PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* fundacaoba.algodao@aiba.org.br; 4 Embrapa Algodão



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Transcrição:

PRODUTIVIDADE DA MAMONA HÍBRIDA SAVANA EM DIVERSAS POPULACÕES DE PLANTIO NO SUDOESTE DA BAHIA* Gilvan Barbosa Ferreira 1, Ozório Lima de Vasconcelos 2, Murilo Barros Pedrosa 3, Arnaldo Rocha Alencar 4, Antonino Filho Ferreira 2 e Antônio Leandro Pereira Fernandes 2 1 Embrapa Roraima, gilvan@cpafrr.embrapa.br; 2 EBDA, ebdacaet@gni.com.br; 3 Fundação Bahia, fundacaoba.algodao@aiba.org.br; 4 Embrapa Algodão RESUMO - A configuração de plantio adequada para as condições edafoclimáticas locais é uma boa prática agrícola, uma tecnologia de baixo custo que contribui para o aumento da produtividade. Não existe informações sobre o melhor espaçamento e densidade de plantio no Sudoeste da Bahia, onde a mamona anã está sendo introduzida como opção de cultivo para os agricultores que trabalham com algodão. Este trabalho teve por objetivo definir o melhor espaçamento para a cultura. Foram testados os espaçamentos de 0,70m x 0,50m, 1,00m x 0,50m, 1,00m x 1,00m, 1,50m x 0,50m e 1,50m x 1,00m. Esses espaçamentos permitem populações de plantio de 6.667 a 28.571 plantas/ha. O ensaio foi montado em blocos ao acaso com quatro repetições. Os resultados mostraram que a mamoneira reduziu o crescimento em altura com o aumento da população, devido a forte competição por água. A produtividade foi reduzida em populações acima de 13.333 plantas/ha. As melhores configurações de plantio foram 1,50m x 0,50m, 1,50m x 1,00m e 1,00m x 1,00m. INTRODUÇÃO A mamoneira é uma planta de grande plasticidade fenotípica, respondendo fortemente as condições edafoclimáticas e de cultivo. Azevedo et al. (1997, 2001) destacam que a configuração de plantio deve variar conforme o porte da planta (médio/alto e anã), a necessidade de mecanização da lavoura, a existência de culturas em consórcio e, principalmente, a fertilidade do solo. Solos muito férteis ou fortemente adubados tendem a provocar crescimento exuberante nas plantas, retardam o florescimento, provocam o acamamento das plantas, reduzem a eficiência ou impedem a mecanização da lavoura, podendo reduzir a produtividade final por aumentar a fração de carbono da fotossíntese dirigido ao crescimento vegetativo. Plantas muito adensadas, em condições de maior umidade relativa, têm menor ventilação interna na copa e favorecem o ataque de mofo cinzento. Savy Filho (2005) aconselha não se ultrapassar a população de 15.000 plantas/ha, em que a variação de espaçamento entre linhas deve ser de 0,80 a 1,35 m e a distância de plantio da semente na linha de 0,70 a 0,80 m. Alguns híbridos e variedades anãs podem ser cultivados em populações tão elevadas quanto 50.000 plantas/ha, desde que se tenha o controle do fornecimento da água. Configurações de plantio de 1,0m x 1,0m, 1,0m x 0,45m, 0,90m x 0,45m, 0,70m x 0,70m e 1,0m x 0,35m são usadas com

esse tipo de mamoneira. Em condição irrigada, os híbridos americanos podem ser cultivados no espaçamento de 0,70m x 0,20m, com 70.000 plantas/ha e alcançam 4.800 kg/ha em colheita mecanizada nas condições do Texas/EUA. Alguns técnicos têm verificado produtividades de 900 a 1800 kg/ha no plantio de híbridos, no cerrado do Mato Grosso, no espaçamento de 0,90 a 1,00m entre linhas e 0,35 m entre plantas (Rangel et al., 2003). Neste Estado, as produtividades variam com a época de plantio, sendo de 900 a 1800 kg/ha para plantios feitos até 18 de fevereiro; de 600 a 900 kg/ha, até 16 de março; e 360 a 600 kg/ha, para plantios feitos em 24 de março. A execução de ensaios locais para definição da melhor configuração de plantio é um passo tecnológico importante para se adequar o ambiente ao potencial produtivo da cultura. É conveniente, também, que o agricultor adeque o espaçamento aos equipamentos de plantio e colheita disponíveis. Cada genótipo deve ser plantado dentro dos espaçamentos recomendados pelos obtentores, atendendo à disponibilidade de máquinas e implementos na propriedade, até que pesquisas locais definam o melhor arranjamento de plantio. O uso de espaçamento muito adensado pode induzir ao crescimento excessivo das plantas em altura que podem superar os 2,0m, mesmo com variedades anãs e híbridos. Isto é particularmente grave em solos férteis ou bem fertilizados, especialmente se for usado doses excessivas de nitrogênio e houver precipitações elevadas durantes o ciclo da cultura. Por outro lado, o adensamento aumenta a competição por água, reduzindo o crescimento da planta. Se por um lado isto pode promover a produção de um ou dois cachos em plantas de variedades de porte médio, fazendo-a se comportar produtivamente como uma variedade de porte anã, esse estresse hídrico pode matar as plantas de genótipos com porte anão, reduzindo drasticamente a produtividade. Se a área for propícia ao desenvolvimento de Macrophomina, esse estresse hídrico poderá dizimar as plantas da área. O objetivo deste ensaio foi determinar a melhor configuração de plantio para a mamona híbrida Savana, para as condições de solos férteis do Vale do Yuyu, Sudoeste da Bahia. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Estação Experimental Dep. Gercino Coelho, da EBDA, localizado em Palma de Monte Alto-BA, no período de 03 de dezembro de 2005 até 24 de março de 2006. O solo utilizado é classificado como Cambissolo Carbonático, cujas características químicas podem ser vistas na tabela 1. O solo é pobre em fósforo, tem altos teores de matéria orgânica e potássio (Tab. 1). Visando impedir o aparecimento de deficiências nutricionais, aplicou-se uma adubação de 30-50-00 kg/ha de

NPK, sendo aplicado apenas o fósforo (superfosfato triplo) no plantio e o nitrogênio no início do florescimento, usando sulfato de amônio como fonte. Foram testados os espaçamentos de 0,70 m x 0,50 m, 1,00 m x 0,50 m, 1,00 m x 1,00 m, 1,50 m x 0,50 m e 1,50 m x 1,00 m. Esses espaçamentos permitem populações de plantio de 28.571, 20.000, 10.000, 13.333 e 6.667 plantas/ha, respectivamente. Foram utilizadas três sementes/cova, para posterior desbaste e permanência de uma planta/cova. O ensaio foi montado em blocos ao acaso, com quatro repetições. As parcelas tiveram o tamanho de 9,00 x 5,00 ou 45,00 m 2, sendo coletadas as quatro fileiras centrais como parcela útil, nos tratamentos com espaçamentos de 1,50m, 6 linhas nos de 1,00m, e 8 linhas, para o de espaçamento de 0,70cm. No momento da colheita, foi medida a altura atingida pela planta. Os dados foram analisados por teste de variância e comparações de médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO O stand final foi fortemente afetado pelos espaçamentos usados, como esperado, porém a altura e a produtividade somente foram significativos a 10% de probabilidade (Tabs. 2 e 3). Quanto maior a população de plantas usadas no plantio, menor foram as alturas das plantas e a produtividade (Fig. 1). A altura de planta foi afetada mais rapidamente do que a produtividade (Fig. 1). Essa rápida redução da altura de planta foi provocada pela intensa competição por água, pois houve um veranico de 70 dias quando as plantas atingiram 40 dias do plantio. Desse modo, quanto mais planta por área maior a necessidade hídrica, maior a competição e maior a necessidade de ajustamento osmótico na planta para manter seu crescimento e produção. Sob estresse hídrico as plantas fecham os estômatos, reduzindo as trocas gasosas com o meio ambiente e, em conseqüência, a fotossíntese. Quanto menor a fotossíntese, menor é a produtividade. Os dados são coerentes com os argumentos de Azevedo et al. (2001). A produtividade caiu após a população superar as 13.333 plantas/ha (Fig. 1), sendo a menor quanto a população atingiu 28.571 plantas/ha. Esses dados confirmam o argumento de Savy Filho (2005) de que é mais prudente manter a população de plantio entre 10.000 e 15.000 plantas/ha, pois há menor risco de competição excessiva por água nos períodos de seca e por energia e nutrientes nos

períodos de maior umidade, tendo ainda a vantagem de ventilar o interior da lavoura, diminuindo as condições favoráveis para o ataque de mofo cinzento. CONCLUSÕES As configurações de plantio usando os espaçamentos 1,0m x 1,0m, 1,5m x 0,5m e 1,5m x 1,0m foram os que proporcionaram os melhores resultados. Populações de plantio acima de 15.000 plantas/ha, em condição de sequeiro, não são recomendáveis para o Vale do Yuyu. pesquisa. AGRADECIMENTOS * Os autores agradecem ao Fundeagro-BA e a Fundação Bahia pelo financiamento da REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, D.M. de; NÓBREGA, L.B. da; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; BELTRÃO, N.E. de M. Manejo Cultural. In: AZEVEDO, D.M.P. de.; LIMA, E.F. (Eds.). O agronegócio da mamona no Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p.121-160. AZEVEDO, D.M.P. de; LIMA, E.F.; BATISTA, F.A.S.; LIMA, E.F.V. Recomendações técnicas para o cultivo da mamona (Ricinus communis L.) no Brasil. Campina Grande: Embrapa-CNPA, 1997. 52p. (Embrapa-CNPA. Circular Técnica, 25). RANGEL, L.E.P.; FERREIRA, L.G.; ALMEIDA, V.M. de; MENEZES, V.L. Mamona: situação atual e perspectiva no Mato Grosso. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. 16p. (Embrapa Algodão. Documentos, 106). SAVY FILHO, A. Mamona: tecnologia de produção. Campinas: EMOPI, 2005. 105p. Tabela 1. Fertilidade do solo da área experimental. Centrevale, Palma de Monte Alto, BA, safra 2003/2004 Prof. cm ph água M.O. P S-SO 4 - K + Ca +2 Mg +2 SB Al +3 H+Al T V 1:2,5 g/dm 3 mg/dm 3 mmol c/dm 3 % 0 20 7,1 33 6,8 10,3 241 189 18 213 0,0 12 225 95 20 40 7,3 29 4,5 7,7 99 213 16 232 0,0 7 239 97

B Cu Fe Mn Zn Areia Silte Argila Mg/dm 3 g/kg 0 20 1,0 1,5 16 283 2,8 190 410 400 20 40 0,9 1,5 14 205 2,1 190 410 400 Análise feita no Laboratório de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas da Campo Centro de Análises Agrícolas, Paracatu-MG. Tabela 2. Análise de variância do stand final, da altura do primeiro cacho e produção de frutos e sementes em diversos espaçamentos de plantio da mamona híbrida savana. Palma de Monte Alto, BA, safra 2005/2006 Produção FV GL Stand final Altura Frutos, kg/ha Sementes, kg/ha Trat 4 301,70*** 84,43 o 39096,39 o 19157,23 o Bloco 3 5,92 ns 48,58 ns 14062,78 ns 6890,76 ns Residuo 12 4,83 30,63 15810,00 7746,90 CV (%) 8,1 12,74 19,59 19,59 OBS.: ns não significativo; o e *** - significativos a 10 e 0,1% de probabilidade pelo teste F. Tabela 3. Médias de stand final (plantas por parcela útil), altura do primeiro cacho e produções de frutos e de sementes em diversas configurações de plantio da mamona hibrida savana. Palma de Monte Alto, BA, safra 2005/2006 Produção Espaçamento Stand final Altura, cm Frutos, kg/ha Sementes, kg/ha 1,0 x 0,5 m 27 B 41 A 559 A 391 A 1,5 x 0,5 m 24 B 43 A 729 A 510 A 1,0 x 1,0 m 27 B 41 A 688 A 482 A 1,5 x 1,0 m 17 C 52 A 720 A 504 A 0,7 x 0,5 m 41 A 41 A 514 A 360 A OBS.: Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Alt PDF Altura da planta (cm) 55 50 45 40 35 30 6667 10000 13333 20000 28571 População de plantio (plantas/ha) 800 700 600 500 400 300 Produção de frutos (kg/ha) Figura 1. Altura e produção de frutos da mamoneira em função da população de planta usada no plantio. Palma de Monte Alto, BA, safra 2005/2006.