A experiência do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais O Território Criativo do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais integra uma das metas do Programa de Cultura e Desenvolvimento Local, uma ação lançada em abril de 2002, liderada pela Sociedade Civil, por instituições do 3º setor, com o apoio de empresas privadas e governos locais, estaduais e nacionais. Programa de interesse público de longo prazo, planejado para 20 anos, tem como metas a promoção de políticas públicas e a indução da economia criativa envolvendo 10 cidades da região. Promovido por uma Rede de Cooperação Local, tem foco no arranjo criativo e produtivo do setor audiovisual, animação, mídias digitais e das novas tecnologias. Para tal, os investimentos nos últimos anos ultrapassam a cifra de R$ 10 milhões anuais, sendo que 80% dos recursos são alcançados pela retenção na região de impostos de empresas locais (ICMS IR) por meio de Leis de Incentivo à Cultura que custeiam a maioria dos projetos locais do Polo Audiovisual. Outra fonte de recursos são os provenientes de produções cinematográficas, que já trazem grande parte de seu orçamento, captados em fundos públicos e ou em empresas nacionais. Esse total de recursos, de acordo com estudo do Sebrae, chegam a duplicar, gerando um impacto de cerca de R$21 milhões na economia local, não só na contratação direta de artistas e técnicos, de produtos, serviços e comércio, mas refletindo também na geração de cerca de R$ 700 mil em novos impostos para os municípios da região. Esses indicadores são iniciais, mas revelam também os sinais do impacto que o investimento no setor cultural gera na indústria tradicional já instalada na região, em especial, confecção, eletroeletrônico e construção civil. Na dimensão da sustentabilidade econômica do Polo Audiovisual, vê- se que os investimentos são realizados por múltiplas fontes, públicas e privadas, e sua
ampliação e diversificação é uma busca permanente no Território Criativo. Com os impostos gerados pelo Território Criativo, está em negociação com as prefeituras do Consórcio Intermunicipal de Cultura a criação de um Fundo Setorial do Audiovisual que tenha objetivo de promover as produções locais, bem como a manutenção da Agência de Gestão e Desenvolvimento do Polo Audiovisual. No âmbito das políticas públicas, nos últimos 11 anos, as lideranças locais participaram ativamente em diversas instâncias: nas conferências de cultura, educação e comunicação em âmbito regional, estadual e nacional; nos Conselhos Municipais de Cultura na região; e no Conselho Nacional de Políticas Públicas do Ministério da Cultura. No âmbito de implantação do Território Criativo seu planejamento está divido em quatro ciclos: 1º Ciclo: Formação da Rede de Cooperação; 2º Ciclo: Formação e Experimentação; 3º Ciclo: Empreendedores Locais; e 4º Ciclo: Mercado e Impactos. A Agenda Estratégica do Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais está ancorada em três campos de atuação: Governança, Educação e Mercado. No campo da Governança sua Rede de Cooperação conta hoje com: cinco instituições ligadas ao Terceiro Setor; três empresas investidoras de grande porte; duas universidades e um centro de formação técnico; e trinta produtoras atuando na região. O Consórcio Intermunicipal tem Lei Municipal nas cidades de Cataguases, Muriaé, Itamarati de Minas, e protocolo em outras duas: Leopoldina e Mirai. O Sistema de Informações conta com mais de 500 profissionais cadastrados, entre artistas (atores, figurantes, músicos, fotógrafos, animadores, etc.) e técnicos (cinegrafista, eletricista, maquinista, figurinista, cenógrafo, outros), prestadores de serviços técnicos, fornecedores, empresas parceiras, bem como um banco de locações da região; sua Comunicação integrada tem a produção bimestral de boletim online para mailing (6 mil assinantes); manutenção de blog e sites, e um plano de brand territorial e portfólio multimídia para o Polo Audiovisual. O Fórum DiverCidades Criativas é o espaço público de mobilização da rede de cooperação e da população da região. Por meio de missões técnicas em parceria com o Sebrae está em andamento um programa de cooperação internacional com as cidades de Guimarães e Lisboa, em Portugal; Manchester e Londres; na Inglaterra; e Madrid, na Espanha.
Legenda: no quadro acima o Plano de 2002/2022 com os 4 ciclos de evolução de implantação do Polo Audiovisual e suas principais ações e projetos. No campo do Mercado, nos últimos três anos a região recebeu a produção de filmes, festivais e projetos, que geraram cerca de R$ 30 milhões de investimentos. Em diversas cidades do Polo Audiovisual foram gravadas grandes produções como: Meu Pé de Laranja Lima, de Marcos Bernstein e produtora Pássaro Filmes (RJ); Exilados do Vulcão, de Paula Gaitán e produtora Franco Filmes (RJ); O Menino no Espelho, de Guilherme Fiúza Zenha e produtora Camisa Listrada (BH); Quase Samba, de Ricardo Targino e produtora Bananeiras Filmes (RJ). Em 2013, a região recebe equipes de dois longas- metragens, Família Dionti de Alan Minas e Caraminhola Filmes (RJ); e Estive em Lisboa e Lembrei de Você, de José Barahona e Refinaria Filmes (RJ); entre outros curtas- metragens, documentários e videoclipes musicais. Outra marca do período foi o surgimento da primeira geração de talentos criativos locais com destaque para os curtas: Viagem Real, de Eduardo Yep; O
Espelho de Joaquina e Projeto Glória, de Rafael Aguiar; as animações O Grito de Peçanha e Amores Possíveis, do Coletivo Fábrica Animada; as web- séries Fafafaz e Red Sessions, da produtora Red 7; o videoclipe O Que dirá o Mundo, do cantor Otto e direção de Camila Botelho, da produtora Mutuca Filmes; e o longa- metragem Vaga Lumes de Daniela Guimarães, da Cia Ormeo de Dança e Teatro. Em 2013 foram também gravados sete videoclipes de 7 bandas musicais da região do Polo com a direção de jovens realizadores locais. Para 2014, já estão captados o longa de animação Coração nas Trevas da Karmatique (SP); e o filme Cataguases, da produtora Bananeiras Filmes (RJ). Outra novidade, o Programa Estações Criativas será uma incubadora cultural para cerca de 15 projetos culturais de empreendedores e produtoras locais. Legenda: no quadro acima a estruturação atual do Arranjo Criativo e Produtivo Local (ACPL) com as principais instituições, produtoras locais, empresas patrocinadores e organizações parceiras do Polo Audiovisual. No campo da Educação o ano de 2012 marca a inauguração em Muriaé da primeira escola pública municipal do audiovisual no país. Em 2013 foi assinado um Termo de Parceira com a Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG para continuidade do projeto Fábrica Animada que há três anos pesquisa técnicas e estilos
de animação em stop motion. O ano marcou também o início do Projeto Escola Animada, em parceria com Instituto Votorantim, que qualifica cerca de 200 professores da rede de ensino de 10 cidades da região para uso do audiovisual em sala de aula; e a inauguração do Estúdio- Escola da Fábrica do Futuro, em parceria com a Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho/Energisa e o Sebrae- MG, para formação técnica de jovens e adultos da região. Para 2014 está previsto o início de um curso de graduação em Design do Audiovisual na unidade da UEMG, na cidade de Leopoldina. Em 2022, ao completar seu ciclo de duas décadas, o Território Criativo estará integrado ao contexto de comemoração dos 100 anos do Movimento Modernista e 200 anos da Independência no Brasil, articulado ao Programa Brasil 2022 do Governo Federal e a Planos de Negócios de grandes empresas que atuam na região. A visão de futuro do Território Criativo é ser reconhecido como um polo produtor de audiovisual, animação, trilhas sonoras, mídias digitais e um centro de formação técnica no setor audiovisual. Modelo de indução da economia criativa e implantação de Sistema de Inovação Social Sustentável para pequenas cidades brasileiras. Referência em políticas públicas de cultura, educação e inovação, em especial, para pequenas e médias cidades no Brasil e no Mundo.