias Contos Contos de Fadas Contos de Fadas Contemporâneos Crônicas de Ficção Escultura Fábulas Fábulas Contemporâneas Haicai Histórias em Quadrinhos Lendas Literatura de Cordel Memórias Letras de Músicas Narrativas de Aventura Narrativas de Enigma Narrativas de Ficção Científica Narrativas de Humor Narrativas de Terror Narrativas Fantásticas Narrativas Míticas Paródias Pinturas Poemas Romances Tankas Textos Dramáticos Após tais reflexões, constatamos a presença da literatura no currículo escolar, sendo amparado pelos documentos oficiais, pois ela é um grande instrumento do professor no ensino de língua estrangeira moderna e aliada do aluno no processo de ensino-aprendizagem.

2.2 Pibid por meio da literatura É certo que a questão do processo de ensino-aprendizagem em leitura de textos literários no país é bastante complexa. Isso pode ser verificado em algumas pesquisas que apontam o índice de leitura entre os brasileiros. Conforme os resultados, a população leitora no Brasil é baixa, dado que preocupa e ao mesmo tempo mobiliza professores, pesquisadores e estudiosos de Letras e áreas afins, que buscam alternativas para transformar o encontro dos estudantes com os textos literários algo prazeiroso e contínuo. Nesse sentido, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) representa uma importante iniciativa da Capes, cujo principal objetivo é propiciar aos acadêmicos uma oportunidade de vivenciar na prática o que aprendem no decorrer do curso de Licenciatura. No caso do grupo coordenado pela Profª Dra. Regina Helena Urias Cabreira, a proposta foi justamente articular teoria e prática, língua e literatura, o que justifica o trabalho com os textos literários, pois o efeito de proximidade que o texto literário traz é produto de sua inserção profunda em uma sociedade, é resultado do diálogo que ele nos permite manter com o mundo e com os outros (COSSON, 2009, p.28). Partindo também do pressuposto de que escola é o espaço privilegiado em que deverão ser lançadas bases para a formação do indivíduo (COELHO, 2000, p.16), o ensino de língua inglesa por meio da literatura torna-se muito pertinente, visto que proporciona a atividade de leitura dentro do ambiente escolar. Além de contribuir para a formação do indivíduo, o papel artístico da literatura também poderia ser valorizado dentro da escola, na tentativa de estimular o gosto pela leitura entre os alunos. A proposta do PIBID, assumida pelas graduandas do programa como um desafio, envolveu grande preparo, leitura e discussão acerca do papel da leitura nesse contexto. Por isso, como embasamento teórico para que as pibidianas pudessem escolher temas adequados e desenvolver suas atividades, foram estudados, ao longo das reuniões do grupo, os livros "O Conto de Fadas: símbolos, mitos, arquétipos" e "Literatura Infantil: teoria, análise, didática", ambos da professora Nelly Novaes Coelho. O texto "Sobre Histórias de Fadas" de J.R.R. Tolkien também serviu como base para o planejamento das aulas. Essas obras contribuíram para um melhor entendimento da visão das alunas participantes do programa acerca do tema e para que houvesse reflexão a respeito dos objetivos que teríamos ao desenvolver determinada atividade.

Partindo dessas reflexões, foi possível traçar nossos objetivos e delimitar o tema que abordaríamos em sala. Na seção a seguir, relatamos como nossas escolhas foram feitas e discutimos aspectos importantes que nos levaram a selecionar nossos materiais de trabalho. 3. Uma Experiência no Ensino Médio de uma Escola Pública Antes de entrar na questão da experiência em sala de aula, é preciso realizar uma análise de como chegamos na etapa em que nos encontramos agora. Apesar das principais referências deste artigo carregarem o termo Contos de Fadas, as discussões teóricas contemplaram a literatura infantil e juvenil em geral. No entanto, o tema Contos de Fadas atraiu a atenção das autoras deste artigo por diferentes razões. Primeiro, pelo fato de que, conforme apontado por Coelho (2003), é possível notar hoje uma crescente onda de interesse pela literatura alimentada pela magia, pelo sobrenatural, pelo mistério da vida [ ] (p.11). Essa onda, por sua vez, tem como consequência uma multiplicação nas livrarias das edições e reedições dos contos de fadas ou contos maravilhosos, lendas, mitos, clássicos antigos e modernos (COELHO, 2003, p.11). Desse modo, o trabalho com os contos de fadas seria interessante para que essas histórias fossem, de fato, redescobertas como fonte de conhecimento de vida (COELHO, 2003, p.11). Além disso, é muito comum, em nossa sociedade, incorporar uma visão em que "naturalmente se presume que as crianças são o público natural ou especialmente apropriado desse tipo de história" (TOLKIEN, 2010, p.40). Isso nos levaria a duas possibilidades: a) trabalhar contos de fada com as crianças do ensino fundamental, utilizando versões desses contos adequadas à faixa etária desses alunos ou; b) agir de maneira contrária a esse pensamento recorrente e desenvolver uma sequência de aulas no ensino médio partindo do tema Contos de Fadas, com alunos mais velhos, tecnicamente não vistos como público ideal para esse gênero. Nesse segundo contexto, o objetivo do trabalho com o tema seria justamente a desmistificação da crença de que as crianças são o público natural para os contos de fadas. Devido à distribuição das turmas entre as participantes do PIBID, acabamos por desenvolver nossas atividades exatamente com alunos do ensino médio de uma escola pública de Curitiba. Assim, os contos de fadas foram utilizados partindo da ideia de que "o reino das histórias de fadas é amplo, profundo e alto, repleto de muitas coisas" (TOLKIEN, 2010, p.9), e, portanto, não deve ser destinado somente a um tipo de público específico, nem reduzido a uma definição rígida e imutável.

Além de divergências relacionadas a público-alvo, outro fator que nos impulsionou a escolher Contos de Fadas foi a variedade de temáticas que poderíamos abordar a partir das histórias. Tendo como público os alunos do ensino médio, seria possível refletir e promover discussões sobre várias questões: problemáticas existenciais, valores e significados sociais, trabalhando não somente as versões mais conhecidas desses contos, mas levando para os alunos os textos originais dessas histórias. Conforme defendido por Coelho (2000), é importante notar que há uma identificação entre as invariantes que estruturam essas narrativas maravilhosas e as exigências básicas que a vida faz a cada um de nós (p.116). Assim, a busca por um ideal, os obstáculos, os auxílios encontrados pelas personagens dos contos de fadas em seus caminhos estabelecem uma conexão com o que passamos em nossas vidas. Isso torna essas histórias, ao mesmo tempo, atrativas por toda a atmosfera mágica e maravilhosa, mas também por carregarem, em certa medida, relações com a nossa realidade cotidiana. O trabalho com a língua também poderia ser facilmente contemplado com a escolha desse tema. Vocabulário específico dos contos, que geralmente não são tão comuns nas aulas regulares de língua inglesa das escolas, poderia ser apresentado aos alunos. Além disso, tempos verbais típicos de narrativas como essa também poderiam ser enfatizados, realizando um trabalho em conjunto com os professores formadores das turmas que abordasse, além de literatura, as estruturas da língua. Considerando todas os aspectos acima especificados, sintetizamos e justificamos a nossa escolha pelas seguintes razões: 1. Tendo em vista que os acadêmicos do PIBID desenvolvem uma hora aula por semana e o fato de esses textos serem curtos, o grupo acordou que seria enriquecedor promover o reencontro dos estudantes com essas obras, a fim de propiciar a eles um novo olhar sobre elas, demonstrando que os contos não são, necessariamente, textos destinados ao público infantil. 2. A própria citação de Cosson já é capaz de explicar muita coisa, pois os contos de fadas trazem elementos que permitem o diálogo com o leitor, além de permitir a articulação da literatura com os aspectos linguísticos, especialmente em relação às classes gramaticais e lexicais. 3. Cumpre todas funções estipuladas por Candido, a saber: [1] Função psicológica: Parte do princípio da necessidade universal de ficção e fantasia. Isso porque ao mesmo tempo que a literatura traz a fantasia, a linguagem literária empregada está, de alguma forma, conectada à realidade cotidiana do homem. [2] Função formativa

(personalidade): Forma no sentido contrário do que a pedagogia tradicional propõe para o processo de ensino-aprendizagem de literatura. Em outras palavras, Candido (1972) acredita que o texto literário não tem como papel impor padrões de moral e conduta aos leitores de todas as fases, mas deve o conduzir à constante reflexão, que vai além do que ele espera e vivencia. [3] Função de conhecimento do mundo e do ser: Como dito anteriormente, a literatura transporta o indivíduo para os conflitos dele e da sociedade em geral. Além disso, ressalta-se aqui que tanto o autor quanto o autor são indivíduos que estão inseridos em um certo contexto, que vai servir de base para a produção da obra literária e, consequentemente, para a recepção e interpretação por parte do leitor. Além disso, Coelho (2000), ao citar o gênero conto de fada, afirma que Limitado pela materialidade de seu corpo e do mundo em que vive, é natural que o homem tenha desejado sempre uma ajuda mágica. Entre ele e a possível realização dos seus sonhos, aspirações, fantasia, imaginação...sempre existiram mediadores (fadas, talismãs, varinhas mágicas ) e opositores (gigantes, bruxas ou bruxos, feiticeiros, seres maléficos ). (COELHO, 2000: 173) Assim, o tipo de texto selecionado permite que os leitores interajam com os próprios conflitos e com os dramas vivenciados pelos indivíduos que os cercam, tendo como aliada a magia proporcionada pelos contos, que são capazes de despertar, ainda, sentimentos de alegria, compaixão, tristeza, raiva, entre muitos outros. Todas essas questões foram levadas em consideração pelas acadêmicas no momento em que elas propuseram aos alunos do 4º ano B do Curso Técnico de Química Integrado ao Ensino Médio, do Colégio Estadual Profº Loureiro Fernandes, o trabalho com os contos de fadas. Vale ressaltar que essa turma, em particular, apesar de adolescentes na faixa etária dos 18 anos, aceitaram, com resistência inicial de alguns, o exercício com o referido gênero literário. Nessa linha, nós iniciamos as atividades no segundo semestre, seguindo algumas etapas. Primeiro, preparamos algumas aulas introdutórias, cujo objetivo foi introduzir o tópico e romper com o que os alunos concebiam como contos de fadas. Para tanto, nos primeiros encontros foi criada uma definição desse gênero com a colaboração dos alunos, além de discutir acerca dos elementos recorrentes nessas obras, isto é: os contos mais tradicionais que existem, personagens, lugares, objetos, temas, personagens, estrutura, entre outros. Além disso, estabelecemos alguns paralelos entre os contos e as adaptações para o cinema, uma vez que foi observado que alguns alunos confundem as versões originais com os filmes baseados

nos contos, sendo necessária a análise e comparação sob uma nova perspectiva, algo inédito para a maioria dos estudantes. Após essa parte introdutória, foi promovida uma votação com os alunos, visando selecionar os contos de fadas que conduziriam as aulas a partir daquele momento, o que resultou em duas histórias: A Pequena Sereia, de Hans Christian Andersen e Shrek, de William Steig. Para cada um dos contos, foi preparada uma sequência de algumas aulas, começando pela história de Andersen. No entanto, utilizamos uma adaptadação feita por Rob John, por apresentar uma linguagem facilitada, ao mesmo tempo que é próximo à versão do autor alemão. Em primeiro lugar, A Pequena Sereia (The Little Mermaid) foi publicado pela primeira vez em 1836, mesma época em que surgia Estética Romântica, justificando as características pedagogizantes do conto, cujo objetivo seria, a priori, doutrinar o jovem leitor, oferecendo padrões de moral e boa conduta. De acordo com Coelho (2003), um dos valores ideológicos defendidos pelo Romantismo e presente no conto em questão é a ânsia de expansão do Eu, pela necessidade de conhecimento de novos horizontes e da aceitação de seu Eu pelo outro (O Sapo, O Pinheirinho, A Sereiazinha) (COELHO, 2003, p. 25). Estendendo esse curto fragmento ao conto, a princesa do mar renunciou a família, a sua voz, sua casa, sua estrutura corporal, em busca de um novo Eu, ao lado do príncipe e de uma nova vida na superfície. Contudo, essa mudança trouxe consigo algumas tristezas causadas especialmente: pela desilusão causada pela não realização do casamento com o príncipe; pela falta da voz, o mais belo instrumento que a sereia possuia e que não podia mais ser utilizado; pelas pernas adquiridas em troca da voz, que, por sua vez, a fazia sofrer pela intensa dor causada. Essas questões são ainda seguidas pela religiosidade, pois em nome do amor que a personagem sentia, ela aceitou passivamente a morte. Ao final do conto, a Pequena Sereia também adquiriu uma alma, algo que as outras sereias não tinham direito, que podia ser eterna, caso ela se dispusesse a ajudar as outras pessoas. Assim, todas as questões suscitadas pela leitura do conto e pelas atividades desenvolvidas que estão em anexo a este artigo, promoveram a ruptura da abordagem convencional do gênero em estudo. Esse fator reforça que, embora os filmes sejam atualmente a manifestação artística que mais aproximam o telespectador do gênero, é preciso deixar claro que as adaptações são criadas não para serem cópias reais dos textos escritos, até porque acreditamos que as produções cinematográficas possuem outros objetivos, revelam outros aspectos, muitas vezes, completamente opostas ao que os contos preconizam, como ocorreu com A Pequena Sereia.

Em um segundo momento, preparamos um planejamento que denominamos Storytelling: Shrek, by William Steig. Com esse projeto propusemos, a partir do conhecimento de mundo já obtido pelo próprio aluno, unir o ensino da língua inglesa à história de Steig e à animação cinematográfica que carrega mesmo título do livro original, a partir de reflexões literárias acerca do tema. Tal história despertou grande interesse nos alunos, devido a sua abordagem múltipla e fantástica, em que a personagem principal, inicialmente, é apresentada como uma criatura insólita e repugnante. Todavia, com o desenrolar dos fatos ela transita por um processo de transformações, não só de natureza física, mas também psicológica, fato explorado com a análise do livro e da animação. O enredo consiste, basicamente, na história de um jovem ogro que, forçado por seus pais, deixa a sua casa em busca de seu destino e durante esse percurso ele se depara com problemáticas, as quais deve transpor para alcançar seu objetivo final. Shrek, ao longo de toda a narrativa, enfrenta obstáculos que se articulam em uma tentativa de traçar a mudança no próprio perfil de ogro. Tais dificuldades são, na realidade, etapas a serem percorridas na trajetória do indivíduo, para que possa ao final dela mostrar-se apto a receber o triunfo final característica típica dos contos de fadas. Por explorar tais aspectos, o enredo de Shrek encanta e atrai os alunos, pois nos momentos em que o herói-ogro enfrenta algum tipo de adversidade o próprio indivíduo se identifica com essa jornada. O trabalho específico com essa temática, pode acionar o inconsciente do indivíduo, para que ele reflita sobre sua própria existência e ultrapasse as barreiras do processo de autoconhecimento, afim de se redescobrir, como fez o próprio protagonista. Assim como Shrek, todos nós nutrimos um objetivo existencial sendo que, na representação narrativa, esse alvo, em meios intermediários, é dado com o encontro do amigo Burro, que o auxiliou durante sua trajetória até a conquista final o encontro e o casamento com a Princesa. Desse modo, a história de Shrek, apresenta grande relevância e abrangência temática para o desenvolvimento de projetos no ensino, inclusive em termos de exploração da LEM. Por fim, o último conto escolhido foi A Noiva do Bandido (The Robber Bridegroom), dos Irmãos Grimm. O objetivo do trabalho com esse conto foi o de levar aos alunos uma história mais desconhecida e que carregasse características diferentes dos contos mais populares, aqueles que acabam por se transformar em adaptações para o cinema. O conto narra a história de uma moça que é concedida em casamento por seu pai a um prentendente que aparece repentinamente. Ela não sabe nada sobre o rapaz, mas quando vai visitá-lo, descobre que ele é um assassino que vive na parte mais sombria da floresta.

Escondida, ela observa cenas horrendas cometidas por seu noivo e a gangue dele. No final, ela consegue escapar, e no dia de seu casamento revela a todos a verdade. O noivo é condenado à morte por seus atos terríveis. Os principais temas abordados no conto são a sociedade patriarcal e a criminalidade. O fato de o pai querer casar a filha à sua escolha e a forma equivocada como issso se dá permearam as discussões iniciais em sala após a leitura. A criminalidade também é um tema bastante pertinente, visto que, por mais que haja mudanças de tempo em tempo, ela continua sendo uma realidade em nossa sociedade. Essas relações entre a história e questões sociais foram, portanto, o ponto central das discussões. Além disso, alguns conceitos comumente presentes em contos de fada, que já haviam sido trabalhados na introdução das aulas com os alunos podem ser identificados nesse conto e foram explorados nas aulas. É o caso, por exemplo, da estrutura da moral: aqueles que cometem atos de crueldade são punidos por seus erros, enquanto aqueles que se comportam bem são recompensados. Os bandidos da história foram condenados à morte, enquanto a jovem escapou com vida. O fato de outros elementos, tais como príncipes, princesas e o recorrente viveram felizes para sempre não estarem presentes no conto, também serviu para mostrar aos alunos o quanto os contos de fada podem ser diferentes do que é apresentado nas adaptações de cinema e nos livros infantis. Logo, foi possível descontruir a visão tradicional dos contos de fada, especialmente quanto a um público privilegiado para a leitura desse tipo de história, e elementos que, quando ausentes, ainda permitem que a história seja um conto de fadas. Cabe ressaltar que as atividades realizadas durante todo o processo visaram diversificar as aulas. Além de questões de compreensão dos textos e de discussões acerca dos temas trabalhados, buscou-se ainda o trabalho com a língua, inclusive por meio de atividades lúdicas. Algumas dessas atividades seguem em anexo a este artigo. Em relação às nossas expectativas futuras, pretendemos dar continuidade a esse projeto, inserindo outras obras que dialoguem com a temática abordada no decorrer desse ano. Na seção seguinte, discutimos alguns pontos pertinentes que consistem em nossas considerações finais a respeito deste trabalho. 4. Considerações Finais

Com este artigo, buscamos proporcionar, a partir de nossas experiências, um panorama de como o ensino de inglês por meio da literatura é relevante. É possível afirmar que, até o momento, as atividades realizadas corresponderam às nossas expectativas quanto a essa forma de ensinar a língua. A boa recepção por parte dos alunos nos leva a crer que é necessário que esse tipo de trabalho com a língua seja desenvolvido mais frequentemente. Por esse motivo, as atividades realizadas no PIBID e relatadas neste artigo servem como sugestão e pontapé inicial, para que professores de língua inglesa reflitam sobre suas práticas e explorem novas formas e possibilidades de ensinar a língua no contexto escolar. É importante, ainda, que haja mais pesquisa e desenvolvimento de materiais e atividades que possam ser aplicados, para incentivar essa prática, cujo objetivo primordial é formar leitores ativos que refletem sobre aquilo que é oferecido como verdade. Afinal, nós, enquanto professores, temos o dever de conhecer e adotar novas formas de trabalhar em sala e nos adaptar à realidade de novos alunos que aparecem em nossos caminhos. REFERE NCIAS BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais : terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1998. CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In. Ciência e cultura. São Paulo, v.24, n.9, p.803-809, set.1972.. O direito à literatura. In. Vários escritos. 3ª ed. rev.e ampl. São Paulo: Duas Cidades, 1995. P. 235-263. COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria ana lise dida tica. 7. ed. São Paulo: Moderna, 2000. COELHO, Nelly Novaes. O Conto de Fadas: si mbolos mitos arque tipos. São Paulo: Dcl, 2003. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2009. PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Estrangeira Moderna. Paraná: SEED, 2008.

TOLKIEN, J. R. R.. Sobre Histo rias de Fadas. 2. ed. São Paulo: Conrad, 2010.

APÊNDICES Memory game

Storm Legs Tails Servant Sharp knife Wreckage To sink Ship Sail Ship s mast Poisonous water Lanterns snakes Heart Rocks Deck Surface Clouds Bubbles Cheek Drowned

The Little Mermaid First part The Little Mermaid A long time ago, in a beautiful world under the sea, there lived mer-people. Mer people were strange magical creatures with bodies like you and me but long fish s tails instead of legs. Although mer-people were happy in their under-sea kingdom, sometimes, just for fun, they would swim up to the surface and take a look at our world. Sometimes they would see human beings sail past on their great ships and say, What strange lives those humans lead! The king of the mer-people had six mermaid daughters. All were very beautiful, but the loveliest was the youngest. Not only was she beautiful, but the Little Mermaid had the best singing voice of all the merpeople. When the Little Mermaid sang, everyone would stop what they were doing and listen. Even the fishes seemed to swim more slowly as if they too were enjoying her singing. Mermaids were not allowed to go up to the surface to see the world of human beings until they were fifteen years old, and each sister on her fifteenth birthday swam up to see our world for herself. When they came back they told of huge ships plunging through great storms, of children playing happily on sandy beaches, of white creatures that seemed to float gracefully through the air, and of strange sad music that floated from the towers of tall buildings. Each time one of her sisters went to the surface, the Little Mermaid would plead with her father to be allowed to go with her. Be patient, little one, her father would say. Your turn will come. At last it was the Little Mermaid s fifteenth birthday and, towards the end of the day, her father looked at her and said, The time has come, little one. Come back and tell us what you find. The Little Mermaid kissed her father, said goodbye to her five sisters and began the long swim to the surface. Up and up she swam and it was night time before she came close to the surface. She saw a bright light dancing on the water, then moments later her face burst through the waves into the moonlight. For the first time the Little Mermaid saw stars shining in the dark night sky and felt the gentle sea winds on her cheeks. She saw a sailing ship lit by hundreds of lanterns and thought that she had never seen anything so beautiful in all her life. She swam closer to the ship...and, upon hearing strange music; she just had to find out what creatures made those wonderful sounds. Looking through a window in the side of the ship, she saw what seemed to be a birthday party and the special guest was a young prince. He stood in the centre of the room and everybody seemed to be smiling at him. He was the most handsome thing she had ever seen. When he smiled, his eyes seemed to light up the whole room and, by the time the party had ended and the guests had gone to bed, the Little Mermaid had fallen in love. [ ]

Quiz on Shrek: William Steig s version 1. Which is the first character Shrek met after he left the place he lived with his parents? a) A donkey b) A peasant c) A witch d) A dragon 2. What was the witch doing when she saw Shrek for the first time? a) She was cooking a lice soup b) She was boiling bats c) She was drinking a turtle juice d) She was taking a nap 3. In the original version, what is the name of Shrek s bride? a) Fiona b) Giaconda c) Margit d) She doesn t have a name 4. Who said the sentence: Did you ever see somebody so disgusting? a) Thunder b) Lightning c) Raindrops d) The knight 5. What was the first sentence said by Shrek when he saw his bride for the first time?

a) Apple strudel b) Cockadoodoodle c) I think we should marry d) You are ugh-ly! 6. Where did Shrek meet the witch for the first time? a) In the swamp where he lived b) Next to the princess castle c) In a copse d) In a little way into the woods 7. How many children did Shrek and his wife have in Steig s version? a) 3 b) 2 c) 4 d) 0 8. Where will Shrek and the princess live after the marriage? a) In the princess castle b) In a copse c) In the swamp where he lived with his parents d) It is not said in the Steig s tale. 9. Complete the sentence below with the missing word: With just a look he cowed the in the swamp. a) Snake b) Reptiles c) Ogres d) Amphibians

10. Complete the sentence below with the missing word: Then you a princess who is even uglier than you. a) kiss b) meet c) wed d) marry Movie s version 11. What was the type of flower that Shrek was going to give Princess Fiona? a) A sunflower b) A tulip c) A daffodil d) A pansy 12. What is Donkey afraid of? a) Ogres b) Gingerbread men c) Princesses d) Heights 13. What animal does Shrek cook for Fiona and how does he cook it? a) A weed rat, rotisserie style b) A weed rat, in a stew c) A sewer rat, rotisserie style

d) A mouse, in a stew 14. What does Shrek push out of the log at the beginning of the movie? a) Birds b) Worms c) Slug d) Roaches

Discuss: 1 - "If any good suitor comes and asks for her, I will give her to him". What does the sentence say about the condition of women in the society in which The Robber Bridegroom is set? 2 - "My house is out there in the dark forest", said the robber. Can you see any relation between this scenario and the character who lives there? Explain it. 3 - What elements that are typical of fairy tales can you identify in this tale? What is different from the traditional fairy tales we've seen before? 4 - What is the role of the bird in the story? What about the old woman? 5 - If we think about our society, how can we relate the events of the tale to what happens nowadays? Is it very different? What has changed? What hasn't?