PROMOÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES CLÍMATÉRICAS ATRAVÉS DO MÉTODO PILATES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Natália de Oliveira Ribeiro (1); Maria Aneilma Ribeiro de Azevedo (2); Aline Medeiros Cavalcanti Da Fonseca (3) (1) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, natalia.olribeiro@hotmail.com (2) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aneilmaa@hotmail.com (3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, alinemeca@gmail.com Introdução O climatério é definido pela organização mundial da saúde como uma fase biológica da vida da mulher que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo. Tem início em torno dos 40 anos entendendo-se até os 65 anos de idade (LORENZI et al., 2009). Durante esse período ocorre a menopausa, que corresponde ao último ciclo menstrual, somente reconhecida depois de passados 12 meses de sua ocorrência (BRASIL, 2008). Nesse período ocorre um declínio gradual da função ovariana levando a uma deficiência hormonal no organismo, o hipoestrogenismo, principal responsável pelos sinais e sintomas observados em mulheres nessa fase. Dentre eles podemos destacar ondas de calor, sudorese noturna, secura vaginal, dispareunia, distúrbios do sono, alterações de humor e depressão (BARACHO, 2007). De acordo com estimativas do DATASUS 28% das mulheres brasileiras, no ano de 2017, estão na faixa etária que ocorre o climatério. Portanto, tal cenário acarretou em um interesse crescente acerca das questões relacionadas a essa fase e suas repercussões na saúde e na qualidade de vida feminina, requerendo compreensão familiar e social, além de atenção profissional especializada (FREITAS et al., 2015), sendo a prática de exercícios físicos um importante meio para a consecução dos referidos benefícios. Diante desse contexto, o método Pilates, desenvolvido pelo alemão Joseph Hubertus Pilates em 1918 trata-se de uma filosofia de treinamento do corpo e mente que realiza o trabalho muscular em baixa velocidade através de exercícios realizados em solo, bola suíça ou equipamentos exclusivos (SIQUEIRA et al., 2015). Inicialmente chamado de contrologia, o método baseia-se em seis princípios: a respiração, o controle, a concentração, a organização articular, o fluxo de movimento e a precisão, que juntos procuram desenvolver o corpo de maneira uniforme (BERTOLLA et al., 2007).
Estudos apontam como vantagens do método Pilates: estimular a circulação sanguínea, melhorar a flexibilidade, a força, o condicionamento físico e o alinhamento postural. Os benefícios também estariam relacionados a melhora dos níveis de consciência corporal e coordenação motora (SACCO et al., 2005). Diante do exposto, em atenção às alterações vivenciadas por essa população ao longo do período do climatério, surgiu em 2015 o projeto de extensão na Universidade Federal do Rio Grande do Norte voltado à realização de exercícios baseados no método Pilates com o objetivo de permitir uma melhor qualidade de vida a essas mulheres e proporcionar aos alunos envolvidos no projeto vivenciar na prática clínica os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho representa um relato de experiência das intervenções realizadas ao longo do projeto, a partir da percepção dos alunos participantes. Metodologia O desenvolvimento das atividades foi precedido por reuniões entre os alunos participantes e a professora orientadora para discutir artigos pertinentes à temática, buscando obter informações sobre climatério, menopausa, qualidade de vida e método Pilates. As reuniões seguintes foram destinadas a elaboração das intervenções que seriam realizadas, a duração e a intensidade de cada atividade. O público-alvo é composto por mulheres a partir dos quarenta anos de idade convidadas a participar do projeto na ocasião de sua visita à unidade de saúde do bairro de Candelária, em Natal/RN, por meio do contato pessoal com um membro da equipe, através de cartazes alocados na unidade e por meio das próprias participantes, que convidam outras mulheres. As interessadas em participar passam por uma entrevista na qual são coletados dados de identificação, sócio-demográficos e antropométricos, histórico de saúde pessoal e de saúde da família e informações sobre os ciclos reprodutivos com o objetivo de criar um banco de dados com informações das participantes. Na mesma avaliação há aplicação do questionário internacional de nível de atividade física (IPAQ), do questionário curto de performance física (SPPB), com o intuito de avaliar a funcionalidade das participantes, e da escala visual analógica aplicada para a satisfação (EVA-S), na qual ao serem interrogadas deram nota entre 0 (zero) a 10 (dez), muito insatisfeito e muito satisfeito respectivamente, para avaliação da sua qualidade de vida.
Figura1. Escala Visual Analógica Aplicada a Satisfação (EVA-S). Passado o período inicial de avaliações, são iniciadas as intervenções que compreendem atividades de aquecimento, alongamento, exercícios de fortalecimento e relaxamento corporal através do Pilates em solo e com bola suíça. As avaliações e intervenções são realizadas pelos alunos de graduação e conduzidas sob a orientação da professora coordenadora do projeto. Resultados e Discussão O projeto ocorreu no período entre 15 de Março de 2015 a 13 de Dezembro de 2016, totalizando 10 reuniões de discussões e planejamento e outros 20 encontros para avaliação e intervenção. Ao longo desse período, cerca de 50 mulheres foram contactadas e convidadas a participar do projeto, porém contamos com a participação efetiva de 15 delas. Cada dia de intervenção foi iniciado pela aferição da pressão arterial, seguida pelos exercícios de aquecimento, alongamento inicial, fortalecimento muscular global, alongamento final, relaxamento, sendo finalizada pela aferição da pressão arterial. As atividades planejadas poderiam ser realizadas na bola suíça ou em solo, sempre levando em consideração os princípios do método Pilates. Os dados coletados através da avaliação ainda não foram submetidos a testes estatísticos. Porém, através da análise da escala visual analógica aplicada a satisfação (EVA- S) foi observado aumento do nível de satisfação das participantes em relação a sua qualidade de vida, o que pode ser observado pelo aumento dos escores nesta escala. Além de ter sido relatado ao final das intervenções pelas participantes os benefícios introduzidos às suas vidas com a participação no Grupo do Climatério, como melhora da autoestima, interação social e redução da sensação de cansaço ao longo do dia.
Gráfico 1. Avaliação pré e pós-intervenção com utilização da Escala Visual Analógica Aplicada a Satisfação (EVA-S). Foto 1. Aula de Pilates em solo.
Foto 2. Aula de Pilates na bola suíça. Conclusões O percentual elevado de mulheres na meia idade associado às consequências biopsicossociais próprias da fase do climatério justificam a necessidade de estratégias no campo da fisioterapia voltadas a promoção da saúde dessa população como forma de permitir o envelhecimento saudável. Nesse sentido, o projeto descrito, através do método Pilates, possibilitou às participantes a oportunidade de vivenciarem essa fase do climatério de maneira mais positiva, com a promoção da interação social, a troca de experiências, a melhora do bem-estar físico e consequentemente a melhora da qualidade de vida. Por outro lado, também permitiu um acompanhamento mais objetivo e direto às participantes por parte dos discentes envolvidos, tornando-os capacitados para atuar nesse campo da Fisioterapia, depois de uma maior vivência da experiência prática. Referências Bibliográficas 1. LORENZI, Dino Roberto Soares de et al. Caracterização da qualidade de vida segundo o estado menopausal entre mulheres da Região Sul do Brasil. Revista
Brasileira de Saúde Materno Infantil, [s.l.], v. 9, n. 4, p.459-466, dez. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1519-38292009000400011. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. 3. BARACHO, E. Importância da fisioterapia durante o climatério e terceira idade. In: BARACHO, E. (Org.) Fisioterapia Aplicada à Saúde da Mulher. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. p. 465. 4. FREITAS, Ronilson Ferreira et al. QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES CLIMATÉRICAS DE ACORDO COM O ESTADO MENOPAUSAL. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 13, n. 1, p.37-47, 15 jul. 2015. 5. SIQUEIRA, Gisela Rocha de et al. Efeito do pilates sobre a flexibilidade do tronco e as medidas ultrassonográficas dos músculos abdominais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 21, n. 2, p.139-143, abr. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1517-86922015210202180. 6. BERTOLLA, Flávia et al. Efeito de um programa de treinamento utilizando o método Pilates na flexibilidade de atletas juvenis de futsal. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Niterói, v. 13, n. 4, p.222-226, ago. 2007. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1517-86922007000400002. 7. SACCO, Isabel C. N. et al. Método pilates em revista: aspectos biomecânicos de movimentos específicos para reestruturação postural Estudos de caso. R. Bras. Ci. e Mov., São Paulo, v. 13, n. 4, p.65-78, 15 jan. 2005.