MEIOS DE PAGAMENTOS NO VAREJO E SERVIÇOS Dezembro 2016
Cartões fazem parte da realidade da grande maioria do varejo e serviços Crédito ou débito? É cada vez mais comum para o consumidor ouvir esta pergunta ao chegar no balcão. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito (ABECS), o número de transações com cartões cresceu 9,4% na comparação entre o primeiro semestre de 2016 e o mesmo período do ano anterior. Em algum momento, o comerciante ou o prestador de serviços também se depara com a dúvida: precisa decidir que formas de pagamento disporá aos seus clientes, uma vez que a demanda dos consumidores pelo pagamento com o dinheiro de plástico é crescente, e também mais segura. Assim, seguir oferecendo somente a opção do dinheiro pode custar caro. Isso não significa, porém, que a opção pelas modalidades mais recentes de pagamento não imponha seu custo. Uma pesquisa conduzida pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) buscou dimensionar o alcance dos cartões de crédito, débito e outras modalidades de pagamento online entre empresários do Varejo e de Serviços. Já se observa que os cartões fazem parte da realidade da grande maioria desses empresários. Eles veem vantagens, como menor risco de inadimplência e comodidade, mas também veem desvantagens, como o pagamento de taxas de administrativas. Num momento em que o país tenta reencontrar o caminho do crescimento, focando principalmente nos aspectos macroeconômicos da crise, o presente estudo procura enfocar gargalos microeconômicos que poderiam dar mais eficiência às empresas, com benefícios inclusive para consumidores. Para a realização da pesquisa, foram ouvidos 822 empresários de comércio e serviços nas capitais e interior do país. 2
Mais de 70% das empresas de Varejo e Serviços aceitam os cartões como meios de pagamento O dinheiro vivo, como muitos o chamam, segue como o meio de pagamento universal. É aceito em quase a totalidade dos estabelecimentos de Varejo e Serviços, com 96% dos empresários dizendo receber através das cédulas. Aparece, em seguida, o cartão de crédito, aceito por 72,3%, e o cartão de débito, aceito por 70,1% dos comércios e empresas prestadoras de serviços. Os cheques são aceitos em 22,3%, percentual que aumenta para 25,9% no setor de Serviços. Já o velho fiado, ou seja, a compra a prazo sem a intermediação de uma instituição financeira, é citada por apenas 3,2% dos entrevistados. Além de ser aceito em praticamente todos os estabelecimentos, o dinheiro está entre as principais formas de recebimento para 60,9% dos empresários, enquanto o cartão de crédito é mencionado por 51,5% e o de débito por 41,2%. As formas de pagamento online, como o PayPal, e tecnologias voltadas para esse tipo de venda, como o PagSeguro, ainda ocupam pequeno espaço neste mercado, com 0,6% e 2,2% respectivamente. Para aqueles empresários que aceitam o cartão de débito como meio de pagamento, em média, 33,1% das vendas são feitas com essa modalidade de pagamento. Já entre os que aceitam cartão de crédito, crediário ou cartão de loja, em média, 42,8% das vendas são pagas com essas modalidades. FORMAS DE PAGAMENTO NAS EMPRESAS ACEITAS GERAL RECEBIDAS GERAL Dinheiro 96,0% Cartão de crédito 72,3% Cartão de débito 70,1% Cheque 22,3% Boleto bancário 16,9% Depósito em conta/transferência bancária 11,6% Crediário/carnê 5,7% Ticket restaurante/vale alimentação 3,6% Fiado (caderneta) 3,2% Pag Seguro 2,2% Pay pal 0,6% Nota promissória 0,4% Moip 0,2% Financeira 0,1% Dinheiro 60,9% Cartão de crédito 51,5% Cartão de débito 41,2% Boleto bancário 7,2% Depósito em conta/transferência bancária 5,5% Cheque 5,2% Crediário/carnê 2,6% Fiado (caderneta) 1,0% Ticket restaurante/vale alimentação 0,9% Pag Seguro 0,4% Nota promissória 0,2% Pay Pal 0,1% Financeira 0,1% Ordem de pagamento 0,1% Dólar 0,1% Ordem de pagamento 0,1% Construcard 0,1% Cartão próprio 0,1% 3
A pesquisa ainda mostra que os meios de pagamento eletrônicos trazem vantagens e desvantagens. No caso do cartão de crédito, entre aqueles que o aceitam, as vantagens estão associadas, principalmente, ao menor risco de inadimplência, citado por 47,8%, e à comodidade de não ter que ir ao banco fazer depósitos (29,0%). A atração de novos clientes também aparece com destaque, mencionada por 23,6%, seguida da possibilidade de parcelar a compra para o cliente (20,7%). Entre as desvantagens, porém, aparecem o pagamento de aluguel pela maquininha de cartão, citado por 44,4% dos empresários sondados e a redução da margem de lucro em razão das taxas pagas à administradora (33,2%). Há ainda 20,0% que dizem ter que elevar os preços para conseguirem pagar as taxas de administração e 19,7% que citam a demora para receber o reembolso do valor vendido. 12,3% julgaram importante falar dos transtornos quando o sistema sai do ar. Questionados sobre os cartões de débito, as vantagens mais apontadas também dizem respeito à garantia de recebimento, mencionada por 44,8%, e à comodidade de não ter que ir ao banco fazer depósitos (35,8%). Também neste caso a atração de novos clientes aparece com destaque, citada por 30,2%. O recebimento do valor integral da compra, dada a impossibilidade do parcelamento, foi mencionado por 28,1%. As principais desvantagens são as mesmas apontadas no caso do cartão de crédito: o pagamento de aluguel da maquininha (48,4%) e a redução da margem de lucro (35,2%). A elevação dos preços para o pagamento das taxas administrativas foi citada por 17,7% e o transtorno com a queda do sistema, citado por 16,1%. Quase um quinto dos entrevistados que recebem através de cartões (18,1%) admitiram estabelecer um valor mínimo para compras com esse meio de pagamento e 78,2% disseram não o fazer. A prática de estabelecer o valor mínimo é vedada aos comerciantes, mas é a forma que parte relevante destes encontra para se livrar dos custos dos meios eletrônicos de pagamento. Já a prática de oferecer desconto para pagamento à vista é admitida por mais da metade dos entrevistados (59,1%), incluindo aí até mesmo aqueles que não aceitam cartões. Entre estes, o percentual médio de desconto é de 8,1%. 18,1% dos que recebem através de cartões admitiram estabelecer um valor mínimo para compras 59,1% admitem desconto para pagamento à vista 4
Empresários advogam a redução dos custos para receberem através de cartões As principais entidades de Comércio e Serviços pleiteiam no Congresso Nacional uma série de medidas com o objetivo de retirar alguns entraves à comercialização por meio de cartões. Entre elas, a redução do prazo de reembolso para vendas com cartão de crédito. Hoje, o prazo vigente significa um financiamento dos lojistas para as operadoras de cartão. Com relação ao cartão de débito, a principal demanda é a cobrança de um valor fixo, cobrado somente a partir de um determinado valor de venda, em vez da cobrança de um percentual da venda. O comerciante e prestador de serviço tendem a concordar com essas prioridades. Entre as principais medidas que dispõe sobre o mercado de cartões de crédito, débito e assemelhados que estão sendo discutidas junto ao Governo, e que poderiam contornar os inconvenientes e contribuir para o crescimento de seus negócios, os empresários que já recebem por meio de cartões elencam a redução das taxas e prazos de recebimento de 30 para 2 dias (mencionada por 44,3%); a isenção das taxas de administração cobrada dos estabelecimentos (44,3%); a redução dos custos de antecipação de vendas feitas no cartão de crédito (23,3%); e a cobrança de tarifa fixa sobre cada transação de cartão de débito (21,5%), além de outras. Para esses empresários, o consumidor também seria beneficiado, com preços melhores dos produtos (35,0%); mais opções de forma de pagamento (23,6%); a opção de pagar mais barato a depender da forma de pagamento escolhida (21,5%); e um maior número de estabelecimentos vendendo no cartão de débito (16,2%). 5
OPINIÃO SOBRE AS INICIATIVAS PARA O MERCADO DE CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO MAIS IMPORTANTES QUE ESTÃO SENDO DISCUTIDAS NO CONGRESSO NACIONAL Redução das taxas e prazos de recebimento de cartão de crédito de 30 para 2 dias 44,3% 15,0% Permitir ao comerciante estabelecer preços diferentes em compras feitas por meios diferentes (dinheiro, cheque, cartão) Isenção de taxa de administração cobrada dos estabelecimentos 44,3% 4,2% Tratar o voucher/vale alimentação como um meio de pagamento e com isso, normatizar suas operações e regular as atividades Reduzir o custo da antecipação de vendas feitas no cartão de crédito 23,3% 1,1% Fim do deságio na contratação do voucher/vale alimentação Tarifa fixa cobrada sobre cada transação de cartões de débito ao invés de percentual sobre o valor da venda 21,5% 13,4% Não sabe/ prefere não responder A exigência do consumidor por formas alternativas de pagamento, para além do dinheiro, é algo que veio para ficar. Não é por acaso que entre as vantagens dos cartões, os empresários sempre citam atração de clientes. Todavia, esses empresários não ignoram as desvantagens. Reduzindo-se os custos associados aos cartões, o consumidor encontrará essas opções de pagamento em um número maior de estabelecimentos, além de ter os produtos barateados. A possibilidade de oferecer descontos para pagamentos em dinheiro também traz ganho, fazendo que nem todo o consumidor tenha que arcar com o custo dos cartões. Essas são mudanças que não visam os problemas macroeconômicos do país, que de fato merecem atenção, mas que favorecem o consumo. 6
METODOLOGIA Público alvo: empresários de comércio varejista e serviços em todas as regiões brasileiras. Método de coleta: pesquisa realizada via CATI, por telefone. Tamanho amostral da Pesquisa: 822 casos, gerando uma margem de erro no geral de 3,4 p.p para uma confiança a 95%. Data de coleta dos dados: 25 de outubro a 08 de novembro de 2016. 7