UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais



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Transcrição:

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais Adelaide Barbosa Fonseca A Ação Voluntária em uma organização social: uma alternativa de participação transformadora? São Paulo 2005

2 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais Adelaide Barbosa Fonseca A Ação Voluntária em uma organização social: uma alternativa de participação transformadora? Monografia apresentada ao Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial para conclusão do curso de Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais ORIENTADORA: Profa. Dra. Tânia Fator São Paulo 2005

3 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Curso de Pós-Graduação Lato Sensu Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais Adelaide Barbosa Fonseca A Ação Voluntária em uma organização social: uma alternativa de participação transformadora? Monografia apresentada ao Pós-Graduação Lato Sensu da Universidade São Judas Tadeu, como requisito parcial para conclusão do curso de Gestão do Terceiro Setor: Organizações, Projetos e Responsabilidades Sociais Aprovada em ORIENTADORA: Profa. Dra. Tânia Fator

Para meu pai, por tudo. ( in memoriam ) 4

5 AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos mais profundos a Deus, que me deu a oportunidade de viver com pessoas de todos os níveis sócio-culturais e, nesta convivência, ainda que feita de dor, crescer mantendo minha mente ativa e desperta a crença no ser humano. Ao meu querido marido Ernesto, companheiro incondicional de meus sonhos; À minha filha Maira, que me inspira e me ensina como ser melhor a cada dia; À minha família e amigos, que entenderam as minhas ausências; À amiga Gláucia, pelo auxílio na revisão final do trabalho; Aos amigos e companheiros de lutas, Maria Amália, Gláucia, Eduardo, Helda, Marialice, Simone, Juliana (s), Bellô, que, muitas vezes sem saber, contribuíram para os meus questionamentos; Aos professores Roberto Galassi e Mario Farah, que me fizeram desafiante de mim mesma; Ao amigo Chico Lins, pelas conversas descomprometidas, mas fundamentais para organização de minhas idéias; À professora Tânia, pela orientação neste trabalho. Aos voluntários que cruzaram meus caminhos e me instigaram a desenvolver este trabalho.

6 A Democracia é como o Amor: não se pode comprar, não se pode decretar, não se pode propor. A Democracia só se pode viver e construir. Por isso ninguém pode nos dar a Democracia. A Democracia é uma decisão, que toma toda uma sociedade, de construir e viver uma ordem social onde os Direitos Humanos e a vida digna sejam possíveis para todos. José Bernardo Toro

7 RESUMO FONSECA, Adelaide Barbosa. A Ação Voluntária em uma organização social: uma alternativa de participação transformadora? Monografia. Curso de Pós-Graduação Lato Sensu, da Universidade São Judas Tadeu. São Paulo. p.55. 2005 Este trabalho teve por objetivo entender se a ação voluntária em uma organização social é uma atividade capaz de constituir-se em uma participação transformadora em nossa sociedade. Tendo como pressuposto que ação voluntária se molda na correspondência entre as motivações pessoais de quem a abraça e o ambiente de sua atuação, este estudo se alicerçou nas percepções dos gestores de voluntários de uma organização social, para responder sua questão central. No Brasil, nos últimos anos, um grande contingente de pessoas vem expressando sua solidariedade e sua cidadania, por meio do trabalho voluntário. É argumentado, neste trabalho, que ao decidir participar como voluntário, o cidadão estabelece novas relações com o espaço público, num esforço de pertencer, de fazer parte da rede, de construir-se como indivíduo, de ter identidade. O campo de pesquisa empírica foi o Programa Mesa Brasil SESC, que ofereceu informações que puderam ser confrontadas com os referenciais teórico-conceituais obtidos na revisão de literatura. Com o resultado das análises dos dados, pode-se concluir que há uma condicionante para que essa ação possa transcender aos particularismos de quem a pratica e constituir-se em uma ação transformadora: a organização social precisa assumir a sua função de contribuir para a formação e o fortalecimento do comportamento cidadão de seus voluntários. O produto gerado nesta convergência de vontades e responsabilidades pode ser uma ação consciente e comprometida dos cidadãos, representando um novo comportamento da sociedade civil frente as questões sociais e que reserva, em si, um grande potencial para restabelecer o tecido social, valorizando o desenvolvimento humano, resgatando a ética nas relações, fortalecendo a sociedade civil e a democracia participativa em nosso país. Palavras-chave: voluntariado, participação, democracia.

8 LISTA DE TABELA Tabela 1 Voluntários por Unidade Regional 33

9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Tipos de atividades desenvolvidas pelos voluntários 35 Quadro 2 - Percepção sobre a ação voluntária 39

10 SUMÁRIO LISTA DE TABELA 8 LISTA DE QUADROS 9 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 11 CAPÍTULO 2 A SUBJETIVIDADE DA AÇÃO VOLUNTÁRIA 16 CAPÍTULO 3 A AÇÃO VOLUNTÁRIA NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL 21 CAPÍTULO 4 VOLUNTARIADO E DEMOCRACIA 26 CAPÍTULO 5 O ESTUDO DE CASO 28 5.1 Metodologia 28 5.2 Apresentação da Organização Social 29 5.3 O Voluntariado do Programa Mesa Brasil SESC 31 5.4 Coleta e Análise dos dados 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 ANEXOS 51

11 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO A ação voluntária presente na sociedade brasileira desde o século XVI ganhou novas e importantes dimensões nos últimos dez anos. Denominado como novo voluntariado ou voluntariado social, esse movimento vem se caracterizando pelo crescente envolvimento de pessoas que expressam sua solidariedade e cidadania doando seu tempo, trabalho e talento para causas sociais. Essa participação ativa e cotidiana dos cidadãos, que reflete uma tomada de consciência dos problemas sociais e suas causas, convive tranqüilamente com as práticas tradicionais e espontâneas de voluntariado, como por exemplo, as ações de caridade e a ajuda entre vizinhos, muito comuns em nossa sociedade,. Ações como essas não são menores ou menos importantes do que as ações tidas como politicamente engajadas, caracterizadas nos anos 70 e 80 por uma militância ativa, cujas ações se voltavam às pautas reivindicatórias e de oposição ao Estado (Gohn, 2003) e que foi sendo substituída, nos anos 90, por uma militância propositiva, cujas pautas se apresentam em formas de projetos e ações auto - organizadas e geridas na própria sociedade civil ( Fernandes, 1996 ). Neste cenário e nesses padrões de organização da sociedade civil, no ano de 1997, foi criado o Programa Voluntários no marco das estratégias de fortalecimento da sociedade civil desenvolvidas pela Comunidade Solidária, sob o comando da então Primeira Dama do Brasil, a antropóloga Dra. Ruth Cardoso.

12 O Programa Voluntários, entre 1997 e 2000, dedicou-se principalmente à disseminação e valorização do conceito e da prática do trabalho voluntário, à produção de conhecimento sobre o tema e à criação de instrumentos capazes de fortalecer e expandir a cultura do voluntariado brasileiro. Como resultado, contabiliza a criação de uma rede nacional de 36 Centros de Voluntários em 16 estados brasileiros e no Distrito Federal e um portal na Internet (www.portaldovoluntario.org.br), concebido para coletar, organizar e compartilhar informações sobre voluntariado. A Lei 9.608 de 18 de fevereiro de 1998, criada com o apoio do Conselho da Comunidade Solidária, regulamentou o trabalho voluntário no país, definindo-o como atividade não remunerada, realizada por pessoa física, para organizações públicas ou privadas sem fins lucrativos. Somado ao esforço da Comunidade Solidária, o ano de 2001 foi instituído pela ONU como o Ano Internacional do Voluntário, gerando uma grande visibilidade para a causa e motivando uma legião de pessoas que nunca antes haviam se envolvido com o trabalho voluntário. A despeito de todo esse movimento, não existem estatísticas atualizadas que indiquem quantas pessoas atuam como voluntárias no país. Os números mais recentes são apresentados pela pesquisa realizada em 1999 pelo ISER Instituto de Estudos da Religião (Scalon & Landim, 2000) informando que no Brasil são 22,6% (19.748.388 pessoas) os adultos que doam alguma parte do seu tempo para ações de ajuda a alguma entidade ou pessoa física fora de suas relações mais próximas; destes 70,4%, ou seja 13.905.532 pessoas; trabalhando em organizações sociais. Essa pesquisa informa ainda que 60,5% dos adultos brasileiros estariam

13 dispostos a trabalhar como voluntários se soubessem onde poderiam ajudar. Considerando o número de 276 mil organizações sociais constituídas no Brasil, frente ao número das pessoas que trabalham e das que desejam trabalhar como voluntários, encontra-se aí um potente limitador do desenvolvimento do voluntariado em nosso país, tendo que se considerar ainda a complexidade do ambiente social como outro fator tão decisivo quanto a discrepância desses números. É neste ambiente das organizações sociais que esse estudo pretendeu responder sua questão central. Do ponto de vista dos responsáveis pela gestão dos voluntários, esta pesquisa buscou entender como essas pessoas pensam a ação voluntária e se esta contribui para que as práticas de solidariedade e as expectativas de transformações político-sociais se concretizem. O objetivo principal desta pesquisa foi entender se a ação voluntária em uma organização social é uma atividade capaz de constituir-se em uma alternativa de participação transformadora em nossa sociedade. Para tanto, foi preciso: a) Conhecer como essa atividade é desenvolvida em uma organização social; b) Identificar como essa prática é percebida pelo seus gestores no âmbito de uma organização social; c) Encontrar subsídios que apontem para essa atividade como uma ação transformadora, ou não. Para explorar, do ponto de vista teórico-conceitual, a questão central desta pesquisa, a ação voluntária foi abordada sob 3 óticas: 1ª Do indivíduo 2ª Da organização social

14 3ª Da sociedade O campo da pesquisa empírica foi o Programa Mesa Brasil-SESC, através dos responsáveis por seu voluntariado, durante a realização de um projeto encabeçado pelo Programa Voluntários Portal do Voluntário anteriormente qualificado, que possibilitou a coleta de dados e informações necessárias a este estudo. Foram utilizadas entrevistas, por meio de roteiros pré-definidos como principal instrumento, seguido por sua análise. Como metodologia foi utilizada a pesquisa qualitativa método interpretativo, que permite ao pesquisador interpretar a realidade pesquisada.(roesch, 1999). A redação deste estudo está estruturada nos seguintes capítulos, além deste primeiro capítulo de introdução. No segundo são apresentados os resultados da pesquisa conceitual sobre a subjetividade da ação voluntária, buscando contemplar os aspectos subjetivos que envolvem a ação voluntária, considerando o conceitobase solidariedade, materializando-se na existência humana. (Heller,1978) Aprofunda-se na reflexão sobre a prática solidária que permite ao indivíduo transcender ao mundo das coisas que não podem ser satisfeitas pelo dinheiro e que resgata a satisfação do fazer. (Arendt, 1998 e Castro, 2000). No terceiro capítulo é explorado o universo das organizações da sociedade civil que compõem o chamado Terceiro Setor brasileiro, buscando entender como se organizam, como atuam na sociedade e, principalmente, o papel que desempenham frente a esse movimento que visa fortalecer a cultura do trabalho voluntário em nossa sociedade (Fernandes, 1996; Gohn, 2003; Landim, 1998 e Toro, 1997). O quarto capítulo é dedicado a refletir sobre a dinâmica das relações entre voluntário e organização social e entre esses e a sociedade, para o aprimoramento de uma democracia participativa no país. (Costa, 1998; Souza, 1999 e Naves, 2003).

15 O quinto capítulo explora a experiência do Programa Mesa Brasil-SESC com o trabalho voluntário, buscando entender como esta ação tem sido considerada na prática e as possibilidades de ampliá-la para uma ação voluntária transformadora. Por fim, nas Considerações Finais, é retomada a questão central desta pesquisa à luz das análises realizadas ao longo desse trabalho.

16 Capítulo 2 A SUBJETIVIDADE DA AÇÃO VOLUNTÁRIA Antes de dissertar sobre a questão da subjetividade, cabe definir as expressões Ação Voluntária, Trabalho Voluntário, Voluntariado e Voluntário. Ação Voluntária e Trabalho Voluntário são expressões constantemente utilizadas neste estudo como sinônimo uma da outra e entendidas como a ação ou o trabalho pessoal, pontual, ou ainda por um conjunto de atividades e ações ligadas à causa. A lei federal 9608/98, de fevereiro de 1998, traz ainda um terceiro termo para identificar esta ação: serviço voluntário. Os termos Voluntariado ou Voluntariado Social foram utilizados para definir o movimento como um todo, a causa em si e, ainda, o conjunto de voluntários que formam um grupo atuante em uma organização social. Voluntário é utilizado para definir o sujeito praticante da ação voluntária. Apresenta-se, a seguir, algumas definições do que seja o voluntário, entendendo que, essas definições contribuem um pouco mais para o entendimento da ação. Para a ONU : O voluntário é o jovem ou o adulto que, devido ao seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bemestar social ou outros campos. Para o Programa Voluntários, da OSCIP Parcerias para o Desenvolvimento Solidário ex-comunidade Solidária, que desde 1997 se dedica a estimular o

17 desenvolvimento do voluntariado no Brasil: O Voluntário é o cidadão que, motivado pelos valores de participação e solidariedade, doa seu tempo, trabalho e talento, de maneira espontânea e não-remunerada, para causas de interesse social e comunitário. As definições apresentadas sintetizam as características que qualificam o agente e a atividade voluntária, que não são objetos deste estudo. O interesse aqui é aprofundar o entendimento dos elementos subjetivos desta ação, como aqueles atinentes às motivações do indivíduo. As razões que sensibilizam os indivíduos para ação voluntária residem nos instintos mais primitivos do ser humano, podendo-se afirmar que, tratando de uma manifestação natural, ela se encaixa no que Freud chamou de instinto gregário do ser humano. No ser humano, o impulso natural para ajudar o outro acaba garantindo que a própria espécie possa perdurar. Esses processos de auto-preservação do ser humano alcançam também outras espécies do planeta - vegetais, animais, minerais - buscando manter um equilíbrio na vida do planeta Terra e, por conseqüência, garantindo que a espécie não corra risco de extinção. Partindo desta manifestação natural de sua formação biológica e avançando no sentido das manifestações emocionais que envolvem o voluntariado e expressam a solidariedade humana, entra-se nas questões da subjetividade contemporânea que esta pesquisa busca entender. O conceito de solidariedade introduzido nas Ciências Humanas e Sociais no séc. XIX, por Émile Durkheim e Max Scheler, perpassa diferentes momentos históricos e é encontrado compondo a doutrina social católica, o movimento socialista, a ideologia liberal, o ideário iluminista, relacionando-se diretamente aos

18 conceitos de igualdade, fraternidade e liberdade e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O significado de solidariedade, em qualquer um desses contextos, esteve sempre ligado a uma ação contrária a existência de injustiças e desigualdades e sempre a favor daqueles que são privados de algo. A prática de solidariedade se concretiza tanto nas ações de caridade quanto nas ações políticas, explicando a origem e a permanência das práticas solidárias em organizações de fé e nas organizações e movimentos sociais. Esses ambientes e sua relação com a prática da solidariedade serão explorados no Capítulo III desse trabalho. A realização das práticas solidárias mobiliza dois sujeitos que interagem pela relação caracterizada pela privação de algo, pela falta de.... Mais do que satisfazer a necessidade, esta relação implica em trocas simbólicas e sensíveis, onde a presença do outro, a interação com outro, é a condição básica para a satisfação. De um lado encontra-se a necessidade de ter algo e de outro, a necessidade de ser capaz de exercer uma ação que favoreça o outro em suas necessidades. A condição de ser humano se dá na tensão entre essas necessidades: a da propriedade ( Ter ) e a do exercício pleno das capacidades humanas ( Ser ). Karl Marx aborda esse tema sob a ótica da economia política e condiciona a possibilidade de Ser nas sociedades capitalistas à supressão das necessidades primárias e sociais, afirmando que isso é que permitirá ao indivíduo assumir uma atividade nova e superior. Agnes Heller, critica esta teoria das necessidades de Marx, ampliando a discussão, vinculando-a às categorias antropológicas de valor.

19 Esta autora, explora a teoria das necessidades em um contexto extraeconômico, onde as necessidades não são entendidas como uma simples relação sujeito / objeto, numa manifestação objetualizada como oferta / demanda, onde são também consideradas as necessidades humanas que não podem ser satisfeitas pela compra, pelo dinheiro. Heller argumenta que as necessidades não se resumem ao mundo das coisas, mas expressam também os sentidos humanos, afirmando que As necessidades comportam paixões ( Leideuscharften) e atitudes ( Fahigkeiten) e assim também as atitudes implicam necessidades. ( Heller, 1978:45). E assim entendendo, pode-se afirmar que a ação solidária é uma expressão das necessidades humanas. Agnes Heller, fala de uma ação libertadora da própria essência humana, quando cessa o domínio das coisas sobre o homem, quando as relações interumanas, não aparecem como relação entre as coisas, então toda necessidade é governada pela necessidade de desenvolvimento de auto realização da personalidade. ( Heller, 1978:85). Hannah Arendt também contribui para este entendimento, quando elabora o conceito de vida activa, designando como atividades humanas essenciais: o labor, o trabalho e a ação, essa última definida como aquela realizada sem a mediação material ou das coisas. (Arendt, 1998). Nesta referência, o fazer dirige-se essencialmente à satisfação, ele não se impõe pela necessidade material, como o labor, nem se faz necessário pelo sentido utilitário, como no trabalho. Nesse agir por livre escolha e por prazer, as pessoas interagem, humanizando as relações, transcendendo as diferenças sociais, econômicas, raciais, religiosas e políticas. Todos seus elementos se manifestam no discurso do voluntariado social. Motivada pelos valores de solidariedade ou de participação cidadã, a busca

20 do trabalho voluntário representa uma ruptura com o isolamento. O isolamento, vivido na esfera privada transforma-se em expectativa de um novo tornar a ser na esfera pública. Esse isolamento, impasse no qual os homens se vêem quando a esfera política de suas vidas, onde agem em conjunto na realização de um interesse comum é destruído ( Arendt, 1998: 243), é rompido por aqueles que desenvolvem uma ação voluntária.

21 Capítulo 3 A AÇÃO VOLUNTÁRIA NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL Os termos organizações sociais, organizações da sociedade civil e entidades sociais, aparecem neste estudo como sinônimos, e servem para denominar aquelas organizações que, do ponto de vista jurídico, são associações e fundações de direito privado que não tenham finalidade lucrativa, conforme artigos 40, 44, 45 e 53 do Código Civil Brasileiro. O advogado Eduardo Szazi, especialista em Terceiro Setor, apresenta a seguinte definição de associação: Uma associação pode ser definida como uma pessoa jurídica a partir da união de idéias e esforços de pessoas em torno de um propósito que não tenha finalidade lucrativa. (Szazi, 2003:27). Pesquisa recente divulgada em dezembro de 2004, realizada pelos Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com a Associação Brasileira de ONGs (ABONG) e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), aponta um número de 275.895 fundações e organizações sem fins lucrativos existentes no Brasil, que empregam cerca de 1,5 milhões de pessoas. Soma-se a estes trabalhadores a colaboração voluntária de quase 30 milhões de brasileiros, conforme aponta pesquisa realizada pelo IBOPE, no segundo semestre de 2001. Essas organizações, nem sempre de estruturas simples, atuam em diferentes causas: são entidades de assistência social, de saúde e educação; organizações ambientalistas; organizações culturais, étnicas e raciais; organizações religiosas;

22 movimentos de oposição à globalização econômica; movimentos contra a violência e pela paz; organizações de defesa dos direitos da criança e do adolescente, entre outras. No espaço político, estas organizações tomam parte do processo de formulação e gestão de políticas públicas. São a presença da sociedade civil no processo de gestão social do Estado. A forma de sustentação dessas organizações sociais se dá principalmente pela captação de doações junto às pessoas físicas e jurídicas, pela concorrência a verbas de outras organizações não governamentais nacionais e internacionais e do próprio Estado. Isso tudo, basicamente, caracteriza as organizações do chamado Terceiro Setor, que o antropólogo Rubem César Fernandes define como: nem público, nem privado, e que projeta uma visão integradora que enfatiza a complementaridade que existe ( ou deve existir ) entre ações públicas e privadas. (Fernandes, 1993). Por outra ótica, ao definir organização social, o professor Roberto Galassi Amaral, docente e consultor na área de Gestão no Terceiro Setor, vê a organização como um organismo vivo, constituído por pessoas e onde a vida se manifesta através das relações sociais que alimenta: podemos construir uma idéia de que uma organização social, que atua neste espaço chamado terceiro setor, tem uma natureza distinta da empresa mercantil, tem condições mais favoráveis para perceber sua célula principal e enfatizar sua gênese o ser humano, potencializa propósitos orientados, predominantemente, pela dimensão coletiva, fortalecendo o melhor sentido para o trabalho e, potencialmente, viabiliza a autonomia do indivíduo na medida em que abre espaço para o exercício da escolha pessoal. Nesse sentido, focado no ser humano e nas relações sociais, Fernandes

23 afirma a capacidade dessas organizações do Terceiro Setor em resgatar e dignificar iniciativas que reportam aos valores de caridade, onde expressões práticas de amor e de solidariedade social repõem o gosto pela sociabilidade e de legitimar ações, antes marcadas pelo estigma do perigo e da subversão. A participação cidadã passa a ser reconhecida, difundindo a idéia de voluntariado como expressão de existência cidadã, acessível a todos e a cada um, indispensável à resolução dos problemas de interesse comum. ( Fernandes, 1993:31). Cumpre destacar um exemplo desse novo posicionamento da sociedade civil que surge nos anos 90: a partir de uma idéia do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, foi criado o movimento Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, que lançou um amplo movimento nacional contra a fome, mobilizando cerca de 30 milhões de pessoas, auto-organizadas em comitês por todo o país. Essas organizações sociais, consideradas como nova expressão da sociedade civil, têm papel fundamental na busca por alternativas para as questões sociais, na recomposição do tecido social, resgatando a ética da solidariedade nas relações e no fortalecimento da democracia em nossa sociedade. Tradicionalmente, encontramos o maior número de voluntários que atuam no ambiente institucional, cerca de 57%, em instituições religiosas, seguindo-se as de assistência social (17%) e um significativo percentual de 8% de voluntários atuando em instituições de defesa de direitos e ação comunitária. (Landim e Scalon, 2000). A compaixão é a mola propulsora deste voluntariado ligado à religião. Suas raízes confundem-se com a nossa própria história, que recebeu um modelo trazido de Portugal, a partir do século XVI, implantado nas Santas Casas pela Igreja Católica. Esta mística que mobilizou fiéis por séculos, ainda é altamente sentida em trabalhos sociais como o da Pastoral da Criança, que atua na área da saúde

24 materno-infantil, mobilizando um voluntariado calculado em 150 mil pessoas em todo território brasileiro. Nas demais religiões evangélica, budista, kardecista, candomblé, umbanda etc também são amplamente desenvolvidas ações sociais, onde o trabalho voluntário e a caridade (tida como a maior das virtudes) são as bases para a assistência material e espiritual oferecidas às pessoas socialmente desfavorecidas. Organizações de assistência à criança, ao adolescente, à mulher, ao idoso; as ambientalistas relacionadas às questões do meio ambiente e do patrimônio histórico e, as voltadas para reivindicação dos direitos de cidadania que têm participação importante na formulação das políticas públicas e no controle social, têm mobilizado grandes coletivos de pessoas que buscam responder a um chamamento de uma consciência individual, baseado na solidariedade humana e no interesse pelas questões sociais. Organizações sociais são, por essência, espaços de vivências de solidariedade e de participação social. Frente ao desafio de se constituir como espaços concretos de participação para todos os cidadãos que buscam atuar como voluntários, as organizações que realizam trabalhos que envolvem recursos públicos e privados em benefício coletivo, devem manter um sistema organizacional que permita o acesso de quem tem o interesse de conhecer e contribuir para o desenvolvimento de suas atividades. Este sistema organizacional favorece o desenvolvimento do indivíduo quando o trabalho voluntário é entendido como instrumento para formação de cidadãos, pois propicia a oportunidade de aprendizado que tornam os indivíduos cidadãos e seres humanos mais plenos. O educador colombiano José Bernardo Toro, envolvido com a mobilização

25 social para o exercício da cidadania, compreende que a organização social precisa reconhecer o seu papel como sendo um canal de participação, assinalando que é função das organizações sociais, nos países de baixa participação como é o caso do Brasil, contribuir para a formação e o fortalecimento do comportamento de cidadão e da cultura democrática. (Toro, 1997:36).

26 Capítulo 4 VOLUNTARIADO E DEMOCRACIA A idéia de que voluntariado é uma forma de participação social aberta a todos os cidadãos ajuda a construir um entendimento que, a medida que as práticas solidárias transcendem as motivações pessoais e se manifestam na esfera pública (comum), estas caracterizam-se como exercício de cidadania, capazes de fazer face aos grandes problemas nacionais. Essa participação cidadã fundamenta-se numa concepção de democracia que objetiva fortalecer a sociedade civil no sentido de construir uma nova realidade social sem desigualdades sociais, sem exclusões de qualquer natureza e consolidando uma sociedade democrática. As organizações da sociedade civil são vistas como parceiras permanentes da participação cidadã. Os desafios e aprendizados vivenciados pelo voluntário nas relações inter-pessoais e na produção coletiva no âmbito da organização, permitemlhe superar suas limitações, desenvolver sua autonomia e exercer sua cidadania no aqui e agora. Nesta perspectiva, difunde-se a noção de indivíduo ativo, capaz e sujeito do processo de mudanças que deseja para si e para toda a sociedade, superando uma cultura secular de paternalismo e dependência em relação aos governos. Ao mesmo tempo, o voluntariado contribui para criar uma cultura de participação e cidadania. Cidadania entendida como a capacidade de participação consciente e solidária na realização de projetos que digam respeito ao interesse de todos.

27 O voluntariado somado a outros processos democráticos participativos acontecendo como conselhos, fóruns, projetos de desenvolvimento local, com a presença da sociedade civil organizada ou não, possibilitam às pessoas entender as limitações que as grandes instituições têm na produção do seu bem-estar. Estas podem ajudar, mas não são capazes de produzir por si só, comunidades saudáveis, comunidades capazes de cuidar de seus integrantes e responsabilizar-se por seu desenvolvimento. Uma sociedade torna-se mais justa e solidária, quando as pessoas se tornam capazes de estabelecer objetivos que digam respeito ao bem estar e interesse de todos, demonstram competência para unir forças e ativá-las em favor das causas comuns e persistem firmemente na perseguição dos objetivos traçados, à medida que o tempo passa e as adversidades aparecem. (Costa, 1998:47).

28 Capítulo 5 O ESTUDO DE CASO Este capítulo busca entender como os responsáveis pelo voluntariado de uma organização social pensam essa ação e se essa ação contribui para que os anseios de solidariedade e de transformações político-sociais se concretizem. 5.1 Metodologia A metodologia do estudo de caso utilizada foi o método interpretativo, no qual os dados consistem em descrições e considerações dos participantes no local da pesquisa, em conjunto com as observações do pesquisador sobre atividades e interações, considerado o contexto. ( Roesch, 1999: 247). Foram coletados dados secundários através de documentos produzidos pela entidade, para apresentar a organização, o programa e seu voluntariado. Dados primários foram obtidos com entrevistas efetuadas com pessoas responsáveis pela ação voluntária junto a organização escolhida, tendo por base um roteiro simples (Anexo 1) que visou identificar a natureza das atividades desenvolvidas pelos voluntários e os valores existentes e expressos nessa oportunidade de atuação. A escolha da organização foi determinada pela presença de um corpo de voluntários organizado e pela facilidade de acesso a algumas dessas pessoas que participaram de capacitações promovidas durante os anos de 2004 e 2005, pelo Programa Voluntários e realizadas pelo GEAV Grupo de Estudos da Ação

29 Voluntária 1. Faz-se indispensável uma breve apresentação da organização SESC Serviço Social do Comércio e do voluntariado do Programa Mesa Brasil SESC, eleito para estudo de caso. 5.2 Apresentação da Organização Social O Serviço Social do Comércio foi criado em 1946, através do Decreto nº 9.853, por empresários e organizações sindicais do comércio e é administrado por seus representantes. É uma organização sem fins lucrativos, cuja manutenção depende da contribuição compulsória das empresas do comércio de bens e serviços do país. Atua nas áreas da Educação, Saúde, Lazer, Cultura e Assistência. Creche, educação infantil, ensino fundamental, educação de jovens e adultos, pré-vestibular, medicina preventiva e de apoio, odontologia, nutrição, cinema, teatro, música, artes plásticas, dança, artesanato, biblioteca, esporte, ação comunitária e assistência especializada compõem o amplo leque de serviços que o SESC oferece aos trabalhadores do comércio de bens e serviços e à comunidade em geral. Uma das características marcantes da entidade é a sua abrangência. Ela está presente em todas as capitais dos Estados, em cidades de porte médio e até em pequenos municípios do país. Sua estrutura física é constituída de Centros de Atividades e de Unidades Operacionais especializadas, como Colônias de férias, 1 Programa Voluntários e GEAV são organizações onde atuo desde o início de suas atividades - aproximadamente 9 anos, o que me confere certa familiaridade com o tema, e que pode me permitir maior profundidade na exploração deste estudo. ( nota da autora)

30 Hospedarias, Teatros, Cinemas, Balneários, Escolas e Áreas de Proteção Ambiental, como a Estância Ecológica do Pantanal. Essa imensa rede de serviços é administrada pelo Conselho Nacional do SESC, que tem a função de planejar, definir diretrizes, coordenar e controlar as atividades da instituição em todo o País. O Departamento Nacional é o órgão executivo do Conselho Nacional. Ele tem, entre outras, a atribuição de propor Diretrizes Gerais para a entidade e Políticas de Ação para os Programas de Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência, realizar estudos, pesquisas e experiências para fundamentação técnica das atividades do SESC, e prestar assistência técnica sistemática às administrações regionais. Cada Administração Regional do SESC tem uma estrutura semelhante ao Departamento Nacional. Todas contam com pessoal especializado para atender os trabalhadores do comércio de bens e serviços, seus dependentes e a comunidade. O SESC também participa ativamente, através das unidades fixas e móveis, de ações comunitárias, realizadas em conjunto com as comunidades, que possibilitam sua integração e participação na sociedade. Desde 1994, o SESC vem desenvolvendo ações para diminuir a fome e a subnutrição e, a partir de 2003, essas ações ganharam dimensão nacional com o Mesa Brasil SESC: um Programa de Segurança Alimentar e Nutricional, voltado para a inclusão social constituindo-se numa rede nacional de solidariedade contra a fome e o desperdício, presente em todos os estados brasileiros. No Programa Mesa Brasil SESC a entidade serve de ponte entre empresas que têm alimentos sobrando e instituições sociais que precisam desse alimento para

31 dar de comer a quem tem fome ou se alimenta de modo insuficiente. O Programa Mesa Brasil SESC tem na parceria que envolve empresas, instituições sociais e pessoas que dispõem de tempo livre para um trabalho voluntário, a base de sustentação de todas suas ações. 5.3 O Voluntariado do Programa Mesa Brasil - SESC Os voluntários do Programa atuam em duas áreas: a técnica para as ações educativas e a operacional para viabilizar a logística dos procedimentos do Programa. Na prática esses voluntários ministram palestras, oficinas e treinamentos consideradas pelos técnicos como Ações Educativas, ou auxiliam na coleta, seleção e manipulação dos alimentos, ou realizam visitas de acompanhamento às entidades receptoras ou, ainda, auxiliam na captação de novos doadores. Esses colaboradores estão subordinados ao Assistente Social ou ao Nutricionista de cada unidade regional. O Mesa Brasil-SESC não possui processos formais de recrutamento de voluntários, conforme apurado nas entrevistas com a coordenação nacional do programa, que afirma que as pessoas que manifestam o interesse em integrar o corpo de voluntários do Programa são orientadas a preencher um cadastro na unidade mais próxima. ( Anexo 3) A etapa seguinte do processo de admissão de voluntários é a participação em uma palestra explicativa sobre o SESC, Programa Mesa Brasil e trabalho voluntário em geral e no Programa. Segue-se uma entrevista, normalmente com o Assistente Social, quando o candidato indica a atividade que mais o atrai e quais os horários em que pode dedicar-se à ação voluntária.

32 Aceito no quadro, o voluntário passa por um breve treinamento que, em muitos dos casos, consiste no desenvolvimento da própria atividade escolhida, sob acompanhamento de um funcionário ou mesmo de um voluntário mais experiente. Passado este breve período de adaptação do voluntário à instituição, que serve basicamente para o voluntário confirmar sua intenção de envolver-se neste tipo de serviço, o voluntário é convidado a assinar o Termo de Adesão ao Trabalho Voluntário (Anexo 2) e compor oficialmente o corpo de voluntários do Programa Mesa Brasil SESC. 5.4 Coleta e Análise dos dados Durante o período de 8 meses, iniciado em junho de 2004, foram aplicados questionários, preenchidos pelos responsáveis pelo voluntariado, com o objetivo de conhecer a percepção destes sobre o trabalho voluntário desenvolvidos nas regionais do Programa Mesa Brasil. Foram 4 perguntas abertas, a saber: 1. Para você, qual o sentido da ação voluntária? 2. Quantos voluntários atuam em sua unidade? 3. Em quais atividades / tarefas atuam esses voluntários? 4. Existe um responsável oficial pela gestão do voluntariado em sua unidade? Foram entrevistados representantes das 27 unidades regionais e a Coordenadora Nacional do Programa, sendo que quatro estados possuíam mais de um responsável pelo voluntariado: Espírito Santo (2), Pará (2), Pernambuco (2) e São Paulo (4), tendo sido, aplicados, portanto 34 questionários. Do total, 24 (70,6%) foram respondidos por completo, e do restante: 8 (23,5%)

33 não responderam a questão número 1, e 2 (5,9%) responderam somente que ainda não trabalham com voluntários. A seguir um quadro que mostra a distribuição de voluntários por unidades: Tabela 1 Voluntários por Unidade Regional Unidade Regional Número de voluntários Acre Não trabalham com voluntários Alagoas 71 Amapá 12 Amazonas 35 Bahia Não trabalham com voluntários Ceará 16 Distrito Federal 77 Espírito Santo 35 Goiás 01 Maranhão 11 Mato Grosso 18 Mato Grosso do Sul 02 Minas Gerais 30 Pará 01 Paraíba 40 Paraná 03 Pernambuco 40 Piauí 03 Rio de Janeiro 38 Rio Grande do Norte Não trabalham com voluntários Rio Grande do Sul 06 Rondônia 03 Roraima 05 Santa Catarina 10 São Paulo 17 Sergipe 01 Tocantins 146 TOTAL 621 As unidades que responderam que não trabalham com voluntários justificam-se por estar se estruturando para iniciar um trabalho com mais segurança, como foi o caso do Rio Grande do Norte; Bahia menciona a precariedade das instalações físicas como uma dificuldade de momento para a implementação de seu programa de voluntariado e somente o Acre traz em sua justificativa, uma informação que merece atenção no sentido buscar meios para reverter a resistência

34 da própria população por não ter a cultura do voluntariado. Como já foi mencionado no capítulo III deste estudo, o trabalho voluntário é tão antigo em nossa sociedade, que é encontrado, em sua primeira apresentação institucional, em 1543, com a Fundação da Santa Casa de Misericórdia, na Vila de Santos. Pela orientação religiosa de nossa população é possível afirmar que manifestações de ajuda e cooperação estão presentes em todas os cantos de nosso país. O que sugere esta afirmação do representante do Mesa Brasil é a ausência de uma ação voluntária mais estruturada no Acre e não, necessariamente, a ausência de ações voluntárias espontâneas, que facilmente se manifestam nas relações de parentesco e nas relações comunitárias. E, é neste sentido, que um investimento que divulgue as ações do Programa Mesa Brasil e a possibilidade de participação que ele abre para a população em geral poderia reverter essa percepção local. O quadro seguinte apresenta a diversidade de ações desenvolvidas pelo voluntariado dentro do Programa Mesa Brasil SESC.

35 Quadro 1 - Tipos de atividades desenvolvidas pelos voluntários Unidade Regional Atividades desenvolvidas pelos voluntários Acre Alagoas Participação eventual ou sistemática em campanhas e ações educativas; Amapá Atuam de forma eventual sempre que é feita alguma doação de grande porte. Amazonas Trabalhos pontuais Bahia _ Ceará 06 realizam oficinas de aproveitamento de alimentos, 09 auxiliam na realização de eventos e 01 realiza as ações educativas; Distrito Federal 75 eventuais (participação em campanhas e eventos) e 02 Sistemáticos (apoio administrativo e operacional) Espírito Santo Seleção, higienização e acondicionamento dos alimentos; Goiás Captação de recursos Maranhão Ações educativas e seleção dos alimentos; Mato Grosso Seleção, acondicionamento e higienização dos alimentos; Mato Grosso do Sul Ministram cursos de aproveitamento de alimentos Minas Gerais Seleção, higienização e acondicionamento de alimentos Pará Apoio a área de nutrição Paraíba Seleção e acondicionamento de alimentos e nas ações educativas; Paraná Visitas e ações educativas nas instituições Pernambuco Atividades assistenciais e culturais Piauí Ações educativas e auxilia nas tarefas burocráticas; Rio de Janeiro Ações educativas e seleção, higienização e acondicionamento dos alimentos Rio Grande do Norte _ Rio Grande do Sul Oficina de culinária e outras voltadas para geração de renda; Rondônia Acompanhamento das instituições e nas oficinas de aproveitamento integral dos alimentos; Roraima Realizam palestras de forma eventual; Santa Catarina Atuam em campanhas e eventos e nas ações educativas São Paulo Treinamentos e palestras Sergipe Oficinas de aproveitamento integral de alimentos ; Tocantins Seleção, higienização e acondicionamento dos alimentos; _ Essas atividades dos voluntários no Programa Mesa Brasil-SESC podem ser sub-divididas pela freqüência com que são desenvolvidas: pontuais / eventuais ou sistemáticas e, ainda pelo tipo de atividade: ações mais ligadas a operação e logística de captação, seleção e distribuição dos alimentos; ações educativas, como

36 o Programa define as ações voltadas à orientação para o melhor aproveitamento dos alimentos doados; ou ações burocráticas, administrativas e de captação de recursos. Analisado pela freqüência com que é aproveitado o trabalho voluntário em algumas das unidades do Programa, tem-se a idéia de que essas unidades ainda não atingiram todo o seu potencial de aproveitamento destes colaboradores. A participação em eventos, campanhas e em momentos emergenciais, demonstram um interesse desses voluntários em contribuir com o Programa sempre que solicitado. Pode-se concluir que esta participação poderá ser ampliada tanto quanto for o interesse e capacidade de gestão dos responsáveis pelo voluntariado nestas unidades. Analisado pelo tipo de atividade desenvolvida, tem-se a idéia de um cardápio satisfatoriamente variado oferecido a pessoas com diferentes interesses e habilidades, que buscam a oportunidade de trabalho voluntário no Programa. No trabalho voluntário não existe atividade melhor ou pior, o que existe é a necessidade de colaboração, de apoio em determinadas atividades que são definidas pelos funcionários responsáveis pelas mesmas. Muito freqüentemente, o trabalhador voluntário disponibiliza suas habilidades e competências para serem aproveitadas onde a organização ou projeto social necessitar. A atenção dos responsáveis pelo voluntariado deve se concentrar para que os voluntários não percam a dimensão de sua atividade; que esta não se limite a um trabalho mecânico, um fazer compulsivo onde se desconhece a natureza da atividade exercida. Esta atenção deve buscar equilibrar as necessidades da organização social, as motivações pessoais e favorecer a aprendizagem, independente do tipo de atividade.

37 As respostas à quarta pergunta do questionário identificaram que todas as unidades contam com um funcionário responsável pela gestão do voluntariado local. As atividades voltadas à manipulação dos alimentos da doação à distribuição, bem como as ações educativas, voltadas prioritariamente para as instituições sociais, visando despertar as instituições parceiras para a importância do seu trabalho social e de promoção humana no contexto geral da sociedade, levando-as a desenvolver uma postura pró-ativa que favoreça a sua autonomia e sustentabilidade, segundo a coordenadora nacional, estão a cargo do Assistente Social de cada unidade do Programa. As ações educativas, focadas nos objetivos do Programa de combate à fome e ao desperdício, a promoção da alimentação segura, a reeducação alimentar, a cultura contra o desperdício e a inclusão social são coordenadas pela área de Nutrição de cada unidade do Programa. Essas ações são desenvolvidas por equipe técnica e voluntários, através das seguintes atividades: palestras, oficinas, dinâmicas de grupo, vivências, seminários, encontros temáticos, reuniões de grupos operativos, eventos comemorativos, passeios culturais, fóruns, feiras de informação e cursos. A constatação da existência de um responsável pelo trabalho voluntário em cada unidade do Programa demonstra uma preocupação com a sustentabilidade do mesmo. Literatura específica sobre gestão de um programa de voluntariado em organizações sociais afirma ser essencial contar com um profissional remunerado ou voluntário que planeje, organize e gerencie seu corpo de voluntários.(cvsp, 2001). O papel deste profissional de administração de voluntários é muito semelhante ao do profissional de recursos humanos responsável pelo pessoal

38 remunerado de uma organização. Na verdade, ele pode ser responsável por um número maior de pessoas que qualquer outro e, por este grupo não ser remunerado, o profissional da área de administração de voluntários deve desenvolver uma sensibilidade especial para casar as necessidades do voluntário com a tarefa de garantir a este continuar se sentido realizado com seu trabalho. Embora muitas das tarefas possam ser delegadas ou divididas com outro membro da administração, remunerado ou não, o profissional da área de administração de voluntários é responsável pelo seguinte: 1. Avaliar a necessidade de voluntários; 2. Desenvolver uma visão e uma missão norteadoras das ações voluntárias; 3. Criar um plano para o uso efetivo de recursos humanos; 4. Desenvolver e gerenciar um orçamento; 5. Criar procedimentos e regras de boa convivência; 6. Recrutar, entrevistar e admitir voluntários casando os requisitos da função com o potencial e o interesse de quem vai exercê-la; 7. Promover a assinatura do Termo de Adesão ao Trabalho Voluntário e o cumprimento da Lei 9608/98; 8. Orientar e treinar os voluntários; 9. Moldar a parceria entre o pessoal remunerado e o voluntariado, despertando o espírito de colaboração entre eles; 10. Supervisionar e avaliar os voluntários; 11. Manter em dia os registros sobre a participação voluntária; 12. Avaliar resultados baseado nos objetivos mensuráveis estabelecidos durante o processo de planejamento; 13. Reconhecer os esforços de cada voluntário e de todo corpo de voluntários;

39 14. Incentivar os voluntários talentosos, delegando gerenciamento e capacitando voluntários para posições intermediárias de gerenciamento; 15. Dispensar voluntários se necessário; 16. Administrar os conflitos que, eventualmente, surgirem; 17. Advogar em prol do voluntariado, assegurando tratamento justo e respeitoso aos voluntários e dar publicidade ao trabalho dos voluntários. Os profissionais do Programa Mesa Brasil SESC foram capacitados para o exercício desta função, embora muitos reconheçam que estão iniciando-se nesta prática e buscando estruturar bases sólidas para seus Programas de Voluntariado locais. O último quadro permite conhecer a percepção do responsável pelo trabalho voluntário, sobre esta atividade e os valores nela existentes. Quadro 2 Percepção sobre a Ação Voluntária Acre Alagoas Amapá Amazonas Bahia Ceará Unidade Regional Distrito Federal Espírito Santo Espírito Santo Para você, qual o sentido da ação voluntária? Não respondeu Uma oportunidade que os sujeitos sociais têm de utilizar o tempo livre numa ação criativa e prazerosa. Ë um compromisso social, onde todo ser humano está inserido neste trabalho com muita responsabilidade Ser voluntário é doar um pouco de si, sem interesses próprios. Isto implica que é o sentido da ação voluntária é o sentido da humanização, do valor, do respeito ao próximo Não respondeu Trabalhar hoje visando enriquecer o futuro através de ações participativas como envolvimento de toda a sociedade. Disseminar as informações e ações com a participação de toda comunidade. Conscientização de que as questões sociais não são dificuldades somente do indivíduo, mas sim da sociedade como um todo. Doação de seu tempo e habilidade Solidariedade. Ajudar pessoas de forma sistemática e organizada, ou melhor capacitando pessoas a trabalhar com voluntariado Ação voluntária é agir, sem esperar por órgãos

40 Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul Minas Gerais Pará Pará Paraíba Paraná Pernambuco Pernambuco Piauí Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Rondônia Roraima Santa Catarina São Paulo São Paulo públicos, é fazer e acontecer, enfim é ação com doação. Cidadania, solidariedade, compartilhar conhecimento, evolução de todos os indivíduos, autonomia. Despertar nas pessoas o sentimento participativo e contributivo na busca pela melhoria de qualidade de vida, sem que haja um interesse financeiro embutido neste desejo de ser voluntário. Não respondeu Despertar para os valores da vida e do bem comum. Sair do comodismo, Resgatar a cidadania, Perceber as necessidades do irmão, Despertar a sensibilidade, a percepção, o amor, doação, Ter coragem de trabalhar gratuitamente fazendo bem o proposto, saber ouvir muito, ser responsável e otimista Não respondeu É um ato de amor e paixão, onde cada pessoa se propõe a doar seu tempo e talento gratuitamente, independente de seu grau de instrução, raça ou credo em benefício de causas sociais De compartilhar e proporcionar ações que busquem socializar toda forma de conhecimento seja ele técnico ou operacional. Voluntário é o cidadão que se propõe a realizar algo capaz de mudar a qualidade de vida das pessoas. O trabalho voluntário deverá ser no tempo que lhe sobra, ou a sua disponibilidade, deverá está inserida na agenda pessoal e profissional. Manifestam dificuldades em trabalhar junto aos voluntários as questões legais e trabalhistas Ação voluntária é uma complementação de uma ação que deveria ou poderia se realizada por alguém com remuneração, mas que por algumas condições não é possível. Sentido de Solidariedade junto a organizações e pessoas podendo disponibilizar de um tempo desenvolvendo ações. Ação voluntária = exercendo a cidadania Oportunidade do voluntário desenvolver um trabalho em beneficio à comunidade, ao mesmo tempo que adquiri e aprofunda conhecimentos. É uma ação de amor ao próximo, de engajamento na sociedade e conseqüentemente no mundo. Acho que a palavra chave seria troca. Importante na medida que melhora o individuo quanto ator no processo de crescimento pessoal e viabiliza a melhoria do meio em que atua fortalecendo o conceito e o exercício de cidadania Não respondeu Dificuldades para gerenciar o trabalho no que se refere a concessão de benefícios e expectativa dos candidatos em conseguir emprego Não respondeu Não respondeu Para o voluntário: a possibilidade de doar ao próximo seu conhecimento Para o Projeto: a possibilidade de receber o fortalecimento de sua ação. Trabalhar no sentido da melhoria da qualidade de vida