TRABALHO DE AVALIAÇÃO DO SITE EDUCA REDE



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Transcrição:

TRABALHO DE AVALIAÇÃO DO SITE EDUCA REDE Instituto de Artes - Unicamp AM540 Multimeios e Educação Prof. José Armando Valente Aluno: Flaminio de Oliveira Rangel 1- Introdução Uma análise consistente deve enfocá-lo como representação digital, na Internet, de um complexo arranjo de intelectos, de interesses sociais e institucionais diversos e até conflitantes, de valores e concepções filosóficas, de paradigmas e de projetos, de recursos tecnológicos e financeiros, etc. É necessário destacar que as análises aqui contidas, realizadas sob pretexto de aprendizagem, são de caráter subjetivo na medida em que não foram embasadas em pesquisas com o público alvo do site nem em análises dos processos de produção. Como a preocupação não era propriamente realizar uma análise objetiva do site, mas sim estudar os critérios e métodos de análise de um site, este aspecto passa a ter sua importância relativizada. É necessário também destacar que a análise do site seguiu, em linhas gerais, o seguinte movimento: Um primeiro olhar de quem chega ao site e busca saber do que se trata. O site não era conhecido por mim e, como primeira leitura, visava investigar a coerência entre os objetivos pedagógicos propostos pelo site e as possíveis relações com o produto apresentado. Buscava também observar aspectos metodológicos, os recursos técnicos e os instrumentos semióticos utilizados. Uma segunda avaliação foi realizada após um debate inicial com colegas e também após o seminário de uma especialista em sites. Como professor de Física do ensino médio (o que realmente sou), buscava recursos interessantes para apresentação de conteúdos, para dinâmicas envolventes e soluções para as dificuldades em sala. Juntava-se também a tentativa de constatar a procedência ou não das observações levantadas, a partir do meu ponto de vista e das minhas necessidades, como professor, em relação ao site. Um terceiro olhar, após os debates com os produtores do site, para uma avaliação global e final. O presente relatório reelabora os três momentos acima e busca apresentar as impressões mais significativas que marcaram o percurso 2- O primeiro olhar (~ 50 min) A sensação inicial após 15 minutos de contatos com o site, foi de desorientação e confusão visual devido aos fatores assinalados abaixo. As observações referem-se principalmente à página inicial e a seus links: A cada link acionado era necessário reinterpretar a nova página globalmente tirando o foco do tema procurado. Isto ocorreu devido ao grau de mudança entre as páginas. As mudanças simultâneas de cores, disposição dos links, barras de navegação, gifs animadas, etc, dificultaram a percepção da estrutura de navegação e de disposição dos conteúdos.

O tom das cores, o nível de contrastes e o tamanho das fontes também contribuíram para dificuldades na leitura dos textos e links como também na codificação visual geral de cada página. A combinação de tons pasteis com gifs e letreiros animados chamam a atenção para o cadastramento gratuito e para os patrocinadores e não para os assuntos pedagógicos. As gifs animadas dos patrocinadores (Telefônica, CENPEC, Fundação Vanzolin TERRA) sobrepondo-se visualmente aos tons pasteis e meios tons dos textos e links e o apelo Cadastre-se! É gratuito. Passaram uma visão inicial de interesse comercial e não pedagógico. A disputa dos logotipos e mensagens na barra superior ofusca o logotipo do site e seu objetivo pedagógico. Os patrocinadores e o Chegando agora? chamam mais a atenção do que o logotipo do Educa Rede o que também contribui para a visão comercial. Embora a apresentação oral do projeto tenha deixado claro a intenção de criar um ambiente de aprendizagem cooperativa/colaborativa, a leitura das cartas aos professores e aos alunos não explicita claramente esta visão e não consegue desarmar a impressão de repositório de ferramentas e de cunho comercial criada com a navegação inicial. O papel do site aparece apenas como uma ponte entre o educador e um ambiente de aprendizagem: a Internet. A carta não coloca o Educa Rede como sendo um ambiente privilegiado de aprendizagem, de colaboração e cooperação. Isto, segundo a carta, ocorrerá na relação entre o educador e a Internet. Os objetivos pedagógicos e de colaboração ficam diluídos entre vários outros elementos do texto ou da leitura semiótica do site.

Vejamos: São os professores, no contato diário com as crianças e os jovens, que podem favorecer o desenvolvimento intelectual e cultural crítico e autônomo... (Carta aos professores) (grifo meu) Nesse contexto, o portal EducaRede surge para contribuir com as escolas e os estudantes no uso da tecnologia da Internet. (Carta aos alunos) (grifo meu) O educador sempre precisa reinventar-se e criar novas formas de ensinar. Uma nova oportunidade surge com o avanço das tecnologias, especialmente com a Internet, que pode ser utilizada para desenvolver situações de aprendizagem dentro das diversas disciplinas. Pode ser também um meio de troca de experiências, de discussão sobre um tema do currículo, de reflexão sobre as diferenças e contradições da prática pedagógica entre educadores. Ou seja, um espaço de formação. (Carta aos professores) (grifo meu) É nesse contexto que se insere o EducaRede, com a proposta de ser uma ponte entre você e a rede mundial de computadores. Esperamos que esse portal seja um canal para você navegar, encontrar outros educadores e informações importantes, aproveitando a Internet como mais um ambiente de formação e produção de conhecimento. (Carta aos professores) (grifo meu) Esperamos que o EducaRede seja um canal para você navegar e encontrar informações importantes e pessoas interessantes, trocar experiências e transformar tudo isso em aprendizagem e conhecimentos que ampliem seus horizontes. (Carta aos alunos) (grifo meu) Por mais que se diga, nos parágrafos anteriores, que as mudanças na educação dependem de toda a sociedade, no frigir dos ovos o professor aparece como o único capaz de favorecer o desenvolvimento intelectual e cultural crítico e autônomo e o único a ter que inventar e criar novas formas de ensinar. As instituições, o governo, as famílias e as mídias não têm nenhuma responsabilidade? O único papel dos sites educacionais será meramente o de ser uma ponte entre o educador e um ambiente de aprendizagem? Para que a Internet seja utilizada como um espaço de formação não basta simplesmente a interação ou algumas ferramentas, é necessário a ação de pessoas, desenvolvida a partir de projetos pedagógicos. A Internet não tem um projeto, mas um portal pode e deve ter. Colocar-se apenas como uma ponte e não como UM AMBIENTE PRIVILEGIADO DE APRENDIZAGEM, ao qual o educador está sendo permanentemente convidado a integrarse, faz com que o foco da responsabilidade recaia novamente no educador restando ao portal o papel de apoiador. Se a proposta é de cooperação e colaboração, este enfoque fica comprometido com o que está escrito. Nesse espaço virtual, você encontra material de apoio para seus projetos educacionais na seção Ensinar e Aprender, conhece sites educativos indicados no EducaLinks e participa do Fórum, um ambiente virtual de interação, no qual você pode discutir sobre temas importantes para sua ação em sala de aula. Você pode trocar opiniões e experiências com outros educadores de todo o país. (Carta aos professores) (grifo meu) O você aparece nos textos contraposto ao nós de um ambiente cooperativocolaborativo, passando uma visão de que as escolas, professores e alunos são os responsáveis pela educação e ao site cabe o papel de contribuir, ajudar. 3- O segundo olhar (~ 1,5 h) A sensação inicial foi de desamparo na medida em que os assuntos específicos de Física não puderam ser localizados pelos Baús e a identificação temática ficou bastante

prejudicada. Ao entrar no site, a partir do meu referencial de professor especialista, a identificação dos meus interesses não se deu diretamente. Foi necessário um esforço de navegação em várias páginas e baús para entender a lógica do site e encontrar os assuntos procurados. Dos 23 termos específicos de Física apenas três foram encontrados e mesmo assim com apenas uma ou duas referências. Ao comparar com o buscador do Terra, parceiro do site, o resultado das buscas foi qualitativamente diferente. Foram encontradas centenas de páginas para cada termo digitado. Para um professor que busca soluções a partir dos temas específicos de sua disciplina o site teve um desempenho muito aquém dos sites mais conhecidos. A estrutura geral do site ficou um pouco mais clara. Como sou usuário do Terra pude visitar o Atlas e a Enciclopédia. Gostei muito dos materiais, embora não estivessem diretamente relacionados aos temas da minha área. Busquei atividades na minha área semelhantes à oficina de criação mas só encontrei as dicas. As atividades ou dicas de física, química e matemática ainda são poucas e insuficientes. Em vários livros didáticos podemos encontrar sugestões semelhantes o que não torna esta seção do site particularmente atrativa. Uma sugestão para melhorar a parte de turbinar a aula seria abrir fóruns temáticos (por exemplo: Como deve ser dada uma aula de mecânica ou de ciências? ; O que seria uma aula de mecânica interessante e produtiva? ; O que é a ciência e como você gostaria de estudá-la? ; É possível criar um laboratório experimental, com sucata, para o ensino de ciências nas escolas públicas?) onde alunos e professores pudessem construir um tipo de aula diferente sugerindo materiais, agregando mecanismos e dinâmicas, etc. As tais dicas acabam se enquadrando no tipo de paradigma de que o professor, munido das tais dicas turbinadas, deverá ter o poder de produzir aulas interativas, produtivas e interessantes, ficando novamente o aluno alijado do processo de produção da aula e de tratamento do conteúdo. 4- O terceiro olhar (~ 1 h) Após o debate com os produtores do site foi possível perceber alguns traços gerais bastante marcantes: Há uma contradição clara entre o processo de construção do site e o produto (o site). A riqueza do processo, expressa na apresentação oral do projeto, não ficou claramente demarcada nas páginas e conteúdos construídos até o momento. A proposta educacional, construtivista, multidisciplinar e colaboracionista, é muito rica e interessante embora não transpareça com toda sua força nas páginas e propostas, com exceção à oficina de criação. O convite geral de colaboração e participação não fica claro nas leituras textuais e imagéticas. Fica a visão de um depositório de ferramentas disponíveis para professores e alunos. Os mecanismos de participação e colaboração e construção coletiva de alguma proposta não ficam claros nas páginas. O fato de haver interação, chat, e-mail, etc, não significa necessariamente construção, cooperação, colaboração. Faltam propostas e mecanismos para a construção coletiva, site, professores, alunos, escolas e familiares, do novo paradigma educacional. Adotou-se o critério que a estrutura de tratamento do conteúdo deveria ser a estrutura de apresentação dos mesmos e esta estrutura está centrada no ponto de chegada, ou seja, o novo paradigma educacional. Ao meu ver isto não contribui para tornar o site atrativo e convidativo. Alunos e professores estão num processo difícil de migração de um paradigma tradicional, fragmentado por disciplinas e temas, para um novo, globalizado transdisciplinar mas ainda a ser construído, conhecido e explorado por eles. Neste sentido acredito que se a estrutura (lógica, imagética, pedagógica) de apresentação dos conteúdos for mais próxima ao estado pedagógico e de consciência atual dos professores e alunos, será mais fácil conduzi-los aos conteúdos e

tratamentos estruturados sob um novo paradigma educacional. Ou seja, acho que seria possível trabalhar as estruturas de tratamento e de apresentação de maneiras diferentes, porém com o mesmo objetivo: impulsionar o movimento de migração para o novo paradigma. Neste caso as estruturas precisariam ser pensadas não em termos do paradigma de partida (tradicional) ou de chegada (construtivista, interdisciplinar, etc), mas sim no movimento real feito por professores e alunos das escolas com que se quer trabalhar. Do ponto de vista filosófico-pedagógico, o portal apresenta-se como uma tentativa de resposta aos novos desafios pedagógicos. No entanto, é bem possível que, para a maioria dos professores e alunos, não estejam claras as perguntas que devam ser formuladas para construção de um novo paradigma. E mais vale uma boa pergunta do que uma boa resposta. A pergunta gera o movimento de procura enquanto a resposta o encerra.