ONDE E COMO MORAR: A QUITINETE COMO OPÇÃO DE MORADIA DOS ESTUDANTES DA UNESP NA CIDADE DE RIO CLARO/SP.

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Transcrição:

ONDE E COMO MORAR: A QUITINETE COMO OPÇÃO DE MORADIA DOS ESTUDANTES DA UNESP NA CIDADE DE RIO CLARO/SP. Leticia Severina DE QUADROS 1. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Rio Claro (SP). Silvia Aparecida Guarnieri ORTIGOZA 2. Professora Adjunta do Instituto de Geociências e Ciências Exatas(IGCE) Campus de Rio Claro/SP Brasil. 1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS A presente pesquisa tem como objetivo central analisar a demanda de habitações do tipo quitinete nos bairros: Bela Vista, Vila Indaiá, Vila Alemã e Vila Nova na cidade de Rio Claro/SP. Este estudo será fundamental para a compreensão do uso e ocupação desses espaços, verificando se ouve ou não uma expansão desse tipo de moradia. Pretende-se ainda identificar quais são os agentes e produtos, e as conexões entre estes com o espaço urbano e seus efeitos para a sociedade local, destacando o período atual. Verificar-se-ão os fatores que levam estudantes universitários a optarem por esse tipo de moradia e ainda, refletir sobre a produção do lugar na área urbana a partir do consumo da habitação. A ausência de pesquisa sobre essa temática na cidade de Rio Claro/SP, torna o presente projeto oportuno e fundamental para a compreensão dessa dinâmica da paisagem urbana. Dessa forma a problemática dessa pesquisa remete a analise dos agentes imobiliários urbanos que passam a produzir habitações na cidade, tanto para aumentar a oferta despertando o consumo da sociedade, quanto para atender a demanda já existente. A produção do espaço urbano no território brasileiro está condicionada a produção de imóveis como formas, cuja função, estruturas e processos resultam no consumo destes bens como propriedades de domínio individual. Em relação à valorização da terra urbana para o consumo, BARBOSA (2012, p. 54) salienta: [...] A terra sempre ocupou uma posição de destaque na economia brasileira em relação a sua capacidade de incrementar o processo de acumulação. Com o avanço do capitalismo, este potencial de incremento assumiu um caráter mais amplo, e fundiu-se ao capital para fins imobiliários.

Esta valorização do espaço geográfico ocorreu mediante intervenção e exercício de poder do Estado cuja preocupação deu-se no âmbito da democratização do direito a habitação apenas de modo legal. A produção do espaço e a valorização do solo nos espaços urbanos, desde o contexto habitacional como industrial e comercial, em geral, faz com que o espaço tenha conotações e valores diferenciados para os cidadãos. Em relação às dinâmicas sócio-espaciais, ORTIGOZA (2001, p. 173) salienta: [...] A luta que se trava no lugar, entre o local e o global, é uma luta histórica e de classes. E nesta luta a sociedade se destaca, já que é ela, através de suas relações no espaço, que reproduz os lugares. Há existência de ações espontâneas, que não foram totalmente capturadas pela programação global e merecem ser investigadas. Todas essas questões servirão de base reflexiva para a compreensão do nosso objeto de estudo. Muitas outras reflexões teóricas serão incorporadas no decorrer da pesquisa. 2. MÉTODOS A metodologia utilizada é proveniente do arcabouço teórico-metodológico da Geografia Urbana, analisando as interações sociais com o espaço. Como procedimento para a realização do estudo, está sendo realizado levantamento bibliográfico sobre as diferentes pesquisa já realizada e de trabalhos publicados sobre essa temática. Esse levantamento abrangerá artigos científicos, teses, compêndios e livros. Essa etapa é importante para a ampliação dos conhecimentos sobre o assunto, e servirá como base para o desenvolvimento da referida pesquisa. Posteriormente, será realizada uma consulta junto à Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento e Meio Ambiente (Sepladema) do município de Rio Claro/SP, e na Secretaria de Habitação buscando dados relativos a esse tipo de habitação. Essas informações complementarão o trabalho de campo para a coleta sistemática de dados e de material fotográfico para a construção de um acervo sobre as quitinetes. Serão elaborados e aplicados questionários com os moradores das quitinetes, com gestores públicos e agentes imobiliários. Ressalta-se que a pesquisa será desenvolvida no Laboratório de Estudos Territoriais - Departamento de Geografia Unesp Rio Claro/SP. Por fim, será realizada a espacialização desse tipo de moradia, no entorno do campus da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. 3. RESULTADOS ESPERADOS Por meio da presente pesquisa pretende-se obter como resultado um quadro geral da quantidade de quitinetes existente nos referidos bairros. Assim, será possível analisar a oferta desse tipo de moradia, verificando a provável expansão dessas no entorno da Unesp,

Campus de Rio Claro/SP. De posse de tais dados será possível verificar a distribuição espacial dessas moradias. Outro resultado esperado é, por meio de entrevistas com moradores, verificar o motivo da escolha de residir em quitinetes. Este estudo pode, também, auxiliar na elaboração de politicas públicas e regulação do mercado imobiliário. O modo de observar e refletir sobre a quitinete como forma de habitação proposto neste projeto de pesquisa, nos levará a questionar as várias intenções e visões das empresas, o papel do Estado, e, também, quais os apelos de consumo que a sociedade esta sujeita nesta dinâmica urbana. O espaço geográfico é usado e modificado a partir de sistemas de ações da sociedade, que com o avançar dos processos de globalização se torna cada vez mais dinâmico e contraditório. O espaço está em constante transformação obedecendo às direções dos elementos internos e externos que o constituem. Cada elemento do espaço é criado de forma única, bem como as relações que se estabelecem entre os vários componentes. Criase assim, estruturas próprias que conduzem a formação de processos econômicos e políticos que podem provocar alterações nos processos de produção do espaço e organização social. Existem grandes transformações no consumo do espaço urbano brasileiro, que são originadas através do desenvolvimento da economia mundial, nacional e municipal. Essas influenciam diretamente o modo de vida das pessoas, através de sua vida social, política, cultural e econômica. A construção da cidade como espaço concreto está vinculada ao Estado, ao mercado e a demanda da sociedade civil por moradias. Assim, nossa sociedade e o espaço são transformados em mercadoria. O espaço de moradia passa a ser produzido e reproduzido para atender as necessidades criadas, muitas vezes, com o a intenção de oferecer status social, privacidade e segurança. Nesse sentido, a habitação ocorre por a aquisição ou locação, ou seja, existe um consumo desse espaço que se dá de acordo, muitas vezes, com a distribuição de renda da população. Nessa perspectiva, PINTAUDI (1984, p. 46) compreende a habitação como: [...] a expressão espacial de uma divisão social, que é dada pelas relações sociais que se estabelecem no processo produtivo. Mas, além disso, existe a estratificação: não podemos esquecer de que nas sociedades capitalistas o acesso à terra e à habitação se dá mediante a compra e, sendo assim, os indivíduos consomem o lugar, a habitação de acordo com suas necessidades e rendimentos disponíveis para o consumo, que são definidos socialmente, ou seja, de acordo com a sua participação na distribuição da produção. (grifo nosso). Dessa forma, o processo de produção da habitação no espaço urbano é determinada por agentes públicos e privados que modificam sua estrutura e produzem habitações para aluguel, venda e financiamento, e assim, a sociedade de classes tem suas necessidades vinculadas ao valor de uso do solo para fins de habitação. Nesse sentido, LEFÉBVRE (1991, p. 89-91) salienta que:

[...] A habitação que é uma necessidade ao se tornar um objeto dominado pela técnica torna-se objeto de desejo mercadoria - e como tal rentável. E sua legitimação social acontece no ato do consumo, mediante a satisfação ou a insatisfação deste desejo. Na cidade, a residência é um bem individual que mostra a visão do mundo das pessoas que vivem naquele espaço. Assim, o bairro se torna uma demonstração de uma determinada classe social e suas utopias, moldando os interesses individuais e não coletivos como precisaria ser na sociedade urbana. Em relação ao crescimento de habitações em áreas urbanas, BARBOSA (2012, p.11) afirma que: [...] O Sistema Habitacional Brasileiro vem sofrendo mudanças significativas nas últimas décadas, que são o resultado de uma luta histórica pela terra e também das transformações no Plano Nacional de Habitação, que além de estar correlacionado ao mercado financeiro é também um provedor de grandes investimentos no setor imobiliário. Desta forma, os agentes privados, como as grandes construtoras, em conjunto com o Estado são os grandes responsáveis pela forma de habitação das cidades, e acabam direcionando como o espaço urbano será ocupado no contexto residencial. Nesse sentido, BARBOSA (2012, p.12) salienta: [...] O crescimento da economia brasileira a partir do dia 1º de julho de 1994, com o início do Plano Real abriu um vasto campo para a produção e o consumo da moradia, principalmente nas médias e grandes cidades do país. Sendo assim, a produção da cidade se contrapõe, muitas vezes, aos domínios dos espaços públicos e privados, e as novas formas de habitações podem nos revelar mudanças na sociabilidade urbana e nos mostrar a transformação da habitação em mercadoria, verificando assim a ideia de consumo do espaço. A construção de moradias, como casas, condomínios horizontais ou verticais, está sujeita à ação do Estado, pois precisa de autorização para edificação, e às vezes para o financiamento da obra. Assim, a produção do espaço para o setor de construção é feito através da valorização e desvalorização de áreas desde o centro até a periferia das cidades. Desse modo, vão construindo e comercializando como mercadorias seus empreendimentos. Nesse sentido ORTIGOZA; CRIONI (2008, p.12) salientam: [...] Essa produção do mundo da mercadoria invade relações sócios espaciais e, desse modo, o espaço urbano torna-se crescentemente a forma mais visível, material; ou seja, a resposta imediata dessa valorização do espaço. A cidade se fragmenta, e cada uma de suas parcelas é tratada dentro de um grande mercado de terras como mera mercadoria. Entretanto, essas parcelas do espaço urbano não são valorizadas de modo homogêneo. Diante do exposto a pesquisa empírica a ser realizada, conjugada com todo esse respaldo teórico poderá dar as condições necessárias para compreender a demanda de habitações do tipo quitinetes em Rio Claro/SP.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo como preocupação central analisar as opções de onde e como morar, essa pesquisa terá como foco os estudantes da UNESP/Rio Claro/SP procurando compreender o papel das quitinetes nos bairros: Bela Vista, Vila Indaiá, Vila Nova e Vila Alemã, no contexto social e urbano. Esta pesquisa ainda nos remete a compreensão da produção e reprodução de espaços destinados a moradias, levando em conta a participação ativa dos agentes locais, que colaboram em grande parte para um desenvolvimento local - desigual. Desta forma, os agentes privados produzem e reproduzem espaços destinados à habitação, e integrando-se ao Estado e as instituições, favorecendo a acumulação do capital imobiliário. 5. AGRADECIMENTOS Agradeço a Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus de Rio Claro/SP, pela excelente infraestrutura e por sua equipe de funcionários, que sempre nos auxiliam, aos professores do Departamento de Geografia e do Departamento de Planejamento Territorial e Geoprocessamento, pela grande contribuição em nossa formação, em especial a Prof.ª Dr.ª Silvia Aparecida Guarnieri Ortigoza, pelas suas orientações e sugestões no decorrer dessa pesquisa. 6. REFERÊNCIAS BARBOSA, L. A. A Produção E O Consumo Do Espaço Da Habitação No Setor Imobiliário Em Limeira-SP. Tese (Programa de Pós-Graduação em Geografia Área de concentração e organização do espaço) Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus de Rio Claro/SP. 2012. LEFEBVRE, H. O Pensamento Marxista e a cidade. Portugal: Editora Ulisseia, 1972. ORTIGOZA, S. A. G. O tempo e o espaço da alimentação, no centro da metrópole paulista. Tese de Doutorado Tese (Programa de Pós-Graduação em Geografia Área de concentração e Organização do Espaço) Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus de Rio Claro/SP. 2000. ORTIGOZA, S. A. G.; CRIONI, R. A bolha especulativa e a produção residencial nos Estados Unidos. Florianópolis: Revista Geosul. vol. 23, nº 45. 2008.

PINTAUDI, S. M. O Lugar do Supermercado na Cidade na Cidade Capitalista. São Paulo. GEOGRAFIA, out. 1984. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BARATA SALGUEIRO, T. B. Novos produtos imobiliários e reestruturação urbana. Revista Finisterra. Lisboa, XXIX, nº 57, 1994. BAUDRILLARD, J. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 1991. BENKO, G. Economia, Espaço e Globalização na aurora do século XXI. São Paulo, Hucitec, 1996. BOTELHO, A. O urbano em fragmentos: a produção do espaço e da moradia pelas práticas do setor imobiliário. São Paulo: Annablume, Fapesp, 2007. CAMPOS FILHO, C. M. Cidades Brasileiras: seu controle ou o caos. 4ª edição. São Paulo: Studio Nobel,, 2001. CORRÊA, R.L. O Espaço Urbano, 3a. edição, n.174. São Paulo: Editora Ática, Série Princípios, 1995. COSTA, R. A. DA. Concreto, aço e sonhos. São Paulo: Ed. Do autor. 1987. FIORANTI, C; RESENDE. A. C. F. A prática nos processos e registros de incorporação imobiliária instituição de condomínio e loteamentos urbanos. São Paulo: Julex, 1993. HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablumme, 2005. HARVEY, D. Condição Pós-Moderna : uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 6 ed. São Paulo: Loyola, 1996. MARICATTO, E. Habitação e cidade. São Paulo: Atual, 1997. MENDES, E. D.; VIANA, T. C. Os condomínios fechados: uma questão de segurança ou estilo de vida. 2009. RIBEIRO, L. C. de Q. Dos cortiços aos condomínios fechados: as formas de produção da moradia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira: IPPUR, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997. RODRIGUES, A. M. Produção e consumo do e no espaço: problemática ambiental urbana: São Paulo: Hucitec, 1998. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo: Razão e Emoção. São Paulo: Editora Edusp, 2008.

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