ANANDA OLIVEIRA ABORDAGEM E PERCEPÇÃO DO FILO ARTHROPODA NO ENSINO FUNDAMENTAL CANOAS, 2009.



Documentos relacionados
Compreensão das diferenças entre os artrópodes, crustáceos, insetos, aracnídeos, quilópodes e diplópodes, reconhecendo suas características

Móds. 15 e 16. Setor Prof. Rafa

ARTRÓPODES PROF. MARCELO MIRANDA

Corpo segmentado e dividido em cabeça, tórax e abdome, podendo alguns apresentar cefalotórax (= cabeça + tórax) e abdome.

Prof Thiago Scaquetti de Souza

Aspectos Gerais - Nome: articulação nos pés. - Maior filo de animais + de sp. (3/4 dos animais conhecidos). - Exoesqueleto quitinoso -

Artrópodes. - A enorme diversidade de adaptação destes animais permite que sobrevivam em todos os habitats.

Na verdade apenas a multicelularidade e o desenvolvimento embrionário são características que distinguem o reino animal dos demais reinos

Grupo mais bem sucedido em nº de espécies Exploram mais diferentes ambientes Crustáceos, Aracnídeos, Insetos, Diplópodes e Quilópodes Importância:

Artrópodes. Os representantes do Filo Arthropoda (arthro= articulação, podes=pés) são animais com pernas articuladas.

truta - sapos - rãs - tartaruga - serpente - garça - andorinha - morcego - macaco

Artrópodes. Profº Fernando Belan - BIOLOGIA MAIS

TÉCNICO EM AGROECOLOGIA U.C. SANIDADE VEGETAL ARTRÓPODES

Criado e Desenvolvido por: Todos os direitos são reservados

Possuem sistema circulatório. O sangue desloca-se por um sistema fechado de vasos e contém pigmentos respiratórios dissolvidos no plasma.

SISTEMA CIRCULATÓRIO COMPARADO. PROFESSOR: João Paulo

Curso Wellington: Biologia-Artrópode-Miriápodes- Características Gerais e Classificação Prof Hilton Franco

Curso Wellington Biologia Reino Animal - Equinodermos Prof Hilton Franco

Matéria: Biologia Assunto: Reino Animal - Moluscos Prof. Enrico Blota

Solução Comentada Prova de Biologia

Aula Os conquistadores do ambiente terrestre

7ª série / 8º ano 2º bimestre U. E. 10

Ozooplâncton de água doce é constituído predominantemente por Protozoa,

CIÊNCIAS PROVA 4º BIMESTRE 7º ANO PROJETO CIENTISTAS DO AMANHÃ

CARACTERÍSTICAS: O corpo dos insetos e formado por três regiões: cabeça, tórax e abdome. Na cabeça das insetos, podemos notar antenas, olhos e peças

Curso Wellington:Biologia - Reino Animal - Artrópodes - Aracnídeos - Prof Hilton Franco

REPRODUÇÃO MECANISMO DE PERPETUAÇÃO DAS ESPÉCIES

Criado e Desenvolvido por: Todos os direitos são reservados

TECIDOS. 1º ano Pró Madá

BIOVESTIBA.NET BIOLOGIA VIRTUAL Profº Fernando Teixeira UFRGS REINO ANIMAL - INVERTEBRADOS

ZOOLOGIA DE VERTEBRADOS CURSO: Ciências Biológicas 3º Ano 2º semestre

Rota de Aprendizagem 2015/16 5.º Ano

TECIDO MUSCULAR CARACTERÍSTICAS

Apostila de Biologia 02 Reprodução Comparada

2ª SÉRIE ENS. MÉDIO MONITORIA DE BIOLOGIA 1 (OBJ. 2º PERÍODO) EXERCÍCIOS A B C CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN

PlanetaBio Resolução de Vestibulares FUVEST ª fase - específicas

ENT MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS FLORESTAIS AULAS PRÁTICAS PRÁTICA 4: TÓRAX E SEUS APÊNDICES - TIPOS DE PERNAS E ASAS

CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANIMAIS. Reino Animalia

Bergson Museu de Paleontologia de Crato Fóssil de escorpião + / mi anos Formação Santana do Cariri

CADERNO DE ATIVIDADES CIÊNCIAS

Filo Porífera. Esponjas

AGRUPAMENTO de ESCOLAS Nº1 de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2013/2014 PLANIFICAÇÃO ANUAL


ATIVIDADES DE RECUPERAÇÃO PARALELA 2º Trimestre. 3 ano DISCIPLINA: BIOLOGIA B

Móds. 15 ao 18. Setor Prof. Rafa

ROTEIRO DE RECUPERAÇÃO FINAL 2013 BIOLOGIA

MARIA INÊZ DA SILVA, MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES, CRISTIANE CIDÁLIA CORDEIRO E SUELLEN ARAÚJO. Introdução

1. Os óvulos de aves e répteis, por possuírem grande quantidade vitelo no pólo vegetativo, denominam-se:

IESA-ESTUDO DIRIGIDO 1º SEMESTRE 8º ANO - MANHÃ E TARDE- DISCIPLINA: CIÊNCIAS PROFESSORAS: CELIDE E IGNÊS. Aluno(a): Turma:

Grupo de maior sucesso evolutivo: encontrados em praticamente todos os ambientes. Apêndices articulados Correr, nadar, saltar, escavar, copular...

Exercícios de Evidências da Evolução

b) Justifique sua resposta. Resolução a) A afirmação não é válida. b) Os vírus são parasitas obrigatórios de células procarióticas

O corpo humano está organizado desde o mais simples até o mais complexo, ou seja, do átomo microscópico ao complexo organismo humano macroscópico.

Artrópodes. Profº Fernando Belan - BIOLOGIA MAIS

D) Presença de tubo digestivo completo em anelídeos, e incompleto em cnidários.

Filo - Arthropoda. Professor: Fernando Stuchi

Aula 6 Atrópodos: quelicerados

Sugestão de avaliação

Características distintivas do subfilo. Extremidades pares diversamente modificadas

COMENTÁRIO DA PROVA DE BIOLOGIA

BIOLOGIA COMENTÁRIO DA PROVA DE BIOLOGIA

Agrupamento de Escolas de Terras de Bouro Informação Prova de Equivalência à Frequência

Zoologia e Botânica. Biologia Monitores: Julio Junior e Thamirys Moraes 16, 17, 18 e 20/12/2015. Material de Apoio para Monitoria

Vivendo na Terra. Como era a Terra e quais os grupos animais viventes no momento evolutivo em que se deu a transição para o ambiente terrestre?

Os Platelmintos. Caracteristicas exclusivas

fibras musculares ou miócitos

PLANIFICAÇÃO ANUAL DE CIÊNCIAS DA NATUREZA - 6º ANO

Manuella Rezende Vital Orientado: Prof. Dr. Fábio Prezoto

4 o ano Ensino Fundamental Data: / / Atividades de Ciências Nome:

Tipos de óvulos: os óvulos possuem uma substancia de reserva nutritiva chamada vitelo, de acordo com a quantidade e a distribuição do vitelo, os

Artrópodes. Filo Arthropoda (arthron = articulações e podos = pés)

PLANO DE ESTUDOS DE CIÊNCIAS NATURAIS 5.º ANO

Protocolo experimental

Sistema Nervoso Professor: Fernando Stuchi

01. Quando comparamos o caramujo e o caranguejo representados nas tiras abaixo, podemos afirmar corretamente que:

CAPÍTULO 6 TECIDO MUSCULAR

INTRODUÇÃO DA ATIVIDADE BIOLOGIA ITINERANTE: ARTRÓPODES E SUA IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE FORTALEZA.

5ª SÉRIE/6º ANO - ENSINO FUNDAMENTAL UM MUNDO MELHOR PARA TODOS

Matéria: Biologia Assunto: Relações Ecológicas Prof. Enrico Blota

REINO ANIMAL PORÍFEROS CNIDÁRIOS PLATELMINTOS NEMATELMINTOS ANELÍDEOS MOLUSCOS ARTRÓPODES EQUINODERMOS CORDADOS

Roteiro de Estudos de Ciências 7 ANO. 3º trimestre

PROVA COMENTADA PELOS PROFESSORES DO CURSO POSITIVO

SISTEMA NERVOSO. Professora: Daniela Carrogi Vianna

Aula 4 Os animais. Os seres vivos são classificados nos Reinos:

Embriologia: É a parte da Biologia que estuda as transformações que se tem no embrião, desde a formação da célula-ovo até o nascimento.

Introdução. Renata Loretti Ribeiro - Enfermeira

Sistema Muscular. Elementos de Anatomia e Fisiologia Humana

CIÊNCIAS DA NATUREZA REVISÃO 1 REVISÃO 2 INTERATIVIDADE SISTEMA SOLAR

Exercícios de Aprofundamento Biologia - Embriologia

Aula 5 Reprodução das Angiospermas

Disciplina: Ciências. Período: I. Professor(a): Gislene das Graças Portes Ferreira Liliane Cristina de Oliveira Vieira

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS LUÍS DE CAMÕES ESCOLA BÁSICA 2, 3 LUÍS DE CAMÕES. PROJECTO CURRICULAR DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NATURAIS 6º Ano

BA B Inv n e v rt r e t bra r dos o s m ais s si s m i ple l s s ( p ( la l t a e t lm l in i t n o t s o ) s Apostila 1 Pág.

Que peninha! Introdução. Materiais Necessários

CICLO DE VIDA E REPRODUÇÃO. Professora Stella Maris

Roteiro de aulas teórico-práticas

Ecologia Conceitos Básicos e Relações Ecológicas

PROVAS DA SEGUNDA ETAPA PS2007/UFG

Curiosidades A Vida das Abelhas.

Transcrição:

1 ANANDA OLIVEIRA ABORDAGEM E PERCEPÇÃO DO FILO ARTHROPODA NO ENSINO FUNDAMENTAL CANOAS, 2009.

2 ANANDA OLIVEIRA ABORDAGEM E PERCEPÇÃO DO FILO ARTHROPODA NO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora de curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle Unilasalle, como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas, sob. Orientação do Prof. Ms. Francisco Fernando de Castilho Koller. CANOAS, 2009.

3 TERMO DE APROVAÇÃO ANANDA OLIVEIRA ABORDAGEM E PERCEPÇÃO DO FILO ARTHROPODA NO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas do Centro Universitário La Salle Unilasalle, pelo avaliador Prof. Ms. Francisco Fernando de Castilho Koller. Prof. Ms. Francisco Fernando de Castilho Koller Unilasalle Canoas, 03 de julho de 2009.

4 RESUMO Muitas pessoas consideram os artrópodes animais nojentos, porque desconhecem sua importância. São denominados como pragas, embora apenas 2% são pragas, os outros 98% não se enquadram nessa categoria. Com a finalidade de verificar a abordagem e a percepção do Filo Arthropoda e prover subsídio ao desenvolvimento de metodologias para abordagem desse grupo, elaborou-se este trabalho, à luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A pesquisa foi levada a efeito no período de 4 de maio a 22 de maio de 2009, através da aplicação de questionários a estudantes e professores de ciências do Ensino Fundamental de escolas das redes pública e privada de ensino, bem como análise de livros didáticos de ciências utilizados na 6 a série do ensino fundamental. Os resultados obtidos apontam a falta de utilização de metodologias alternativas por parte dos professores, bem como a completa ausência de vivências práticas. Com relação aos livros didáticos, verificou-se que muitos abordam esse conteúdo de modo superficial, com ênfase aos aspectos negativos do grupo. A partir desses resultados conclui-se que é premente o desenvolvimento de trabalhos que envolvam educação ambiental, assim como estratégias que desenvolvam a conscientização sobre a uma abordagem alternativa e contextualizadora do Filo Arthropoda. Palavras-chave: Arthropoda praga, abordagem, percepção, projetos de conscientização. ABSTRACT Many people consider nojentos the animal arthropods, because they are unaware of its importance. They are called as plagues, even so only 2% are plagues, the others 98% are not fit in this category. With the purpose to verify the boarding and the perception of the Filo Arthropoda and to provide subsidy to the development with methodologies for boarding of this group, this work was elaborated, to the light of the National Curricular Parameters. The research was taken the effect in the period of 4 of May the 22 of May of 2009, through the application of questionnaires the students and professors of sciences of Basic Ensino of schools of the nets public and private of education, as well as didactic book analysis of sciences used in 6a series of basic education. The gotten results point the lack of use of alternative methodologies on the part of the professors, as well as the complete absence of practical experiences. With regard to didactic books, it was verified that many approach this content in superficial way, with emphasis to the negative aspects of the group. From these results one concludes that the development of works that involve ambient education, as well as strategies is pressing that develop the awareness on the one alternative and contextualizadora boarding of the Filo Arthropoda. Word-key: Arthropoda plague, boarding, perception, projects of awareness.

5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇAO 8 2. OBJETIVO GERAL 9 2.1 Objetivos Específicos 9 3. REFERÊNCIAL TEÓRICO 10 3.1 Filo Arthropoda 10 3.1.1 Filogenia e parentesco 13 3.1.2 Classificação 13 3.1.3 Características Gerais 13 3.1.4 Exoesqueleto 14 3.1.5 Movimento e Musculatura 15 3.1.6 Celoma e Sistema sanguíneo 16 3.1.7 Trato Digestivo 16 3.1.8 Cérebro 17 3.1.9 Registros Fósseis 17 3.1.10 Classes do Filo Arthropoda 18 3.1.10.1 Classe Arachnida 18 3.1.10.1.1 Anatomia 18 3.1.10.1.2 Nutrição 21 3.1.10.1.3 Reprodução 21 3.1.10.1.4 Principais Ordens de Aracnídeos 21 3.1.10.2 Classe Pycnogonida 26 3.2 Arthropodos Unirremes 26 3.2.1 Classe Chilopoda 27 3.2.1.1 Principais Ordens de Chilopodos 28 3.2.2 Classe Diplopoda 28 3.2.3 Classe Insecta 29 3.2.3.1 Características Gerais 30 3.2.3.2 Reprodução e Desenvolvimento 32 3.2.3.3 Ecologia 33 3.2.3.3.1 Interação Inseto/Planta 33 3.2.3.3.2 Parasitismo 33

6 3.2.3.3.3 Insetos Sociais 34 3.2.3.3.4 Polinização 34 3.2.3.3.5 Surgimento das Pragas 35 3.2.3.3.6 Comunicação 35 3.2.3.4 Principais Ordens de Insetos 36 3.3 Subfilo Crustacea 47 3.3.1 Classe Cirripedia 47 3.3.2 Classe Malacostraca 47 4. ASPÉCTOS PEDAGÓGICOS 50 5. METODOLOGIA 53 5.1 Instrumento de Investigação 53 5.2 Amostragem de Indivíduos 53 5.2.1 Período de Coleta de Dados 54 5.3 Análise dos Livros Didáticos 54 5.4 Proposta Pedagógica 54 5.4.1 Gaveta Didática de Artrópodes 54 5.4.1.1 Importância do Projeto 55 5.4.1.2 Projeto Gaveta Didática de Artrópodes 56 5.4.1.2.1 Técnicas de Coleta e Conservação 58 5.4.1.2.2 Manuseio da Coleta 59 5.4.1.2.3 Montagem e Conservação 59 5.4.1.2.4 Alfinetagem 59 5.4.1.2.5 Montagem de Artrópodes Pequenos 60 5.4.1.3 Resultados Esperados da Gaveta Didática de Artrópodes 61 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62 6.1 Titulação dos professores 62 6.2 Perfil dos Alunos 63 6.3 Instrumento Investigativo 65 6.4 Livro Analisados 80 6.5 Projeto Gaveta Didática de Artrópodes 82 6.5.1 Dados Obtidos 82 7. CONCLUSÃO 83

7 REFERÊNCIAS 85 APÊNDICE A - Ficha investigativa dos professores 88 APÊNDICE B - Ficha investigativa dos alunos 91

8 1 INTRODUÇÃO Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), dizer que o aluno é sujeito de sua aprendizagem significa afirmar que é dele o movimento de ressignificar o mundo, isto é, de construir explicações norteadas pelo conhecimento científico. Muitas pessoas consideram os artrópodes animais nojentos, porque desconhecem sua importância. Segundo Altieri (2003), muitos os denominam como pragas, embora apenas 2% são pragas, os outros 98% não se enquadram nessa categoria. Para os PCNs, este conteúdo é abordado, quando se trabalha seres vivos, estudando-se suas características e hábitos alimentação, reprodução, locomoção em relação ao ambiente em que vivem. É possível uma primeira aproximação ao conceito de ser vivo por meio do estudo do ciclo vital: nascimento, crescimento, reprodução e morte. A partir de 2004 foi implantado o Programa Nacional do Livro Didático para Ensino Médio (PNLEM). Esse programa é responsável pela análise e pela distribuição gradativa de livros. Cabe ao professor orientar os alunos sobre o que e onde observar, de modo que se coletem dados importantes para as comparações que se pretende, pois a habilidade de observar implica um olhar atento para algo que se tem a intenção de ver. Em face ao exposto, tornam-se necessários esforços que venham a investigar o processo de ensino aprendizagem de modo a contribuir à adequada implantação do ensino pela pesquisa. Neste sentido este trabalho teve como principal objetivo investigar as metodologias de abordagem do filo Arthropoda, por parte dos professores de Ciências do Ensino Fundamental, bem como avaliar a forma com que os alunos percebem estas informações. Como forma de subsídio, foi elaborado um projeto para abordagem do filo Arthropoda, através do educar pela pesquisa, por meio da confecção de uma Gaveta de Artrópodes Didática.

9 2 OBJETIVO GERAL Analisar a forma com que o filo Arthropoda é abordado no ensino fundamental e a percepção dos alunos sobre o mesmo. 2.1 Objetivos Específicos _ Observar como o conteúdo Arthropoda é ensinado no Ensino Fundamental. _ Analisar como os alunos percebem este grupo; _ Investigar a forma com que os livros didáticos abordam o assunto; _ Contribuir para melhor formação do educando, tendo em vista educar pela pesquisa. _ Informar aos estudantes de Ensino Fundamental a importância do filo Arthropoda para o meio ambiente, e sua relação com o homem. _ Incentivar o ensino pela pesquisa através da construção da gaveta didática de Arthropodos.

10 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Filo Arthropoda O filo Arthropoda (vem do grego Arthros - articulação, podos - pé) contém a maioria dos animais conhecidos, aproximadamente 1.000.000 de espécies, sendo muitas deles extremamente abundantes em número de indivíduos, inclui a classe crustacea, insecta, arachnida, chilopoda, diplopoda (tab. 1) e outros menos conhecidos e formas fósseis. O filo é um dos mais importantes ecologicamente, pois domina todos os ecossistemas terrestres e aquáticos em número de espécies ou de indivíduos ou em ambos; a maior parte do movimento de energia desses sistemas passa pelo corpo dos artrópodos. O corpo é segmentado externamente em graus diversos e as extremidades pares são articuladas (fig. 1), sendo diferenciados em forma e função para o desempenho de atividades especiais. Todas as superfícies externas são revestidas por um exoesqueleto orgânico contendo quitina. O sistema nervoso, olhos e outros órgãos sensitivos são proporcionalmente grandes e bem desenvolvidos, próprios para respostas rápidas aos estímulos. Este é o único dos grandes filos dos invertebrados com muitos membros adaptados à vida terrestre, independente de ambientes úmidos; e os insetos são os únicos invertebrados capazes de voar (STORER; et al, 2000). Segundo Ruppert e Barnes, os artrópodos são protostômios e relacionam-se claramente com os anelídeos ou se ambos surgiram de um ancestral comum. Entretanto, a relação é demonstrada de várias maneiras. 1. Os artrópodos como os anelídeos são segmentados. A segmentação torna-se evidente no desenvolvimento embrionário de todos os artrópodos e é uma característica evidente de muitos adultos, especialmente nas espécies mais primitivas. Como nos anelídeos, o crescimento nos artrópodos resulta da adição de novos segmentos na região imediatamente anterior à seção terminal do corpo (télson). O protostômio e o pigídio dos anelídeos correspondem respectivamente, ao ácron e ao télson dos artrópodos.

11 2. Os sistemas nervosos dos anelídeos e dos artrópodos são constituídos no mesmo plano básico. Em ambos, um cérebro anteroir dorsal é seguido por um cordão nervoso ventral que contém inchaços ganglionares em cada segmento. 3. O desenvolvimento embrionário de alguns artrópodos ainda exibe um certo grau de clivagem determinada espiral, com a mesoderme nessas formas surgindo do quarto blastômero. 4. Na condição primitiva, cada segmento do artrópodo porta um par de apêndices. Essa mesma condição é exibida no poliquetas, nos quais cada segmento tem um par de parapódios. No entanto, a homologia entre os parapódios e os apêndices dos artrópodos é incerta. Tabela 1 Filo Arthropoda: caracteres gerais das principais classes. Crustacea Insecta Arachnida Chilopoda Diplopoda Divisão do corpo Geralmente cefalotórax e abdome Cabeça, tórax e abdome Cefalotórax e abdome Cabeça e corpo longo Cabeça, tórax curto e abdome longo Antenas 2 pares 1 par Ausente 1 par 1 par Peças bucais Mandíbulas, maxilas, 2 Mandíbulas, maxilas, 1 par Quelíceras e pedipalpos Mandíbulas, maxilas, 2 Mandíbulas, maxilas, 1 par pares de maxilípedes de lábio pares Pernas 1 par por segmento, ou 3 pares no tórax (+asas) 4 pares no cefalotórax 1 par por segmento 2 (ou 1 par) por segmento menos Respiram por Brânquias ou Traquéias Pulmões Traquéias Traquéias superfície do corpo foliáceos ou traquéias Aberturas genitais 2, parte posterior do tórax 1, extremidade posterior a do abdome 1, segundo segmento do abdome 1, extremidade posterior a do abdome 1, terceiro segmento após a cabeça Desenvolvimento Geralmente Geralmente Direto, exceto Direto Direto com estágios larvais com estágios larvais carrapatos Habitat principal Água salgada Principalmente Principalmente Todos terrestres Todos terrestres ou doce, poucos na terra terrestres terrestres Fonte bibliográfica: STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2000.

12 Figura 1. Estrutura de um artrópodo generalizado. A) corte saginal. B) corte transversal. C) Articulação intersegmentar. Detalhe da membrana articulada dobrada por baixo da placa segmentar. D) Articulação da perna de um inseto mostrando os côndilos e as ligações musculares. E) Um apodema. (A partir de STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2000).

13 3.1.1 Filogenia e parentesco Os artrópodos situam-se no ápice da linha evolutiva dos protostômios e são dominantes nos sistemas ecológicos atuais do mundo. Além disso, o registro fóssil do grupo é extenso, datando desde o Cambriano. Infelizmente este registro fóssil não apresenta formas que unem os diversos grupos de artrópodos; é por isso que não tem havido acordo entre os zoólogos quanto aos aspectos da origem e da evolução do filo. (STORER; e tal, 2000). 3.1.2 Classificação Tradicionalmente foram reconhecidos três subfilos principais: Chelicerata, Trilobita e Mandibulata. No passado acreditava-se que os três fossem grupos naturais e o filo todo foi considerado de origem monofilética. Neste esquema, os trilobita seriam os mais primitivos, seguidos pelos chelicerata, sendo os mais evoluídos os mandibulata. Os trilobitos são todos extintos, eles não possuíam apêndices cefálicos especializados. Os quelicerados diferem dos mandibulados em dois aspectos principais: os quelicerados não têm antenas e seus apêndices anteriores são queliceras em forma de pinça. Todos os mandibulados têm antenas como apêndices anteriores. Os Chelicerata incluem duas pequenas classes de organismos marinhos, Pycnogonida e Merostomata, mas a classe Arachnida constitui a maioria dos quelicerados viventes. Os Mandibulata constituem o maior dos subfilos e são dominados por duas classes Crustacea e Insecta. Os Crustacea distinguem-se dos Insecta por terem dois pares de antenas na cabeça; os insetos só têm um par. A classe Chilopoda caracteriza-se por um par de pernas por segmento, enquanto os diplopoda têm dois pares por segmento. (STORER; e tal, 2000). 3.1.3 Características Gerais 1. Simetria bilateral; 3 folhetos germinativos; corpo geralmente segmentado e externamente articulado; cabeça, tórax e abdome diversamente distintos ou fundidos (segmentos cefálicos sempre fundidos).

14 2. Um par de extremidades por segmento ou menos; cada uma com poucos a muitos artículos contendo feixes antagônicos de músculos; diversamente diferenciadas, algumas vezes reduzidas em números ou pares, raramente ausentes. 3. Um exoesqueleto endurecido contendo quitina, secretado pela epiderme e mudado periodicamente. 4. Músculos estriados, frequentemente complexos, geralmente capazes de ação rápida. 5. Trato digestivo completo; peças bucais com mandíbulas laterais adaptadas para mastigação ou sucção; ânus terminal. 6. Sistema circulatório aberto (lacunar); coração dorsal, distribuindo sangue para artérias para os órgãos e tecidos, de onde ele volta por lacunas do corpo (hemocelo) ao coração; celoma reduzido. 7. Respiração por brânquias, traquéias (ductos do ar), pulmões foliáceos ou superfície do corpo. 8. Excreção por glândulas coxais ou glândula verdes ou por 2 a muitos túbulos de Malpighi ligados ao intestino. 9. Sistema nervoso com gânglios dorsais pares dorsalmente à boca e conectivos para um par de cordões nervosos ventrais, com um gânglio em cada segmento ou gânglios concentrados; os órgãos sensitivos incluem antenas e pelos sensitivos (tácteis e quimiorreceptores), olhos simples e compostos, órgão auditivos (insecta) e estatocistos. 10. Sexos geralmente separados, macho e fêmea, frequentemente diferentes, fecundação geralmente interna, ovos ricos em vitelo, com casca, ovíparos e ovovivíparos, clivagem geralmente superficial; geralmente com um ou vários estágios larvais e metamorfose gradual ou abrupta para a forma adulta; partenogênese em alguns crustáceos ou insetos. (STORER; e tal, 2000). 3.1.4 Exoesqueleto Embora os artrópodos exibam essas características dos anelídeos, eles sofreram grandes e muitas alterações profundas e distintas no curso da sua divergência a partir dos anelídeos. A característica distinguível dos artrópodos (e uma à quais muitas outras alterações estão relacionadas) é o exoesqueleto quitinoso ou cutícula que recobre todo o corpo. A

15 cutícula pode ser fina e flexível (como nas larvas dos insetos), mas é em geral relativamente espessa e rígida. O movimento torna-se possível através da divisão da cutícula em placas separadas. Primitivamente, essas placas confinam-se a segmentos únicos e a placa de um segmento conecta-se à placa do segmento contíguo através de uma membrana articular, uma região na qual a cutícula é muito fina e flexível. A cor dos artrópodos resulta comumente da deposição de pigmentos de melanina marrom, amarela, laranja e vermelha dentro da cutícula. No entanto, os verdes, roxos e outras cores iridescentes resultam de estriações finas da epicuticula, que causam uma refração luminosa e dão à aparência da cor. Frequentemente a coloração corporal, não se origina diretamente na cutícula, mas ao invés disso é produzida por células pigmentares subcuticulares (cromatóforos) ou é causada por pigmentos sanguíneos e teciduais, que ficam visíveis através de uma cutícula fina e transparente. Apesar das suas vantagens locomotoras e de sustentação, um esqueleto externo representa problemas para um animal em crescimento. A solução evoluída nos artrópodos foi a eliminação periódica do esqueleto, um processo chamado de muda ou ecdise. Os estágios entre as mudas são conhecidos como instares, e o comprimento dos instares torna-se maior a medida que o animal fica mais velho. Alguns artrópodos (tais como lagosta e a maioria dos caranguejos) continuam a mudar por toda a vida. Outros artrópodos (tais como insetos e aranhas) têm números de instares mais ou menos fixos, com o último deles sendo atingido na maturidade sexual. (Ruppert e Barnes, 1996). 3.1.5 Movimento e Musculatura Segundo Ruppert e Barnes, 1996, a andadura dos artrópodos envolve uma onda de movimentos das pernas, na qual uma perna posterior desce imediatamente antes ou um pouco depois da perna anterior elevar-se. Os movimentos das pernas nos lados opostos do corpo alternam-se com um outro; que é um membro de um par movendo-se através do seu esforço efetivo enquanto o seu parceiro esta fazendo um esforço de recuperação. O movimento alternado das pernas tende a induzir uma ondulação corporal, significando que uma parte da força proporcionada pelos apêndices segue um movimento lateral em vez de para frente. Essa tendência é contra-atacada pelo aumento da rigidez corporal (tal como os segmentos fundidos que portam pernas e que formam o tórax dos insetos ou o cefalotórax de alguns crustáceos e

16 aracnídeos). Um exoesqueleto torna um sistema locomotor/ esquelético altamente eficiente para os animais que tenham somente poucos centímetros de comprimento. 3.1.6 Celoma e Sistema Sanguíneo Vascular O celoma bem desenvolvido e segmentado característico dos anelídeos sofreu uma redução drástica nos artrópodos e só se encontra representado pela cavidade das gônadas, e em determinados artrópodos pelos órgãos excretores. A alteração relaciona-se provavelmente com a mudança de um esqueleto interno fluido para um esqueleto externo sólido. O sistema sanguíneo vascular dos artrópodos é composto de um coração, vasos e uma hemocele. O vaso dorsal dos anelídeos, que é contrátil e o centro principal para a propulsão sanguínea, pode ser homologo ao coração dos artrópodos. O coração varia em posição e comprimento nos diferentes grupos de artrópodos, mas em todos eles o coração é um tubo muscular perfurado por pares de aberturas laterais denominadas óstios. A sístole (contração) resulta da contração dos músculos da parede cardíaca, e a diástole (expansão e preenchimento) resulta das fibras elásticas suspensoras e, em algumas espécies, da contração dos músculos suspensores. Os óstios permitem que o sangue flua no interior do coração durante a diástole a partir do grande seio circundante conhecido como pericárdio. No entanto o pericárdio nos artrópodos não deriva do celoma, mas é uma parte da hemocele. Após deixar o coração, o sangue é bombeado para os tecidos corporais através de artérias e é finalmente despejado no interior dos seios (coletivamente a hemocele) que os colocam em contato com os tecidos metabolizadores. O sangue então retorna por várias rotas até o seio pericárdico. Os artrópodos possuem dois tipos de órgãos excretores: túbulos de Malpighi e sáculos. (Ruppert e Barnes, 1996). 3.1.7 Trato Digestivo O intestino dos artrópodos difere da maioria dos outros animais por ter grandes regiões estomodeais e proctodeais. Os derivados dessas porções ectodérmicas são revestidos com quitina e constituem o intestino anterior e o intestino posterior. A região interposta, deriva da

17 endoderme e forma o intestino médio. O intestino anterior relaciona-se principalmente com a ingestão, a trituração e o armazenamento dos alimentos. O intestino médio é o local de produção, digestão e produção enzimáticas; no entanto em alguns artrópodos, as enzimas passam para frente e a digestão inicia-se no intestino anterior. A área superficial do intestino médio encontra-se aumentada por evaginações, formando bolsas ou grandes glândulas digestivas. O intestino posterior funciona na absorção da água e na formação das fezes. (Ruppert e Barnes, 1996). 3.1.8 Cérebro Existe um algo grau de cefalização nos artrópodos. O aumento no tamnho cerebral correlaciona-se aos órgãos sensoriais bem desenvolvidos (tais como olhos e antenas), muitos grupos de artrópodos exibem padrões comportamentais complexos. O cérebro dos artrópodos consiste de três regiões principais: protocérebro (anterior), deutocérebro (médio), tritocérebro (posterior). Os nervos provenientes dos olhos entram no protocérebro. O deutocérebro recebe os nervos das antenas (primeiras antenas nos crustáceos). As antenas não existem nos quelicerados (escorpiões, aranhas e ácaros), e nesses artrópodos ocorre uma ausência do deutocérebro. O tritocérebro dá origem aos nervos que inervam o lábio (lábio inferior), o trato digestivo (nervos estomatogástricos), as queliceras (garras) dos quelicerados e a segunda antena dos crustáceos. A maioria dos zoólogos concorda que a cabeça de todos artrópodos contém dois ou três segmentos pré-orais e as antenas são apêndices segmentares. O tritocérebro é um gânglio segmentar que se desviou anteriormente. Só a sua comissura pós oral constitui uma boa evidencia de sua origem. (Ruppert e Barnes, 1996). 3.1.9 Registros Fósseis Os artrópodes surgem no registro fóssil durante o Cambriano, junto com muitos outros grupos de invertebrados. Um dos grupos mais comuns de artrópodos fosseis é o subfilo Trilobita. Os trilobitas já foram abundantes e largamente distribuídos nos mares paleozóicos.

18 A maioria dos trilobitas variava de 3 a 10cm de comprimento, embora algumas espécies planctônicas tivessem somente 0,5mm de comprimento. O corpo um pouco oval e achatado e era dividido em três partes mais ou menos equivalentes (Ruppert e Barnes, 1996). 3.1.10 Classes do Filo Arthropoda 3.1.10.1 Classe Arachnida Segundo Barnes (1990), os aracnídeos compreendem as classes mais amplas e, do ponto de vista humano, as mais importantes dos quelicerados; incluem muitas formas comuns e familiares, tais como aranhas, escorpiões, ácaros e carrapatos. Os aracnídeos tem também a fama de ser o mais censurável grupo dos artrópodos do ponto de vista do leigo, fama esta injustificada. Os aracnídeos constituem um grupo antigo. Os fósseis representativos de todas as ordens datam do período Carbonífero, e os escorpiões fosseis datam do período Siluriano, que eram aquáticos. Os primeiros aracnídeos terrestres apareceram no Devoniano bem antes dos primeiros escorpiões terrestres, que apareceram no Carbonífero. 3.1.10.1.1 Anatomia Apesar da diversidade de formas, os aracnídeos ostentam muitos caracteres em comum. O corpo se divide em prossomo e um abdome (fig 2 e 3). O prossomo não segmentado geralmente é coberto dorsalmente por uma carapaça sólida; a superfície ventral é provida de uma ou mais placas esternais ou é coberta pelas coxas dos apêndices. O abdome como estrutura primitiva, é segmentado e se divide em um pré-abdome e um pós-abdome. Na maioria dos aracnídeos, com exceção dos escorpiões, estas duas subdivisões deixaram de ser conspícuas e desapareceu a tendência para segmentação em virtude da fusão. Nos ácaros perdeu-se a segmentação primária e o abdome fundiu-se com o prossomo para formar uma região única do corpo. Os apêndices comuns a todos aracnídeos tem origem no prossomo e constam de um par de quelíceras, um par de pedipalpos e quatro pares de pernas. As

19 quelíceras são utilizadas para a alimentação, mas os pedipalpos realizam muitas funções e estão diversamente modificados (Barnes, 1990). A B C Figura 2. Anatomia dos Aracnídeos. A) Anatomia de um carrapato Dermacentor variabilis. B) Anatomia interna de um ácaro Mastigmatideo, Caminella. C) Vista lateral do escorpião. (Segundo STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2000).

20 A I II B Figura 3. Anatomia dos Aracnídeos. A) Pseudo-escorpião Chelifer cancroides (macho), mostrando a estrutura externa I vista dorsal e II vista ventral. B) Anatomia interna de uma aranha. (Segundo STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2000).

21 3.1.10.1.2 Nutrição A maioria dos aracnídeos é carnívora e a digestão ocorre parcialmente fora do corpo. As presas, geralmente pequenos artrópodos, são capturadas e mortas pelos pedipalpos e quelíceras. Enquanto a presa é sustentada pelas quelíceras, as enzimas secretadas pelo intestino médio são vertidas sobre os tecidos dilacerados da presa (Barnes, 1990). 3.1.10.1.3 Reprodução O orifício genital em ambos os sexos geralmente é encontrado no lado ventral do segundo segmento abdominal ou oitavo do corpo. As gônodas encontram-se no abdome e podem ser únicas ou pares (Barnes, 1990). 3.1.10.1.4 Principais Ordens de Aracnídeos _ Ordem Scorpiones Os escorpiões (fig.4) são de hábitos crípticos e de vida noturna, ocultando-se durante o dia debaixo de troncos e pedras e em galerias no solo apesar de existirem espécies associadas a vegetação. Os escorpiões são aracnídeos grandes, a maioria variando de 2 a 9 cm de comprimento. Seu corpo consiste de um prossomo coberto por uma carapaça única e de um abdome longo que termina em um aguilhão pontiagudo que injeta o veneno, que é produzido por um par de glândulas ovais, cada um envolvida por uma capa. Além disso, um par de grandes olhos medianos, cada um situado por um pequeno tubérculo. E de dois a cinco pares de pequenos olhos laterais estão presentes ao longo da borda lateral anterior da carapaça, exceto em algumas espécies de cavernas (Barnes, 1990).

22 Figura 4 Imagem de um exemplar da Ordem Scorpiones (Fonte: flickr.com/photos/willow_wil/2112118397/) _ Ordem Pseudoscorpiones Os pseudo-escorpiões (fig. 5) são aracnídeos pequenos que raras vezes atingem mais de 8mm de comprimento. Vivem no folhiço, no solo, debaixo de casca de árvores e pedras, em musgos, e ninho de alguns mamíferos. Em virtude de seu pequeno tamanho e da natureza de seu habitat, estes animais são raramente vistos, apesar de serem bastante comuns. Estão descritas 2000 espécies (Barnes, 1990). Figura 5 - Imagem de um exemplar da Ordem Pseudoscorpiones (Fonte: flickr.com/photos/willow_wil/2112118397/)

23 _ Ordem Araneae Com exceção talvez do grupo Acarina, que compreende os ácaros e carrapatos, as aranhas (fig. 6) constituem a ordem mais ampla de aracnídeos. Foram descritas aproximadamente 32000 espécies. Muitas adaptações das aranhas tornam-nas animais especialmente interessantes: a grande variedade de usos aos quais se destina a seda em diferentes famílias; seus hábitos alimentares; a utilização de veneno; a visão bem desenvolvida em algumas aranhas caçadoras e as modificações dos pedipalpos, no macho, para formar um órgão copulador. As aranhas variam de tamanho desde pequeninas espécies com menos de 0,5 mm de comprimento até grandes migalomorfos tropicais (chamados tarântulas, caranguejeiras e aranhas-macaco em diferentes partes do mundo) que medem 9 cm, podendo a extensão de pernas ser muito maior. Os pedipalpos da fêmea são curtos e semelhantes a pernas, mas no macho eles se modificaram, formando o órgão copulador (Barnes, 1990). Figura 6 - Imagem de um exemplar da Ordem Araneae. (Fonte: www.infoescola.com/biologia/aracnideos-arachnida/) _ Ordem Opiliones A ordem Opiliones (fig. 7) inclui os familiares aracnídeos de extremidades longas, que recebem o nome de opiliões. O comprimento médio do corpo é de 5 a 10 mm, mas alguns dos gigantes tropicais atingem até 20 mm e têm pernas que medem 160 mm. Em contraste a eles, há algumas espécies diminutas, de pernas curtas, semelhantes a ácaros, que nunca ultrapassam

24 1 mm de comprimento. Quando ocorre a muda, muitas espécies se penduram de ponta cabeça (Barnes, 1990). Figura 7 - Imagem de um exemplar da Ordem Opiliones. (Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/aracnideos...) _ Ordem Acarina A ordem Acarina, que inclui ácaros (fig. 8) e carrapatos (fig.9), é sem dúvida a mais importante das ordens de aracnídeos do ponto de vista da economia humana. Numerosas espécies são parasitas do homem, de seus animais domésticos e suas plantações. As espécies terrestres são extremamente abundantes, principalmente em musgos, folhas caídas, humo, solo, madeira podre, detritos, relacionando-se seu sucesso, sem dúvida, com seu pequeno tamanho e com a habilidade de explorar micro habitats. O número de indivíduos é enorme, ultrapassando certamente todas as ordens de aracnídeos. Grande parte da acarologia é do domínio da parasitologia, mas os ácaros não devem ser considerados um grupo inteiramente parasita. Muitas espécies vivem livremente e outras são parasitas somente por um breve período do seu ciclo de vida. A maioria dos ácaros são parasitas durante todo seu ciclo de vida mas estão fixos ao hospedeiro somente durante os períodos de alimentação. Os ácaros dermanissídeos de aves e mamíferos e os carrapatos ilustram esse tipo de ciclo de vida. Os carrapatos penetram na pele do hospedeiro por meio das peças bucais em forma de ganchos, muito especializadas e se alimentam de sangue. Muitas espécies podem viver por longos períodos, bem mais que 1 ano, entre alimentações sucessivas. A copulação ocorre enquanto os adultos estão se alimentando no hospedeiro e a fêmea depois de ser alimentar, cai ao solo e

25 deposita uma massa de ovos. Do ovo sai um carrapato semente com seis pernas. Os ácaros da pele, causadores da sarna (Psoroptidae e Sarcoptidae) de mamíferos. O ácaro da sarna humana (Sarcoptes scabiei), causador da sarna forma túneis na epiderme. A fêmea mede menos de 0,50 mm e o macho menos que 0,25 mm de comprimento. A irritação é causada pelas secreções do ácaro. A fêmea deposita os ovos nos túneis durante um período de dois meses, depois dos quais morre. Embora muitos ácaros sejam cegos, alguns trombidiformes e alguns outros grupos possuem olhos. Pode haver um ou dois pares ou, nos oribatídeos, um único olho mediano. Alguns ácaros aquáticos podem ter cinco olhos. É frequente nos ácaros a presença de fendas e depressões inervadas e talvez essas sejam similares aos órgãos sensoriais em fenda de outros aracnídeos (Barnes, 1990). Figura 8 - Imagem de um exemplar da Ordem Acarina ácaro (Fonte: www.asmabronquica.com.br/_images/13foto_acaro.jpg) Figura 9 - Imagem de um exemplar da Ordem Acarina carrapato. (Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/aracnideos...)

26 3.1.10.2 Classe Pycnogonida É um pequeno grupo de cerca de 500 espécies de animais marinhos conhecidos como aranhas-do-mar (fig. 10). Eles vivem em todos os oceanos, desde o Ártico e Antártico até os trópicos e existem tanto numerosas formas litorâneas como espécies que vivem a grandes profundidades (Barnes, 1990). Figura 10 - Imagem de um exemplar da classe pycnogonida aranha-do-mar. (Fonte: forum.valinor.com.br/showthread.php?t=21410...) 3.2 Arthropodos Unirremes Quatro grupos de unirremes abrangendo cerca de 10500 espécies os quilópodos, diplopodos, paurópodos e sinfílos tem o corpo composto de uma cabeça e um tronco alongado com muitos segmentos portadores de pernas. A maioria dos miriápodos requer um ambiente relativamente úmido, pois eles não possuem uma epicutícula cerosa. Eles vivem debaixo de pedras, troncos, solo e humo e estão amplamente distribuídos tanto em regiões temperadas como tropicais. A cabeça tem um par de antenas, e às vezes ocelos; exceto em determinados quilópodos, olhos compostos verdadeiros nunca estão presentes. As peças bucais encontramse no lado ventral da cabeça e estão dirigidas para frente. Um epistômio e um labro formam o lábio superior e o teto de uma cavidade pré-bucal. O lábio inferior é formado pelo primeiro ou

27 segundo par de maxilas e, encerrados dentro da cavidade bucal estão um par de mandíbulas e hipofarige. As mandíbulas têm mecanismos similares para movimento em todos os miriápodos. (BARNES, 1990) Classe Chilopoda Os membros da classe Chilopoda, conhecidos como centopéias (fig. 11), são talvez os mais familiares dos artrópodos miriápodos. Eles estão distribuídos por todo mundo tanto em regiões temperadas como tropicais. As centopéias de zonas temperadas são mais comumente de cor marrom avermelhada, mas muitas formas tropicais, especialmente os escolopendromorfos, são verdes, vermelhos, amarelos e azuis ou com listras verdes transversais. (BARNES, 1990). A cabeça é convexa nos escutigeromorfos, mas achatada em outras centopéias, com as antenas localizadas na margem frontal. Embora as centopéias sejam providas de garras de veneno, existem outras adaptações para proteção. O último par de pernas nas centopéias é o mais longo e nos litobiomorfos e escolopendromorfos elas podem ser usadas na defesa através de beliscões. (BARNES, 1990). Figura 11 - Imagem de um exemplar da Classe Chilopoda (Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br/alfa)

28 Principais Ordens de Chilopodos _Ordem Geophilomorpha Centopéias cavadoras delgadas, com 31 a 170 pares de pernas. Olhos ausentes. Amplamente distribuídas. (BARNES, 1990). _ Ordem Scolopendromorpha Muitas espécies distribuídas por todo o mundo, especialmente nos trópicos. Com ou sem olhos; 21 ou 23 pares de pernas. (BARNES, 1990). _ Ordem Lithobiomorpha Estigmas pares laterais. Distribuídos em todo o mundo, mas a maior parte dos gêneros e espécies é encontrado nas zonas temperadas e subtropicais. (BARNES, 1990). _ Ordem Scutigeromorpha Pernas e antenas muito longas. Olhos grandes e compostos. Estigmas não pares e localizados na região médio-dorsal nas placas tergais. Distribuídos por todo mundo, principalmente nos trópicos. (BARNES, 1990). 3.2.2 Classe Diplopoda Os Diplopoda são comumente conhecidos como piolhos-de-cobra (fig. 12). Eles se escondem e evitam a luz; vive debaixo de folhas, pedra, casca de árvores, troncos e no solo. Alguns habitam antigas galerias de outros animais, tais como minhocas; alguns são comensais de ninhos de formigas.

29 O tamanho dos diplópodos varia muito. O número de segmentos também é bastante variável, variando de 11, nos pselafognatos a mais de 100 nos grupos juliformes. A maioria dos diplópodos tem cor preta e diferentes tons de marrom; algumas espécies são vermelhas e alaranjadas, e não são raros os padrões manchados. Os olhos podem estar totalmente ausentes, como nos polidermóides ou pode haver de dois a oitenta ocelos. Estes estão dispostos perto das antenas em uma ou varias fileiras transversais ou em dois grupos laterais. A maioria dos diplópodos é negativamente fototática e mesmo aqueles sem olhos são fotorreceptores no tegumento. Os ovos dos diplópodos são fecundados no momento da postura e, dependo da espécie, são produzidos de 10 a 300 ovos de uma só vez. Um único ovo é depositado na taça, que depois é fechada e polida. Muitos diplópodos constroem um ninho para deposição de ovos. Algumas espécies constroem ninho com excremento. O reto da fêmea é evertido e o excremento seca rapidamente, é depositado à medida que ela se move numa trajetória circular. (BARNES, 1990). Figura 12 - Imagem de um exemplar da Classe Diplopoda (Fonte: www.portalsaofrancisco.com.br/alfa) 3.2.3 Classe Insecta Os insetos são, atualmente, o grupo dominante de animais na Terra. Ocorrem praticamente em todos os lugares (ALTIERI, 2003).

30 Segundo BORROR (1988), o mundo dos insetos é rico no pitoresco, no incomum e mesmo no fantástico. Uma variedade quase interminável de peculiaridades estruturais e fisiológicas e de adaptações a diferentes condições de vida pode ser encontrada entre estes animais. Muitos insetos são extremamente valiosos para o homem e sem eles a sociedade humana não poderia existir na sua forma presente. Pelas suas atividades polinizadoras, possibilitam a produção de muitas colheitas agrícolas, incluído a maioria das frutas de pomares, as plantas forrageiras muitas verduras, algodão e o tabaco, fornecem-nos mel e cera de abelha, seda e outros produtos de valor comercial; servem de alimento para muitas aves e peixes e outros animais úteis; prestam serviço como predadores; auxiliam a manter animais e plantas nocivas sob controle. Alguns insetos são nocivos e causam anualmente perdas enormes em colheitas agrícolas, produtos armazenados e na saúde do homem e dos animais. Através da polinização muitos insetos colaboram com a evolução de alguns vegetais, segundo (EDWARDS, 1981), o sucesso evolutivo das angiospermas pode ser atribuído; pelo menos em parte a polinização cruzada das plantas, altamente efetiva, feita principalmente por insetos. Segundo ALTIERI (2003), um dos motivos mais importantes para manter a biodiversidade dos ecossistemas naturais é que ela é a fonte de todas as plantas e animais utilizados atualmente na agricultura. Toda a gama de plantas domésticas é derivada de espécies silvestres, modificadas através da domesticação. A biodiversidade em agroecossistemas pode ser tão valiosa quanto às várias culturas, plantas invasoras, artrópodes ou microorganismos envolvidos, de acordo com a localização geográfica e fatores climáticos. 3.2.3.1 Características gerais Segundo Zilkar, 1976, o tamanho é bastante variável, desde 0,25 milímetros a mais de 300 milímetros de comprimento; o corpo dos adultos, e muitas vezes das formas imaturas (larvas e ninfas), mais ou menos distintamente segmentados, e dividido em três regiões, mais ou menos bem distintas cabeça, tórax e abdome (fig. 13). A cabeça, produto da fusão de seis segmentos embrionários traz apêndices sensoriais (antenas, peças bucais e olhos). O tórax é formado pela união de três segmentos embrionários (protórax, mesotórax e metatórax) mais ou menos distintos na maioria dos insetos, traz os apêndices locomotores (asas e pernas). O abdome é distintamente segmentado, formado por 11 segmentos ou menos, frequentemente 6

31 a 8 na maioria dos insetos comuns, provido ou não de apêndices locomotores rudimentares, mas podendo trazer apêndices sensoriais ou reprodutores (cercos, estilos e ovipositor); as pernas, obrigatoriamente em número de seis em insetos adultos, formadas por 5 a 9 artículos, quase sempre terminadas por garras ou unhas; as asas geralmente presentes, em números de duas a quatro, podendo faltar em algumas ordens ou famílias, e em algumas castas de insetos sociais; a respiração é tipicamente traqueal, por meio de um sistema de tubos ramificados (traquéias) abrindo-se para o exterior por orifícios pares (espiráculos), situados nas regiões laterais dos segmentos abdominais. Figura 13. Morfologia externa de um inseto. A) Superfície anterior da cabeça de um gafanhoto. B) Vista lateral da cabeça de um gafanhoto. C) Vista lateral do corpo. D) Vista lateral de um segmento torácico sem asas. E) perna de um gafanhoto. F) Vista lateral do abdômen de um grilo macho. (Segundo STORER, Tracy I. et al. Zoologia geral. 6. ed. São Paulo: Ed. Nacional, 2000).

32 3.2.3.2 Reprodução e Desenvolvimento _ Reprodução Segundo Gallo, et. al., 2002, os principais tipos de reprodução encontrados nos insetos são: * Oviparidade: tipo mais comum de reprodução. As fêmeas depositam os ovos que dão nascimento às larvas ou ninfas. Os ovos variam grandemente em aparência (esféricos, ovais, alongados, em forma de barril, em forma de disco, etc. Podem ser colocados separadamente ou em massas, unidos uns aos outros, nas plantas (mariposas, percevejos etc.), no solo (gafanhotos, grilos etc.), sobre animais (piolhos), na água (pernilongo), sobre ou dentro de outros insetos (parasitóides) etc. A maioria dos insetos fitófagos deposita seus ovos na planta hospedeira da larva ou da ninfa. O louva-a-deus envolve seus ovos em uma cápsula chamada ooteca, ou protegem o local da postura com secreção ou fezes. O número de ovos depositados varia de um (pulgões em clima frio) a milhões (insetos sociais). A maioria dos insetos deposita de cinqüenta a centenas de ovos. * Viviparidade: o desenvolvimento embrionário é completado dentro do corpo da fêmea, que deposita larva ou ninfa em vez de ovos. * Partenogênese: os óvulos desenvolvem-se completamente sem nunca terem sido fecundados. Ocorre combinada com outros tipos de reprodução, como viviparidade, oviparidade e pedogênese, e pode ocorrer também alternadamente com uma geração bissexuada. Ex: cochonilhas, pulgões, moscas-brancas e zangões. * Pedogênese: insetos imaturos possuem ovários funcionais, cujos óvulos desenvolvem-se partenogenéticamente; assim a reprodução é realizada por um organismo que mantém o aspecto imaturo, como nos dípteros das famílias Cecidomyiidae e Chironomidae. Em muitos casos a pedogênese está também associada à viviparidade. * Neotenia: retenção de caracteres imaturos no estágio adulto. As fêmeas adultas do bichocesto, por ex., são larvas neotênicas que se acasalam e depositam ovos dentro do próprio cesto. * Poliembrionia: Produção de dois ou mais embriões em um único ovo, sendo comum em microimenópteros das famílias Encyrtidae, Braconidae etc. Às vezes, centenas de indivíduos podem ser originados de um mesmo ovo, em outros casos, como em Ageniaspis citricola, podem resultar de 2 a 10 parasitóides. * Hermafroditismo: os dois sexos presentes no mesmo indivíduo. O hermafrodita funcional é extremamente raro em insetos. Um dos poucos exemplos é o pulgão -branco dos citros,

33 Icerya purchasi, no qual os óvulos algumas vezes desenvolvem-se partenogeneticamente em machos haplóides, mas são comumente fecundados por espermatozóides do mesmo indivíduo ou por espermatozóides de machos com os quais hermafroditas copulam. _ Desenvolvimento O desenvolvimento de um inseto envolve tanto o crescimento no tamanho como a mudança na forma. Pode ser dividido em embrionário (fase de ovo) e pós-embrionário. 3.2.3.3 Ecologia 3.2.3.3.1 Interação inseto/plantas As plantas são um recurso importante para milhares de espécies de insetos. Virtualmente cada parte de uma planta se torna uma fonte alimentar para algum inseto adulto ou juvenil. Os insetos foram um fator importante na seleção de determinadas características na evolução das plantas, e estas determinaram várias adaptações nos insetos. (Ruppert e Barnes, 1996). Cerca de 67% das plantas floríferas são polinizadas por insetos e a grande diversidade da estrutura floral reflete em boa parte, adaptações para a polinização. As vespas, abelhas, borboletas, mariposas e moscas, são as principais polinizadoras (Ruppert e Barnes, 1996). 3.2.3.3.2 Parasitismo Existem muitos insetos parasitas, sendo que a condição evolui muitas vezes dentro da classe. O parasitismo dos insetos é frequentemente uma adaptação no estágio no ciclo de vida para explorar um habitat e uma fonte inexplorada por outros estágios. No entanto, um número relativamente pequeno de insetos é parasita por todo o ciclo de vida e encontra-se sempre em contato com o hospedeiro. Isso vale para os piolhos, a maioria dos quais é de parasitas hematófagos de aves e mamíferos. Os percevejos hemípiteros são hematófagos por todo seu ciclo de vida, mas não vivem continuamente no hospedeiro. (Ruppert e Barnes, 1996).

34 3.2.3.3.3 Insetos Sociais A organização colonial evolui em vários filos de animais, mas somente entre poucas aranhas e alguns insetos e vertebrados encontram-se indivíduos funcionalmente interdependentes, ainda que morfologicamente separados. A condição é, portanto descrita como uma organização social. As organizações sociais evoluíram em duas ordens de insetos: os Isoptera (cupins) e os Hymenoptera (formigas, abelhas e vespas). (Ruppert e Barnes, 1996). Todos os insetos sociais exibem um certo grau de polimorfismo, e os diferentes tipos de indivíduos em uma colônia são chamados de castas. As principais castas são os machos, a fêmea (ou rainha) e os operários. Os machos funcionam para a inseminação da rainha, que reproduz novos indivíduos para a colônia. Os operários proporcionam a sustentação e manutenção da colônia. A determinação das castas é um fenômeno de desenvolvimento regulado pela presença ou ausência de determinadas substâncias fornecidas nos estágios imaturos por outros membros da colônia. (Borror e Delong, 1988). 3.2.3.3.4 Polinização Algumas das plantas superiores são autopolinizadoras, mas a maioria possui polinização cruzada, isto é, o pólen de uma flor deve ser transferido para o estigma da outra. O pólen é transferido de uma flor para a outra por dois processos principais: pelo vento e pelos insetos. Plantas polinizadas pelo vento possuem grande quantidade de pólen seco, o qual é levado para longe e largamente dispersado; estas plantas conseguem reproduzir-se porque alguns dos milhares de grãos de pólen caem ocasionalmente no estigma da flor certa. Plantas polinizadas por insetos produzem quantidades menores de pólen, o qual é geralmente pegajoso e adere ao corpo dos insetos que visitam as flores, este pólen é passado mais tarde passado do inseto para o estigma da outra flor, na maioria dos casos mais ou menos acidentalmente em relação aos próprios insetos. Muitas flores tem aspectos peculiares de estruturas que auxiliam a assegurar a polinização. Algumas plantas dependem de uma única espécie ou tipo de inseto para a polinização. Algumas orquídeas são polinizadas somente por certas mariposas esfingídeas de probóscide longa. (Borror e Delong, 1988).

35 3.2.3.3.5 Surgimento das pragas Segundo Garcia 2002, frequentemente as pragas são criadas pelo homem, espécies que ocorrem em baixas densidades populacionais em condições naturais podem atingir grandes densidades nas criações criadas pelo homem, que podem favorecer um melhor surgimento de algum fator até então limitante ao aumento dos números, tal como alimento praticamente ilimitado em agroecossistema. A extrema simplificação do sistema torna-o inadequado aos inimigos naturais da praga, e o uso indiscriminado e inadequado de defensivos, que objetiva combater a praga, em geral, mata também a maior parte de seus inimigos naturais. Na ausência da intervenção humana os ecossistemas tendem a adquirir maior maturidade, isto é, evoluir para a estabilidade e a complexidade. A ação humana, cria regiões cultivadas relativamente simples quanto a diversidade, realiza agrobiocenoses com uma maturidade pouco elevada, nas quais as flutuações da população são frequentemente intensas. Além disso, o homem seleciona os mais aptos, haja vista, que as pragas, em geral, são espécies oportunistas ou colonizadoras, adaptados a habitats instáveis como os agroecossistemas. (Borror e Delong, 1988). 3.2.3.3.6 Comunicação Os insetos se comunicam através de sinais químicos, táteis, visuais e auditivos. A comunicação química por meio de feromônios foi estudada mais expressivamente nos insetos do que em qualquer outro grupo de animais. Muitas espécies utilizam feromônios para atrair um sexo a outro, e a bem estudada mariposa Bombyx mori é um exemplo clássico. Os feromônios marcam também trilhas ou territórios em algumas espécies. Por exemplo, as substâncias depositadas no solo pelas formigas que retornam de uma viagem de procura de alimento servem como um marcador de trilha para outras formigas. (Ruppert e Barnes, 1996).

36 3.2.3.4 Principais Ordens de Insetos _ Orthoptera (do grego orto - pteros (asas retas)) - fig. 14. a inclem-se neste grupo: grilos, gafanhotos, esperanças, paquinhas e taquarinhas. É uma ordem de insetos que possuem as asas superiores retas e coriáceas, recobrindo as asas inferiores mais largas, dobradas no seu sentido longitudinal. Tais insetos possuem pernas posteriores longas e possantes, apropriadas para saltar, o aparelho bucal e mastigador (GALLO, et al., 2002). _ Ephemeroptera (fig. 14. b)- São animais longos, de corpo mole e de tamanho pequeno a médio, podendo atingir até quatro cm de comprimento. O nome efémera está relacionado com o fato do adulto viver apenas poucas horas, sem se alimentar, dedicadas apenas à reprodução e à postura dos ovos da geração seguinte. Possuem asas membranosas com numerosas veias, sendo as asas posteriores menores que as anteriores. Apresentam antenas pequenas, olhos compostos bem desenvolvidos e três longos filamentos no abdome. As efémeras adultas caracterizam-se por peças bucais atrofiadas e um sistema digestivo não funcional, enquanto que as ninfas possuem peças bucais do tipo mastigadoras. As ninfas das efémeras vivem na água, em geral escondidas sobre rochas. A maioria das espécies alimenta-se de detritos ou matéria vegetal, mas algumas são predadoras. Ao contrário do adulto, que vive pouco tempo (de algumas horas até 2 dias), as ninfas podem viver de várias semanas até três anos. São os únicos insetos que sofrem muda após terem adquirido asas funcionais. As efémeras habitam zonas perto de corpos de água doce parada ou de curso lento. O grupo é essencial para a ecologia dos seus habitats dada a importância das suas ninfas na cadeia alimentar. Graças à sua sensibilidade às condições fisico-químicas do meio, as efémeras são um dos grupos mais utilizados em programas de biomonitoramento de qualidade da água (GALLO, et al., 2002). _ Thysanura (thysanus = cerdas ou franja + ura = cauda) fig. 14. c - São insetos ápteros esbranquiçados, geralmente alongados e achatados e de tamanho pequeno a moderado, medindo no máximo 5 cm. Possuem peças bucais do tipo mastigadoras, cada uma com dois pontos de articulação com a cabeça. Apresentam olhos compostos pequenos e muito separados ou ausentes; podem ou não apresentar ocelos. As antenas são longas e filiformes. O corpo coberto é por escamas e pêlos. Possuem 3 apêndices de mesmo tamanho saindo do abdome (dois cercos e um apêndice caudal mediano). O abdome possui 11 segmentos, com vesículas eversíveis para a absorção de água. O tarso possui de 3 a 5 segmentos. A reprodução dos Thysanura é sexuada e o desenvolvimento ametabólico (sem metamorfose). Vivem em