1 Objectivo Esta Instrução de Trabalho define o esquema de certificação do controlo da produção de Betão, nomeadamente os Planos de Controlo Externo e Interno a efectuar pela EIC e pelo produtor, respectivamente. O Plano de Controlo Externo tem por objectivo permitir à EIC verificar a conformidade do produto com o(s) documento(s) de referência e, simultaneamente, aferir a confiança nos resultados do controlo da produção do produtor. O Plano de Controlo Interno descreve as verificações e ensaios implementados pelo produtor por forma a assegurar a permanente conformidade dos produtos certificados com o documento de referência. 2 Âmbito Esta Instrução de Trabalho aplica-se à Certificação do controlo da produção de Betão, de acordo com a norma NP EN 206-1 e com o Decreto-Lei n.º 301/2007, de 23 Agosto. 3 Definições 3.1 Betão Material formado pela mistura de cimento, agregados grossos e finos e água, com ou sem a incorporação de adjuvantes e adições, que desenvolve as suas propriedades por hidratação do cimento. 3.2 Betão Pronto Betão entregue num estado fresco por uma pessoa ou entidade que não é o utilizador. No âmbito da Norma NP EN 206-1 é também betão pronto: - o betão produzido fora do local de construção pelo utilizador; - o betão produzido no local de construção, mas não pelo utilizador. 3.3 Família de Betões Grupo de composições de betão, para as quais se encontra estabelecida e documentada uma correlação fiável entre as propriedades relevantes. 3.4 Produtor Pessoa ou entidade que produz betão fresco 3.5 Utilizador Pessoa ou entidade que utiliza betão fresco na execução de uma construção ou de um elemento. Pág 1 de 11
3.6 Vida Útil Período de tempo durante o qual o desempenho do betão na estrutura se mantém a um nível compatível com a satisfação dos requisitos de desempenho da estrutura, desde que haja adequada manutenção. 3.7 Ensaio inicial Ensaio ou ensaios realizados antes do início da produção, para determinar qual deve ser a composição de um novo betão ou dos betões de uma nova família de betões, de modo a satisfazer, nos estados fresco e endurecido, todos os requisitos especificados. 3.8 Ensaio de identidade Ensaio para determinar se amassaduras ou cargas específicas provêem de uma população conforme. 3.9 Ensaio de conformidade Ensaio executado pelo produtor para avaliar a conformidade do betão. 3.10 Avaliação da conformidade Exame sistemático para verificar se o produto satisfaz os requisitos especificados. 3.11 Plano de Controlo Externo Plano de auditorias e ensaios a efectuar pela EIC ou por subcontratação. 3.12 Plano de Controlo Interno Plano de Inspecções e Ensaios a efectuar pelo produtor, nomeadamente ensaios de rotina. 4 Referências NP EN 45011:2001 - Requisitos gerais para organismos de certificação de produtos (ISO/IEC Guia 65:1996). NP EN 206-1 Betão. Parte 1: Especificação, desempenho, produção e conformidade. OP 01 Certificação de Produtos. MP 58 Esquema de Certificação de Betão Lista de documentos a enviar com o pedido de certificação. MP 52 Lista de Comprovação NP EN 206-1 MP 55 Relatório da Auditoria. 5 Descrição 5.1 Sistema de controlo da produção O sistema de controlo da produção de betão implementado pelo produtor deve estar conforme com os requisitos das secções 8 e 9 da norma NP EN 206-1. Pág 2 de 11
O sistema de controlo da produção de betão deve estar documentado (Manual de Controlo da Produção) e deve ser revisto pela direcção do produtor, pelo menos de dois em dois anos, para assegurar a respectiva aptidão e eficácia. O sistema de controlo da produção de betão deve incluir procedimentos e instruções adequadamente documentados. 5.2 Processo de Certificação A certificação do controlo da produção de betão compreende: - a realização de inspecções à central de betão e ao respectivo controlo da produção; - a recolha de amostras e a realização de ensaios. As inspecções (inicial, de rotina e extraordinárias) devem ser realizadas de acordo com o estabelecido no Anexo C da NP EN 206-1. As inspecções a cada central devem ser feitas (pelo menos) duas vezes por ano, ajustando as inspecções ao calendário de laboração de cada central (inspecções por cada semestre). Durante as inspecções devem ser recolhidas amostras de forma a efectuar ensaios para garantir a confiança na amostragem e nos ensaios efectuados pelo produtor no que respeita ao controlo da conformidade. A colheita de amostras, a execução dos ensaios sobre betão fresco (por ex.: consistência), a fabricação de provetes, a sua cura até à data de ensaio e os ensaios de betão endurecido (por ex.: resistência à compressão) são actividades que têm de ser executadas de acordo com os documentos de referência claramente identificados na NP EN 206-1, nomeadamente: Betão Fresco Betão Endurecido Características Normas de ensaio Amostragem de betão fresco NP EN 12350-1:2002 - Ensaios do betão fresco. Parte 1: Amostragem. Medição da consistência do NP EN 12350-2:2002 - Ensaios do betão betão fresco. Parte 2: Ensaio de Fabricação de provetes para ensaios de resistência Ensaio de compressão abaixamento. NP EN 12390-1:2003 - Ensaios do betão endurecido. Parte 1: Forma, dimensões e outros requisitos para o ensaio de provetes e para moldes; NP EN 12390-2: 2002 - Ensaios do betão endurecido. Parte 2: Execução e cura dos provetes para ensaios de resistência mecânica. NP EN 12390-3:2003 - Ensaios do betão endurecido. Parte 3: Resistência à compressão dos provetes de ensaio. Pág 3 de 11
Para cada uma das amostras devem ser fabricados 3 provetes para ensaio aos 28 dias de idade. Por este motivo, de modo a assegurar que aquelas actividades são executadas por pessoal devidamente qualificado e com a utilização de equipamentos específicos devidamente controlados, a EIC subcontrata Laboratórios acreditados, para: - a execução da amostragem de acordo com a NP EN 12350-1; - o ensaio de abaixamento de acordo com a NP EN 12350-2; - a preparação e cura dos provetos para ensaio de acordo com a NP EN 12390-2; - o ensaio de resistência à compressão de acordo com a NP EN 12390-3. 5.3 Concessão da certificação Para efeitos de concessão da certificação do controlo da produção, a EIC efectua uma inspecção inicial a cada central de betão e ao correspondente controlo da produção; Esta inspecção inicial tem como objectivo verificar se as condições da central, em termos de pessoal e de equipamento, são adequadas para uma correcta produção e para o correspondente controlo da produção. No decorrer da inspecção inicial devem ser efectuadas 3 amostras, que, quando possível, e dependendo da produção prevista, deverão ser referentes a betões de classes de resistência diferentes. Estas amostras devem ser executadas em obra, cabendo ao produtor assegurar a viabilidade da sua execução, incluindo a garantia da manutenção da integridade dos equipamentos colocados em obra para efeitos de cura inicial dos provetes. A amostragem deve ter uma contrapartida de amostras efectuadas em paralelo pelo produtor. Em cada amostra deve ser efectuado um ensaio de abaixamento. 5.4 Acompanhamento da certificação Durante a validade do(s) certificado(s) a EIC efectua inspecções de acompanhamento/rotina com o objectivo de verificar se as condições inicialmente aceites se mantêm. Deve ser efectuada uma amostra no decorrer de cada inspecção de rotina. Esta amostra, que deve ser efectuada sem aviso prévio, deve ser executada em obra, cabendo ao produtor assegurar a viabilidade da sua execução, incluindo a garantia da manutenção da integridade dos equipamentos colocados em obra para efeitos de cura inicial dos provetes. Esta amostragem deve ter uma contrapartida a ser efectuada em paralelo pelo produtor. Os ensaios de rotina constam da realização de 1 amostra, constituída por três provetes, medição do abaixamento e ensaios de compressão aos 28 dias de idade dos provetes. Pág 4 de 11
No caso do laboratório do produtor estar acreditado, a EIC pode optar por não colher amostras em todas as inspecções realizadas, devendo no entanto fazê-lo, no mínimo, uma vez por ano. 5.5 Avaliação dos resultados Uma vez efectuados os ensaios, é necessário proceder à sua avaliação, nomeadamente nos dois ensaios previstos: ensaio de consistência e ensaio de resistência à compressão. 5.5.1 Ensaio de consistência O resultado de cada ensaio de consistência deve encontrar-se dentro dos limites estabelecidos para a classe de consistência especificada, ou dentro das tolerâncias face a um valor pretendido especificado, consoante o caso. 5.5.2 Ensaio de resistência à compressão 5.5.2.1 Comparação dos resultados obtidos pelo laboratório acreditado com os resultados obtidos pelo produtor. A diferença entre cada um dos resultados obtidos pelas duas entidades não deve ser superior a 10%. No caso de ser efectuada mais uma amostra de um mesmo betão (p.e. quando da inspecção inicial), este critério aplica-se à diferença entre as médias das amostras. 5.5.2.2 Avaliação qualitativa dos resultados obtidos pelo laboratório acreditado. Para avaliar qualitativamente os resultados dos ensaios efectuados pelo laboratório acreditado, devem aplicar-se os critérios de identidade estabelecidos no Quadro B.1 da NP EN 206-1, quer quando da inspecção inicial, quer quando das inspecções de rotina. Quadro B.1 Critérios de identidade para a resistência à compressão NP EN 206-1 Número n de resultados de ensaio da resistência à compressão do volume de betão em causa Critério 1 Critério 2 Média de n resultados (f cm ) Qualquer resultado individual (f ci ) 1 Não aplicável f ck - 4 2-4 f ck + 1 f ck - 4 5-6 f ck + 2 f ck - 4 Quando da inspecção inicial: - se forem recolhidas 3 amostras de um mesmo betão, aplicam-se os critérios estabelecidos para n=3; Pág 5 de 11
- se forem recolhidas 2 amostras do um mesmo betão e uma amostra de outro betão, aplicam-se aos resultados das primeiras os critérios estabelecidos para n=2 e ao segundo os critérios estabelecidos para n=1; - se forem recolhidas 3 amostras de betões distintos, aplicam-se a cada um dos resultados os critérios estabelecidos para n=1. Além dos critérios de identidade, a EIC aplica as seguintes condições aos resultados dos ensaios efectuados sobre as amostras recolhidas: a) No caso de o resultado do ensaio ser inferior à resistência característica (f ck ) do betão ensaiado, devem ser efectuados três amostras nos três meses seguintes (uma por mês). b) No caso de o resultado do ensaio ser inferior à resistência característica do betão ensaiado em mais de 4 MPa, (f ck 4), deve ser efectuada uma inspecção extraordinária no decorrer da qual deve ser igualmente recolhida uma amostra. c) No caso de surgirem dois resultados consecutivos abaixo de (f ck 4), a certificação do controlo da produção deve ser suspensa. No caso de o produtor pretender readquirir a certificação, então deve ser reiniciado o processo de certificação. 6 Certificados de Conformidade Os certificados de conformidade emitidos pela EIC estão de acordo com a NP EN 45011 e os seguintes termos: - Titular da Certificação (Empresa), emitido por cada central de produção; - Identificação da central de produção; - Data da emissão; - Termo de validade, com indicação expressa do modo de confirmação da validade do mesmo a cada instante; - Referência à norma aplicável: NP EN 206-1; - Referência ao Decreto-Lei aplicável. 7 Dimensionamento das Auditorias/Inspecções As auditorias/inspecções a realizar pela EIC no âmbito da certificação de acordo com a NP EN 206-1, devem ser planeadas de acordo com os seguintes requisitos mínimos: a) 1 dia de auditoria por cada central de produção (quer para a inspecção inicial quer para as inspecções de rotina); b) no caso do laboratório do produtor não estar acreditado, deve ser considerado, pelo menos, um aumento de 0,5 dia de auditoria, anualmente (para as inspecções de rotina); c) como factor de redução da duração das auditorias/inspecções a realizar, podem ser considerados os seguintes casos: c1) A mesma entidade dispor de mais do que uma central de produção, existindo um único sistema de controlo de produção que pode ser auditado centralmente num único local da entidade. Neste caso o organismo de certificação poderá realizar auditorias/inspecções (inicial e de rotina) com a duração de 0,5 dia por cada central adicional; Pág 6 de 11
c2) A entidade e respectiva(s) central(ais) de produção possuem certificação acreditada para o seu sistema de gestão da qualidade, pela norma NP EN ISO 9001. Neste caso o organismo de certificação poderá realizar auditorias/ inspecções (inicial e de rotina) com a duração de 0,5 dia por central. No caso de concessão da certificação, a inspecção inicial à central de produção apenas poderá beneficiar desta redução no caso das constatações da auditoria NP EN ISO 9001 estarem encerradas. A certificação é concedida central de produção a central de produção, sendo entendido como uma extensão da certificação, quando uma determinada empresa com centrais certificadas decida incluir no âmbito de certificação outra central de produção. Neste caso devem ser consideradas duas situações diferentes: a) a empresa tem um controlo de produção único que implementa em todas as suas centrais; b) o controlo de produção é diferente de central para central. Em qualquer dos casos, a nova central terá de ter uma inspecção inicial previamente à extensão da certificação, com a duração mínima de 1 dia de auditoria, podendo no entanto ser considerado como factor de redução o descrito no ponto 7 alínea c2). Não será entendido com uma extensão da certificação, a movimentação de centrais de produção, onde se verifique que há alteração dos seguintes aspectos: - Matérias-primas, - Equipamentos; - Pessoas. Nestes casos, as empresas devem avisar atempadamente a EIC, para que esta possa ajustar o seu programa de inspecções anuais de modo a confirmar a manutenção das condições, incluindo a calibração dos equipamentos. Pág 7 de 11