RECUPERAÇÃO JUDICIAL PREPARAÇÃO E IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL SEMINÁRIO CBAN ANEFAC: O VALOR DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NA CONTINUIDADE DO NEGÓCIO SÃO PAULO - 25 DE SETEMBRO DE 2015
Overview O Plano de Recuperação é a alma do processo de recuperação judicial ou extrajudicial da empresa com dificuldades financeiras. É o Plano que delineia as medidas que serão implementadas para buscar a reversão da situação de financial distress que vive a empresa. E será em torno do Plano, em si, e seu cumprimento, que girará o processo de recuperação. 2
Ampla liberdade para elaboração do Plano Rol exemplificativo de medidas previstas na legislação, entre outras: (i) Novação de dívidas; (ii) Emissão de valores mobiliários; (iii) Alienação de ativos; (iv) Ajustes nas relações trabalhistas. Possibilidade de desenvolvimento de diferentes soluções, as quais têm sido cada vez mais sofisticadas: Casos OGX e Lupatech: Capitalização de bonds emitidos no exterior com a simultânea emissão de ADRs em complexos debt/equity swaps; Caso Casa & Video: Constituição de FIP com quotas integralizadas por recursos de investidores e direitos creditórios de credores para a assunção do controle da sociedade em recuperação; Caso Eneva/E.On: Capitalização frustrada de ativos e de créditos; Caso Inepar: reorganização societária com a emissão de equity e debt no Brasil e no exterior 3
Elaboração do Plano Requisitos legais do Plano de Recuperação Judicial: discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados; demonstração de sua viabilidade econômica; e laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada; O descumprimento do Plano de Recuperação Judicial resulta na falência da recuperanda. 4
Pré requisito essencial: Momentum Antecipação ao cenário adverso, ou pronta reação em face de reversão inesperada, são medidas essenciais. Período 2005/2014: Falências 3.000/ano 2008/2009 2.200/ano RJs 500/ano 2013/2014 850/ano REs 7/ano 2008/2009 14/ano 5
Visão abrangente das diferentes frentes Consultores / assessores especializados / multijurisdições Negociação prévia com importantes credores ou grupo de credores, fornecedores não credores, potenciais investidores e compradores de ativos, órgãos reguladores e sindicatos de empregados; Implementação do Plano depende da aprovação de ao menos parte importante dos credores; Sondagens e conversas preliminares nem sempre com full disclousure evitar, de um lado, divulgação excessiva ou vazamento de informações e, de outro lado, quebra de confiança entre devedor, credores e outros interessados; Preocupação com insider trading em casos de companhia aberta. 6
Reduzida margem de manobra Planejar e avançar substancialmente na elaboração do Plano antes da apresentação do pedido de Recuperação Judicial. Prazo legal curto: o Plano de Recuperação judicial deve ser apresentado dentro de 60 dias a contar do deferimento do pedido de recuperação judicial; Difícil equilíbrio: risco de a recuperação ou o Plano vazarem antes de sua apresentação; Necessidade do automatic stay: não é incomum que eventos inesperados tornem importante a imediata obtenção da suspensão de todas as ações e execuções contra a sociedade. Na RE o Plano deve estar pronto e acabado quando da sua apresentação à totalidade dos credores potencialmente atingidos. 7
Medidas Complementares Pré-Plano Medidas para aliviar as dificuldades financeiras da empresa antes da implementação do Plano: A recuperação judicial e mesmo a recuperação extrajudicial demandam algum tempo até chegarem ao seu termo; Suspensão temporária de contratos de trabalho, férias coletivas, adesão a anistias fiscais e parcelamentos de dívidas tributárias, rescisão de contratos desvantajosos, obtenção de empréstimos ponte, etc.; Avaliar se essas medidas podem ter outras consequências adversas (quebra covenants contratuais, desrespeito condicionantes licenças ambientais ou de outra natureza, perda benefícios fiscais, etc.) 8
Cautelas Essencias do Plano Levantamento dos requisitos regulatórios para a aprovação da recuperação (judicial ou extrajudicial) e do Plano em todas as jurisdições aplicáveis: Procedimentos transnacionais são especialmente complicados / práticas equânimes / alinhamento de informações Homologações autônomas, mas interdependentes É extremamente danoso quando, após já avançada a negociação do Plano e, eventualmente, já apresentado o pedido de recuperação, faz-se necessária a alteração de algum ponto importante já acertado ou de qualquer outro aspecto relevante para se atender requisitos regulatórios negligenciados de uma das jurisdições envolvidas; Exemplo de requisito regulatório no Brasil: não se admite previsão superior a 1 ano para o pagamento de créditos derivados da legislação do trabalho. 9
Acompanhamento do Plano O Plano de Recuperação deve: ter redação clara, objetiva e precisa; descrever com razoável grau de detalhe os passos necessários para a implementação das medidas nele previstas; indicar as eventuais ações de terceiros necessárias para a sua execução (por exemplo, aprovação da venda de uma subsidiária pelo CADE); e lidar com cenários em que essas ações não ocorram como esperado; É também importante elaborar um step plan com minuciosa descrição do passo a passo para a implementação do Plano, com cronograma e check-list para a sua execução. O step plan não precisa necessariamente ser divulgado a credores e outros interessados na recuperação, mas é eficiente plano de ação e de controle/acompanhamento do Plano. 10
LUIZ EUGÊNIO ARAÚJO MÜLLER FILHO l.muller@loboeibeas.com.br