A cidade operária Nuova Schio, em Schio (Vicenza)

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Transcrição:

A cidade operária Nuova Schio, em Schio (Vicenza) A - Endereço do sítio A zona compreendida entre a"via Maraschin" e o rio Leogra, na proximidade do centro da cidade, à Schio (Vicenza) B - Contacto Arq. Farida Cavedon, Comune di Schio, Servizio Urbanistica, Via Pasini 68,.36015 Schio Tal 0039.0445.691327; correio electrónico farida.cavedon@comune.schio.vi.it C - Breve descrição Originalmente, o bairro foi concebido como uma verdadeira extensão da cidade preexistente, com alojamentos para trabalhadores, técnicos e quadros, bem como com numerosos equipamentos e serviços públicos (escolas, igreja, teatro, jardins,etc.). Em 1890, o Bairro acolhia mais de 1500 habitantes, ou seja, 10% da população da cidade. Durante a reconversão: o Bairro mantem a sua função residencial, como previsto no Plano lançado pelo Município D - Localização A zona fica próxima do centro histórico de Schio, entre o "Fabbrica Alta" e o rio Leogra. A cidade operária Nuova Schio fica em Schio, Vicenza E Datação e arquitectos O bairro foi construído entre 1872 e 1888 pelo empresário Alessandro Rossi, proprietário da fábrica de lanifícios, de acordo com o projecto do arquitecto Antonio Caregaro Negrin. O arquitecto desenhou todos os elementos do projecto, desde o plano geral de construção até aos edifícios. O Plano e o Manual para a salvaguarda e a valorização foram redigidos entre 1987 e 1989 pelo arquitecto Franco Mancuso, com a colaboração de uma equipa de arquitectos de Schio. Os projectos de intervenção que se referem às habitações são feitos por arquitectos ou engenheiros escolhidos pelos proprietários, seguindo as indicações contidas no Manual. F - Tipologia do sítio Bairro de alojamento dos operários com serviços públicos G - Extensão do sítio 1

O bairro ocupa uma superfície de cerca de dois hectares, e compreende não somente serviços públicos, mas também 436 casas, isoladas ou agrupadas de acordo com tipologias em série. H - Composição do sítio O bairro distribui-se sobre uma rede regular de ruas, para as quais dão as casas com jardim, de acordo com as diferentes tipologias previstas no plano do arquitecto Negrin. A igreja fica situada na parte norte e estabelece a fronteira entre o bairro e a cidade. I - Promotores e motivação Em 1987, a Câmara Municipal tomou a iniciativa de fazer o Plano de reabilitação urbana do bairro, com fundamento no reconhecimento da importância do seu valor histórico e cultural, para além da preocupação pelas condições de precariedade que vinham progressivamente a agravar-se. J - Estado da reconversão Nos dias de hoje, já uma boa percentagem de casas foi recuperada seguindo as indicações do Manual, e o processo está em curso. K - Memória do mundo do trabalho As casas operárias, protegidas e bem recuperadas, dão uma ideia das condições de vida dos trabalhadores da fábrica. Na própria fábrica há um arquivo riquíssimo onde se conservam muitos documentos(planos, desenhos, cartas, imagens, etc.) que referem o modo de vida e de pensar dos habitantes do bairro. L - Sucessos e/ou malogros Há vários factores que concorrem para o sucesso da iniciativa: 1. a estrutura de aplicação do Plano que, sob forma de Manual, fornece indicações para as intervenções e não as restrições, apresentando uma boa compreensão do plano e indicações práticas; 2. a acção de sensibilização dos habitantes, durante a fase de elaboração do Plano, implicando inúmeras reuniões que visavam renovar o interesse pela memória e pela história do Bairro; 3. a aquisição da consciência, por parte dos habitantes, do valor do património arquitectural do Bairro, e de que era possível recuperá-lo. M - Custos e Investimentos 2

A reabilitação do Bairro não teve necessidade de utilizar procedimentos específicos da tutela dos edifícios, excepto as previstas pelo Plano Urbanístico do Município e contou apenas com os recursos económicos dos habitantes, investidos caso a caso, na requalificação das suas casas. N - Bibliografia F. MANCUSO, Schio, Nuova Schio e Alessandro Rossi, in Storia Urbana, n. 2, aprile 1977. - F. BARBIERI La Nuova Schio di Alessandro Rossi, in Villaggi operai in Italia: la Val Padana e Crespi d Adda, Torino, Einaudi, 1981. - B. RICATTI TAVONE, Case per gli operai: la Nuova Schio, in "La classe, gli uomini e i partiti", au soin de E. Franzina, Vicenza, Odeon Libri, 1982. - R. MARCHESINI Le società di Alessandro Rossi e il Nuovo Quartiere in Schio, in Schio e Alessandro Rossi, au soin de G. L. Fontana, Roma, Edizioni di Storia e Letteratura, 1985 - Un manuale per Nuova Schio. Piano particolareggiato per la riqualificazione urbanistica ed ambientale del Quartiere operaio Alessandro Rossi, au soin de F. Mancuso, Venezia, Arsenale Editrice, 1990. - R. MARCHESINI, Il Nuovo Quartiere "Alessandro Rossi" a Schio, in "Archeologia industriale nel Veneto" au soin de F. Mancuso, Cinisello Balsamo, Silvana, 1990. - G. L. FONTANA, Tra storia e progetto: il piano Manuale per la riqualificazione urbanistica e ambientale del Quartiere operaio A. Rossi di Schio, in Paesaggi della memoria industriale, au soin de B. Cattaneo, Bergamo, Musei Civici di Lecco, 1996, pp 363-389 O - Autor e data de elaboração da ficha IUAV, Veneza, Fevereiro 2005 Fotografias Fig.1 O triangle de survie 3

Fig.2 Localização Fig.3 Mapa do Bairro (Arch. Antonio Caregaro Negrin 1872) 4

Fig.4 Projecto de duas habitações (A. C. Negrin) 5

Fig.5 Vista aérea do sítio, fim do século XIX (primeiras casas e a «Fabrica Alta») Fig.6 Uma rua, princípio do século XX 6

Fig.7 Capa do«manual» 7

Fig.8 Página do Manual : grades e portões Fig.8 Uma rua depois da recuperação 8