QUAIS OS DESAFIOS QUE O PROFESSOR ENFRENTA PARA ENSINAR AOS ALUNOS SURDOS?

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Transcrição:

QUAIS OS DESAFIOS QUE O PROFESSOR ENFRENTA PARA ENSINAR AOS ALUNOS SURDOS? Fábio Rogério Ferreira Marques do Nascimento (1); Jônatha Lisboa Galvão do Nascimento (2) José George Dias de Souza (3); Renata dos Santos Cavalcanti (4). Universidade Estadual da Paraíba (1), (2) e (3); fabiorogerio21@gmail.com (1); jonatha-lisboa@hotmail.com (2);george.djc@gmail.com(3); renatacavalcanti-pibid@hotmail.com(4). RESUMO: Esse artigo é resultado de uma pesquisa realizada na Escola Pública Estadual Áudio Comunicação- EDAC em Campina Grande, com o objetivo de compreender as dificuldades que o professor enfrenta ao ensinar alunos surdos. Primeiramente foi realizado uma análise da cultura surda a partir de questionários aplicados em sala de aula e uma breve reflexão sobre a integração de pessoas surdas na rede regular de ensino. E ainda foi coletado respostas dos docentes que responderam sobre questões em relação as dificuldades que eles têm ao ministrar aulas aos surdos. Em um segundo momento foi exposto alguns aspectos que contribuem para a dificuldade em ensinar os surdos. Por fim, observa-se que ainda as dificuldades relatadas são falta de material visual como por exemplo vídeos, filmes com legendas para um melhor entendimento do alunado surdo, falta qualificação aos docentes para ensinar os surdos que são integrados na rede regular de ensino, falta de acesso à internet dentro da escola para uma eventual pesquisa sobre métodos que possam utilizar para ensinar os discentes surdos. Palavras-chave: professor, ensinar, alunos surdos. 1. INTRODUÇÃO Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada na escola Estadual Áudio Comunicação-EDAC na cidade de Campina Grande, Paraíba, a respeito da dificuldade de lecionar alunos surdos. A pesquisa foi feita baseada em um questionário respondido por professores dessa escola. A dificuldade em ensinar surdos foi percebida há muito tempo atrás, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados, por isso, não frequentavam escolas. Eram excluídos da sociedade, privados de seus direitos básicos (como casar, herdar bens, entre outras atividades), ficando com a própria sobrevivência comprometida. Anteriormente a isto, já se percebe grande preconceito com os surdos, vindo inclusive da Igreja Católica, que os considerava sem alma imortal, e passando por Aristóteles, na

Antiguidade, os considerava incapazes de raciocinar. No Brasil, os surdos recebem educação bilíngue, auxiliado por um intérprete que fica dentro da sala de aula e pelo professor. Esse artigo tem como objetivo analisar quais são as dificuldades apresentadas pelos professores para ensinar os surdos no ensino fundamental e ensino médio, em escolas inclusivas, em relação à sua aprendizagem. Apesar da proteção aos surdos através das leis, o atendimento aos alunos surdos não pode ser considerado de forma plena, nem por parte dos professores, nem por parte dos familiares. Os surdos ainda possuem dificuldades na leitura e escrita e são marginalizados, tanto na escola quanto no seio familiar. 2. CULTURA SURDA A cultura é definida como um processo em constante desenvolvimento, construída através da expressão da linguagem, dos juízos de valor, da arte e entre outras formas, gerando seus próprios códigos. Strobel (2008, p.24), define a cultura surda como sendo: A cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das almas das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Poche (1989) vai afirmar que a cultura é entendida como os esquemas perceptivos e interpretativos segundo os quais um grupo produz o discurso de sua relação com o mundo e com o conhecimento, ou qualquer outra preposição equivalente; a língua e a cultura são duas produções paralelas e, além disso, a língua é um recurso na produção da cultura, embora não seja o único. Segundo ele a língua é um mecanismo que serve para criar, simbolizar e fazer algum sentido, e o processo de interação social é definitivo. De acordo com PERLIN (2004, p.77-78), as identidades surdas são construídas dentro

das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o individuo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. Isto significa que a identidades surdas se modificam a maneira que se constroem as representações da cultura surda aceitável pelo sujeito surdo e se tornando incluso e habitável no ambiente em que vive. As identidades surdas, segundo Perlin (1998), podem ser classificadas em: Surdas Flutuantes: esses surdos não tem contato com a comunidade surda, seguem a cultura ouvinte/identidade de ouvintes, buscam a oralidade, não se identificam como surdos e utilizam a tecnologia da reabilitação. Surdas Híbridas: são os surdos que nasceram ouvintes e, por algum motivo ou doença, ficaram sem audição. Usam a língua oral ou língua de sinais, aceitam-se como surdos, a escrita segue a estrutura da Libras, usam tecnologia diferenciada. Surdas Embaçadas: é a representação estereotipada da surdez ou desconhecimento da surdez como questão cultural. Não usam a língua de sinais, não conseguem compreender a fala, são tratados como deficientes, além disso, muitos são 'aprisionados' pela família e há um desconhecimento da cultura surda. Surdas de Transição: esses surdos viveram em ambientes onde se afastaram da comunidade surda, ficaram sem contato com os demais. Vivem essa transição de uma identidade ouvinte para uma surda, há uma 'des-ouvintização'. É a transição da comunicação visual/oral para a visual/sinalizada. Surdas de Diáspora: divergem das identidades de transição, que passam de um estado para o outro, de um grupo surdo para outro. São surdos que vivem a mudança de um País para outro,

de um Estado para o outro. Surdas Intermediárias: apresentam surdez leve à moderada, valorizam o uso do aparelho auditivo, procuram treinamentos de fala e não aceitam intérpretes da LSB. Buscam a tecnologia para treinos de fala, não aceitam intérpretes da língua de sinais, identificam-se com os ouvintes e não participam da comunidade surda. 3. INTEGRAÇÃO DE SURDOS NA REDE REGULAR DE ENSINO A integração de surdos no ensino regular tem provocado discussões e polêmicas. A integração é a transformação do sujeito surdo em um aluno capaz de interagir e aprender em uma classe comum em escola de rede regular de ensino, enquanto inclusão está ligada ao direito de possuir oportunidades em uma sociedade mais justa e solidária, pois nem todas as pessoas não tem esse direito por não se tratar dos padrões da sociedade como, por exemplo, os negros, pobres, sujeitos surdos, negros, idosos. Segundo a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), na concepção da lei, a educação especial é definida no artigo 58 como sendo: Art. 59 Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I- Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização especifica, para atender as suas necessidades; II- Terminalidade especifica para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III- Professores com especializações adequadas em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos na classe comuns;

IV- Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho; V- Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares, disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Para Sassaki (1997, p.150), É preciso rever toda a legislação pertinente à deficiência, levando em conta a constante transformação social e a evolução dos conhecimentos sobre a pessoa deficiente. Para uma sociedade se constituir de maneira bem sucedida, ela deve favorecer, em todas as áreas da convivência humana, o respeito à diversidade que a compõe. Um país só alcança seu pleno desenvolvimento, se garantir a todos os cidadãos, sejam eles crianças, jovens, adultos ou idosos, as condições para uma vida digna, de qualidade física, psicológica, social e econômica. Nesse cenário, um papel fundamental é exercido pela educação, que tem o comprometimento de proporcionar a todos os cidadãos acesso ao conhecimento e a capacidade de desenvolvimento de suas competências. Assim, o efetivo exercício da cidadania se daria pela utilização do conhecimento historicamente produzido pela humanidade, apreendido no ambiente escolar. Para que cada ação pedagógica seja resultado de um processo de aprendizagem para o aluno, a escola deve organizar os conteúdos curriculares de forma que contribua para a sua formação enquanto agentes sociais. Segundo Aranha (2004, p.65), Escola inclusiva é aquela que garante a qualidade de ensino educacional a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. Assim, uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada para favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiência, condição social ou

qualquer outra situação. Um ensino significativo é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados. Numa escola inclusiva, o aluno é sujeito de direito e foco central de toda ação educacional; garantir a sua caminhada no processo de aprendizagem e de construção das competências necessárias para o exercício pleno da cidadania é, por outro lado, objetivo primeiro de toda ação educacional. Escola inclusiva é aquela que conhece cada aluno, respeita suas potencialidades e necessidades, e a elas responde com qualidade pedagógica. A participação consciente de todos os responsáveis pelo conjunto de ações educacionais efetivas gestores, professores, comunidade e família é que farão com que a escola se torne realmente uma escola inclusiva. A escola deve buscar a transformação da prática educacional tradicional para um enfoque inclusivo que atenda ao desenvolvimento da pessoa, uma vez que o modelo de escola inclusiva busca verificar, constantemente, o crescimento global do aluno, atentando para uma educação mais individualizada, personalizada, que irá satisfazer às necessidades básicas de cada um deles. Articular as temáticas educação e inclusão torna-se uma tarefa indispensável, quando a sociedade e o sistema escolar buscam meios de garantir a todos, o cumprimento dos seus direitos e deveres previstos constitucionalmente, dentre eles, a almejada educação de qualidade. No ambiente de aprendizagem, os professores devem estar preocupados com as potencialidades, os interesses e a motivação de cada aluno e não se fixar às defasagens dele, pois o potencial do aluno promove o ato de aprender. Esses ambientes devem ser motivadores, agradáveis, estimulantes e facilmente acessíveis a todos. Corroborando Ferreira (2005), o educador comprometido com a inclusão deve ter em mente que:

a educação é um direito humano; as crianças estão na escola para aprender; há crianças que são mais vulneráveis à exclusão educacional do que outras; é da responsabilidade da escola e dos professores criar formas alternativas de ensino e aprendizagem mais efetivas para todos. 4. MÉTODO E RESULTADOS Foi realizada uma pesquisa de campo com o objetivo de compreender as dificuldades dos professores ao ensinar alunos surdos. Foi investigado professores que ensinam matemática a alunos surdos do ensino fundamental e médio de uma Escola Pública Estadual Áudio Comunicação na cidade de Campina Grande do estado da Paraíba. Através do questionário procurou investigar as dificuldades dos docentes em ensinar, os métodos utilizados no ensino aprendizagem, integração de alunos surdos na rede regular de ensino, sugestões para amenizar a aprendizagem dos alunos surdos e que atitude a escola deve tomar para melhor preparar seus discentes surdos. 4.1 Análise de Dados O questionário a seguir foi aplicado aos 10 (dez) professores com objetivo de fazer o levantamento das suas dificuldades os alunos surdos e buscar sugestões de algumas medidas que amenizem a deficiência no ensino dos discentes surdos, foram aplicadas questões objetivas e discursivas. As questões de número 5, 6, 8, 10 são questões subjetivas referem-se a dificuldades que o professor ensina aos surdos, método utilizado pelo professor, sugestão para amenizar a dificuldade em ensinar aos discentes e que atitude a escola deve tomar para melhor prepara os seus alunos. As questões 1, 2, 3, 4, 7, 9 são questões objetivas que tratam do gênero do professor, em qual grau de ensino leciona, a quantidade de anos que leciona e a escola esta preparada para aceitar alunos surdos. Foi verificado com a pesquisa, que a maioria

dos educadores pesquisados utilizavam apenas o método de expor o conteúdo através quadro ou até mesmo em livros. Tabela 1- Perguntas realizadas na pesquisa com explicação das pretensões das perguntas. Perguntas Realizadas Pergunta 1- Qual é o seu sexo? Pergunta 2- Em qual Grau de Ensino você leciona? Pergunta 3- Há quantos anos você leciona? Pergunta 4- O que você acha da inclusão de surdos na rede regular de ensino? Pergunta 5- Quais dificuldades você enfrenta para ensinar os surdos? O que se pretendia obter com a pergunta A quantidade de homens e mulheres ensinando surdos na escola. Buscar uma abrangência maior nessa pesquisa no que tange a experiência dos educadores, pois existem alguns professores que atuam em dois ou três Ensinos. Pesquisar quantos anos de experiência no ensino. A opinião dos educadores, se os surdos tem oportunidade de estar inserido na rede regular de ensino. As dificuldades que os educadores enfrentam para ensinar os discentes surdos. Pergunta 6- Qual método você utiliza para ensinar os alunos surdos? As metodologias utilizadas para ensinar os surdos. Pergunta 7- Você concorda que o governo prepare todos os profissionais da educação para aprender libras? Saber se existe uma preparação e capacitação por parte do governo para os profissionais da educação aprenderem libras. Pergunta 8- Quais soluções você propõe para amenizar a dificuldade do ensino aprendizagem dos surdos? Sugestões que possam diminuir ou amenizar as dificuldades para ensinar os surdos.

Pergunta 9- As escolas brasileiras estão preparadas para aceitar esses alunos surdos? Pergunta 10- Qual atitude que a escola deve tomar para melhor preparar seus alunos surdos? Opinião dos professores se as escolas brasileiras estão preparadas para ensinar os surdos. Sugestões de atitudes que a escola deve tomar para melhorar a aprendizagem dos educandos surdos. Gráfico 1-Gênero do respondente Fonte: (Os autores) Gráfico 2- Qual o grau de ensino você leciona?

Fonte: (Os autores) Gráfico3 Quantos anos de ensino? Fonte: (Os autores) 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa foi investigar quais as dificuldades que professores enfrentam para ensinar aos alunos surdos e ainda alguns aspectos que possam influenciar essas dificuldades. Foram pesquisados professores da escola estadual de ensino regular que ensina surdos no turno da

manhã na Escola Pública Estadual Áudio Comunicação na Cidade de Campina Grande no estado da Paraíba, buscando a posição desses quanto à inclusão de surdos na escola regular, suas dificuldades para ensinar, os métodos que utiliza para aprendizagem dos alunos, e sugestões para amenizar essas dificuldades, e opinião se as escolas estão preparadas para aceitar os discentes surdos e qual atitude a escola deve tomar para melhorar o ensino aprendizagem dos alunos surdos. De acordo com a pesquisa os professores relataram que a educação dos surdos é prejudicada pela falta de material visual, docentes desqualificados para ensinar os surdos que são integrados na rede regular de ensino, falta de acesso à internet dentro da escola. Por meio do questionário respondido pelos professores e observações realizadas, pôde ser verificado que não basta ter uma escola inclusiva, mas dar meios para melhorar o ensino aprendizagem dos surdos como materiais visuais, acesso à internet, formação dos docentes para ensinar os surdos. Além disso, foi compreendido que inclusão de surdos na rede regular de ensino é inviável na escola regular de ensino, pois as escolas não estão preparadas para receber esses alunos surdos, pois não tem profissionais de educação capacitados para ensinar, falta de materiais visuais didáticos. Contudo pode ser percebido que ainda existe um despreparo para a inclusão dos discentes surdos na escola regular, professores despreparados, a falta de materiais visuais que facilite o entendimento dos alunos, não existe acesso à internet com intuito de melhorar o ensino, falta de aparelhos de televisão, dicionários de libras, instrutores para ensinar. É necessário o compromisso do governo para com as escolas e professores com a educação de surdos dando condições para ensinar surdos com toda estrutura física, formação dos profissionais de educação.

REFERÊNCIAS ARANHA, M. S. F. Educação inclusiva: transformação social ou retórica? In: OMOTE, S. Inclusão: intenção e realidade. Marília, SP: Fundepe Publicações, 2004. FERREIRA, W. B. Educação inclusiva: será que sou a favor ou contra uma escola de qualidade para todos? Inclusão: Revista da educação especial. Brasília: Secretaria de Educação Especial, Ano 1, n. 1, out. 2005. PERLIN, G. T. T. O lugar da cultura surdas. In: THOMA, Adriana da Silva; LOPES, Maura Corcini (Orgs.) A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidades e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC,2004. PERLIN, G. T. T. Identidades surdas. In: SKLIAR, C. (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 1998.. O lugar da cultura surda. In: THOMA, A. da S.: LOPES, M. C. A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: Educnis, 2004. POCHE, B. A construção social da língua. In: VERMES G.; BOUTET, J. (Org.). Multilinguismo. Campinas: Editora da Unicamp, 1989 SASSAKI, Romeu. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. REPÚBLICA, O Presidente da. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.: Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.. 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 03 set. 2015.