PRÁTICA DE ENSINO E O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA.

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Transcrição:

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades PRÁTICA DE ENSINO E O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA. LOPES, Lailson dos Reis Pereira Lopes Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES lailson.lopespereira@yahoo.com.br Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados de um estudo realizado no contexto da disciplina Estágio Curricular Supervisionado do curso de licenciatura em da Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes. Sendo realizada uma abordagem geral, dos dispositivos legais associados a apontamentos da literatura sobre as concepções e sobre as possibilidades de estágio articulando a teoria e prática que propicie o redimensionamento do ensino de, de modo a torna-lo mais atrativo. Palavras-chave: Estágio curricular supervisionado; Ensino de ; formação de professores. 1. Introdução Este texto tem como objetivo realizar uma reflexão sobre Prática de ensino e o Estágio Curricular Supervisionado na formação de professores de para a educação básica. O estudo foi realizado no âmbito da disciplina Estágio Curricular Supervisionado. O que motivou o estudo foi a necessidade de instrumentalizar os acadêmicos do curso de licenciatura em, a acerca dos objetivos, dos aspectos legais, das concepções e da importância do Estágio Curricular Supervisionado na formação do futuro professor de. 2. Alguns apontamentos sobre o Estágio Curricular Supervisionado Temos assistido nas últimas décadas a muitas mudanças ocorridas em todo o mundo, especialmente uma grande revolução na área de tecnologias de informação e de comunicação. Segundo Assman (2004), educação marcada pelas velhas competências, resultando, de maneira geral, um trabalho de improvisações e que o sistema de educação deve sofrer uma transformação, passando do ensino à aprendizagem. 1

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade Assim, segundo Imbernón (2005), a profissão docente deverá deixar de lado a concepção que dominava no século XIX como simplesmente transmissão do conhecimento. Se a educação dos seres humanos aos poucos se tornou complexa, a formação docente também deverá se tornar mais complexa, uma vez que esse profissional, assume o papel, onde o ensino é muito mais que simplesmente atualização pedagógica e didática. Torna-se possibilidade de criar espaços para reflexão, participação e convivência com as mudanças através das aprendizagens. A partir desses posicionamentos dos autores sobre educação e os desafios da profissão docente, procuramos analisar as concepções e papeis da a prática de ensino e o estágio curricular na formação docente. Pimenta (2001, p.21) define o estágio curricular como as atividades que os alunos deverão realizar durante o seu curso de formação, junto ao campo futuro de trabalho. Essas atividades configuram-se, habitualmente, como: o exercício da observação de uma prática docente alheia, participação nas atividades desenvolvidas pelo professor titular da sala, e oportunidades de regências em uma sala de aula. O estágio segundo Andrade (2009), possibilitará ao aluno aproximar-se da realidade da sala de aula ou da escola para que a partir dos dados observados e das vivências, neste contexto, seja possível fazer uma reflexão sobre a prática pedagógica que se efetiva na escola. A autora chama a atenção para as atividades a serem desempenhadas na escola pelo estagiário, participação em atividades tais como elaboração da proposta pedagógica da escola, elaboração e cumprimento de planos de trabalho, zelo pela aprendizagem do aluno, estabelecimento de estratégias de recuperação para alunos de menor rendimento, participação nos períodos de planejamento, avaliação e desenvolvimento profissional, colaboração com as atividades de articulação da escola, com as famílias e a comunidade. Segundo Pimenta (2004) compreender o estágio curricular como um tempo destinado a um processo de ensino e de aprendizagem é reconhecer que, apesar da formação oferecida em sala de aula ser fundamental, só ela não é suficiente para formar e preparar os alunos para o pleno exercício de sua profissão. Faz-se necessária a inserção na realidade do cotidiano escolar para aprender com a prática dos profissionais da docência. 2

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades De acordo com Tardif (2002) a prática pode ser vista como um processo de aprendizagem por intermédio do qual os professores retraduzem sua formação e a adaptam à profissão. A experiência provoca, assim, um efeito de retomada crítica (retroalimentação) dos saberes adquiridos. Ao tratar da prática no processo de formação inicial de professores, Formosinho (2001) evidencia a importância da prática pedagógica assumida, intencionalmente, durante o curso, por intermédio dos estágios curriculares, cuja questão central é a articulação entre a formação e o exercício do trabalho (que) constitui o ponto nevrálgico da organização curricular dos cursos de formação inicial de professores. Tardif (2002) apresenta três concepções de prática. A primeira, que considera a prática enquanto arte; a segunda, enquanto técnica; e, a terceira concepção que considera a prática educativa enquanto interação que privilegia o desenvolvimento de uma consciência profundamente social, uma vez que os educadores, em sua ação, não trabalham com coisas e nem com objetos, mas com os seus semelhantes dotados, também, de liberdade. A Lei 11.788 de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre estágio de estudantes; em seu artigo 1º ressalta que: Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos [...], no parágrafo 2º desse artigo afirma que o objetivo do estágio é o desenvolvimento do educando para o trabalho e a vida cidadã, por meio do aprendizado de competências próprias do ramo profissional. Em relação ao início do estágio nos cursos de licenciatura, de acordo com o parágrafo 3º da Resolução do CNE/CP Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002 que Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, deverá ocorrer a partir da segunda metade do curso. A Resolução CNE/CP 2, de 19 de Fevereiro de 2002, institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Básica em nível superior. De acordo com seu artigo 1º e inciso II, a Formação de Professores da Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação 3

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade plena deverão contar com no mínimo 2.800 horas e destas 400 horas deverão ser dedicadas ao estágio curricular supervisionado. De acordo com a Res. CNE/CP Nº 1, parágrafo 1º do em seu Art. 12, a prática, na matriz curricular, não poderá ficar reduzida a um espaço isolado, que a restrinja ao estágio, desarticulado do restante do curso. Já no 2º A prática deverá estar presente desde o início do curso e permear toda a formação do professor. 3º No interior das áreas ou das disciplinas que constituírem os componentes curriculares de formação, e não apenas nas disciplinas pedagógicas, todas terão a sua dimensão prática. E no Art. 13, preconiza que em tempo e espaço curricular específico, a coordenação da dimensão prática transcenderá o estágio e terá como finalidade promover a articulação das diferentes práticas, numa perspectiva interdisciplinar. Salientamos que a Resolução nº 2/2015 de 1º de julho de 2015 define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Nesse estudo não tratamos das novas diretrizes, pois de acordo com a referida Resolução, visando assegurar a efetivação das diretrizes curriculares nacionais para a formação de profissionais da educação básica, para os cursos em andamento, define-se que os cursos de formação de professores que se encontram em funcionamento deverão se adaptar à Resolução proposta no prazo de 2 (dois) anos. Piconez (1994) aponta que o estágio supervisionado vem se desenvolvendo como um componente teórico-prático, pois possui uma caracterização ideal, teórica, subjetiva, articulada com várias posturas educacionais, e uma caracterização real, material, social e prática, inserida no contexto escolar. De acordo com Felício (2008) é no movimento de transitar por entre o saber e o saber fazer, de idas e vindas, por entre a teoria estudada nas diferentes disciplinas do curso e a prática observada e/ou participada no ambiente escolar, em que os professores exercem, realmente, a sua prática profissional, que é possível construir uma prática de Estágio Curricular que seja significativa para o processo de formação inicial de professores, e consequentemente o desenvolvimento profissional. Lima (2008) afirma que, os professores em formação vão construindo conhecimentos que deverão ser contextualizados e complementados ao longo de sua formação profissional. 4

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Neste sentido, o estágio é aliado do acadêmico que deseja aprimorar seu conhecimento, assim como da universidade que terá a oportunidade de aperfeiçoar seu ensino a partir dos resultados obtidos nos estágios, considerando que funcionam como uma ponte entre as instituições de ensino e a área de atuação profissional. E considera que o estágio pode se constituir num espaço de formação continuada do professor que recebe o estagiário e, entre eles, pode-se estabelecer um momento rico de trocas em que ambos têm a oportunidade de aprender e de se constituir como professor, possibilitando o desenvolvimento profissional. Nesse sentido Tardif (2002), afirma que os saberes docentes são plurais e heterogêneos, visto que são constituídos pela integração de saberes profissionais, disciplinares, curriculares e da experiência. Desse modo, o estágio passa a ser considerado como um espaço propício à articulação dos diferentes saberes docentes dos vários sujeitos envolvidos. Segundo Pimenta (1997) a visão da unidade teoria e prática no campo educacional, o fazer pedagógico, o que ensinar e como ensinar, deve ser articulado ao para quem e para que, expressando unidade entre os conteúdos teóricos e instrumentais do currículo. E de acordo com a autora isso possibilita ao educador desenvolver uma práxis criadora. Kulcsar (1994) salienta a importância do estágio no sentido de proporcionar o engajamento do acadêmico na realidade escolar, cumprindo o seu papel quando interpretado pelos professores e alunos como postura a ser assumida e, não como um rol de atividades a serem desenvolvidas. Exigindo atitudes de aprendizagens e abertura para a coletividade. Desse modo auxiliará o acadêmico a compreender e enfrentar o mundo do trabalho, contribuindo para a formação da consciência política e social, unindo teoria e prática. Segundo Araújo (2003) estágio supervisionado, como componente integrador entre teoria e prática, configura-se como espaço propício para a produção dos diversos saberes necessários à profissão docente no mundo atual, onde os sujeitos devem ser capazes de contextualizar, planejar e gerir a sua ação pedagógica. De acordo com Libâneo e Pimenta (1999), os cursos de formação de professores devem possibilitar habilidades, conhecimentos e competências que oportunizem a construção de um trabalho docente que surja das necessidades e provocações encontradas no cotidiano 5

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade docente. Assim, o estágio supervisionado deve ser considerado como espaço que propicia aos futuros docentes a compreensão das práticas institucionais e ações profissionais, ao estimular a investigação, a análise, a reflexão e a crítica de novas formas de educar, possibilitando o ingresso na profissão, bem como contribuindo para o desenvolvimento profissional docente. Com relação à formação do professor de matemática, segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), frequentemente o professor que ensina matemática é chamado de matemático. Porém as práticas profissionais de ambos podem ser diferentes. Esses dois profissionais têm em comum a matemática, mas o seu olhar e o seu pensamento acerca do ensino dessa disciplina podem ser distintos. Segundo D Ambrósio (1996), de uma maneira geral a educação enfrenta graves problemas. O autor considera também que a é afetada pela maneira deficitária como se forma o professor. Falta uma preparação para que o professor possa conhecer seus alunos e há conteúdos obsoletos ministrados na formação inicial. 3. Considerações Finais Frente o exposto, consideramos que estágio curricular supervisionado e a prática de ensino, desenvolvidos como articulação teoria e prática, configura-se como espaço para o desenvolvimento profissional no sentido que possibilita a produção de diversos saberes. A construção de saberes teórico-práticos, possibilita a elaboração e ressignificação desses saberes para a formação do futuro professor da educação básica. Em relação ao ensino e aprendizagem em, ao realizar a articulação teoria e prática através do estágio curricular supervisionado, o acadêmico poderá compreender as possibilidades de ensino, bem como as metodologias; os recursos didáticos, os softwares, jogos didáticos, que poderão deixar as aulas de s mais atrativas. Identificar os limites e as necessidades de redimensionamento da prática docente em virtude das demandas de trabalho no espaço da escola básica. E conhecer as modalidades de ensino e vivenciar as suas especificidades. No estudo realizado por Lopes (2009), uma das professoras de entrevista salienta durante a sua formação inicial não teve acesso a nenhum conhecimento sobre a 6

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades modalidade de Jovens e Adultos - EJA. Somente teve a possibilidade de conhecer essa modalidade de ensino na prática, durante a sua atuação como professora. Desse modo, o estágio curricular na EJA, pode-se uma possibilidade para que o futuro professor venha desempenhar a prática docente levando-se em consideração as várias especificidades da escola básica. O Desenvolvimento de ações e reflexões sobre o fazer pedagógico, sobre o que ensinar, e como ensinar articulados ao para quem e para que, expressados na unidade entre os conteúdos teóricos e instrumentais do currículo a ser desenvolvido. E ainda possibilita a troca de experiências entre os pares, com socialização das pesquisas desenvolvidas na academia, vivencia da realidade escolar, socialização dos saberes docentes do professor em exercício na escola e pesquisas no lócus onde ocorre a prática docente. 4. Referências ANDRADE, Cássia Rodrigues. Prática de Ensino e Estágio Supervisionado: um estudo sobre as produções no período 2003-2008. Uberaba, MG 2009 219 f. Dissertação (Mestrado em ) - Universidade Uberaba. ARAUJO, Elaine Sampaio. Da formação e do formar-se: a atividade de aprendizagem docente em uma escola pública. São Paulo, 2003. 173 p. Tese (Doutorado) Doutorado em, USP. ASSMANN, H. Reencantar a : rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.Conselho Nacional de. Resolução CNE/CP n. 1, de 18 de fevereiro de 2002..Conselho Nacional de. Resolução CNE/CP n. 2, de 19 de fevereiro de 2002..Lei n. 11.788, de 25 de agosto de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil/lei/l11788.htm Acesso em 05-01-2015. BRASIL. Conselho Nacional de. Resolução nº 2/2015 de 1º de julho de 2015. D AMBRÓSIO, U. : da teoria à prática/ubiratan D Ambrósio. Campinas, SP : Papirus,1996. 124 p. (Coleção Perspectivas em ) 7

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade FELÍCIO, Helena Maria dos Santos., OLIVEIRA, Ronaldo Alexandre. A formação prática de professores no estágio curricular. In Educar, Curitiba, n. 32, p. 215-232, 2008. Editora UFPR. FIORENTINI, D.; LORENZATO, S. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. (Coleção formação de professores) FORMOSINHO, João. A formação prática de professores. In: CAMPOS, Bártolo Paiva. Formação profissional de professores no ensino superior. Porto: Porto Editora, 2001, p. 46-64. IMBERNÓN, F. Formação Docente profissional: Forma-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez 2005 KULCSAR, R. O Estágio Supervisionado como atividade integradora. In: PICONEZ, S. C. B. et al. (1994). A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. 2 ed. Campinas: Papirus. LIBÂNEO, José Carlos; PIMENTA, Selma Garrido. Formação dos profissionais da educação visão crítica e perspectivas de mudança. e Sociedade. Campinas-SP, ano XX, v. 68, n. 85, p. 239-277, dez. 1999. LIMA, Maria Socorro Lucena. A hora da prática: reflexões sobre o estágio supervisionado e ação docente. 2. ed. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2008. LOPES. L. R. P. Formação do professor de para/na EJA de Jovens e Adultos. Progrma de mestrado de educação da Uniube. 2009 PICONEZ, Stela C. B. (Org.). A Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1994. PIMENTA, S. G. Didática e formação de professores: percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal. São Paulo: Cortez, 1997.. O Estágio na Formação de Professores: Unidade Teoria e Prática? 4. ed. São Paulo: Cortez, 2001. PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004. TARDF, M. Saberes docentes e formação profissional. 3. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2002. 5. Agradecimentos Agradecemos ao Fundo de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais- FAPEMIG e a Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes pelo apoio. 8