BALANÇO ELETROLÍTICO EM DIETA PRÉ-INICIAL DE FRANGOS DE CORTE DURANTE O VERÃO

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Transcrição:

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 1 BALANÇO ELETROLÍTICO EM DIETA PRÉ-INICIAL DE FRANGOS DE CORTE DURANTE O VERÃO SEBASTIÃO APARECIDO BORGES 1, JOJI ARIKI 2, ELIZABETH SANTIN 3, ANA VITÓRIA FISCHER DA SILVA 4, ALEX MAIORKA 5 1 Dpto de Zootecnia - FCAV-UNESP - Jaboticabal, Rodovia Carlos Tonanni, km 5, CEP 14870-000. 2 Prof Dr Dpto Zootecnia FCAVJ-UNESP, email: joariki@fcav.unesp.br 1, 4, 5 Pós-Graduandos em Zootecnia FCAVJ-UNESP. 3 Pós-Graduando em Patologia Animal FCAVJ-UNESP.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 2 RESUMO: Foram utilizados 1260 pintos de corte machos Cobb, em dois experimentos, para avaliar o efeito do balanço eletrolítico (Na+K-Cl) na ração pré-inicial (1-7 dias) sobre o desempenho, consumo de água e umidade da cama. A ração, à base de milho e farelo de soja, com 21,5% PB e 2.900 kcal EM/kg, foi fornecida a vontade. Os 5 tratamentos e 4 repetições foram: Experimento I (controle (145); 0; 120; 240 e 360 meq/kg de ração), fixando-se o K e variando o Na e Experimento II (controle (145); 354; 254; 154 e 54 meq/kg de ração) fixando-se o Na. O consumo de água aumentou linearmente com a relação eletrolítica da ração, resultando em cama mais úmida. Foi observado efeito quadrático para ganho de peso e conversão alimentar, sendo a relação ideal de 199 e 251 meq/kg, respectivamente. Palavras-chave: cloro, consumo de água, potássio, sódio, umidade de cama. ELECTROLYTE BALANCE IN CHICKS PRE-STARTER DIETS ABSTRACT: Two experiments using 1260 one day old Cobb chick broilers male was conducted to evaluate the effect of electrolytic balance (Na+K-Cl) of pre-starter diet (1-7 days) on birds performance, water intake and litter moisture. The diets based on corn-soybean meal, with 21.5% CP and 2,900 kcal ME/kg were feed ad libitum. The 5 treatments with 4 replicates were: Experiment I (control (145); 0; 120; 240 and 360 meq/kg of diet), with fixed K, variable Na and, Experiment II (control (145); 354; 254; 154 e 54 meq/kg of diet), with fixed Na. The mortality was not influenced by the treatments. Water intake increased linearly with electrolytic balance, promoving higher litter moisture. There was a quadratic effect on body weight and feed convertion and the best electrolytic balance of diet was 199 and 251 meq/kg, respectively. Key words: chloride, litter moisture, potassium; sodium, water intake.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 3 Introdução A adoção de uma dieta pré-inicial específica tem sido justificada pelo fato da ave, nesta fase, ter necessidades nutricionais muito limitantes. Os eletrólitos essenciais à manutenção do equilíbrio ácido-base são: sódio (Na + ), potássio (K + ) e cloro (Cl - ). Além das aves os exigirem em quantidades mínimas em sua alimentação, para satisfazer suas necessidades nutricionais, é importante que a proporção entre eles seja mantida. Da equação Na + + K + - Cl -, que reflete a inter-relação entre esses minerais como o proposto por MONGIN & SAUVEUR (1977) surgiu o Numero de MONGIN, cujo valor expressa a quantidade e a relação entre estes eletrólitos. O valor calculado por esta fórmula, de 250mEq/kg ou 25 meq /100g de ração para frangos de corte é considerado ideal pelos autores. Porém, trabalhando com dietas pré-iniciais e iniciais, MAIORKA et al. (1998) sugeriram um valor próximo de 140 meq/kg. Na tentativa de elucidar as divergências foram conduzidos experimentos com objetivo de avaliar os efeitos da relação eletrolítica (Na+K-Cl) na ração pré-inicial de frangos de corte sobre o desempenho, consumo de água e umidade da cama. Material e Métodos Foram utilizados 1260 pintos machos da linhagem Cobb em dois experimentos, recebendo rações à base de milho e farelo de soja, fornecida à vontade, contendo 21,5% de proteína bruta e 2900 kcal EM/kg, seguindo o NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC (1994) para os demais nutrientes. No Experimento I - as aves foram distribuídas em boxes (1,5m x 3,2m) com 50 aves por unidade experimental em galpão de alvenaria, em delineamento inteiramente casualizado de 5 tratamentos (controle (145); 0; 120; 240 e 360 meq/kg de ração) e 4 repetições. Os níveis de K foram mantidos constantes (Quadro 1), oscilando-se o Na e o Cl para obter as relações eletrolíticas. Experimento II - as aves foram distribuídas em baterias com 10 aves por unidade experimental, em delineamento inteiramente

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 4 casualizado 5 tratamentos (controle (145); 354; 254; 154 e 54 meq/kg de ração) e 4 repetições. Os níveis de Na foram mantidos constantes (Quadro 1), oscilando-se o K e o Cl para obter as relações eletrolíticas. O Número de Mongin foi obtido pela adição de NaCl, NaHCO 3, KHCO 3 e NH 4 Cl na ração. A temperatura média máxima (32ºC) e mínima (27ºC) e umidade relativa (73%) foram monitoradas diariamente. No experimento I os bebedouros foram equipados com sistema independente de abastecimento de água. As baterias possuíam bebedouros lineares. Os dados de temperatura e ph da água foram coletados em duas leituras diárias, correspondendo respectivamente, ao horário de menor e maior temperatura ambiente. Para o cálculo do consumo de água foi considerado a taxa de evaporação nos bebedouros. A umidade da cama foi avaliada no final do período pela colheita de amostra e secagem em estufa com ventilação forçada a 55±5ºC por 72 horas. O ganho de peso (GP), os consumos de ração (CR) e água (AG), a conversão alimentar (CA), a mortalidade (MT) e a umidade da cama (UC) foram avaliados. Os resultados foram submetidos à análise de regressão e, quando necessário, ao teste de Tukey com 5% de probabilidade. Resultados e Discussão De 1 a 7 dias de idade foi observado efeito quadrático para ganho de peso e conversão alimentar nos dois experimentos (Figuras 1 e 2) e, efeito quadrático e linear para o consumo de ração, sendo os resultados dependentes dos eletrólitos utilizados para variar a relação eletrolítica da ração. As aves com melhor peso apresentaram a melhor conversão alimentar. A relação ideal de Na+K-Cl, para ganho de peso e conversão alimentar, variou de 199 a 251 meq/kg, quando se fixou o K e, de 127 a 119, quando se fixou o Na, aproximado dos resultados anteriores obtidos por MONGIN & SAUVEUR (1977) e MAIORKA et al. (1998). Porém, BORGES et al. (1999), analisando o balanço eletrolítico em dietas para frangos de 1 a 42 dias de idade constataram que a relação ideal variou de 207 a 236 meq/kg,

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 5 respectivamente, para ganho de peso e conversão alimentar. A comparação dos tratamentos, incluindo o grupo controle (Quadros 2 e 3) permitiu inferir que as relações eletrolíticas baixas (0,0, 54, 120 e 154) não devem ser recomendadas, pois, resultaram em desempenho semelhante ou inferior a uma ração convencional. O consumo de ração foi máximo para 143 meq/kg quando se aumentou o K com Na fixo em 0,20%. Entretanto, a resposta foi linear (Y= 150,3-0,02146X, R 2 ) quando se aumentou a relação eletrolítica pela suplementação de Na. As relações eletrolíticas elevadas (354 e 360 meq/kg) obtidas pela suplementação de K ou de Na na ração deprimiram o crescimento das aves. Provavelmente, os níveis de K (1,21%) e Na (0,60%) nessas rações tenham ultrapassado a tolerância da ave, já que as exigências para esses minerais são estimadas em 0,30 e 0,20%, respectivamente (NRC, 1994). Entretanto, rações com 254 e 240 meq/kg resultaram em desempenho divergente, em relação aos respectivos grupos controle; este fato provavelmente está relacionado ao nível de Na utilizado nessas rações, respectivamente, 0,20 e 0,45%, reforçando a hipótese levantada em estudos anteriores que os níveis de NaCl e Na para frangos de corte devem ser reavaliados (BORGES et al., 1998; MAIORKA et al., 1998). A temperatura da água oscilou entre 22,5 a 27,1 o C e o ph de 7,95 a 7,78. O consumo de água aumentou linearmente com a relação eletrolítica na dieta (Y= 0,45375 + 0,019792X, R 2 ) somente quando se manipulou Na e Cl. Isto ocorreu provavelmente, para satisfazer a sensação de sede criada pelo aumento na ingestão de Na, um dos fatores que aumentam a resistência osmótica do sangue e que atua, portanto, no controle do consumo de água para satisfazer a sensação de sede. Isto resultou em elevação na relação consumo de água:consumo de ração. Entretanto, dietas com elevados teores de Cl e/ou K não estimularam o consumo de água nessa fase de criação. Estudos anteriores mostraram que KCl, NaHCO 3 e NaCl

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 6 aumentaram significativamente o consumo de água (BORGES, 1997; BORGES et al., 1998) mas, essas avaliações foram feitas na fase final de criação. A umidade da cama foi influenciada pela relação eletrolítica da ração como resultado da maior ingestão de água, sendo que aves alimentadas com 360 meq/kg de ração (0,60% de Na) tiveram cama mais úmida. Entretanto, aves alimentadas com dietas contendo 0,30 e 0,45% de Na apresentaram cama semelhante àquelas recebendo dieta tradicional. Estes resultados permitem inferir que em dieta pré-inicial de pintos de corte pode-se aumentar o nível de sódio até 0,45% sem que se observe aumento significativo na umidade da cama aos 7 dias de criação. Conclusões Nas condições experimentais apresentadas a relação eletrolítica da ração (Na+K-Cl) interferiu no desempenho das aves, sendo que a relação ideal variou segundo o eletrólito manipulado. Quando se formular dietas pré-iniciais considerando o conceito de balanço eletrolítico, níveis extremos de Cl (0,15 e 0,71%), K (0,98 e 1,21%) e Na (0,15 e 0,60%) devem ser evitados. A relação eletrolítica ideal de 199 e 251 meq/kg para ganho de peso e conversão alimentar, respectivamente, foi obtida pela manipulação de Na e Cl. A ingestão de água foi afetada pela relação eletrolítica da ração e pelo eletrólito utilizado na manipulação dessa relação. O aumento na ingestão de água provocado pela maior relação eletrolítica afetou diretamente a umidade da cama.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 7 Referências Bibliográficas Borges, S. A. Suplementação de cloreto de potássio e bicarbonato de sódio para frangos de corte durante o verão. 1997. 84p. Dissertação de mestrado. UNESP-Jaboticabal. Borges, S. A., Ariki, J., Jerônimo JR., R. et al. Níveis de cloreto de sódio em rações para frangos de corte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.50, n.5, p.619-624, 1998. Borges, S. A., Ariki, J., Moraes, V. M. B. et al. Relação (Na+K-Cl) em dietas de frangos de corte durante o verão. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.1, p.20, 1999. Suplemento. Maiorka, A., Magro, N., Bartels, H.A. et al. Efeito do nível de sódio e diferentes relações entre sódio potássio e cloro em dietas pré-iniciais no desempenho de frangos de corte. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA. Anais... Botucatu, 1998. p.478-480. Mongin, P, Sauveur, B. Interrelationships between mineral nutrition, acid-base balance, growth and cartilage abnormalities. Proceedings Poultry Science, Edinburg, n. 12, p. 235-247p, 1977. Nutrient Requeriments of Poultry. National Research Council (NRC). National Academy Press, Washington. 1994. 155p.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 8 Tabela 1 - Composição eletrolítica das dietas experimentais (%). Experimento I Experimento II Tratamentos Na K Cl Tratamentos Na K Cl meq/kg 0,0 0,15 0,52 0,71 354 0,20 1,21 0,15 120 0,30 0,52 0,51 254 0,20 0,98 0,30 145* 0,20 0,53 0,28 145 0,20 0,53 0,28 240 0,45 0,52 0,32 154 0,20 0,76 0,45 360 0,60 0,64 0,24 54 0,20 0,53 0,60 * Dietas convencionais.

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 9 1,32 124 Conversão alimentar 1,3 1,28 1,26 1,24 1,22 1,2 YGP = 113,0875 + 0,1122X - 0,0003X 2 R 2 = 0,99 Pmax = 199 YCA = 1,313188-0,0010297X + 0,0000021X 2 R 2 = 0,98 Pmin = 251 122 120 118 116 114 112 Ganho de peso (g) 1,18 110 meq/kg 0 120 240 360 Conversão alimentar Ganho de peso FIGURA 1 - Efeitos da relação eletrolítica Na+K-Cl na ração sobre o ganho de peso e a conversão alimentar de frangos de corte de 1 a 7 dias de idade (Experimento I).

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 10 1,28 135 Conversão alimentar 1,23 1,18 1,13 YGP = 124,2212 + 0,1732X - 0,0007X 2 R 2 = 0,98 Pmax = 127 YCA = 1,136915-0,0008359X + 0,0000035X 2 R 2 = 0,97 Pmin = 119 130 125 120 115 110 Ganho de peso (g) 105 1,08 54 154 254 354 meq/kg 100 Conversão alimentar Ganho de peso FIGURA 2 - Efeitos da relação eletrolítica Na+K-Cl na ração sobre o ganho de peso e a conversão alimentar de frangos de corte de 1 a 7 dias de idade (Eperimento II).

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 11 Tabela 2 - Desempenho de frangos de corte recebendo diferentes relações eletrolíticas (Na+K- Cl) na dieta de 1 a 7 dias de idade*. Na+K-Cl G P C R C A AG AG/CR UC (%) meq/kg g g ml/ave/dia litros/kg 1 sem 0,0 113c 149 1,310a 47b 2,24c 15,82ab 120 122ab 150 1,228ab 46bc 2,22c 17,17ab 145 1 118abc 146 1,245ab 42c 2,06c 12,20b 240 124a 146 1,176b 50ab 2,47b 18,07ab 360 117bc 142 1,212b 53a 2,70a 21,40a CV 2 (%) 2,72 2,69 3,61 4,30 4,09 9,63 * 0,52% K. 1 Controle - 145 meq/kg. 2 CV - Coeficiente de variação. a,b,c,d Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).

Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.1, n.3, p175-179, 1999 12 Tabela 3 - Desempenho de frangos de corte recebendo diferentes relações eletrolíticas (Na+K- Cl) na dieta de 1 a 7 dias de idade*. Na+K-Cl G P C R C A AG AG/CR meq/kg g g ml/ave/dia litros/kg 354 99b 128b 1,288a 64 3,50 254 127a 144a 1,134b 72 3,47 154 132a 146a 1,109b 67 3,22 145 1 132a 144a 1,093b 67 3,24 54 132a 145a 1,096b 65 3,16 CV 2 (%) 4,07 3,95 2,60 6,71 6,12 * 0,20% Na. 1 Controle - 145 meq/kg. 2 CV - Coeficiente de variação. a,b,c,d Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).