Perspectivas de cultivo da ameixeira*

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Transcrição:

Artigo de Divulgação na Mídia Perspectivas de cultivo da ameixeira* Luis Antônio Suita de Castro Pesquisador da Embrapa Clima Temperado suita@cpact.embrapa.br Entre as fruteiras de clima temperado, a ameixeira é a que menos prosperou, devido à falta de cultivares com boa adaptação climática, problemas fitossanitários e produção de frutas com baixa qualidade. Por outro lado, consomem-se anualmente no País cerca de 50.000 toneladas da fruta, sendo 30% desse total importado principalmente do Chile e da Argentina. É uma das frutíferas que mais se difundiu pelo mundo, sendo cultivada em várias condições climáticas, em decorrência das várias espécies existentes e do resultado de hibridações ocorridas ao longo do desenvolvimento da cultura. Pode-se afirmar que a ameixeira espalha-se por todo o Hemisfério Norte, com exceção de zonas onde o elevado calor dos trópicos ou o extremo frio da Zona Polar são obstáculos ao seu desenvolvimento. Trata-se de uma das frutíferas de cultivo mais antigo no Brasil, sem registros oficiais da época de introdução. Entre as regiões produtoras brasileiras, destacam-se principalmente os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais. Como espécie típica de clima temperado, a maioria das cultivares é exigente em frio no período de repouso. As cultivares do grupo das japonesas podem ser cultivadas em regiões de clima mais ameno. Apresentam frutas de diversos tamanhos e formas, com película fina, adstringente e com pouca pruína, com várias colorações entre amarela e vermelha, mas raramente azulada. A polpa é firme, amarela, vermelha ou roxa, fibrosa, doce e aromática. As tradicionalmente conhecidas como Santa Rosa (Figura 01), Satsuma, Methley e América, exigem cerca de 500 a 600 horas de acúmulo de temperatura menor ou igual a 7.2º.C; Ozark Premier e Burbank, entre 500 e 700h; e Eldorado e Blackambar, mais de 700h. Cultivares lançadas pelo Instituto Agronômico de Campinas IAC, SP, como Carmesin e Kelsey Paulista, necessitam de menos de 200h. Das hexaplóides avaliadas pela pesquisa, duas cultivares apresentam possibilidades de exploração nas regiões mais frias dos altiplanos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são D Agen e Stanley (Figura 02). As frutas são de tamanho médio, forma elíptica, pruinosa, polpa massuda, doce e de sabor agradável para consumo in natura ou industrialização.

É de conhecimento geral que a ameixeira apresenta boas perspectivas para exploração econômica. A demanda é insatisfatória no mercado, mesmo que possua alta rusticidade, boa conservação de frutos e grande variabilidade de cultivares, o que a torna uma fruteira de boa aceitação pelos agricultores. Durante as quatro últimas décadas, várias atividades foram desenvolvidas pelas instituições de pesquisa, tentando resolver problemas cruciais da cultura, principalmente relacionados ao declínio dos pomares ocorrido na década de 70 causado por vários fatores, sendo o principal a enfermidade conhecida como escaldadura das folhas. Foto: Antonio Roberto M. de M edeiros Fig. 01 - Ameixa Japonesa - Prunus salicina. Cultivar Amarelinha. Finalidade: Consumo in natura Fig. 02 - Ameixa Européia Prunus domestica. Cultivar Stanley Finalidade: Produção de ameixa seca e consumo in natura

Ainda que lenta, a recuperação de ameixeiras nos Estados do Sul do Brasil começou em meados da década de 1980, com mudas isentas de bacteriose e principalmente de escaldadura, utilizando cultivares brasileiras e introduções obtidas do Banco de Germoplasma de Prunóideas dos USDAOregon, USA, realizadas pela Embrapa Clima Temperado e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Entretanto, muito ainda tem que ser feito para que a cultura ocupe um lugar de destaque entre as frutas produzidas no Brasil. Dados de literatura comprovam que as ameixas consumidas frescas ou secas, cruas ou cozidas são de grande importância na dieta alimentar. Outra vantagem do consumo de ameixas é seu baixo teor calórico, que possibilita sua utilização como complemento alimentar em regimes de poucas calorias. Trabalhos realizados têm mostrado sua rica composição nutricional, principalmente como fonte de potássio. Embora, na prática, muitos pomares estejam apresentando bons resultados, a escaldadura das folhas da ameixeira, ainda é preocupante na região da serra Gaúcha, alguns locais do Planalto Catarinense e no Paraná, onde têm sido constatadas reinfecções, alem de que, em muitos desses locais são comercializadas mudas infectadas, que só após alguns anos mostram sintomas visuais de enfermidade. Somente com cultivares resistentes e fiscalização eficiente sobre a produção de mudas será possível ter certeza do sucesso. Atualmente, considera-se que grande parte dos problemas estão relacionados à falta de qualidade das mudas produzidas por alguns viveiristas regionais. Com o objetivo de solucionar este problema, estão em execução na Embrapa Clima Temperado atividades direcionadas a disponibilização de material propagativo de alta sanidade e com identidade genética, utilizando plantas mantidas em borbulheiras (Figura 03), sob rigoroso controle fitossanitário. Estas atividades visam a implantação de programa de certificação de mudas matrizes de ameixeira. Este trabalho foi inicialmente estruturado por meio de convênio firmado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico CNPq, com ações definidas para a implantação do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura. A característica principal deste trabalho conjunto foi a mobilização de especialistas da comunidade técnico-científica multiinstitucional, empresários e associações de produtores de frutas. As ações prioritárias estão relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, produção de mudas certificadas (implantação de viveiros de plantas matrizes), promoção das frutas nos mercados interno e externo, incremento à produção integrada de frutas e a capacitação do setor frutícola. É de se esperar que em médio prazo ocorram grandes mudanças no cultivo da ameixeira, considerando-se que as Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTGPIF), com relação à legislação vigente sobre mudas, indica como obrigatório utilizar material sadio,

adaptado à região, com registro de procedência credenciada e com certificado fitossanitário e, refere-se como proibido utilizar material propagativo sem o devido registro de procedência e sem o certificado fitossanitário assim como transitar portando material propagativo sem a competente autorização. Fig. 11: Borbulheira de ameixeira da Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS. Vistas externa e interna. Seria correto dizer que no Brasil a ameixeira japonesa apresenta boas perspectivas de investimento, principalmente porque a oferta atual não atende a demanda, apresenta rusticidade de cultivo, boa conservação de frutos e grande variabilidade genética, o que a torna uma cultura de boa aceitação por agricultores. Para o mercado consumidor, suas características nutricionais influem favoravelmente. Além do sabor agradável, as ameixas são fontes de nutrientes, fibras e energia, visto que seus elementos se transformam em substâncias facilmente absorvíveis pelo organismo humano. Entretanto, constata-se insegurança do produtor em atuar neste setor, pois ainda é necessário melhorar alguns dos procedimentos recomendados e conhecer os fatores que realmente impedem a expansão da cultura. Não é lógico que ocorram expressivas importações anuais de ameixa, provenientes de países que dividem suas terras com o Brasil, e que se pague altos preços por uma fruta que muitas vezes não chega a mesa do consumidor em condições adequadas. Há necessidade de monitorar o sistema de produção da cultura da ameixeira, indicando prioridades de pesquisa e desenvolvimento, de forma a assegurar aos produtores mais uma opção de renda. A ameixa européia (P. doméstica) apresenta características e exigências de cultivo bastante diferentes da ameixa japonesa (P. salicina), principalmente em relação às necessidades climáticas e direcionamento da produção, a primeira é utilizada principalmente para consumo in natura enquanto que a segunda pode também ser destinada à industrialização. O Brasil não produz

ameixa européia, importa toda a ameixa seca consumida. Na região produtora de maçãs de Vacaria e São Joaquim, alguns agricultores começam a investir na produção de ameixa européia. No Brasil, para esta espécie, praticamente nada tem sido realizado, ficando atrelada aos conhecimentos existentes para as culturas do pessegueiro e da ameixeira japonesa. Este procedimento manteve esta espécie restrita aos pátios e quintais nas regiões mais frias do Sul do País, embora apresente grande potencial de produção, como ocorre em nível mundial. Dentre os produtos derivados desta fruta, a ameixa seca é o mais consumido, com produção mundial de 250.000 toneladas/ano. O Brasil importa cerca de 10.000 toneladas anuais. Nos locais onde é tradicionalmente produzida, seus frutos são destinados ao consumo in natura, apenas o excedente é submetido à secagem. No Brasil, a falta de tradição do processamento por secagem e consumo in natura são entraves para a exploração desta fruta, que é considerada como mais saborosa e nutritiva que a ameixa japonesa. A industrialização dos frutos é um fator que está merecendo atenção nos trabalhos desenvolvidos. Testes realizados na Embrapa Clima Temperado mostraram que é possível a produção de ameixas secas, com qualidade equivalente ou superior ao produto importado. A cv. D Agen, com alta concentração de açúcares, é a mais usada, seguida por Stanley e President. Por outro lado, pode-se observar que a região serrana, localizada ao nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, tem condições para produção de ameixas européias. A existência de tecnologia adequada e matéria-prima nacional poderão acarretar redução das importações e tornar o produto mais acessível ao mercado consumidor interno. As perspectivas de desenvolvimento da ameixa européia no Brasil são boas, desde que a pesquisa venha a adaptar e desenvolver tecnologias que incrementem o cultivo, o que possibilitará abastecer o mercado interno com matéria prima para obtenção de ameixa desidratada. Esta cultura, devido as suas características, permite disponibilizar ao consumidor frutas produzidas de acordo com a política mundial de obtenção de alimentos altamente nutritivos, obtidos com custo reduzido, pouca mão de obra e alta rentabilidade. O fruticultor está acessível às inovações solicitadas pelo consumidor. A ameixa européia entra como alternativa aos produtores que desenvolvem agricultura de base familiar, não significando que grandes produtores não possam vir a fomentar o processo industrial. É uma espécie que poderá ter grande repercussão socioeconômica para a Região Sul do Brasil, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao viabilizar economicamente a pequena propriedade rural, poder-se-á atuar na manutenção do homem ao campo, melhorando sua situação sócio-econômica. As características inovadoras dos frutos desta espécie, tanto na forma (ovóide a elíptica), as cores (azul, rósea,

púrpura), assim como o sabor excelente e o alto teor de açúcares são fatores que atraem o consumidor. A alta rusticidade a campo, praticamente sem a interferência dos problemas que existem no cultivo da ameixeira japonesa (necessidade de polinização cruzada e patógenos de alta agressividade), o baixo custo de produção e o mercado ocioso são fatores atrativos ao produtor.