Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível Nº CNJ : 0003247-93.2009.4.02.5104 (2009.51.04.003247-5) RELATOR : MARCELO PEREIRA DA SILVA APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CREF 1 ADVOGADO : BRUNO DE SOUZA GUERRA APELADO : GETULIO MARIANO ADVOGADO : FILIPE BENI ARAUJO DE SOUZA ORIGEM : 03ª Vara Federal de Volta Redonda (00032479320094025104) EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. CURSO DE LICENCIATURA PLENA. RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. ATUAÇÃO PLENA. IMPOSSIBILIDADE. FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO BÁSICA, DISTINTA DO CURSO DE BACHARELADO. 1. Quanto à área de atuação do Autor, licenciado em Educação Física, deve-se atender ao disposto na Resolução no 03/1987, do antigo Conselho Federal de Educação; nas Resoluções CNE/CP nos 1, de 18.02.2002 e 2, de 19.02.2002 e na Resolução CNE/CES no 7, de 31.03.2004, segundo as quais, a partir do ano de 2004, passou a existir, além do Bacharelado/Licenciamento disciplinado pela Resolução no 3/1987, com duração mínima de 04 (quatro) anos, a possibilidade de o profissional da área de Educação Física atuar na Educação Básica, desde que formado em Educação Básica, com licenciatura em Educação Física. 2. Desta sorte, inserindo-se o curso realizado pelo Apelante na norma regulamentar da Resolução CNE/CES no 7, de 31.03.2004, não é possível atribuir-lhe a condição de Bacharel em Educação Física, porquanto o autor completou seu curso após o início da vigência da referida Resolução, sendo que o curso de Bacharelado em Educação Física não somente exige 04 (quatro) anos para a sua conclusão, mas tem diretriz curricular distinta daquela adotada no curso realizado pelo Apelante. Precedentes deste Eg. Tribunal. 3. Apelo e remessa providos. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas: Acordam os membros da 8ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por unanimidade, em dar provimento ao recurso e à remessa, na forma do voto do Relator. Rio de Janeiro, 10 de junho de 2015 MARCELO PEREIRA DA SILVA Desembargador Federal 1
Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível Nº CNJ : 0003247-93.2009.4.02.5104 (2009.51.04.003247-5) RELATOR : MARCELO PEREIRA DA SILVA APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CREF 1 ADVOGADO : BRUNO DE SOUZA GUERRA APELADO : GETULIO MARIANO ADVOGADO : FILIPE BENI ARAUJO DE SOUZA ORIGEM : 03ª Vara Federal de Volta Redonda (00032479320094025104) RELATÓRIO Trata-se de remessa e apelação interposta pelo CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CREF, visando à reforma da sentença proferida pelo MM Juíza da 3º Vara Federal de Volta Redonda/RJ (238/247), que julgou parcialmente procedente o pedido, "tão somente para condenar o CREF1 a proceder à alteração do registro profissional da parte autora, de modo que passe a nele constar que a parte autora possui graduação plena (ou expressão usual mais adequada) em educação física, com alteração inclusive da cédula de identidade profissional". Em suas razões recursais (fls. 248/255), a parte apelante alegou, em suma, que "a obtenção de registro profissional que habilite a autuar de forma plena, como, Licenciado e Bacharelado, é incompatível com a formação acadêmica da Recorrida em Licenciatura Plena em Educação Básica, uma vez que para tanto é imprescindível a integralização do curso de Bacharelado em Educação Física". Contrarrazões às fls. 265/271. Dada vista ao Ministério Público Federal, o seu representante legal opinou pelo desprovimento do recurso e da remessa (fls. 276/278). É o relatório. Peço dia para julgamento. MARCELO PEREIRA DA SILVA Desembargador Federal 1
Apelação Cível - Turma Espec. III - Administrativo e Cível Nº CNJ : 0003247-93.2009.4.02.5104 (2009.51.04.003247-5) RELATOR : MARCELO PEREIRA DA SILVA APELANTE : CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CREF 1 ADVOGADO : BRUNO DE SOUZA GUERRA APELADO : GETULIO MARIANO ADVOGADO : FILIPE BENI ARAUJO DE SOUZA ORIGEM : 03ª Vara Federal de Volta Redonda (00032479320094025104) VOTO Insurge-se a parte apelante contra sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, "tão somente para condenar o CREF1 a proceder à alteração do registro profissional da parte autora, de modo que passe a nele constar que a parte autora possui graduação plena (ou expressão usual mais adequada) em educação física, com alteração inclusive da cédula de identidade profissional". Conforme disposto no Artigo 1o, da Lei no 9.696/1998, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Educação Física, "O exercício das atividades de Educação Física e a designação de profissional de Educação Física é prerrogativa dos profissionais regularmente registrados nos Conselhos Regionais de Educação Física", os quais devem ser inscritos nos quadros dos Conselhos Regionais de Educação Física, na forma do inciso I, do Artigo 2o, do mesmo diploma legal, aos quais cabem, dentre outras atribuições, no exercício de sua competência, a de " registrar, habilitar e fiscalizar ao exercício da Profissão" e "expedir Cédula de Identidade Profissional para os Profissionais", conforme os incisos I e II, do Artigo 22, do Estatuto Social do CREF-1 (fl. 274). Sendo este o caso, cabe ao CREF-1 expedir as cédulas de identidade profissional em estrita consonância com o título obtido pelo profissional da área de Educação Física, conforme o curso por ele realizado. Nessa perspectiva, tem-se que o curso de Educação Física foi objeto de quatro Resoluções, editadas com vistas a disciplinar a formação dos profissionais dessa área. A primeira destas normas regulamentares foi a de Resolução no 03/1987, do antigo Conselho Federal de Educação, que fixava "os mínimos de conteúdo e a serem observados nos cursos de graduação em Educação Física (Bacharelado e/ou Licenciatura Plena)", sendo certo que, apesar de haver previsão para estas duas modalidades de curso, não havia diferenças entre estas duas espécies de graduação, no tocante à carga horária e à grade curricular, estabelecendo o citado ato normativo, de forma genérica, que o curso de graduação em Educação Física deveria ter duração mínima de 04 (quatro) anos, compreendendo uma carga horária de 2.880 (duas mil, oitocentos e oitenta) horas/aula, na forma do Artigo 4o, da dita Resolução. Posteriormente, o Conselho Nacional de Educação, no exercício da competência que lhe atribuem os Artigos 6o e 7o, ambos da Lei no 4.024/1961, na nova redação que lhes conferiu a Lei no 9.313/1995, editou as Resoluções CNE/CP nos 1, de 18.02.2002 e 2, de 19.02.2002, instituindo, respectivamente, as diretrizes curriculares e a duração e a carga horária dos cursos de Licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior, sendo que os Artigos 1o e 2o da segunda destas Resoluções dispõem, in verbis: Art. 1o: A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será 1
efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns: I - 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso; II - 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso; III - 1800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza científico-cultural; IV - 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais. Parágrafo único. Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação básica poderão ter redução da carga horária do estágio curricular supervisionado até o máximo de 200 (duzentas) horas.(g.n.) Art. 2o: A duração da carga horária prevista no Art. 1º desta Resolução, obedecidos os 200 (duzentos) dias letivos/ano dispostos na LDB, será integralizada em, no mínimo, 3 (três) anos letivos. (g.n.) Observe-se que a nova Resolução manteve a duração dos cursos de Licenciatura Plena em Educação Física em 2.880 (duas mil, oitocentas e oitenta) horas/aula, mas prevendo a conclusão do curso no prazo mínimo de 03 (três) anos letivos, sendo que o Artigo 15, da Resolução CNE-CP no 1, de 18.02.2002, previu o prazo de 02 (dois anos) para que os cursos de formação de professores para a Educação Básica que se encontrassem em funcionamento se adaptassem a esta Resolução. No entanto, em 2004, foi editada a Resolução CNE/CES no 7, de 31.03.2004, que institui as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física, em nível superior de graduação plena, determinando, em seu Artigo 4o, 2o, que "O Professor de Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física, deverá estar qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como as orientações específicas para esta formação tratadas nesta Resolução". Desta forma, a partir do ano de 2004, passou a existir, além do Bacharelado/Licenciamento disciplinado pela Resolução no 3/1987, com duração mínima de 04 (quatro) anos, a possibilidade de o profissional da área de Educação Física atuar na Educação Básica, desde que formado em Educação Básica, com licenciatura em Educação Física, mantido, para ambos os cursos, o total de 2.880 (duas mil, oitocentas e oitenta) horas/aula, conforme já se fundamentou anteriormente. Nessa perspectiva, atualmente, excetuados os casos daqueles profissionais graduados sob a égide da Resolução no 03/1987, que podem trabalhar nas áreas formal e não formal, para que o profissional de Educação Física possa atuar de forma irrestrita, deve ter cursado a faculdade de Graduação em Educação Física na modalidade Bacharelado, não sendo suficiente a formação em Licenciatura, como anteriormente. No caso dos autos, verifica-se que o curso teve a duração de 3 (três) anos (6 períodos) e carga horária total foi de 2.880 horas/aula (fls.18), de modo que sua formação é de Educação Básica, com licenciatura em Educação Física, razão pela qual não lhe é possível atribuir a condição de Bacharel em Educação Física, que, conforme fundamentado anteriormente, é curso 2
com tempo de duração e, principalmente, diretriz curricular diversa do curso realizado pelo Autor. Deste entendimento não destoa a jurisprudência deste Eg. Tribunal, conforme evidenciam os acórdãos colacionados a seguir: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. LICENCIATURA PLENA. EDUCAÇÃO FÍSICA. ÁREA DE ATUAÇÃO. RESTRIÇÃO. EDUCAÇÃO BÁSICA. RECURSO DESPROVIDO. 1. Em razão das modificações introduzidas pela legislação aplicável à espécie (Parecer CNE/CES nº58/2004 e Resolução CNE/CES nº7/2004, alterada pela Resolução CNE/CES nº7/2007), atualmente, para que um profissional de Educação Física possa ter uma atuação irrestrita, deverá ter cursado a faculdade de Educação Física, modalidade bacharelado, sendo insuficiente a formação em licenciatura plena. De outra parte, os profissionais formados em Educação Física no curso de licenciatura plena, cuja duração é de, no mínimo, três anos, tem a sua atuação profissional restrita ao magistério da disciplina nas escolas do ensino básico. 2. Ainda que o agravante tenha cursado pós-graduação na área e tenha vasta experiência profissional, seu diploma apenas lhe confere o grau de Licenciado em Educação Física. Precedentes. 3. A orientação supra transcrita deve ser mantida por seus próprios fundamentos, tendo em vista que o agravante não trouxe novos argumentos que alterassem a conclusão nela contida, insistindo apenas nos já expostos em sua peça inicial do agravo de instrumento. 4. Agravo interno conhecido e desprovido. (TRF-2a Reg., 7a T.E., AG 201302010182540, Relator: DEs. Fed. JOSÉ ARTHUR DINIZ BORGES, E-DJF2R 07.02.2014) (g.n.) ADMINISTRATIVO - LICENCIATURA PLENA - EDUCAÇÃO FÍSICA - ÁREA DE ATUAÇÃO - RESTRIÇÃO - EDUCAÇÃO BÁSICA. LEI Nº 9394/98 - RESOLUÇÃO CREF/01 Nº 042/2006 - REGISTRO DE DIPLOMA - RESOLUÇÃO DO CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO Nº 03/87 - RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Nº 1/2002 E Nº 7/2004. 1- De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Educação Física, de 18/02/2004, o Curso de Licenciatura em Educação Física passou a formar profissionais exclusivamente para a Educação Básica, ou seja, para atuar nas escolas de Educação Infantil e do Ensino Fundamental e Médio, bem como para desempenhar atividades de planejamento, coordenação e supervisão de atividades pedagógicas do sistema formal de ensino. 2 - O licenciado poderá também atuar em pesquisas relacionadas ao ensino e suas interfaces com outras áreas de estudo. Entretanto, os novos licenciados não podem atuar em academias, clubes e outros espaços não escolares. 3 - O Bacharelado em Educação Física forma profissionais para a área não escolar (clubes, academias, centros comunitários, hotéis, associações recreativas, empresas e outros). Seu objetivo é formar o profissional de Educação Física para atuar no planejamento, orientação e avaliação de programas de atividades físicas e saúde para grupos de crianças, jovens, adultos e idosos em condições saudáveis ou integrantes de grupos especiais (com fatores de risco, portadores de deficiência, gestantes e outros). 4 - A habilitação dos profissionais de Educação Física está segmentada de acordo com a divisão amparada em lei, de modo que os portadores de licenciatura não têm direito a registro, perante o Conselho, em todos os segmentos abertos para os que cursaram a grade curricular completa. 5 - O Curso de 3
Educação Física ministrado ao autor concedeu-lhe a formação em licenciatura plena, habilitando-o ao exercício de professor da educação básica. Correto que no seu registro profissional conste a atuação "educação básica". 6 - Precedentes: AC nº 2009.51.01.019618-4/RJ - Relator D.F. Guilherme Couto - E-DJF2R:14/12/2010; AC nº 2008.51.01.017160-2 - Relator D. F. Poul Erik Dyrlund - DJU 03/08/2009. 7- Apelação desprovida. Sentença mantida. (TRF-2a Reg., 5a T.E., Relator: Des. Fed. MARCUS ABRAHAM, E-DJF2R 21.02.2013) (g.n.) APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. LEI N.º 9.696/98. RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. EXPEDIÇÃO DE CARTEIRA DE IDENTIDADE PROFISSIONAL COM A RUBRICA ATUAÇÃO PLENA. IMPOSSIBILIDADE. LICENCIATURA. DANOS MORAIS E MATERIAIS. NÃO CABIMENTO. RECURSO DO AUTOR IMPROVIDO E RECURSO DO CREF1 PROVIDO. 1. Cuida-se de apelação cível alvejando sentença, proferida nos autos de ação de conhecimento, processada sob o rito comum ordinário, que julgou improcedentes os pedidos de condenação do Conselho Regional de Educação Física - CRFE1 - a proceder à alteração do registro profissional da parte autora, de modo que passe a nele constar que esta possui Graduação Plena (ou expressão usual mais adequada) em Educação Física, com alteração inclusive da cédula de identidade profissional, bem assim a pagar indenização por danos materiais e morais, no valor de 100 (cem) salários mínimos. Houve, outrossim, a condenação do autor ao pagamento das custas processuais e da verba honorária, ficando a execução suspensa, na forma do artigo 12 da Lei n.º 1.060/50, em razão da gratuidade de justiça deferida. 2. Cinge-se a controvérsia à verificação da possibilidade de o demandante inscrever-se no Conselho Regional de Educação Física na modalidade de Graduação Plena, e não apenas como Licenciado, fato este que o possibilitaria atuar não somente na área de Educação Básica, mas também em outros setores da sua especialidade profissional. 3. A inscrição do profissional de Educação Física no Conselho Regional de Educação Física, segundo a Lei n.º 9.696/98, deve se dar de acordo com a formação por ele concluída. 4. A formação profissional em Educação Física pode ser dividida em três distintas situações. A primeira corresponde ao curso de Licenciatura Plena, regido pela Resolução CFE n.º 3/1987, do antigo Conselho Federal de Educação, que possibilitava a atuação ampla, geral e irrestrita - área formal e área não formal - com duração mínima de 4 (quatro) anos, modalidade esta que já não mais subsiste. A segunda consiste no curso de Licenciatura de Graduação Plena, que habilita profissionais para a atuação como professor da Educação Básica - área formal -, com duração mínima de 3 (três) anos, sendo-lhe aplicadas as Resoluções CNE/CP n.ºs 1 e 2 do Conselho Nacional de Educação, ambas de 2002. Por fim, existe o curso de Graduação, modalidade Bacharelado em Educação Física, que permite a atuação do profissional em academias, clubes, entre outros - área não formal -, com duração mínima de 4 (quatro) anos, hipótese a que se aplica a Resolução CNE/CES n.º 7/2004, também do Conselho Nacional de Educação, e, por força de seu artigo 14, incide também o artigo 4.º da Resolução CFE n.º 03/87, quanto à duração do curso. 5. No caso dos autos, a formação concluída pela parte autora é a da modalidade Licenciatura de Graduação Plena, tendo em vista que o curso por ela frequentado teve 3 (três) anos de 4
duração e carga horária de 2.840 (duas mil, oitocentas e quarenta) horas. 6. A obtenção de registro profissional que habilite a atuação de forma plena, como Licenciado e Bacharelado, é incompatível com a formação acadêmica do autor, que é de Licenciatura Plena em Educação Básica. A atuação profissional ampla somente é assegurada aos formados no curso de Graduação em Educação Física, Bacharelado, com duração mínima de 4 (quatro) anos, ao passo que, aos formados em Licenciatura Plena em Educação Física, em curso com duração mínima de 3 (três) anos letivos, a atuação profissional está restrita ao magistério dessa disciplina no Ensino Básico. 7. Não preenchimento de todos os requisitos para a obtenção do registro que permita a atuação em todas as áreas da Educação Física, uma vez que a formação acadêmica do demandante confere-lhe o direito de atuar apenas na área de Educação Básica, nos termos das supracitadas Resoluções do Conselho Nacional de Educação n.ºs CNE/CP 1/2002 e 2/2002. 8. Impossibilidade de registro do autor junto ao Conselho Regional de Educação Física nos moldes requeridos na inicial. 9. Precedentes citados. 10. Hodiernamente, com o advento da Resolução CNE nº 04/2009, foi alicerçado o entendimento de que o curso de graduação em educação física deve observar o tempo mínimo de duração de 4 (quatro) anos e uma carga horária de 3.200 (três mil e duzentas) horas. 11. A atuação do Conselho Regional de Educação Física pautou-se pela legalidade, não logrando êxito a parte autora em demonstrar que experimentara os supostos danos materiais e morais advindos da atitude da aludida autarquia de restringir sua atuação profissional. Tal fato não tem o condão de, por si só, ensejar danos à dignidade do demandante, pois, em princípio, houve atuação da Administração Pública baseada em diversos atos normativos dotados de presunção de legalidade. 12. Não se pode concluir dos autos que o autor foi induzido a erro ao matricular-se no referido curso. Na verdade, quando da decisão de cursar a faculdade de Educação Física, é razoável supor que caberia ao interessado informar-se sobre a diferença entre os cursos de Licenciatura e Bacharelado. 13. A distinção entre os cursos de Licenciatura e de Graduação é determinada pela lei e por atos administrativos do Conselho Nacional de Educação, atos estes dotados de publicidade, e em cujo favor opera a presunção de conhecimento e legalidade. 14. Apelação do autor improvida e apelação do CREF1 provida. (TRF-2a Reg., 7a T.E., APELRE 201051040006946, Relator: Des. Fed. GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA, E-DJF2R 07.03.2013) (g.n.) ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA. REGISTRO. LICENCIATURA PLENA. ÁREA DE ATUAÇÃO. RESTRIÇÃO. EDUCAÇÃO BÁSICA. RESOLUÇÕES DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Nº 1/2002 E Nº 7/2004. 1. Trata-se de apelação interposta contra sentença proferida nos autos do mandado de segurança impetrado contra ato do Presidente do Conselho Regional de Educação Física da 1a Região, objetivando obter a renovação de registro pleno do Impetrante naquele Conselho, a fim de que possa exercer suas atividades profissionais, sem restrições quanto à área de atuação. 2. In casu, o Impetrante não preenche todos os requisitos para a obtenção do registro de licenciatura plena que lhe permita atuar em todas as áreas da educação física, pois conforme documentos de fls. 15, 16 e 37, o mesmo possui diploma de Licenciatura Plena em Educação Física, o que lhe confere direito de atuar apenas na área de educação básica, nos termos das Resoluções do Conselho Nacional de Educação nº 1, de 18/02/2002 e nº 7, de 31/03/2004. 3. É de se 5
considerar, ainda, que o fato de o Impetrante ter obtido registro com atuação plena em 14/9/2005, conforme fls. 11, não lhe garante direito adquirido, haja vista o não preenchimento dos requisitos acima mencionados, bem como o fato de que o curso de Educação Física do Centro Universitário Celso Lisboa só ter sido reconhecido no ano 2006, após a edição das referidas Resoluções. 4. Recurso conhecido e desprovido. (TRF-2ª Região, Apelação Cível 200851010171602/RJ, Oitava Turma Especializada, Rel. Des. Federal POUL ERIK DYRLUND DJU - Data:: 03/08/2009) Em face do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso de apelação e à remessa, para, reformando a sentença, julgar improcedente o pedido. É como voto. MARCELO PEREIRA DA SILVA Desembargador Federal 6