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Transcrição:

Estereoquímica A estereoquímica é o ramo da química que estuda aspectos tridimensionais das moléculas. Para entender o que é estereoquímica, deve-se entender o que é isomeria e como ela se divide. Com isto, tem-se que: Estereoisômeros diferem na forma com que seus átomos estão organizados no espaço e, dividem-se em Enantiômeros e Diasteroisômeros. Enantiômeros, são isômeros cujas moléculas são imagens especulares (um composto é a imagem no espelho do outro composto) e não são sobreponíveis (não podem ser sobrepostas integralmente, sendo dois compostos diferentes). Diasteroisômeros, são estereoisômeros cujas moléculas não são imagens especulares uma da outra. Para começar a falar dos tipos de estereoisomeria deve-se entender o conceito de quiralidade. 1

Quando um objeto não é sobreponível a sua imagem especular dizemos que este objeto é QUIRAL. Um exemplo, são nossas mãos. Elas são imagens especulares, mas não se sobrepõem perfeitamente. No entanto, quando o objeto se sobrepõem a sua imagem no espelho dizemos que este objeto é AQUIRAL. Exemplos de objetos aquirais podem ser observados abaixo. Em química orgânica, quiralidade geralmente ocorre em moléculas que contém um átomo de carbono ligado a quatro grupos diferentes. Este tipo de molécula, não se sobrepõem a sua imagem no espelho. Com isto, sua imagem no espelho é uma outra molécula. Um átomo de carbono tetraédrico que tem quatro substituintes diferentes é referido como CENTRO QUIRAL, CARBONO QUIRAL, CENTRO ASSIMÉTRICO, CENTRO ESTEREOGÊNICO ou CARBONO ASSIMÉTRICO. O carbono quiral é frequentemente marcado por um *. Observar a presença de um centro assimétrico é uma maneira rápida de determinar sua quiralidade. 2

Moléculas quirais não tem plano de simetria. Moléculas aquirais tem. O plano de simetria corta a molécula de tal forma que uma metade é imagem da outra. O exemplo abaixo é uma molécula aquiral, pois pode-se desenhar um plano que corta a molécula em duas metades iguais. 1. Enantiômeros Os estereoisômeros que são objeto e imagem não sobreponível são chamados ENANTIÔMEROS. Qualquer estrutura que não tenha plano de simetria pode existir como duas imagens especulares ou enantiômeros. No exemplo abaixo, o 2- bromobutano tem um carbono assimétrico (com 4 substituintes diferentes), sendo quiral. Como é quiral, o 2-bromobutano existe como um par de enântiômeros e cada enantiômero é quiral (já que não tem plano de simetria). Enantiômeros são moléculas diferentes: não podem ser convertidos sem quebra de ligações. Tem Configurações Diferentes. Uma mistura racêmica é uma mistura de dois enantiômeros em quantidades iguais (ou seja, 50% de um enantiômero e 50% do outro). Quando realiza-se no laboratório uma reação química que leva a um composto quiral e, não se induz a preferência por um dos enantiômeros, obtêm-se uma mistura racêmica. 3

Existem formas de induzir a produção majoritária de um dos enantiômeros (isto será discutido mais adiante). Quando um dos enantiômeros está em maior quantidade dizemos que existe um Excesso Enantiomérico (ee). Pode-se calcular o ee através da fómula abaixo. Com isto, tem-se que se há 50% de ee, há 75% de um enantiômero e 25% do outro. 1.1. Desenhando os enantiômeros Fórmulas em perspectiva Duas ligações no plano do papel Uma ligação para frente do plano do papel (cunha preenchida) Uma ligação para trás do plano do papel (cunha tracejada) Projeção de Fischer Carbono assimétrico representado como ponto de intersecção de duas linhas perpendiculares Linhas horizontais: Ligações para frente do plano do papel Linhas verticais: Ligações para trás do plano do papel Cadeia carbônica desenhada verticalmente com o C1 no topo 4

1.2. Propriedades dos Enantiômeros As propriedades usuais como densidade, solubilidade, ponto de fusão e ponto de ebulição são idênticas para ambos enantiômeros. Enantiômeros tem diferença nas propriedades que dependem do arranjo espacial dos átomos. Portanto, enantiômeros podem ser diferenciados por outra substância quiral, como os receptores do nosso organismo. A esta diferenciação dá-se o nome de reconhecimento quiral. O receptor quiral interage de maneira diferente com cada um dos enantiômeros. Abaixo, podemos ver um exemplo de diferenciação. A talidomida era uma droga utilizada por mulheres grávidas. Esta droga era administrada como mistura racêmica. No entanto, um dos enantiômeros diminuía os sintomas como o enjoo, o outro causava má formação nos fetos. Atualmente, não se utiliza os dois enantiômeros de uma droga sem testá-los e, geralmente utiliza-se somente um deles. Este controle é realizado por órgãos como a ANVISA (no caso do Brasil) ou o FDA (no caso dos Estados Unidos. Outra propriedade que diferencia os enantiômeros é a ATIVIDADE ÓTICA. A atividade ótica é a habilidade que uma substância quiral tem de desviar o plano da luz plano-polarizada em um polarímetro. 5

Substâncias aquirais são inativas, ou seja, não desviam o plano da luz plano-polarizada. Além disto, para ser opticamente ativa, um enantiômero deve estar em excesso. Enantiômeros de uma substância causam o desvio de mesma magnitude mas em direções opostas, por isto uma mistura racêmica é inativa. Abaixo pode-se observar como funciona um polarímetro. Antes de passar pelo filtro, a luz derivada da lâmpada é como qualquer outra, e o plano do vetor do campo elétrico pode ter qualquer orientação no espaço (não-polarizada). Ao passar pelo filtro a luz fica plano-polarizada, que significa a remoção das ondas exceto as ondas em que o vetor elétrico está em um plano determinado. Esta luz plano-polarizada passa através do compartimento contendo a substância a ser analisada em solução (geralmente em água, etanol e clorofórmio). Se a substância é opticamente ativa ela desvia o plano da luz. A direção e a magnitude do desvio é medido por um analisador e leva a rotação observada. Desvio: (+) ou dextrógiro sentido horário (-) ou levógiro sentido anti-horário Rotação Observada (α): depende da concentração da amostra Rotação específica [α]: calculada a partir da observada (fórmula abaixo). É uma propriedade física da substância e junto com o valor de [α] são indicados a temperatura e comprimento de onda utilizados na medida. 6

C = concentração da amostra em g/ml L = tamanho do caminho ótico (dm, 1 dm = 10 cm) Quando um dos enantiômeros está em maior quantidade, tem-se uma amostra ativa. Para saber qual é o ee, podemos utilizar também o αobs e o αesp: Assim, podemos saber a pureza ótica da amostra. 1.3. Configuração Absoluta x Configuração Relativa O arranjo espacial dos substituintes ao redor do centro estereogênico é a sua configuração absoluta. Nem o sinal, nem a magnitude da rotação nos falam sobre a configuração absoluta de uma substância. Por exemplo, uma das estruturas abaixo é (+)-2-butanol e a outra é (-)- 2-butanol, mas sem informação adicional não se pode dizer que estrutura é qual. Portanto, (+)/(-) ou destrógiro/levógiro são configuração relativas e não pode-se desenhar a estrutura somente baseado nestas informações. Para desenhar-se as estruturas precisamos de mais informações. Estas informações vem da nomenclatura. Utiliza-se as letras R ou S antes do nome químico do composto e, assim, pode-se saber de qual dos enantiômeros se está falando. As regras para utilização desta nomenclatura estão listadas a seguir: 1) Enumera-se a prioridade de cada substituinte ligado ao centro quiral. Átomos com números atômicos maiores tem maior prioridade. O Número 1 7

deve ser dado ao átomo de maior número atômico/maior prioridade e, assim por diante. 2) Deve-se girar a molécula para que o átomo de menor prioridade fique para trás do plano da página (o mais distante do observador). 3) Desenha-se o caminho em ordem do substituinte 1, passando pelo 2 e terminando no substituinte 3. Se a seta tiver sentido horário a letra R aparecerá antes do nome. Se, tiver sentido anti-horário, a letra S aparecerá antes do nome. 4) Quando os átomos diretamente ligados ao carbono são iguais a ordem vem do primeiro ponto de diferença. 5) Quando tem-se ligações múltiplas: C=O é tratada como O-C-O C=C é tratada como C-C-C CΞC é tratada como 8

6) Ciclos também podem ser quirais e ter enantiômeros. Eles podem ser tratados como cadeias abertas. centro quiral. Com isto, tem-se que R ou S é a CONFIGURAÇÃO ABSOLUTA do 2. Diasteroisômeros Os Diasteroisômeros tem propriedades químicas e físicas diferentes e não tem relação objeto-imagem. Um exemplo é a isomeria CIS/TRANS ou E/Z. Os diasteroisômeros podem ser QUIRAIS ou AQUIRAIS. Os exemplo acima e abaixo são aquirais, pois tem plano de simetria. 9

Mas existem também exemplos de diasteroisômeros quirais, como os epóxidos abaixo. Neste caso há dois centros quirais nos compostos e, por isto, são quirais. Além disto eles não são imagens especulares. Outro ponto a ser observado é que se um composto é quiral, este pode existir como dois enantiômeros. O desenho abaixo prova isto, cada diasteroisômero tem um enantiômero. Existem compostos com propriedades diferentes, o cis e trans (diasteroisômeros entre si) e cada um pode existir como um par de enantiômeros. Para considerar a estereoquímica dos compostos, é mais fácil considerar os diasteroisômeros primeiro e depois desenhar os enantiômeros. Portanto, pode-se separar os compostos cis dos trans por cromatografia, mas após a separação tem-se na verdade uma mistura racêmica. 10

Quando aparece mais de um centro quiral, os compostos podem ter enantiômeros e diasteroisômeros. Quando, comparando as duas moléculas, se todos os centros tem configuração absoluta invertida, estas são enantiômeros. Se pelo menos um dos centros quirais não tem configuração invertida, são diasteroisômeros. O número de estereoisômeros possíveis para cada composto pode ser dado por: 2 n, onde n é o número de carbonos quirais presentes na estrutura. 11

2.1. Compostos MESO Algumas vezes a simetria em uma molécula pode fazer alguns estereoisômeros serem "cancelados. Por exemplo o 2,3-butanodiol (estrutura baixo), tem dois carbonos quirais e deveria ter 2 2 = 4 estereoisômeros. No entanto, os compostos (2R, 3R) e (2S, 3S) são enantiômeros um do outro, mas a terceira e quarta combinação - (2R, 3S) e (2S, 3R) - são o mesmo composto. A terceira e quarta combinação levam a composto aquiral, com isto podem se sobrepor e são o mesmo composto. Quando observa-se um composto com centro quiral, mas a molécula como um todo é aquiral, este composto é chamado MESO. A projeção de Fischer pode facilitar a visualização. A presença de composto meso também pode ocorrer com quando mais carbonos quirais estão presentes. 12

OBSERVAÇÃO: Nomenclatura baseada na projeção de Fischer: Eritro e Treo. ERITRO à grupos iguais do memo lado. TREO à grupos iguais em lados opostos. Par Eritro/Treo = Diasteroisômero Par Eritro/Eritro ou Treo/Treo = Enântiômero 2.2. Separação de Enantiômeros: Resolução A maioria das moléculas na natureza são quirais e são encontradas como um enantiômero isolado. No entanto, no laboratório, na maioria das vezes obtem-se uma mistura racêmica. Como separar se eles tem as mesmas propriedades? Pode-se, por exemplo, realizar a transformação em diateroisômeros, e após fazer a separação por cromatografia. Após a separação pode-se hidrolisar cada disteroisômero separadamente e obtem-se os álcoois enantiomericamente puros. O ácido carboxílico pode ser removido e reutilizado. 13

Outra opção é utilizar cromatografia com a fase estacionária quiral. Pode-se também utilizar catalisadores quirais, que transformam moléculas pró-quirais em compostos quirais com pureza ótica. 14

2.3. Outros centros quirais Outros átomos, além de carbono, podem ser centros estereogênicos. Por exemplo, o Silício. O Silício faz quatro ligações assim como o carbono e pode apresentar quatro substituintes diferentes dando origem a compostos quirais. Outros exemplos são compostos piramidais, que podem ser quirais quando tem três substituintes diferentes. A inversão piramidal que interconverte um enantiômero no outro deve ser lenta a temperatura ambiente para observarmos somente um enantiômero. As aminas, por exemplo, tem inversão rápida. Com isto, tem-se a mistura racêmica. Já compostos contendo enxofre, como os sulfóxidos, podem ser separados em enantiômeros. Neste caso, a interconversão é lenta. Para ser utilizada a nomenclatura R/S o par de elétrons não compartilhado é considerado um substituinte, o de menor prioridade. 15

3. Bibliografia Material baseado ou retirado de: 16

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