Pensamento Econômico na Antiguidade e Idade Média. Profa. Eliana Tadeu Terci

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Transcrição:

Pensamento Econômico na Antiguidade e Idade Média Profa. Eliana Tadeu Terci

Pensamento Econômico na Antiguidade e Idade Média Grécia Roma Idade Média Objetivo: Caracterizar a organização econômica e o pensamento econômico. Discutir a razão principal para não haver o despertar de um pensamento econômico estruturado. Sec. XII-VIII ac.: vida econômica doméstica IV-III ac.: vida econômica de trocas, ou seja as relações econômicas estavam presentes vida econômica de trocas ficava a cargo dos estrangeiros e libertos. 2

A ideologia da Europa pré-capitalista Roma e Grécia antiga = 80% escravos. Senhores se apropriavam do excedente social e das escravas. Ideologia? Filosofia (Platão e Aristóteles) justificavam a escravidão = fenômeno natural Escravidão obras públicas grandiosas, limites: i)incompatibilidade com progresso técnico declínio da agricultura; ii) condenação do trabalho estagnação do progresso técnico crise do sistema desarticulação do império romano invasões tribais ruralização e feudalismo 3

Pensamento Econômico na Antiguidade: Grécia Por que o comércio se impõe? Grécia constituía um Meio econômico favorável (solo ruim + posição geográfica) Considerando-se a influência do meio ambiente sobre as ideias, por que não se desenvolveu o pensamento econômico estruturado? Predomínio da Filosofia: Interesse geral sobre o particular cidade (ameaçada) subordina o indivíduo; Igualdade recursos limitados impunha a solidariedade eterno tormento da Grécia conceito estático, sob domínio da ética desprezo da riqueza; louvor a virtude a cidade tem função essencialmente política organização social: - cidadão negócios públicos cidadão dá seu sangue à cidade (ficamlhe vedados a posse de riquezas, tais como a propriedades e metais e o empréstimo a juros) - escravos atividades econômicas - estrangeiros comércio Enriquecimento e propriedade limitados limitam as ideias 4

Pensamento Econômico na Antiguidade: Grécia 1. Ideias econômicas no pensamento grego: Xenofonte economia = administração do lar Platão: vida econômica perspectiva ética (pólis) garantir a vida comunitária naturalmente surgida em virtude da especialização do trabalho coesão social deriva da divisão do trabalho troca Aristóteles: relações entre o cidadão e a cidade promover o natural X crematística bem estar relações de troca = arte doméstica e política 5

Pensamento Econômico na Antiguidade: Grécia surgimento do gênero especulativo (?): excedente troca proporções e relações de valor conceito de valor de uso e de troca (destino: necessidades X comércio = lucro) Ampliação das trocas moeda = meio de troca, unidade de conta e reserva de valor (condenável) questão: o valor da moeda depende da sua matéria ou da autoridade que a coloca em circulação? Metalismo e nominalismo Comércio e finanças públicas defesa do monopólio em função da defesa da cidade 6

Pensamento Econômico na Antiguidade: Grécia Outras conceituações: Ideia negativa de trabalho manual defesa da escravidão Condenação da avareza e defesa da redução da desigualdade entre os cidadãos, mas defendia a propriedade privada Troca justa distributiva (proporcionalidade) X corretiva (justiça) = preço justo (M D M) (D M D) 7

Pensamento Econômico na Antiguidade: Roma Roma: meio econômico mais intenso que na Grécia tratava-se de um Império excelentes vias de comunicação Plano urbano exigia soluções mais complexas: fornecimento de água, captação de esgoto, proteção etc. Expansão do Império (Itália e Europa) inicialmente orientada para a agricultura, em paralelo à construção de estradas. 8

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Pensamento Econômico na Antiguidade: Roma 1. Ideias econômicas no pensamento romano: missão de Roma dominação política; riqueza meio da conquista e dominação militar separação res-pública e res-privada: Direito de propriedade; Liberdade contratual Inspiração para o individualismo 12

Pensamento Econômico na Antiguidade Grécia: tendência intervencionista (influência sobre os acontecimentos) dificuldade de abastecimento Estado como provedor/regulamentação consequências Roma: tendência individualista (influências sobre as ideias econômicas) jurisconsultos: direito romano fundamentos do individualismo influência tardia (fisiocratas e clássicos) Ambas, emergidas do pensamento econômico antigo, jamais deixarão ora uma, ora outra fazer sentir a sua influência na evolução das doutrinas econômicas. 13

Caráter anticapitalista da ética paternalista cristã Idade média Sec. V ao XI: crise do Império Romano feudalismo = fragmentação política e econômica, vida reclusa ao castelo; estradas e moeda sucateadas Santo Agostinho: transferência da governança para a Igreja (ideologia) Santo Tomás de Aquino difusor da ética paternalista cristã: o homem rico que não dá esmolas é um ladrão Relações sociais e econômicas emanavam de Deus, da providência provisões adequadas as funções justificava as desigualdades, concentração de riqueza e poder da igreja e função do Estado Desprezo às atividades e espírito comercial, defesa do preço justo e a condenação da usura. Enquanto ideologia (função preservadora do status-quo) pode-se dizer que a defesa do preço justo era a principal ideia-força da ética paternalista cristã? Mediações em virtude das pressões provocadas pelo crescimento do comércio: preço justo incorpora o lucro do comerciante troca desigual não é necessariamente injusta; usura: justificativa para a mora e no caso do lucro cessante. 14

Ruptura e o surgimento da ética protestante Ética protestante: valorização do trabalho e negação do ócio predestinação Lutero defesa do trabalho, mas condenação da riqueza, principalmente a usura, pois afasta da vida de trabalho. e Calvino predestinação era singular (dom, vocação) aqui a justificativa para a acumulação e o lucro e da usura (distinção entre empréstimo de consumo e de produção) regulação 15

Pensamento Econômico na Antiguidade e Idade Média Síntese Geral Pensamento Econômico Grécia : submetido a filosofia Roma : à política Idade Média: à moral Menor importância atribuída ao individualismo em detrimento do coletivismo. 16

Pensamento Econômico na Antiguidade e Idade Média HUGON, P. Economistas Célebres. 1ª. Ed. São Paulo: Atlas, 1955. (Antiguidade, Idade Média extratos pp. 17-27; 45-52; 55; 66-71) HUNT, E.K; SHERMAN, H.J. História do Pensamento Econômico. 11ª. ed. Petrópolis: Vozes, 1993. (9-21) OLIVEIRA e GENARI. História do Pensamento Econômico. São Paulo: Editora Saraiva, 2009 (p. 7-30) 17