RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PARA LIMPAR O NOME Março 2016
Metade das pessoas que contratam empresas para limpar o nome não obtém sucesso O argumento utilizado por muitas empresas que, supostamente, são especializadas em limpar o nome do consumidor, é quase sempre o mesmo: fornecer os atalhos necessários para eliminar rapidamente a restrição e fazer com que o cliente deixe os cadastros de proteção ao crédito sem enfrentar os transtornos e possíveis obstáculos de uma negociação direta com os credores. Mas será que compensa pagar por um serviço como esse, considerando os custos envolvidos e a taxa de sucesso obtida? A pesquisa Recuperação de Crédito Contratação de Empresa Para Limpar o Nome, do SPC Brasil e Confederação Nacional de Dirigentes lojistas, mostra que muitas vezes o consumidor pode acabar agravando o problema, ao invés de encontrar a solução. Foram entrevistadas pessoas que estão inadimplentes, atualmente, ou estiveram nesta situação nos últimos 12 meses, com o objetivo de conhecer a abordagem, as promessas e os resultados da atuação destas empresas sobre a vida dos endividados. Inicialmente, observa-se que 9,9% da amostra já contrataram o serviço, aumentando para 11,1% entre os pertencentes à Classe C/D/E. Dentre esses, metade (50,5%) não obteve êxito. Considerando somente os consumidores que continuaram com o nome sujo, menos de três em cada dez (27,5%) conseguiram recuperar todo o dinheiro investido, sendo que 47,1% não tiveram nenhum valor devolvido e 25,4% recuperaram parte dele. Ainda que 59,3% da amostra não saibam ou não se lembrem de quanto pagaram pelo serviço de limpar o nome, entre aqueles que sabem a média encontrada é de R$ 3.425,16. Ao avaliar a contratação da empresa, 46,0% consideram positivo, uma vez que o nome foi limpo, de fato. Por outro lado, 24,9% julgam que não valeu à pena, pois ficou mais caro do que se tivessem resolvido a questão direto com o credor. No que diz respeito aos canais usados para conhecer o serviço, a pesquisa indica que a internet é o principal deles (56,2%), mas também são mencionados a indicação de amigos/parentes (15,2%), panfletos (8,0%) e a abordagem direta das empresas do ramo (6,2%). 2
Finalmente, vivenciar a experiência de ter o nome inserido em cadastros de proteção ao crédito fez com que seis em cada dez entrevistados (59,9%) passassem a controlar todos os gastos. 17,8% garantem que agora evitam usar o cartão de crédito, enquanto 16,3% cancelaram o cartão e 15,9% só compram quando podem pagar à vista. Para o educador financeiro do SPC Brasil e do Portal Meu Bolso Feliz, José Vignoli, os resultados mostram claramente que o consumidor precisa refletir antes de contratar uma empresa para limpar o nome: É um momento em que a pessoa está emocionalmente vulnerável, sentindo os efeitos da restrição ao crédito, com dificuldade para comprar... Por isso, é comum que a ansiedade de ter o nome limpo leve o consumidor a agir sem pensar, o que traz dois riscos imediatos. Primeiro, o de ser vítima de uma empresa com más intenções, que pode apenas tomar o dinheiro da pessoa, sem oferecer resultados. Segundo, o de pagar por um serviço sem saber direito as condições acordadas, as letras miúdas envolvidas no contrato, sobretudo no que se refere à devolução do dinheiro, em caso de insucesso. Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, explica ainda que buscar informações e negociar diretamente com o credor pode ser bem mais vantajoso para o consumidor: Ao tentar um acordo pessoalmente, ele sabe que todo o dinheiro envolvido no processo será empregado na quitação do débito. Além disso, ninguém melhor do que a própria pessoa para avaliar as condições oferecidas pelo credor. No fim das contas, o melhor é desconfiar de quem oferece soluções muito rápidas e fáceis, pois o nome não vai desaparecer miraculosamente dos cadastros de restrição ao crédito. Tentativas de limpar o nome: 9,9% 50,5% 24,9% já contrataram o serviço, aumentando para 11,1% entre os pertencentes à Classe C/D/E Não obtiveram êxito Julgam que não valeu à pena, pois ficou mais caro do que se tivessem resolvido a questão direto com o credor Canais usados para conhecer o serviço: 56,2% Internet 15,2% Indicação de amigos/ parentes 8,0% Panfletos 6,2% Abordagem direta das empresas do ramo Considerando somente os consumidores que continuaram com o nome sujo: 47,1% 27,5% 25,4% Não tiveram nenhum valor devolvido Conseguiram recuperar todo o dinheiro investido Recuperaram parte dele 3
METODOLOGIA Público-alvo: residentes em todas as regiões brasileiras, com idade igual ou superior a 18 anos, ambos os sexos e todas as classes sociais, atuais inadimplentes ou ex-inadimplentes há no máximo 12 meses. Método de coleta: pesquisa realizada via web e pós-ponderada por sexo, idade, valor da dívida e estados. Tamanho amostral da Pesquisa: 1.088 casos, gerando uma margem de erro no geral de 3,0 p.p para uma confiança a 95%. Data de coleta dos dados: primeira quinzena de fevereiro de 2016. 4