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CAPÍTULO II TRATAMENTO TRIBUTÁRIO APLICÁVEL

Transcrição:

APELANTE APELADO ADV/PROC ORIGEM RELATOR : FAZENDA NACIONAL : MDS COMÉRCIO DE CALÇADOS LTDA EPP : ANDERSON ARAÚJO GALLIZA E OUTROS : 8ª VARA FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE : DESEMBARGADOR FEDERAL MARCOS MAIRTON DA SILVA (Convocado) E M E N T A TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE RECOLHIMENTO INDEVIDO DE TRIBUTOS FEDERAIS PELO REGIME DO LUCRO PRESUMIDO. POSSIBILIDADE DE COMPENSAR COM DÍVIDAS DO SIMPLES NACIONAL. 1. Cuida-se de apelação e remessa obrigatória de sentença concessiva de segurança, para assegurar ao impetrante o direito a compensar os valores indevidamente recolhidos a título de tributos federais (no caso, PIS, COFINS, CSLL, IRPJ e contribuições previdenciárias), apurados com base no lucro presumido, com dívidas relativas ao Simples Nacional. 2. No caso, o impetrante, supondo estar excluído do regime previsto pela Lei Complementar 123/2006, e julgando mais vantajosa a tributação com base na apuração do lucro presumido, efetuou nestes moldes o recolhimento dos tributos federais acima elencados, no período de julho a dezembro de 2007. Posteriormente, verificando não ter sido efetivada a sua exclusão do citado regime simplificado, o contribuinte buscou compensar o crédito decorrente do recolhimento indevido com sua dívida relativa ao Simples Nacional. 3. O fato de o referido sistema de tributação simplificada previsto pela Lei Complementar 123/2006 unificar a arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais não impede a compensação do crédito decorrente de pagamento indevido de exações federais. Isso porque, ao regular o direito à compensação tributária, a Lei 9430/96, em seu art. 74, autorizou a utilização dos créditos apurados de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal para compensar débitos próprios de quaisquer tributos administrados por aquele órgão fazendário e, entre as vedações previstas para a dita compensação, não se verifica qualquer menção aos tributos tratados nestes autos. 4. E não se diga que o 9º do art. 21 da Lei Complementar 123/2006, acrescido pela Lei Complementar 139/2011, representa vedação expressa à compensação buscada nestes autos, uma vez que o dito dispositivo legal não vigorava na época do ajuizamento da presente ação mandamental e, conforme já firmado pelo eg. Superior Tribunal de Justiça, deve ser aplicado à compensação o regime jurídico vigente no momento do encontro de contas, contudo, uma vez proposta demanda judicial, o julgamento desta deve ter como referência a lei vigente no momento do ajuizamento da ação (REsp 1.164.452/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJe 02/09/2010; REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 01/02/2010 - recursos repetitivos e AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1302828/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 22/05/2013). 5. Nos termos da Lei Complementar 123/2006, o Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado diretamente ao Ministério da Fazenda, presidido e coordenado por representante da União, regulamenta a cobrança, a arrecadação e a fiscalização dos 1

créditos relacionados ao referido sistema simplificado de tributação. Assim, a gestão do Simples Nacional fica sob a responsabilidade da Secretaria da Receita Federal, o que vem a viabilizar a compensação pleiteada pelo impetrante. 6. A despeito de o Simples Nacional abranger também tributos estaduais e municipais isso não representa óbice à compensação dos impostos e contribuições sociais federais indevidamente pagos pelo contribuinte com as dívidas do Simples atinentes aos tributos, também federais, administrados pela Secretaria da Receita Federal, montante este facilmente apurável, em face da tabela de partilha de tributos prevista na Lei Complementar 123/2006. Apelação e remessa obrigatória não providas. A C Ó R D Ã O Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Primeira Turma do egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e à remessa obrigatória, nos termos do relatório e voto constantes dos autos, que integram o presente julgado. Recife, 06 de fevereiro de 2014 (data do julgamento). MARCOS MAIRTON DA SILVA, Relator (Convocado). 2

R E L A T Ó R I O O Desembargador Federal MARCOS MAIRTON DA SILVA (Convocado): Trata-se de apelação e remessa obrigatória de sentença concessiva de segurança, no sentido de garantir ao impetrante o direito à compensação dos débitos gerados no regime do Simples Nacional com créditos decorrentes de pagamento indevido de tributos federais (PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e contribuições previdenciárias) efetuado com base no lucro presumido, no período de julho a dezembro de 2007, corrigidos pela taxa Selic, excluída a cumulação com qualquer outro índice a título de juros ou correção monetária. Nas suas razões recursais, a Fazenda Nacional invoca a ausência de amparo legal à pretensão do impetrante, porquanto o fato de ter o contribuinte recolhido indevidamente os citados tributos com base na apuração do lucro presumido lhe dá o direito à repetição do indébito, jamais à compensação com débitos do Simples Nacional, que abriga dívidas compartilhadas com outras unidades federativas. Contrarrazões às fls. 323/332. Conclusos, vieram-me os autos para julgamento. RELATEI. 3

4

V O T O O Desembargador Federal MARCOS MAIRTON DA SILVA (Convocado): A situação a ser enfrentada versa sobre a possibilidade de compensação de valores recolhidos a título de tributos federais (no caso, PIS, COFINS, CSLL, IRPJ e contribuições previdenciárias), apurados com base no lucro presumido, com dívidas relativas ao Simples Nacional. No caso, o impetrante, supondo estar excluído do regime previsto pela Lei Complementar 123/2006 (Simples Nacional), e julgando mais vantajosa a tributação com base na apuração do lucro presumido, efetuou nestes moldes o recolhimento dos tributos federais acima elencados, no período de julho a dezembro de 2007. Posteriormente, verificando não ter sido efetivada a sua exclusão do citado regime simplificado, o contribuinte buscou compensar o crédito decorrente do recolhimento indevido com sua dívida relativa ao Simples Nacional. Sem obter êxito na seara administrativa, impetrou a presente ação mandamental. Entendo acertada a decisão proferida no Primeiro Grau ao assegurar o direito do contribuinte à compensação pleiteada. Eis os fundamentos adotados na sentença, aos quais me acosto em sua integralidade: "PRELIMINAR - DECADÊNCIA Alega-se, como prejudicial de mérito, a decadência do direito de pleitear tutela jurisdicional através da ação de Mandado de Segurança, por terem decorridos mais de 120 (cento e vinte) dias da ciência do ato vergastado. Sabe-se, de fato, que o direito de se impetrar mandado de segurança "extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado." No caso dos autos, contudo, a União/Fazenda Nacional não conseguiu desconstituir a presunção de veracidade que recai sobre o documento de fl. 145. Exsurgindo este como a única prova documental a indicar, ainda que indireta ou indiciariamente, a data da ciência do ato atacado e, por conseguinte, de início do prazo decadencial. Assim, levando em consideração a data ali impressa (27.07.2010), percebe-se não ter ocorrido a decadência, já que o presente mandamus foi protocolado em 12.08.2010, isto é, somente 16 (dezesseis) dias depois. Rejeito, pois, a prejudicial de mérito. PRELIMINAR - INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA Argui ainda a parte impetrada a preliminar de inadequação da via processual eleita, sob o fundamento de inexistência de direito líquido e certo. 5

A presente preliminar confunde-se com o próprio mérito da lide, razão pela qual a este título merece ser analisada. PRELIMINAR - FALTA DE INTERESSE DE AGIR Deixa-se de apreciar a vertente preliminar já que a autoridade impetrada limitase a tecer considerações doutrinárias sobre o tema sem apontar qualquer motivo para a suposta falta de interesse processual da parte requerente. MÉRITO Preambularmente, antes de adentrarmos propriamente na análise do mérito da lide veiculada nos autos do presente Mandado de Segurança, convém tecermos algumas considerações acerca das regras jurídicas que disciplinam entre nós a compensação tributária. O Código Tributário Nacional - CTN reza em seu art. 170 que "a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." A Lei nº 8.383/91, por sua vez, regulamentou os requisitos e o procedimento a serem observados na compensação de tributos federais recolhidos indevidamente. Transcrevo, a seguir, o disposto no art. 66 daquele diploma legal, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 9.069/99: Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação, ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. 1º. A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. Posteriormente, houve a edição da Lei nº 9.250/95, ratificando a necessidade de identidade das espécies tributárias a serem compensadas, acrescentando o requisito de possuírem, ainda, a mesma destinação constitucional. Veja-se: Art. 39. A compensação de que trata o art. 66 da Lei 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 58 da Lei 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importância correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais 6

de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. Entretanto, a legislação de regência sofreu alteração da edição da Medida Provisória nº 66, de 29.08.2002, convertida na Lei nº 10.637/02, que trouxe significativas modificações ao art. 74, 1º e 2º, da Lei nº 9.430/96, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). 1º. A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). 2º. A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Destarte, conforme legislação atualmente em vigor, é plenamente possível a compensação de créditos e débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mesmo que de espécies distintas. Pois bem, NO PRESENTE CASO, a controvérsia cinge-se em saber se é juridicamente possível a compensação dos valores pagos indevidamente a título de lucro presumido, no período de Julho a Dezembro de 2007, com o quantum devido referente ao regime do Simples Nacional no mesmo período. Frise-se que a discussão não se adentra no mérito administrativo da decisão que indeferiu o pedido de exclusão da impetrante do Simples Nacional, relativo ao 2º semestre de 2007, exarada no processo administrativo nº 13433.000704/2008-08 (fl. 112/117). A negativa por parte do impetrado, no que tange à não possibilidade de compensação nos termos requeridos, fundamenta-se na Instrução Normativa nº 900/08 da Receita Federal do Brasil - RFB, que disciplina a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo administrado pela própria RFB. Para o caso concreto, utilizou-se da regra prevista no art. 34, 3º, XV, do referido ato normativo, in verbis: 7

Art. 34. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 44 a 48, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. 3º Não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no 1º: XV - os tributos apurados na forma do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123, de 2006; A razão por traz desta vedação seria o fato de o sistema de tributação simplificada no Simples Nacional unificar a arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais, de modo que não seria possível compensar débitos deste com créditos resultantes de pagamentos indevidos de exações federais, como, no exemplo dos autos, as recolhidas a título de lucro presumido. Ocorre que, não obstante a aparente lógica deste raciocínio, outra deve ser a solução à vista das disposições legais que regem a matéria. É que, como explanado acima, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/96, o que interessa para fins de verificação da possibilidade jurídica da utilização de crédito resultante de repetição de indébito de tributo federal em compensação tributária é que o débito a ser compensado também seja administrado pela Secretaria Receita Federal do Brasil. Pois bem, partindo deste pressuposto, é importante saber que, em 05 de Dezembro de 1996, entrou em vigor a Lei nº 9.317, que dispunha sobre o regime tributário das microempresas e das empresas de pequeno porte, além de instituir o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES. Esse regime de tributação era conhecido como SIMPLES FEDERAL, em razão de sua abrangência se dar apenas com relação aos tributos federais. De acordo com seu art. 17, competia à Secretaria da Receita Federal as atividades de arrecadação, cobrança, fiscalização e tributação dos impostos e contribuições pagos de conformidade com este sistema. 8

Já em 14 de Dezembro de 2006 passou a vigorar a Lei Complementar nº 123 que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Tal norma revogou expressamente a Lei nº 9.317/96, criando em seu lugar o hoje conhecido SIMPLES NACIONAL. O novo sistema de tributação simplificada, como o nome está a indicar, passou a abranger a arrecadação conjunta dos tributos de todos os entes federados, e não mais apenas da União, como o era na vigência do SIMPLES FEDERAL. Para a administração do novo regime, a LC nº 123/06, diferentemente do que previa a Lei nº 9.317/96, estabeleceu uma divisão de atribuições para todos os Entes Federados, criando Instâncias Administrativas. Seu art. 2º assim dispõe: Art. 2º O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas: I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4 (quatro) representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos Estados e do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e 1º Os Comitês de que tratam os incisos I e III do caput deste artigo serão presididos e coordenados por representantes da União. 6º Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção, exclusão, tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta Lei Complementar. Da leitura dos dispositivos legais transcritos, percebe-se ser o Comitê Gestor do SIMPLES NACIONAL vinculado diretamente ao Ministério da Fazenda, que, por sua vez, nada mais é do que órgão despersonalizado da União, especializado para tratar, dentre outras, da matéria tributária de interesse federal. Vislumbra-se também ser o Comitê Gestor o órgão que regulamenta a cobrança, arrecadação e fiscalização dos créditos relacionados ao SIMPLES NACIONAL. Atente-se também para o fato do citado órgão ser presidido e coordenado pelos representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Já o art. 25 da mencionada lei dispõe sobre a atribuição da Secretaria da Receita Federal do Brasil em receber a declaração única e simplificada de informações no âmbito do SIMPLES NACIONAL. Ao passo que seu art. 33 lhe atribui, 9

prioritariamente, a competência para fiscalizar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes sujeitos a este regime. Vejamos: Art. 25. As microempresas e empresas de pequeno porte optantes do Simples Nacional apresentarão, anualmente, à Secretaria da Receita Federal declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais, que deverão ser disponibilizadas aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observados prazo e modelo aprovados pelo Comitê Gestor. Art. 33. A competência para fiscalizar o cumprimento das obrigações principais e acessórias relativas ao Simples Nacional e para verificar a ocorrência das hipóteses previstas no art. 29 desta Lei Complementar é da Secretaria da Receita Federal e das Secretarias de Fazenda ou de Finanças do Estado ou do Distrito Federal, segundo a localização do estabelecimento, e, tratando-se de prestação de serviços incluídos na competência tributária municipal, a competência será também do respectivo Município. Outrossim, guardando harmonia com as prescrições legais já citadas, o art. 41 daquela lei assevera que as demandas judiciais que veiculem lide relacionada ao SIMPLES NACIONAL serão propostas contra a União, a qual será representada judicialmente pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Litteris: Art. 41. Os processos relativos a impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional serão ajuizados em face da União, que será representada em juízo pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto no 5o deste artigo. POR TODO O EXPOSTO, podemos concluir que, a despeito de o regime de arrecadação simplificada e unificada do SIMPLES NACIONAL abranger tributos de competência federal, estadual e municipal, sua gestão, inclusive no que toca à regulamentação, fiscalização e arrecadação, fica a cargo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como órgão da União. Assim sendo, tem-se como satisfeito o requisito previsto no art. 74 da Lei nº 9.430/96, pelo que, consequentemente, é cabível a compensação pretendida pelo impetrante. No mesmo sentido é jurisprudência do nosso Eg. Tribunal Regional Federal da 5ª Região, como se observa dos seguintes arestos, que, não obstante tratarem do SIMPLES FEDERAL, seguem o mesmo raciocínio desenvolvido nesta fundamentação, in verbis: " 1. Encontrando-se a autora sob o regime tributário simplificado - SIMPLES, as contribuições previdenciárias recolhidas, equivocadamente, no regime de lucro presumido em percentuais superiores aos efetivamente 10

devidos, segundo a jurisprudência pacífica, poderão ser compensadas. 5. Os valores recolhidos pela autora na sistemática do Lucro Presumido devem ser compensados com os débitos do SIMPLES cobrados pela Receita Federal relativos ao mesmo período, sendo autorizada a restituição/compensação pela autora dos créditos que restarem deste encontro de contas. Precedente do eg. STJ. 6. A compensação autorizada só poderá ser levada a efeito após o trânsito em julgado da sentença, em respeito ao art. 170 do CTN, modificado pela Lei Complementar 104/2001. 7. Correção monetária e incidência de juros de mora, desde o pagamento indevido, com base na Taxa SELIC. 9. Apelação da Fazenda Nacional improvida." (TRF-5. AC 200481000089838, 2ª Turma, Rel. Des. FRANCISCO BARROS DIAS, DJ: 22/06/2009). " 3. Sobre o mérito, restou comprovado de forma incontroversa nos autos que o autor efetuou o pagamento pelo SIMPLES, ainda que equivocadamente, o que gerou a inclusão em dívida ativa do débito em comento, eis que aquele haveria de ser feito com base no lucro presumido. 4. Direito à compensação do valor pago a título de SIMPLES que resta reconhecido, de sorte a ser reduzido o valor que está sendo cobrado do Apelado. 5. Apelo conhecido, mas desprovido." (TRF-5. AC 200582020010146, 2ª Turma, Rel. Des. FRANCISCO BARROS DIAS, DJ: 26/11/2009). Consigne-se, por fim, ser direito do contribuinte a compensação de tributos e/ou contribuições sociais pagos indevidamente ou a maior, autorizando-a o art. 170 do Código Tributário Nacional em relação a "créditos líquidos e certos". Ao Judiciário, assim, compete apenas declarar a compensabilidade, devendo o procedimento correspondente ser feito diretamente na via administrativa." Ora, havendo crédito decorrente do recolhimento de PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e contribuições previdenciárias com base no lucro presumido, assiste ao contribuinte o direito de compensar o dito crédito com as dívidas atinentes ao Simples Nacional, relativas aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O fato de o referido sistema de tributação simplificada previsto pela Lei Complementar 123/2006 unificar a arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais não impede a compensação do crédito decorrente de pagamento indevido de exações federais. Isso porque, ao regular o direito à compensação tributária, a Lei

9430/96, em seu art. 74 1, autorizou a utilização dos créditos apurados de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal para compensar débitos próprios de quaisquer tributos administrados por aquele órgão fazendário e, entre as vedações previstas para a dita compensação, não se verifica qualquer menção aos tributos tratados nestes autos. E não se diga que o 9º do art. 21 da Lei Complementar 123/2006 2, acrescido pela Lei Complementar 139/2011, representa vedação expressa à compensação buscada nestes autos, uma vez que o dito dispositivo legal não vigorava na época do ajuizamento da presente ação mandamental e, conforme já firmado pelo eg. Superior Tribunal de Justiça, deve ser aplicado à compensação o regime jurídico vigente no momento do encontro de contas, contudo, uma vez proposta demanda judicial, o julgamento desta deve ter como referência a lei vigente no momento do ajuizamento da ação (REsp 1.164.452/MG, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, DJe 02/09/2010; REsp 1.137.738/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 01/02/2010 - recursos repetitivos e AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1302828/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 22/05/2013). Nos termos da Lei Complementar 123/2006, o Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado diretamente ao Ministério da Fazenda, presidido e coordenado por representante da União, regulamenta a cobrança, a arrecadação e a fiscalização dos créditos relacionados ao dito sistema simplificado de tributação. Assim, a gestão do Simples Nacional fica sob a responsabilidade da Secretaria da Receita Federal, o que vem a viabilizar a compensação pleiteada pelo impetrante. A despeito de o Simples Nacional abranger também tributos estaduais e municipais isso não representa óbice à compensação dos tributos federais indevidamente pagos pelo contribuinte. Tem o impetrante o direito de compensar seus 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 3 o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no 1 o : I - o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; II - os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. III - os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; IV - o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal - SRF; V - o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e VI - o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal - SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. 2 9 o É vedado o aproveitamento de créditos não apurados no Simples Nacional, inclusive de natureza não tributária, para extinção de débitos do Simples Nacional. 12

créditos decorrentes do recolhimento, pelo regime do lucro presumido, de PIS, COFINS, IRPJ, CSLL e contribuições previdenciárias com suas dívidas do Simples atinentes aos tributos, também federais, administrados pela Secretaria da Receita Federal, montante este facilmente apurável, em face da tabela de partilha de tributos prevista na Lei Complementar 123/2006. Nesse sentido, trago à colação o seguinte julgado: TRIBUTÁRIO - FINSOCIAL - EMPRESAS COMERCIAIS E MISTAS - MAJORAÇÃO DA ALÍQUOTA PELAS LEIS NºS 7.689/88, 7.787/89, 7.894/89 E 8.147/90: INCONSTITUCIONALIDADE - EMPRESA OPTANTE DO SIMPLES - COMPENSAÇÃO COM QUAISQUER TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA SRF: POSSIBILIDADE - PRESCRIÇÃO - ENTENDIMENTO DO E. STJ EXPLICITADO NO JULGAMENTO DA ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NOS AUTOS DO ERESP Nº 644.736 E DESTE TRIBUNAL NO JULGAMENTO DA ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NOS AUTOS DA AC Nº 2006.35.02.001515-0/GO - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS -VERBA HONORÁRIA. 7 - No caso específico da segunda Autora (MOLDUNORTE IND. E COM. DE MOLDURAS LTDA), a opção pelo SIMPLES não inviabiliza a compensação tributária. Com efeito, admite-se a compensação com débitos do SIMPLES, limitando-se o aproveitamento do crédito à quitação do montante relativo aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal. 11 - Apelação das Autoras e Remessa Oficial providas, em parte. 12 - Apelação da União Federal (Fazenda Nacional) desprovida. 13 - Sentença parcialmente reformada. (AC 0032110-38.2001.4.01.3400 / DF, Rel. Desembargador Federal Catão Alves, Rel.Conv. Juiz Federal Francisco Renato Codevila Pinheiro Filho (conv.), Sétima Turma, e-djf1 p.168 de 29/05/2009) Ademais, parece-me descabido obrigar o contribuinte a pagar o montante do Simples Nacional devido, nele incluídos os valores atinentes aos tributos federais já recolhidos anteriormente aos cofres da Fazenda Pública Federal, ainda que sob outra sistemática, no caso a do lucro presumido, e submeter a pessoa jurídica credora ao procedimento da repetição de indébito para recuperar tais créditos. Ante o exposto, nego provimento à apelação e à remessa obrigatória. ASSIM VOTO. 13